Amizade Infantil
O mosquito escreve
O mosquito pernilongo
trança as pernas, faz um M,
depois, treme, treme, treme,
faz um O bastante oblongo,
faz um S.
O mosquito sobe e desce.
Com artes que ninguém vê,
faz um Q,
faz um U, e faz um I.
Este mosquito
esquisito
cruza as patas, faz um T.
E aí,
se arredonda e faz outro O,
mais bonito.
Oh!
Já não é analfabeto,
esse inseto,
pois sabe escrever seu nome.
Mas depois vai procurar
alguém que possa picar,
pois escrever cansa,
não é, criança?
E ele está com muita fome.
Criança, onde está o futuro?
Muitas vezes falamos e ouvimos falar do futuro como algo pronto e acabado que nos espera no amanhã de braços abertos, incondicionalmente bem abertos. Assim, com esse conceito, não agimos como um trapezista que se entrega totalmente pela beleza do espetáculo, pois pensamos no futuro como um lugar para chegar ao fim de uma jornada da qual não se corre nenhum risco de tentar fazer o novo. No entanto, o futuro se apresenta no presente, pronto, mas pronto para ser debulhado pelo nosso sonho-ação.
Falar de futuro para uma criança como um objetivo para ser alcançado por ela é muito complicado, não é tarefa fácil ser entendido ao expressar-se sobre esse assunto tão complexo, porque a criança entende o hoje, ela agarra as novidades do hoje, não teme o amanhã, porque mesmo não sendo de forma sistematicamente racional, sabe que o amanhã nada pode fazer contra ela, pois ele ainda não existe. Na verdade, são as crianças que têm muito para nos ensinar sobre o futuro, porque não ficam presas ao passado, não temem viver o presente e nem ficam escondendo-se do inesperado que surge a cada instante, pois elas pulsam pelo broto de cada segundo!
Contudo, acredito que não há nada de errado em falar do futuro para as crianças, mas penso que é bom falar sobre esse assunto com um jeito especial, é claro! Não podemos fazer severas cobranças sobre o futuro para que não seja enclausurada a simples beleza de viver o hoje. Entretanto, mais relevante do que falar sobre o futuro com as crianças, acho que é se fazer um tapete vermelho do amor encantador ao desenrolar-se no chão do presente de cada uma delas, isso, em um eterno Dia das Crianças.
Hoje é futuro
Os milésimos de segundos
Tic-tac, tempo a sempre passar
Tempo que não volta no tempo
Rios seguem, virarão mar
Larvas viram moscas
Depois das letras? Frase-ar!
Palavras seguem no tempo...
Seguem... Sem jamais voltar
Se insensatas? Choro, perdoar!
Se belas? Alimentam, saborear...
Os passos que no hoje dou
São lápis de muitas cores, rabiscos
Traços, fraquezas ou o riso amanhã
Há sementes na maçã
A vida brota, rebrota e lota
Notícias que ilumino ou derrota.
O ar aprende andar, vira vento...
O vento não pára... Longe vai!
Olhar pra trás? Não pra sofrer!
Parar o tempo? Não, refazer!...
Se esta rua fosse minha,
eu mandava ladrilhar,
não para automóveis matar gente,
mas para criança brincar.
Se esta mata fosse minha,
eu não deixava derrubar.
Se cortarem todas as árvores,
onde é que os pássaros vão morar?
Se este rio fosse meu,
eu não deixava poluir.
Joguem esgotos noutra parte,
que os peixes moram aqui.
Se este mundo fosse meu,
Eu fazia tantas mudanças
Que ele seria um paraíso
De bichos, plantas e crianças.
"Crianças precisam ser Crianças, amadas pelos pais, tendo a liberdade de brincar e explorar o mundo em cada fase do seu desenvolvimemto."
LIÇÃO DA ABELHA-RAINHA AO ZANGÃO ABUSADO
Era uma abelha-rainha zangada com seu zangão,
Pois todo dia ele vinha e esquecia o seu ferrão.
