As Pessoas Sao como Ondas

O amor retorna sempre ao coração nobre / como o pássaro aos ramos da selva; / a natureza não fez o amor antes do coração nobre, / nem o coração nobre antes do amor.

Apto para governar está quem ama tanto o seu povo como se ama a si próprio.

A experiência é como uma mulher a quem todos rendem homenagem sem tratar de averiguar se o seu passado é irrepreensível.

O néscio pode associar-se a um sábio toda a sua vida, mas percebe tão pouco da verdade como a colher do gosto da sopa. O homem inteligente pode associar-se a um sábio por um minuto, e perceber tanto da verdade quanto o paladar do sabor da sopa.

A mulher considerar-se-ia desgraçada, se a natureza a tivesse feito como a moda a faz andar.

A vida de uma nação, como a de um indivíduo, é uma ruína perpétua, uma sequência de desabamentos, uma interminável expansão de misérias e crimes.

Como Deus não pode alterar o passado, é obrigado a depender dos historiadores.

O poema deve ser como a estrela que é um mundo e parece um diamante.

Uma pátria compõe-se dos mortos que a fundaram assim como dos vivos que a continuam.

Mas a bela juventude é como um sonho frágil, / que dura pouco: sobre a cabeça do homem / logo pende a funesta, a horrível velhice, / que o torna, ao mesmo tempo, disforme e desprezado, / envolve os olhos e a alma, destrói-os e ofusca-os.

O homem pode adquirir conhecimento ou se tornar um animal, como ele quiser. Deus faz os animais, o homem faz a si próprio.

Os moços de juízo honram-se em parecer velhos, mas os velhos sem juízo procuram figurar como moços.

O amor deve considerar-se como um grande poema, cujo primeiro canto é o casamento.

A coragem vai-se buscar tanto à desesperação como à esperança; não se tem nada a perder ou tem-se tudo a ganhar.

Parece, na verdade, que nós nos servimos das nossas orações como de um jargão e como aqueles que empregam as palavras santas e divinas em feitiçarias e em efeitos de magia.

Se é preciso na paz preparar a guerra, como diz a sabedoria das nações, indispensável também se torna na guerra preparar a paz.

O Cão Sem Plumas

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.

O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.

Muita luz é como muita sombra: não deixa ver.

Trate seus funcionários como sócios e eles agirão como sócios.

O luxo, assim como o fogo, tanto brilha quanto consome.