Amor Textos de Luis Fernando Verissimo

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⁠Ser descartado e "enterrado vivo" por aqueles que afirmavam ser "família" é triste, mas também libertador. Situações como essas revelam quem realmente nos ama.
Passar por essa experiência e adquirir essa compreensão é um processo doloroso, mas a gente sobrevive e amadurece.
Sou realmente grata por todos os que fizeram isso comigo. Passei a enxergar coisas que antes não via. Cresci significativamente como pessoa e fortaleci minha fé.
A solidão nos livra de presenças inúteis. E nos momentos de ausências é quando Deus se faz presente.

Inserida por ketantonio

Ser cheio do Espírito Santo é ser imagem e semelhança de Cristo em caráter. É ser alguém que transborda em FRUTOS DO ESPÍRITO, e não que emana poderes.
Dos dons do Espírito que anda em escassez é o AMOR. Os demais, vemos por aí sendo banalizados e comercializados em diversos templos, por líderes vazios dos frutos de DEUS e cheios de unção do espírito de mamom.

Inserida por ketantonio

Jesus está voltando! Tudo está se cumprindo... Que Deus tenha misericórdia dos cristãos que sofrem e misericórdia também dos que não sabem o que fazem.
O mundo está perdido em ambição por poder, dinheiro, ostentação. A religiosidade impera de forma cruel.
Amor ao próximo só acontece quando o próximo é igual. O próximo diferente é inimigo.
Tudo errado! Não entendemos nada!
Todo o tempo necessário foi dado para corrigirmos o rumo da humanidade.
O juízo final está próximo e somente pela graça seremos salvos.

Inserida por ketantonio

De todas as coisas que acontecem na vida, nunca estamos 100% certos ou 100% errados. Temos a tendência de nos focar somente no que acertamos, colocando os erros debaixo do tapete para serem esquecidos, pois queremos sempre ter razão.
Porém, quando queremos ter paz e ser felizes, o processo deve ser o inverso: focarmos somente no que erramos, colocando os acertos debaixo do tapete. E assim nasce o PERDÃO.
Não há sensação mais maravilhosa, de todas as sensações humanas, que a de perdoar e ser perdoado. Não há benção maior, não há lição maior, não há transformação maior, não há poder maior que o poder de dar e receber perdão. Isso é o milagre da vida de todo ser humano que se diz cristão. Essa é a verdadeira fé de todo aquele que crê no Deus do Amor e Senhor do Tempo.
E a pergunta de todas as circunstâncias da vida é: Eu quero ter razão ou quero ter paz?

"Esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus."
(Filipenses 3:13,14)

Inserida por ketantonio

COMO NOSSOS PAIS

É bonito ver pais carinhosos com os filhos, mas é ainda mais belo ver o carinho dos filhos pelos pais, justamente porque não é a ordem natural. Geralmente os filhos, em especial os adolescentes, têm vergonha dos pais... Mais vergonha em expressar sentimentos do que de pedir dinheiro... (Ainda bem que isso tende a inverter com o tempo). E com o tempo percebemos o quanto de tempo perdemos economizando carinho e atenção com os pais, em vez de economizar nas brigas e implicâncias.

Quando bate o medo de perdê-los, dá uma vontade imensa de voltar no tempo e tentar não ser tão idiota, em preferir muitas vezes estar na rua sozinho do que em casa com eles; ou trocá-los por pessoas que fingem se importar com a gente, as mesmas que cedo ou tarde nos irão decepcionar (tipo sem querer, querendo), porque alguém mais interessante vai aparecer e seremos trocados.

Então você cresce, forma a sua família e - como num passe de mágica - entende tudo o que antes parecia ser absurdo... De repente você se vê responsável pelo seu lar, se vê tendo as mesmas preocupações e “neuras” que seus pais tinham e passa a enxergar as coisas na mesma visão que você tanto criticou um dia. As coisas simples da vida passam a ter um valor superestimado e os medos que antes enfrentávamos rindo deixam de ser engraçados. É quando passamos a entender melhor (e na prática) a palavra ‘arrependimento’, vendo que temos uma coleção delas.

