Amor no Tempo Maduro- Carlos Drumond de Andrade

Queria tanto você sorrindo com a sua boca na minha.

Já pensou se existisse um cinto de segurança para o coração? amar em alta velocidade preveniria muitos acidentes sentimentais.

Ficamos sozinhos no quarto torcendo para o barulho do ventilador ser mais alto que o da mente.

O meu corpo saúda o seu corpo.

Vamos brindar?

Precisamos aprender a doer sem achar que é o fim.

Somos reféns da mente e as pessoas maldosas são os cúmplices.

Quando nossos corpos se juntarem, será difícil nos separar. Nos atraímos como um ímã, e só de pensar nesse sorriso gostoso, meu corpo já grita por você.

Querida mente,

tenha amnésia dos pensamentos ruins.

Uma vez aprisionado na sua mente, planejar uma fuga requer uma disposição sem desistência.

Só cabe resistência e persistência.

Tá preparado ou pegou prisão perpétua? Fica ao seu critério a escolha.

Não se prenda na prisão da própria mente, seja a própria rebelião.

Se alguém optou pular do seu barco e deixar você remando sozinho, não jogue o único colete salva-vidas. Coloque em você e reme.

Se você estiver se sentindo usado, não acha que é a hora de pular fora?

Enquanto você estiver ausente, eu estarei ausente. Não por vingança, mas para não me machucar tentando te forçar a ficar.

Cada verso é um universo de loucos sentimentos sem fim.

Sou um ônibus repleto de passageiros na espera do seu ponto para descer.

Já passei por fraquezas e momentos de dores insanas,

mas a mente é sacana, e ela já não me engana.

Demasiada de pensamentos, fui vacinada contra a própria loucura.

Formada pelo meu exercito de único soldado, eu mesma.

Eu sou muito desesperada quando o assunto é perder pessoas,

eu preciso parar de ter medo de perdê-las.

Tá tudo muito cansado e destruído para recepcionar outro vilão no coração.

Memoriza isso aí:
Trocar o esforço que faz para lutar pelas pessoas, por esforço para alcançar os seus objetivos. Pois ao menos, seja bem sucedido sozinho, ao invés de se lamentar sozinho.

A vida é assim, conhecemos pessoas boas que depois se tornam ruins para a gente.