Amizade um Principio de Reciprocidade

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Tu não te pareces nada com as mulheres vulgares que tenho conhecido. Espírito e coração como o teu são prendas raras, alma tão boa e tão elevada, sensibilidade tão melindrosa, razão tão reta não são bens que a natureza espalhasse às mãos cheias pelo teu sexo. Tu pertences ao pequeno número de mulheres que ainda sabem amar, sentir, e pensar. Como te não amaria eu? (...) A responsabilidade de fazer-te feliz é decerto melindrosa; mas eu aceito-a com alegria, e estou certo que saberei desempenhar este agradável encargo.

Machado de Assis

Nota: Trecho de carta para Carolina de Novai, escrita em 1869.

Inserida por edsonaparecido

Naquele homem cético, moderado e taciturno, havia uma paixão verdadeira, exclusiva e ardente: era a filha. Camargo adorava Eugênia: era sua religião. Concentrava esforços e pensamentos em fazê-la feliz, e para o alcançar não duvidaria empregar, se necessário fosse, a violência, a perfídia e a dissimulação. Nem antes nem depois sentira igual sentimento; não amou a mulher; casou porque o matrimônio é uma condição de gravidade. O maior amigo que teve foi o Conselheiro Vale; mas essa mesma amizade que o ligara ao pai de Estácio, nunca recebera a contraprova do sacrifício; aliás apareceria em toda a sinceridade a natureza do médico. Ele só conhecia os afetos, por assim dizer, caseiros e inertes, os que não sabem nem podem afrontar as intempéries da vida. Nas relações morais dos homens possuía somente o troco miúdo da polidez; a moeda de ouro dos grandes afetos nunca lhe entrara nas arcas do coração. Um só existia ali: o amor de Eugênia.

Machado de Assis
Helena (1876).
Inserida por Filigranas

A máxima é que a gente esquece devagar as boas ações que pratica, e verdadeiramente não as esquece.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).
Inserida por AdagioseAforismos

Todas as suas graças foram chamadas a postos e obedeceram, ainda que murchas.

Machado de Assis
Quincas Borba (1891).
Inserida por Filigranas

Nunca a alma de Sofia pareceu convidar a dele, com tamanha instância, a voarem juntas até às terras clandestinas, donde elas tornam, em geral, velhas e cansadas.

Machado de Assis
Quincas Borba (1891).
Inserida por Filigranas

Os dois sentimentos não se contradiziam; fundiam-se ambos na adoração que este moço tinha de si mesmo. Assim, o contato de Sofia era para ele como a prosternação de uma devota. Não se admirava de nada. Se um dia acordasse imperador, só se admiraria da demora do Ministério em vir cumprimentá-lo.

Machado de Assis
Quincas Borba (1891).
Inserida por Filigranas

O destino não é só dramaturgo, é também o seu próprio contrarregra, isto é, designa a entrada dos personagens em cena, dá-lhes as cartas e outros objetos, e executa dentro os sinais correspondentes ao diálogo, uma trovoada, um carro, um tiro.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).
Inserida por carlosmachado67

Quem não sabe que ao pé de cada bandeira grande, pública, ostensiva, há muitas vezes várias bandeiras modestamente particulares, que se hasteiam e flutuam à sombra daquela, e não poucas vezes lhe sobrevivem?

Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881).
Inserida por AdagioseAforismos

Deus é dono de tudo; ele é, só por si, a terra e o céu, o passado, o presente e o futuro.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).
Inserida por PensandoComOCoracao

Há dores secas, como há cóleras mudas.

Machado de Assis
Iaiá Garcia (1878).
Inserida por Filigranas

Tantas vezes apagada no céu, reaparecia enfim a estrela da felicidade, e para sempre?

Machado de Assis
Ressurreição (1872).
Inserida por heriksgomes

Recorreu aos livros, mas não lhe aproveitou o recurso, porque se os olhos corriam no papel, o espírito estava ausente, no tempo e no espaço.