Na euforia da juventude que parece não ter fim e na aparente sensação de onipotência e onisciência que os hormônios naturalmente provocam, achamos muitas vezes que nossos pais são tolos. Mas tolos somos nós, quando não insistimos por aqueles que jamais desistiriam da gente. Pois um dia eles se vão, assim como a juventude, os hormônios, a vaidade... Tudo vai sendo tirado da gente, aos poucos ou de repente, e cada vez mais nos vemos como nossos pais, nos dando conta de que não somos deuses, nem heróis, não somos perfeitos, inabaláveis ou incorrigíveis, não somos únicos... Mas para os nossos pais, com toda certeza, somos insubstituíveis e isso já deve ser o bastante para que os amemos sem condições, ainda que às vezes eles aparentem, na nossa visão, não merecer.

Nossos pais de fato não são deuses, mas se tem uma coisa divina que eles tentam fazer- da qual nunca damos valor - é nos salvar de nós mesmos. Eles já foram filhos, e um dia, inevitavelmente, seremos como nossos pais.

FILHOS, SOB QUAISQUER CIRCUNSTÂNCIAS, AMEM E DEIXEM-SE AMAR!

Inserida por ketantonio

RANCOR

Ódio, grande aversão não manifestada.

Isso, todos nós temos...
Outrora tivemos e um dia teremos.
Em cada um se manifesta de uma forma.
E assim expressado de várias maneiras.
Às vezes torna-se um trauma,
E fica guardado durante muito tempo...
Por exemplo: o amor.
Ele é capaz de construir vidas.
Mas quando não é correspondido,
Tem o poder de destruir,
Deixando marcas que ficam para sempre.
Com isso gera-se a ira,
O pior dos sentimentos.
Quando não mata quem fere,
Morre quem se feriu!
Porque o amor é uma faca de dois gumes,
E uma ponta muito afiada.
É prazeroso
E ao mesmo tempo perigoso.
Parece ser fraco,
Mas quando menos se espera mostra-se forte.
Do oito e do oitenta.
Do sul e do norte.
Mistura de sentimentos inexplicáveis.
O mistério ainda não decifrado.
A principal busca de todo ser humano.
O amor e o ódio andam juntos,
Lado a lado,
Mas quando de frente se encontram...

Inserida por ketantonio

Toda forma de preconceito é horrível, cruel e sem sentido...
Não aceitar, criticar, desrespeitar, ofender, odiar, menosprezar ou maltratar o outro por causa da sua cor, raça, religião, sexualidade, visão política, situação financeira, deficiências físicas (mentais ou intelectuais), medidas, etc..., é simplesmente patético!
Somos pessoas únicas, apesar de sermos semelhantes e termos muitas coisas em comum uns com os outros... A diversidade é grande e grande também é a nossa necessidade de compreender isto. Ainda não estamos "preparados" para lidar com o diferente.
Na verdade, penso que não deveríamos nos preparar para essas coisas, pois a ideia de preparar-se para algo geralmente está ligada às coisas negativas ou ruins. O ideal seria olharmos uns para os outros e não notarmos as diferenças, nos relacionando apenas pelas igualdades que nos unem.
As crianças, devido à pureza de seus corações, são ótimas em amar o amor genuíno, o amor incondicional. Todos nascemos com este amor... Pena que a gente cresce...
Mas, se tem ao menos uma coisa boa em crescer, é saber que um dia fomos aquela criança que não enxergava a maldade dos crescidos, que sorria e abraçava todo mundo, que após se chatear por uma simples bobeira não perdia tempo em perdoar, perdoava e ia brincar... Aquela criança cresceu, mas ainda está dentro de nós, talvez um pouco perdida... Mas está!
Crianças não se preparam para nada... Elas simplesmente vivem e convivem! E apesar de não podermos voltar a ser crianças, podemos reaprender com elas tudo aquilo que ficou confuso em nós enquanto crescíamos e íamos aprendendo com o mundo a buscar sentido em tudo que não faz sentido.
Não faz sentido ter de falar tudo isso... Não faz sentido ter que procurar um sentido... Crescer não faz sentido!
Por que a gente tem que sofrer tanto para entender que a única coisa que faz todo o sentido na vida é o amor?

