Arrancar do meu Peito
Estou triste, minh’alma chora...
Hoje vou te dizer o que sinto
Coração magoado, abandonado
Pela mentira que me fez absinto
O dolo que se fez amargurado
Deixo as lágrimas correrem
Lembrando os beijos, a paixão
Que agora fazem-me abaterem
No gosto salgado da desilusão
Sinto no peito a dor a apertar
Na saudade o sonho a lamentar
Na melancolia o adeus desabafar
No desrespeito a traição falar
Doeu... Dói... Está a doer
É o amor que está a morrer
São os planos a ir embora.
Estou triste, min’alma chora.
(Nada é pior para uma alma que tornar triste a outra alma.)
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de setembro de 2009, 05’08” – Rio de Janeiro
TEIMA (soneto)
Ó agonia! À alva, quando, sem teu cheiro
Eu vagueio ermo, pelos becos do cerrado
O chão cascalhado, o sentimento alado
E o vento perturbado me levando ligeiro
Toda a saudade é pesar no peito magoado
A lua, fria, pesa n’alma e da tinta do tinteiro
Da dor, trova a sofrência, assim, por inteiro
E nas mãos vazias, continuas sem o agrado
E na minha insônia a hora é de vil lerdeza
Sofrente é o silêncio na escura madrugada
O desespero escorre dos dedos pela mesa
Ó solidão! Cadê toda a emoção camarada
Ninguém me ouve, ninguém, só despreza:
E a tíbia madrugada continua apaixonada!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020, 05’08” – Cerrado goiano
IDENTIDADE (soneto)
Não sou assim nem assado, sou!
É o que tenho no fado, por agora
E, às vezes, tão poético vou afora
Que eu nem chego a ser.… estou!
Não sou isto ou aquilo! Eu vou!
Todavia, tento fazer de toda hora
Brandura, esquecendo o outrora
E das dúvidas um agradável voo...
Se acabou, passou, o que importa
Quero abrir no estro outra porta
E assim, então, eu decorro vendo...
A vida, que é curta, na sua temporada
Tento de estar igual em cada morada
E, ao poeta os devaneios pra ir sendo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020, 09’34” – Cerrado goiano
REALIDADE (soneto)
A dor foi longe demais, para voltar
Nos canteiros onde havia só flores
Hoje a erva daninha tomou o lugar
O que era voz prazerosa, há dores
Em nós, vazio ficou o falante olhar
Aos antigos sensos, outros amores
E na saudade do amor, um silenciar
Com os esboços com outras cores
Valores? Há um, a doce lembrança
Que ficou no outrora, ali a de estar
Uma vez já bailada, outra a seresta
Quebramos tudo, toda a esperança
O que era para ser, se perdeu no ar
E a poesia dedicada, não mais nesta!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020, 12’07” – Cerrado goiano
Hoje, a saudade de ti. Veio. Donde viera?
Dum vazio? Ou do silêncio que profetisa
Rima de dor. Ou do amor, quem me dera
Tua lembrança me veio como acre brisa
Vi-te primeiro o sorriso tal a primavera
Em flor. Depois me veio o que divisa
Tua alma da tua tão especial quimera
E de novo me encantei a graça concisa
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020 – Cerrado goiano
JULGA (soneto)
Ah.... o poeta procura
A alma em cada verso
Rimar o olhar disperso
Num canto de ternura
Porém, tem senso averso
Também, na sua estrutura
E de tal jura, na sua leitura
Que faz do leitor submerso
E, de momento a momento
Que varia o sintoma diverso
Levando-o na ilusão ter fuga
E, é em vão só o sentimento:
Se é alegre ou se é perverso.
Pois, ao poeta não cabe julga!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/03/2020, 17’14” – Cerrado goiano
Ironia
De tanto pensar na desilusão
Mais de cem vezes desiludi
De tanto chamar a solidão
A solidão chamou-me a si
Deu-me dor e a contramão
E muito deste revés, senti
Ferindo o crédulo coração
Eu chorei, ri, e assim segui
Escrevi emoção e loucura
Nos devaneios da euforia
Cheios de teimosia, eu vi!
