Anne Frank
Não quero que a minha vida tenha passado em vão, como a da maioria das pessoas. Quero ser útil ou trazer alegria a todas as pessoas, mesmo àquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte!
Quando falo, todo mundo acha que estou querendo aparecer, que sou ridícula quando fico quieta, insolente quando respondo, inteligente quando tenho uma boa ideia, preguiçosa quando estou cansada, egoísta quando como um pouquinho mais do que deveria, imbecil, covarde, calculista e outros adjetivos. O dia inteiro só ouço dizerem como sou uma criança irritante, e apesar de rir e fingir que não me importo, eu me importo, sim. Gostaria de pedir a Deus que me desse outra personalidade, uma que não criasse antagonismos com todo mundo. Mas isso é impossível. Estou presa ao caráter com o qual nasci e, mesmo assim, tenho certeza de que não sou má pessoa. Faço o máximo para agradar a todos, mais do que eles suspeitariam num milhão de anos.
Para amar uma pessoa, preciso admirá-la e respeitá-la, mas não sinto respeito nem admiração por mamãe.
As pessoas podem dizer-lhe para manter a boca fechada, mas não podem impedi-lo de ter a sua própria opinião. Mesmo que as pessoas ainda sejam muito jovens, elas não devem ser impedidas de dizer o que pensam.
Estou sempre precisando de consolo, costumo me sentir fraca e com frequência deixo de atender às minhas expectativas. Sei disso, e todos os dias resolvo ser melhor.
Como posso me sentir triste enquanto isso existir, pensei, esta luz e este céu sem nuvens, e enquanto eu puder desfrutar essas coisas? O melhor remédio para os amedrontados, solitários ou infelizes é sair, ir a um local em que possam ficar a sós, com o céu, a natureza e Deus. Só então você pode sentir que tudo é como deveria ser, e que Deus deseja a felicidade das pessoas em meio à beleza e à simplicidade da natureza. Enquanto isso existir – e deve existir para sempre –, sei que haverá consolo para a tristeza, em qualquer circunstância. Acredito firmemente que a natureza pode trazer consolo a todos que sofrem.
Meus nervos costumam me dominar, principalmente aos domingos; é quando me sinto péssima. A atmosfera é chocante e pesada como chumbo.
Seu conselho diante da melancolia é: ‘Pense em todo o sofrimento que há no mundo e agradeça por não fazer parte dele.’ Meu conselho é: ‘Saia, vá para o campo, aproveite o sol e tudo o que a natureza tem para oferecer. Saia e tente recapturar a felicidade que há dentro de você; pense na beleza que há em você e em tudo ao seu redor, e seja feliz'.