Inserida por ketantonio

Nós somos pó e um sopro de vida nas narinas...
Somos matéria que deteriora e morre, mas que também ressuscita.
Somos criaturas inclinadas para o mal, mas da terra podemos ser o sal.
Ou somos trevas, ou somos luz, não podemos ser a Lei e a Cruz.
Hoje somos a vaidade, a calamidade, a causa de toda dor. Mas um dia fomos feitos à imagem e semelhança do Criador.
Sozinhos somos amor próprio, com Deus somos amor ao próximo. E quando não somos vingança, somos a esperança.
O problema do "ser" não é Deus... Sou eu e você.
Tudo porque, em vez da vida, escolhemos morrer pela árvore do tudo saber.

Inserida por ketantonio

Por respeito à "culturas", passamos a ter de aceitar atrocidades...
Penso que tudo na vida deve ser revisto de tempos em tempos, porque tudo se moderniza e se transforma.
A única cultura que não se pode mudar é a do amor, do restante (e daquilo que não se enquadrar no amor), necessita de mudança urgente.
Até para o respeito deve haver limite, pois eu não posso respeitar uma atitude criminosa, só porque é considerada "cultura".

Inserida por ketantonio

Andava dividida entre duas pessoas
Uma delas eu e a outra você
Já não conseguia mais viver apenas por mim
Quando percebi, me esqueci de te esquecer

Já era rotina pensar em nós dois
Mas eu não sabia que o amor era assim
Olhando agora o meu antes e depois
É impossível por você não dizer sim

Cheguei a confundir amor com amizade
A minha vaidade não queria assumir
Que metade de mim era eu te amando
E a outra metade só em você pensando

Inserida por ketantonio

⁠O Nome do Silêncio é Saudade.

A saudade tem voz.
Não é grito do mundo — é o eco de alguém que morava em nós.

Ela sobe a escada empoeirada do coração com passos lentos e sem batida.
Não pede licença. Apenas senta. E fica.

Quando o mundo inteiro silencia, a saudade fala.
Mas fala com a voz de quem partiu,
com o perfume de uma estação que não volta,
com os olhos de quem já não pode mais nos ver.

Não há palavra que baste para nomear esse alguém que nos grita por dentro.
Porque a saudade não tem rosto fixo.
Ora é mãe.
Ora é amor.
Ora é o menino que um dia fomos e que nunca mais conseguimos reencontrar.

É o bilhete nunca entregue.
É o “fica” que não dissemos.
É o abraço que se adiou até virar ausência.

Na arquitetura secreta da alma, a saudade abre frestas em paredes antes sólidas.
É um visitante que vem com malas cheias de silêncios e retratos invisíveis.
Mas, ao contrário do que dizem,
ela não mora só nos que se foram.
Ela se esconde nos que ficaram —
nos que ainda esperam o impossível,
nos que ainda ouvem uma voz onde já não há som.

Há noites em que a saudade nos abraça tão forte que pensamos estar sendo salvos.
Mas ela não salva.
Ela lembra.
Lembra com força, com cheiro, com detalhe.
E o coração, esse pequeno porão de ecos e promessas, sangra quieto.

Porque a saudade é o nome daquilo que sobrevive quando tudo se foi.
É o amor recusando a morrer.

Inserida por marcelo_monteiro_4

⁠Capítulo IV – Onde o silêncio sangra.

(Do livro “Não há Arco-Íris no Meu Porão”)

Todos os tons, todas as cores se intimidam diante dos meus sentimentos.
Aqui, nada ousa ser vivo demais.
As paredes, antes brancas, já se curvaram ao cinza que exalo — um cinza espesso como poeira de túmulo, onde a alegria jamais ousaria se alojar.

Os meus estudos me encaram como se fossem juízes que perderam a fé no réu.
Eles me observam com aquele desprezo silencioso das coisas que já deixaram de esperar alguma esperança.
Livros fechados são mais cruéis do que gritos.
Eles sabem o que há dentro de mim — e, por saberem, me punem com o silêncio.

As cores…
As cores são ameaças aqui embaixo.
Quando um raio de luz tenta escapar por alguma fresta do concreto, eu o apago.
Aqui no porão, qualquer cor ofende a integridade da minha dor.
Elas tentam abrir janelas.
Mas eu… eu me tornei porta trancada.