O zangão pedia à rainha o ferrão dela emprestado,
E quando o usava saía sem nem dizer obrigado.
Parecia que a rainha tinha o dever de lhe dar
O ferrão que ela tinha, e nem sequer podia usar.
Mesmo contrariada, a rainha atendia o pedido,
Achava mesquinharia não fazer um favor ao amigo.
Acontece que todo dia, todo dia sem esquecer
O zangão sempre saía e não lembrava de agradecer.
Um dia quando o zangão chegou pra fazer o empréstimo,
A rainha olhou pra ele e disse num tom bem completo:
"É muito feio você pra vida não estar preparado.
Todo dia você esquece do seu ferrão de bom grado.
Não vejo nenhum problema no meu ferrão emprestar.
Acontece que é muito feio dos favores abusar.
Além de ser feio explorar os favores de um amigo,
É mais feio, ainda, você ser mal agradecido."
O zangão, surpreendido, ficou "de boca aberta",
Não imaginava que a rainha lhe diria verdades tão certas.
Todo envergonhado, o zangão saiu de fininho
E foi embora voando, com o seu coração bem partido.
Chegando em casa chorou e passou a noite pensando.
No outro dia voltou e à rainha foi logo falando:
"Você é uma amiga que me ama de verdade.
Me ensinou que é importante respeitar as amizades.
Eu quero lhe agradecer por tudo o que me disse,
Muitas vezes nessa vida agimos com muita burrice.
Nunca mais vou abusar do seu nobre coração
E não vou mais me esquecer de andar com meu ferrão."
Depois de agradecer os ensinamentos da abelha-rainha,
O zangão saiu feliz, voando com muita euforia.
Ele aprendeu a lição que nunca mais vai esquecer:
"É muito bom ter amigos que lhes ensinem a crescer".
A abelha-rainha, que sempre ajudou ao zangão,
Ensinou para ele muito mais que uma linda lição
Ela ensinou que na vida é normal todo mundo errar,
Mas é muito feio, pra todos, com o erro se acostumar.
Nara Minervino
Complexo da Chapeuzinho
─ Senhor Tucano, por que esse bico tão grande? Perguntaram os filhotinhos de Bem-te-vi.
─ Não é para lhes fazer cócegas! Respondeu o malvado.
Sou filho: mas que filho sou?
Como nasci e como vou crescer?
Onde meu sangue está instalado?
Que lição na escola irei aprender?
Será que a vida me espera
com lápis e pincel pra eu pintar?
Com brincadeiras, musiquinhas
junto a colegas compartilhar?
E, se eu morar numa rua à margem
do coração desta periferia,
poderei contemplar a paisagem
do que hoje ainda é fantasia?
Tenho medo de ir à escola
e logo assumir responsabilidade
Mas quero conhecer o alfabeto
e outras proporções da cidade
para o meu futuro dar certo
Não, não! Não quero pensar!
Eu quero é me divertir.
Quero brincar no parquinho.
Quero cantar e também sorrir.
Quero fazer muitos rabiscos.
Quero meu mundo colorir.
Que não tardando me chegue,
o que prevê a Lei do Brasil:
creches, praças, cinema...
Quando a Magna sair do papel
se fará nosso justo sistema
(MONTEIRO, A. L. Pensamento Infantil. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 33).
►O Desejo da Fera
Vivo sozinho no meu castelo de pedra
As pessoas dizem que sou um monstro, uma fera
Querem me ferir, me machucar, me tortura
Apenas minha aparência eles devem notar, e criticar
Todos eles dizem e apontam o meu defeito
O dono do indicador que me julga então deve ser perfeito
Para viver junto à eles, "não tenho jeito"
Não sei o que isso quer dizer
Já que sou como eles, devem ver
Mas por serem tão abomináveis, opto por me esconder
Me isolar na construção que me fornece proteção
E, dentro dela sonhar com uma paixão
Que aquela rosa dentro da cúpula de vidro seja retirada
E que eu a entregue para minha tão sonhada amada
Não quero mais sofrer pela indiferença, por ser assim
Sem uma saída, o único lugar que me sinto tranquilo é meu jardim
Ele é um jardim sem vida, como a minha, de neve revestida
Os únicos que tenho algum contato são os meus empregados
Digo logo que, por mim eles são maltratados e ignorados
Minha fúria está transbordando para todos os lados
A minha humanidade a cada segundo é diminuída
Logo ela será totalmente esquecida
O que posso fazer para sair dessa vida sofrida?