Machado de Assis
Ressurreição (1872).
Inserida por heriksgomes

Demais, a que viria o arrependimento, se era tarde?

Machado de Assis
Iaiá Garcia (1878).
Inserida por heriksgomes

Menina e Moça

Está naquela idade inquieta e duvidosa,
Que não é dia claro e é já o alvorecer;
Entreaberto botão, entrefechada rosa,
Um pouco de menina e um pouco de mulher.

Às vezes recatada, outras estouvadinha,
Casa no mesmo gesto a loucura e o pudor;
Tem coisas de criança e modos de mocinha,
Estuda o catecismo e lê versos de amor.

Outras vezes valsando, e* seio lhe palpita,
De cansaço talvez, talvez de comoção.
Quando a boca vermelha os lábios abre e agita,
Não sei se pede um beijo ou faz uma oração.

Outras vezes beijando a boneca enfeitada,
Olha furtivamente o primo que sorri;
E se corre parece, à brisa enamorada,
Abrir asas de um anjo e tranças de uma huri

Quando a sala atravessa, é raro que não lance
Os olhos para o espelho; e raro que ao deitar
Não leia, um quarto de hora, as folhas de um romance
Em que a dama conjugue o eterno verbo amar.

Tem na alcova em que dorme, e descansa de dia,
A cama da boneca ao pé do toucador;
Quando sonha, repete, em santa companhia,
Os livros do colégio e o nome de um doutor.

Alegra-se em ouvindo os compassos da orquestra;
E quando entra num baile, é já dama do tom;
Compensa-lhe a modista os enfados da mestra;
Tem respeito a Geslin, mas adora a Dazon.

Dos cuidados da vida o mais tristonho e acerbo
Para ela é o estudo, excetuando talvez
A lição de sintaxe em que combina o verbo
To love, mas sorrindo ao professor de inglês.

Quantas vezes, porém, fitando o olhar no espaço,
Parece acompanhar uma etérea visão;
Quantas cruzando ao seio o delicado braço
Comprime as pulsações do inquieto coração!

Ah! se nesse momento alucinado, fores
Cair-lhes aos pés, confiar-lhe uma esperança vã,
Hás de vê-la zombar dos teus tristes amores,
Rir da tua aventura e contá-la à mamã.

É que esta criatura, adorável, divina,
Nem se pode explicar, nem se pode entender:
Procura-se a mulher e encontra-se a menina,
Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!

Machado de Assis
Falenas. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1870.
Inserida por lubaffa

Só muito tarde te convencerás de que viver não é obedecer às paixões, mas aborrecê-las ou sufocá-las.

Machado de Assis
Ressurreição (1872).
Inserida por Juliansolo

⁠Não há ordenado pequeno ou grande, senão comparado com a soma de trabalho que impõe.

Machado de Assis
Obra completa: Machado de Assis, vol. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Nota: Trecho do conto O programa.

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Inserida por jorge_henrique_elias

⁠Dir-se-á que a terra volta a ser o que era, quando torna a estação melhor; a terra, sim, mas as plantas, não.

Machado de Assis
Obra Completa. Nova Aguilar: Rio de Janeiro, 1994.

Nota: Trecho do conto Entre duas datas.

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Inserida por jorge_henrique_elias

⁠Guerra – Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.

Machado de Assis
Todos os romances e contos consagrados: volume 1. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

Nota: Trecho do romance "Quincas Borba".

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Inserida por jorge_henrique_elias

⁠Os tempos mudam e as doutrinas com ele.

Machado de Assis
Ilustração Brasileira, 15 nov. 1877.
Inserida por jorge_henrique_elias

⁠Atribuímos as defesas aos defendidos, embora uma pena estranha as escreva.

Machado de Assis
Obra Completa. Rio de Janeiro: Edições W. M. Jackson, 1937.

Nota: Trecho de crônica escrita em 16 de maio de 1865.

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Inserida por jorge_henrique_elias

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