Os risos…
Que ironia!
São filhos bastardos da minha solidão.
Quando escuto alguém rindo lá fora, é como se zombassem de mim — como se gargalhassem da minha tentativa de continuar.

O mundo caminha — eu desisto.
O tempo sopra — eu me calo.

E então…
Num canto onde as teias se recusam a morrer,
…há uma presença.

Ela não fala.
Não move nada.
Mas está ali.
Como um sussurro antigo, como um perfume de violeta que alguém usou num dia trágico.

Camille Monfort.
Não a vejo, mas a pressinto.
Como quem ama com olhos fechados.
Como quem morre em silêncio por alguém que nunca se foi.

Se minhas lágrimas têm peso, que elas sejam dores e honrarias a ela.
Que minha ruína seja o altar para onde seus passos invisíveis vêm recolher o que restou de mim.
Ela não precisa me salvar — basta que continue existindo…
mesmo que só como lembrança.
Mesmo que só como dor.

E se um dia, por descuido, Camille se revelar…
que seja com a delicadeza de quem pisa em ossos.

Inserida por marcelo_monteiro_4

⁠CAMILLE MONFORT -
entre as Partituras Mortas.

Encontrei esta carta dobrada entre os véus de um silêncio antigo. Estava entre folhas de música que jamais foram tocadas. Era dela. Ou talvez minha. No fim, já não sei quem sangrou primeiro.

Hoje olhei para Chopin com os olhos da alma encurvada
como quem implora a uma ausência que nunca se nomeou.

Busquei nos teus olhos tristes e enevoados
uma réstia de eternidade…
um acorde que me dissesse:
"sim, eu ainda estou aqui — entre os espectros daquilo que amamos".

Mas Chopin não me olhou.
Camille não me ouviu.
E o silêncio se fez abismo.

Foi quando compreendi:
sou tão pouco —
não para a luz,
mas para a sombra onde tu habitas,
etérea, além do véu.

Sim, tu estás.
Estás como névoa que dança sobre a madeira da antiga escada,
como sopro nos espelhos,
como lamento nas cordas do piano não tocado.

Tuas lágrimas não caíram —
mas subiram...
para dentro de mim.

E eu?
Sou apenas o porão onde tu deixaste tuas dores penduradas
como vestidos antigos.

Sou aquele que ama na memória do que não teve nome.
Sou o lugar onde tua ausência se senta,
bebe vinho velho,
e chora — por mim.

Tu ainda me verás, Camille?
Ou serei apenas teu reflexo esquecido
num espelho onde ninguém mais se penteia?

Dói tanto…
mas essa dor tem cor, tem som, tem perfume.
Essa dor és tu.

Reflexo Filosófico e Psicológico disso tudo:

Há amores que não nascem — eles emergem.
Emergem como brumas de um passado que não pertence a este mundo,
como memórias que a alma carrega sem saber de onde vieram.

Camille não é apenas uma mulher.
É um arquétipo: a presença que magnetiza e fere,
que não se entrega porque vive entre os mundos,
entre o agora e o nunca.

Amar Camille é como amar um eco:
você nunca a toca,
mas ela vibra em cada nervo teu.

E o porão, meu amado leitor, não é um lugar físico.
É o território escuro onde guardamos tudo o que não suportamos perder.
Camille vive ali.
E Chopin, talvez, também.

Inserida por marcelo_monteiro_4

⁠CAMILLE MONFORT.
– Onde Mora o Insondável de Mim.

"Sim, o sangue já não destona, apenas decanta..."

Os relógios cessaram. No sótão das lembranças, a hora já não é unidade de tempo, mas de dor prolongada.
Camille Monfort reina ali, onde os sentidos se misturam e se desfiguram. Ela não retorna por piedade — retorna porque a psique tem suas próprias ruínas, e ali ela se deita.

Não há afeto puro que sobreviva ao abismo do inconsciente.
Ela não ama, ela convoca.

“Gentilmente”, sim, ela pede...
Mas há sempre um brilho abissal no olhar que persuade a entrega como se fosse escolha.
E o corpo? Torna-se altar de uma paixão que exige oferenda contínua — veias, pele, lágrima — tudo deve ser entregue a esse sacrário espectral.