Um caminho para a saída alguém me indica?
Buscando por tantos anos um alguém para me amar
E sonhando com uma pessoa que irá me aceitar
Livrar-me das correntes e comigo festejar, e de "fera" não me chamar
A minha esperança logo, logo irá se acabar.
Mas tudo mudou durante a nevasca
Avistei uma jovem, talvez não encontrou a sua casa
Uma matilha agressiva e faminta, a cercava
Ela de longe me encantou, e meu consciente me falou
"Salve ela daquele terror, deve estar sentindo grande pavor"
Mesmo ela não me pedindo para salva-la
Eu corri para resgatá-la daquele conjunto de garras
Depois, levei ela para a minha morada
Pelos empregados ela fora aquecida e bem cuidada
Decidi ficar fora de vista para não assustá-la
Pois, assim como todas as outras pessoas, ela ficaria horrorizada
Pela forma animal que , em mim, encarnava
Mas a sua delicadeza, firmeza e beleza me espantava
"Devo protegê-la custe o que custar", eu pensava
Era diferente a forma, maneira como ela me olhava
Algo então começou a acontecer sem eu perceber
Junto da companhia dela, algo estava começando a nascer
A Fera que todos criticavam, temiam e evitam, estava amando?
O jardim sem vida agora estava mudando, gerando flores
Minha visão já não era mais incolor, passei a ver cores
Das comidas passei a sentir os sabores
Tudo por causa daquela desconhecida jovem moça
Ao lado daquela rosa aprisionada quero que me ouça.
"Você me resgatou da vida de solidão
Aqueceu o meu gélido coração
O seu carinho e bondade me trouxe a felicidade
Pelo charme de sua simplicidade e alegria
Me libertou das algemas que me prendia
Quer ser minha?"
Théo, O Peixinho Azul
Théo é um peixinho azul, que vive no mar.
Ele está sempre sozinho, pois acha que no fundo do mar não pode ter amiguinhos. Sempre a cantar, ele brinca entre os corais, na beleza das estrelas do mar, cavalos marinhos, polvos e todas as curiosidades que existem na imensidão dos mares. Tudo é tão lindo e colorido!
Navegando entre as profundezas ele vê vários peixinhos laranja de longe a brincar, de repente Lucas um peixinho palhaço o vê, Théo assustado esconde atrás de uma pedra, e uma de suas nadadeiras agarra entre os corais, Lucas aproxima e vendo o desespero do peixinho azul, chama os seus amiguinhos laranjas;
- Ei pessoal venham me ajudar!
Os peixinhos palhaços que brincavam distraídos ouviram o chamado de Lucas e logo vieram ajudar. Num trabalho coletivo conseguiram soltar as nadadeiras de Théo o Peixinho Azul.
Théo ficou imensamente feliz e agradecido!
- Olá, eu sou o Lucas! Disse o Peixinho laranja, qual o seu nome?
Théo, timidamente apresenta- se aos novos amiguinhos e agradece a todos pelo resgate.
Lucas animado pergunta a Théo:
- Vamos brincar?
Théo sentia-se tão feliz com o convite que saiu com os novos amiguinhos a cantarolar.
Me sinto órfão de mim mesmo. Distante de mim sinto o frio e o calor me tocar concomitantemente. A solidão me dá calafrios e a expectativa do acerto sem êxito me consome. Amanhã é minha esperança. Não estou triste e sim com medo. Sei de minha idade, contudo não passo de um menino brincando de ser adulto.
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