Hoje, ainda insiste na procura
O versar. Por essa tal poesia
Do que ainda não sofri... (Oxi!)
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/03/2020 – Cerrado goiano
*paráfrase Pedro Homem de Mello
Humanizar
Dizem que o amor é pra sorte
Na vida, talvez!
Por isto que tento ser forte
E creio que todos têm a sua vez...
Quero encharcar o meu coração
Cada vez mais com solidez
E mais... e mais paixão
Tanto o pranto como a lucidez
Tem o seu sentido
Afinal, só terá validez
Se o afeto estiver contido
Ama e ame pela fome de amar
Por tudo que tem direito
Por todos que possa estar
E sentir a sensação no peito
Deixar ralar sem medo de chorar
Apenas sinta
E se ofereça para ficar
E precinta
Como é bom gostar!
Por emoção ou prazer...
Acredito no homem que sabe sonhar!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/03/2020, 02’11” – Cerrado goiano
PEDI UM SONHO (soneto)
Fui pedir um sonho para a doce poesia
Quis pedi-lo, ao desdém, me disse não
Os desamores não sabem, lá onde estão
A inspiração que criam o carinho no dia
A poesia suspira... é cheia de ousadia
Quando o amor é rima com a emoção
E se tem a paixão, ah! é de total razão
Então, quis arrancar-lhe tudo que podia
Aí os afagos raros, vieram ao meu lado
Nos dedos escorreram o afeto intacto
Aonde pude me ver, assim, denodado
E o trovar apaixonado, surgiu em flor
Perfume dos cravos, rosas, num pacto
Que o sonho seria a firmeza do amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/03/2020, 10’36” – Cerrado goiano
O POETA (soneto)
O poeta busca
Em cada verso
O senso diverso
E o estro rebusca
Porém, perverso
Na sua enfusca
D’Alma, sarrafusca
O destino imerso
De instante a instante
Muda do riso à mágoa
Se alegra e, entristece
Do segredo sussurrante:
Da terra, fogo, ar e água
Causa a toda a sua messe...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/03/2020, 19’40” – Cerrado goiano
SONETO NU
Ando nu, apenas enroupado
Da poesia pura dos sentidos
Tal nuvens no céu do cerrado
Tinos inocentes e retorcidos
Em que o tormento é tirado
Do peito de amores sofridos
Que no ermo é tão chorado
E com os pesares divididos
Nunca para vigar as dores
Apenas choro, choro contido
Que escorrem pelo soneto
Que com frases sem cores
Poisam no escrito esvaído
Encomiando o revés preto
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de março de 2020 - Cerrado goiano
JUVENTUDE (soneto)
Lembras-te, poesia, quando, era só alegria
Ao fim do dia, o pôr do sol mais que luzidio
Era arrepio na alma, e a satisfação persistia
E em teus versos canto de juventude no cio
Tudo era ingênuo, melodioso e de fantasia
Felizes, ambos, íamos trovando o desafio
Fio a fio, nas venturas com a boa teimosia
Ecoando em nós o inato recato de ter brio
Tudo era longo, e o agora mais duradouro
O azul do céu num infinito da imaginação
E o amanhã no amanhã, um novo tesouro
E em nosso olhar, aquela tão mágica visão
De que tudo é possível no sonhar vindouro
E o mundo seguia mundo sem preocupação
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31/03/2020, 14’27” - Cerrado goiano
POR QUE
Por que, em vez do silêncio, não me arraste?
Por que foste tu alvo, a emoção enamorada?
Por que sempre, na lembrança, és tu citada
E em cada verso o teu doce cheiro deixaste?