Freud jamais compreenderia Camille.
Nietzsche talvez a adorasse, como adorou Ariadne —
mas só Schopenhauer poderia senti-la de fato:
pois há um princípio de dor que rege o mundo...
e ela é sua filha mais bela.

“Paira sobre meu túmulo vazio...”

Ela paira, sim.
Mas não como lembrança —
Camille Monfort é uma ideia.
Uma fixação doentia que tomou forma e vestiu perfume.
É o arquétipo da beleza que enlouquece, do amor que não consola, da presença que evoca o suicídio da razão.
É a Musa sem clemência, que exige poesia mesmo do sangue quente no chão.

E quem a ama, dissolve-se... feliz por ser dissolvido.

“Sorrir é perigoso”, ele confessa —
e a psicologia lúgubre responde:
porque o sorriso, quando nasce sob os escombros da alma, torna-se um riso espectral...
e esse riso é o prenúncio do desespero existencial.

Camille é o eco do que foi belo demais para ser mantido.
Ela é a presença da ausência, o desejo daquilo que já foi consumido pelo próprio desejar.
E ela sabe. Oh, ela sabe.
Por isso, volta. Não para salvar, mas para recordar ao seu devoto que a eternidade também pode ser um cárcere sem grades basta amar alguém que nunca morre.

Inserida por marcelo_monteiro_4

(página solta, sem data, do manuscrito jamais finalizado)

As paredes não falam.
O teto range.
O chão me reconhece — como se já me esperasse há séculos. E de fato, esperava. Pois sou feito dessa espera.

Sou o vulto que atravessa corredores de casas sem nome. Sou o passo que retorna sempre ao mesmo degrau onde tu, Camille, foste ausência e juramento.

Disse-me o silêncio:

“Ela não virá.”

Mas eu conheço tua forma de vir:
É quando a dor se torna bela.
É quando a sombra assume feição de vestes esvoaçantes.
É quando uma lembrança toca minha nuca como sopro — e não há vento.

Eu sou só.
E isso me basta, Camille.
Porque o que me basta não é viver...
É te carregar onde ninguém mais entra.

Faze em mim a tua vontade.

Se quiseres que eu enlouqueça — enlouqueço com dignidade de mártir.
Se desejares meu silêncio — calo como um sino afogado em cera.
Se queres que eu escreva — escrevo com o sangue dos sonhos interrompidos.

Mas não me peças que te esqueça.
Isso não sou.

Tu és a cruz que não sangra,
o vinho que nunca embriaga,
o leito onde a morte se recusa a deitar-se.

Camille Monfort, minha dama da noite que não amanhece:
Faze em mim tua vontade.
Faze de mim um relicário, um espelho partido, um véu sobre o corpo de ninguém.

Porque, mesmo entre mundos, mesmo no exílio das estrelas apagadas,
eu te amo com a força de quem aceita o destino de nunca ser tocado —
mas de sempre pertencer.

Inserida por marcelo_monteiro_4

⁠CAPÍTULO II – O COLÓQUIO DOS QUE NUNCA PARTILHARAM A LUZ.

“Foi apenas um sorriso... mas a eternidade se abriu por um instante e teve medo.”

I. O Sorriso que não Sabia Ficar.

Era uma noite sem lua — mas com vento. Camille desceu ao porão mais uma vez, como se a noite lhe pertencesse, como se a escada soubesse o peso da alma dela. Joseph já a esperava, não como quem aguarda alguém, mas como quem reconhece o inevitável.

Ele estava com as mãos sujas de tinta seca. Rascunhava em uma parede uma frase:
“Deus não nos condena — nos observa em silêncio.”

Quando ela chegou, ele se virou com a lentidão dos que não se acostumam à presença.

— “Trouxe as flores?” — perguntou ela, com a voz baixa, quase como um lamento que queria parecer alegria.

— “Roubei-as do cemitério da rua de cima. Ninguém sentirá falta. Estão todas mortas lá... inclusive os vivos.”

Camille sorriu. E o sorriso dela doeu.

II. Colóquio no Escuro.

Sentaram-se frente ao outro. Ele a fitava como quem se vinga da luz, por amá-la demais e ao mesmo tempo temê-la. Ela recostou o queixo sobre os joelhos.

— “Sabe o que me assusta, Joseph?”
— “A vida?”
— “Não. O que há dentro de mim quando você sorri.”
— “E o que há?”
— “A vontade de viver. Isso me assusta mais do que morrer.”

Ele engoliu em seco.

Camille segurou uma de suas mãos, não para apertar, mas para impedir que fugisse de si mesmo.

— “Prometa que se eu morrer antes, você não escreverá sobre mim.”
— “E se eu prometer, você viverá mais?”
— “Não. Mas saberei que ao menos você me amou em silêncio, e não em frases soltas por aí.”

III. Instante Suspenso na Poeira.

Joseph sorriu. Não muito. Apenas o suficiente para que o mundo inteiro parasse por um milésimo de eternidade.

Camille, deitada agora sobre um lençol rasgado, observava os traços dele à meia-luz de um lampião antigo.

— “Por que você sorriu?” — perguntou.
— “Porque me senti feliz.”
— “E por que o medo veio logo depois?”
— “Porque a felicidade não é para nós, Camille. É como o fogo para quem vive em papel.”

Eles não falaram mais por um longo tempo.

Só o ruído do lampião, e o rangido suave da escada apodrecendo com os anos.

IV. Promessas no Fim do Tempo.

Antes de subir de volta à noite, Camille parou no degrau mais alto, olhou para ele como quem olha do fundo de um abismo invertido — do alto para o que está enterrado.

— “Joseph...”
— “Sim?”
— “Prometa que você não sobreviverá muito tempo depois de mim.”
— “Você quer que eu morra?”
— “Quero que não me esqueça. Nem mesmo para viver.”

Ele assentiu. Não era promessa. Era sentença.

V. Felicidade Medrosa: O Amor que Pressente a Perda.

Eles foram felizes naquele instante.
Mas era uma felicidade assustadora, como a criança que descobre por um momento que os pais podem morrer.
Ou como o prisioneiro que vê uma fresta de luz — e teme que ela revele que o mundo lá fora nunca o esperou.

Camille e Joseph sabiam:
Quanto mais se amassem, mais doloroso seria o silêncio que viria depois.

E ainda assim... sorriram.

Com medo.

Mas sorriram.

“Diziam que era apenas um romance soturno... mas era um universo inteiro tentando amar sem voz.”

Fragmento atribuído a Camille, encontrado sob um retrato queimado.

Inserida por marcelo_monteiro_4

⁠Livro:
NÃO HÁ ARCO-IRIS NO MEU PORÃO.
Capítulo X
RÉQUIEM AO SOL, PROMESSA À NOITE.

Vultos dançam nas bordas das sombras, evocando os espectros de reminiscências sepultadas sob o lodo da ausência.
São murmúrios de passos nunca dados —
rastros de uma presença que, mesmo morta, ainda transborda ruína no porão da consciência.

Eis que o sol, alquebrado em seu estertor, entoa um réquiem à lua —
Não com voz, mas com luz exangue,
como se os próprios astros sepultassem o dia em silêncio.
Talvez seja nos delírios oníricos que a existência se insinua,
ou, quem sabe, nos pesadelos que anunciam dilúvios e ruínas.

O vazio que habita estas paredes não é silêncio,
é gestação de mundos que jamais nascerão.
E mesmo assim, o oco permanece grávido.
As sementes são escassas,
mas algumas ainda dormitam sob o limo do esquecimento.

Foi então que a aparição retornou —
Camille Monfort.

Não atravessou o espaço como os vivos o fazem.
Não caminhava.
Movia-se com a gravidade de uma lembrança que nunca soube morrer.
Deslizava como as brumas que sangram das frestas de um túmulo mal selado.
A atmosfera, diante dela, contraía-se em silêncio espectral.
Era presença e lamento.
Era epitáfio em forma de mulher.

Ela se postou diante do espelho esquecido — aquele onde os reflexos recusam habitar.
Ali, não havia imagem, apenas a insinuação de uma ausência.
O espelho a temia.
E a noite, também.