Por que no olhar aquele olhar com desgaste
Do desejo? por que, ó minha singular amada
Poeto, e suspira uma sensação tão desolada
De uma solidão, ó tomento, amargoso traste
Foste, e no perder não sabia o que perdia
Hoje chora no peito está resistente certeza
Que não teve intuição no que o amor dizia
Agora, vazio e poética sóbria, uma tristeza
Imaginado em que parte estás de cada dia
E, tenho a saudade numa nostálgica dureza
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG - 29/07/2021, 19’06”
QUANDO
Quando poeto o amor, as saudades são
estórias n’alma, nostálgico sentimento
a sensação de cada passado, momento
a doce quimera dos tempos que se vão
Quando poeto o amor, saudade em vão
é que nada importou, apenas o fomento
gemido de ocasião, sem um juramento
amor que é amor fortunas no amor são
Quando poeto o amor e, existe um vão
a poética chora, e a recordação aporta
lastimando aquele sentimento tão são
Ah coração, o amor, o que mais importa
um olhar, carinho, o que bem comporta
são versos de amor, que na poesia vão! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG - 30/07/2021, 06’06”
PELO CAMINHO
Eu queria ver no silêncio do escuro
O amor puro, o mais que você quer
Que te agrada, em tudo que quiser
Este o prazimento que eu procuro
Te querer, quero! no olhar seguro
De doce paixão. Poesia a lhe dizer
Ser, estar, para enamorado te ter
Assim, que penso em nós, te juro!
Às vezes eu deixo de pensar em ti
E por aí o pensamento vai sozinho
Pensando se ainda está por aqui...
Neste segundo, você é só carinho
Só satisfação, uma sensação rubi
E, então, levo você pelo caminho!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04, agosto, 2021, 15’47” – Araguari, MG
ANDANDO
Passou... o tempo, numa ligeireza
Em um molesto sem parar, foi-se
E o pensamento ainda em lerdeza
Dum susto de se vê levar um coice
Passou... pondo no antes a pureza
Passando, e clarificando a velhice
O passar já não mais uma surpresa
Onde cada agitação é uma chatice
Mas, tive medo, tenho, de loucura
Em viver o tempo querendo demais
E tão ferino, o tempo toma o lugar
Andando, agora quero mais ternura
Estar, aquele doce olhar, mais e mais
Fecho os meus olhos e deixo passar!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/08/2021, 18’58” – Araguari, MG
...PAI
Se eu pudesse escrever um poema
Duma história, nossa, verso a verso
Na melhor inspiração no melhor tema
De um pai reto, sério, bravo, diverso
No seu jeito amoroso, coração bondoso
Nestas singelas estrofes... pois, nada seria
Tão completo... grato, e tão mais generoso
Que tua proteção, pouco é a minha poesia
Pra te reverenciar e, tão valeroso!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08/08/2021, 05’50” – Araguari, MG
[...] Não sou isto ou aquilo! Sou...
Todavia, tento fazer de toda hora
Brandura, esquecendo o outrora
E do dia a dia um agradável voo...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 de agosto de 2020 - Araguari, MG
SONETO A MARIA
Ó Mãe de candor e esplendor em lume
O amparo no rosário a quem lhe desfiar
Porque és, Maria, Mãe, afeto implume
Razão e fé, do amor que ensina a amar
Tua presença é a sede na vida incólume
Ouvir o Teu Nome é um santo comungar
Quando os Céus a assenta em alto cume
De joelhos os teus filhos se põem a rezar
És Maria, Bendita Mãe de nós pecadores
Bendito fruto entre as mulheres, amém!
A bem aventurada, encimada de flores
Imaculada, Senhora, excelsa Virgem Maria
A constelação que do ceio o bem, provem
És a nossa esperança tão cheia de quantia
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/08/2021, 18’00” – Araguari, MG
BENDITA SEJA!
Uma agitada inquietude, um misterioso
sentimento, como um prazeroso paladar
um íntimo e perturbador próprio lugar
bem que faz bem, e distinguir não ouso
Uma voragem, de um estoiro poderoso
que nos torna sujeito, anexo ao olhar
ao pensamento, onde só se quer estar
cheio de ardor, de afago, júbilo e gozo
Uma contradição, sensação de loucura
aperto e agrado, e na emoção ventura
que faz alucinar no tempo, doce peleja
Qualquer que seja, é toda de alegria
aos poetas sustento, poética poesia
se assim for a paixão... Bendita seja!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/08/2021, 14’18” – Araguari, MG
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