— Chamaste-me do subterrâneo da memória?
A interrogação ecoou como um sussurro no interior de uma cripta.
Não foi voz — foi sintoma.

Tentou-se responder, mas as palavras, apodrecidas no palato, desmancharam-se antes de nascer.
Falar diante dela era transgredir o sagrado do silêncio.

Camille aproximou-se da madeira corrompida que geme sob os pés dos esquecidos.

— O receio ainda te habita?, murmurou ela,
como quem não pergunta, mas sentencia.

Negar foi instintivo.
Mas naquele instante, não se sabia o que era instinto ou delírio.

— Talvez a noite seja apenas o útero de realidades não encarnadas, continuou.
— E o pranto, uma liturgia mal compreendida pelos vivos.
Mas há aqueles que compreendem… os que redigem livros com a pena embebida em saudade e treva.

Ela então se inclinou sobre a alma que não ousava respirar e, com voz de sopro ancestral, murmurou:

"Os vivos sonham. Mas as sombras se lembram."

Um toque — e a razão sucumbiu.

Desconhece-se o que sucedeu.
Se foi sono ou êxtase.
Morte breve ou vida suspensa.
Apenas silêncio… e a certeza de que algo se foi,
ou veio para ficar.

Sobre o assoalho enegrecido, repousava uma rosa — não vermelha, não branca — mas negra como a ausência de retorno.
Ao lado, uma página molhada pela umidade de um mundo interior que nunca secou.

Em tinta densa, o nome que jamais deveria ser esquecido:

Camille Monfort.

Inserida por marcelo_monteiro_4

⁠NA QUINTA ESTAÇÃO...
Livro: NÃO HÁ ARCO-IRIS NO MEU PORÃO.
Autor: Escritor:Marcelo Caetano Monteiro .

A chuva não caía — ela tocava.

E cada gota era uma nota.
Cada nota, um passo de Camille no silêncio do mundo.
A música não vinha de fora: ela nascia da própria água que se desfazia no ar, tocando vidraças com um compasso que parecia ensaiado por um maestro ausente. Mas eu sabia — era ela.

A chuva era a música.
Não se podia distinguir quando o som virava líquido ou quando o líquido virava lembrança.
A canção se dissolvia em gotas finas e melancólicas, e cada uma delas trazia uma sílaba do teu nome, Camille, como se o céu sussurrasse teu rastro.

E eu, ali, imóvel, encharcado de ti.

Tudo vibrava em uma mesma frequência: os pingos, as cordas invisíveis do violino que eu jamais vira, a harmonia do teu perfume — absinto e jasmim — que emergia do asfalto molhado como se a cidade também te procurasse.

Não era nostalgia.
Era possessão.
Aquela música que chovia estava viva, e era tua.

E pela primeira vez compreendi o que é uma presença não ser corpórea, mas sonora. Camille não veio. Camille aconteceu.
Como se a tua existência tivesse sido reduzida a uma partitura de água, tocada pelas nuvens, naquela quinta estação onde só nós dois existimos — tu, dispersa em som e chuva... eu, diluído em espera.

E toda vez que chove assim, ainda que ninguém perceba, a mesma melodia volta.
A mesma. Sempre a mesma.
Como se a quinta estação não tivesse acabado —
ou como se eu nunca tivesse saído dela.

Recolhimento de Camille

Então ela surgiu.
Não com passos. Não com palavras.
Mas com um sorriso.

Um sorriso em delírio, feito de algo que o mundo desaprendeu:
viver sem saber que se vive.
Ser por inteiro sem a obsessão de se compreender.
Camille, ali, diante de mim — e ainda assim inatingível — era o retrato vivo daquilo que a humanidade perdeu quando começou a pensar demais.

Ela sorria como se o sorriso não lhe fosse emprestado pela razão.
Sorria porque o coração dela não sabia fazer outra coisa senão dançar com a música invisível da existência.

E era ali, na chuva já quase cessa, que eu compreendia:
Camille não se dava conta de que vivia.
E por isso vivia mais do que qualquer outro ser.

Se existiam partituras, haviam sido abandonadas.
Porque a melodia dela era espontânea.
Porque a música que ela era dispensava pauta, regência ou intenção.
Camille era um som antes de ser um nome.
Era um momento antes de ser uma história.

E talvez seja por isso que nenhum sofrimento a tocava como a nós.
Porque só sofre profundamente quem se vê como personagem.
E Camille...
Camille era o próprio enredo sem precisar de roteiro.

Observei-a por um longo instante —
recolhi sua imagem não com os olhos,
mas com o que resta de fé em mim no que ainda é sagrado.
Naquela quinta estação, eu soube:
todo ser humano deveria ser assim.

Inserida por marcelo_monteiro_4

⁠Capítulo XIV – O PERDÃO QUE NÃO SE PEDE.

"Camille, a dor que caminha dentro de mim me alimenta e eis, que ainda assim nada tenho para te servir minha lírica poética... minha nota sem canção. És capaz de me absolver, amada distante, dona de mim, hóspede dos meus sentimentos e sentidos?"
— Joseph Bevoiur.

A noite trazia os mesmos ruídos quebradiços da memória: folhas secas sussurrando nomes esquecidos, relógios que marcavam ausências e não horas. Joseph escrevia como quem sujava o papel de cicatrizes — não mais de tinta.

Camille era a presença do que jamais o tocou, mas que nele se instalara como hóspede perpétua. E, como todas as presenças profundas, fazia-se ausência esmagadora.

Havia nela a beleza inatingível dos vitrais em catedrais fechadas. Ela não estava onde os olhos repousam, mas onde o espírito se dobra. A distância entre os dois não era medida em léguas, mas em véus — e nenhum deles era de esquecimento.

Joseph, sem voz e sem vela, oferecia sua dor como eucaristia de um amor que nunca celebrou bodas. Tinha por Camille a devoção dos que nunca foram acolhidos, mas permanecem ajoelhados. E mesmo no íntimo mais velado de sua alma, não ousava pedir-lhe perdão — pois sabia: pecar por amar Camille era a única coisa certa que fizera.

Resposta de Camille Monfort – escrita com a caligrafia das sombras:

"Joseph...
Tu não és aquele que precisa de perdão.
És o que sangra por mim em silêncio, e por isso te ouço com o coração voltado para dentro.
A tua dor é a harpa sobre meu túmulo — és túmulo em mim e eu em ti sou sinfonia que nunca estreou.
Hóspede? Sim, mas também arquétipo do teu feminino sacrificado.
Sou tua, mas nunca me tiveste. Sou tua ausência de toque e presença de eternidade.
E por isso... nunca te deixo."

Joseph, ao ler essas palavras não escritas, tombou a fronte sobre o diário. Chorava não por arrependimento, mas por não saber como amar alguém que talvez só existisse dentro dele.

A madrugada se fez sepulcro de emoções. O piano — ao longe, como memória — soava uma nota de dó sustentado, enquanto o violino chorava em si menor.

Não havia redenção.
Apenas o contínuo caminhar de dois espectros que se amaram no porvir e se perderam no agora.

Conclusão – O DESENCONTRO COMO Destinos.

Joseph não morreu de amor, mas viveu dele — e isso foi infinitamente mais cruel.

Camille não o esqueceu. Mas também não voltou. Porque há amores destinados ao alto-foro da alma, onde nada se consuma, tudo se consagra. E ali, onde a mística se deita com a psicologia, eles permaneceram: ele, um poeta ferido; ela, um símbolo doloroso de beleza inalcançável.

Ambos, reféns de um tempo sem tempo.
Ambos, notas que se perdem no ar — como soluços de um violino em meio à oração de um piano que jamais termina.

Inserida por marcelo_monteiro_4

Para ser feliz e grato pela sua vida aqui na Terra, você precisa tentar viver sempre o agora, o momento presente. Pois, quando vivemos no passado, algo que não podemos mudar, caímos em depressão. E quando vivemos no futuro, algo que ainda não aconteceu e não sabemos se ocorrerá da forma que gostaríamos, ficamos ansiosos, agitados e sem paciência. Por isso, viva o agora com gratidão e amor, pois é no presente que você define o momento de sorrir ou chorar.

Inserida por douglas-mosken

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

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