Amiga Mensagem Ana Maria Braga
Retrospectiva -
Alembro-me senti-la, inquietante,
era pequeno, mal me via,
mas era já poeta, errante!
Era linda minha Alma - e sorria ...
Depois, pela vida fui crescendo,
junto a uma cova a vi rezando,
sua história, antiga, sepultada,
tanto tempo, ainda assim,
a vi chorando, chorando ...
Fui crecendo, crescendo,
e ela, triste, infeliz, sem nada!
Na juventude dos dias, como herança,
morrendo, morrendo ...
Pobre, infeliz e desgraçada,
uma criança, uma criança!
Aos pés de Deus ajoelhada
pedindo termo p'ró tormento!
Mas só em ataúde fechada
um dia finda o sofrimento,
acreditava!
Breves dias, longas noites ...
Em que as noites eram dias
e os dias tristes noites!
Pobre fado! Pobre fado! ...
Flor doce e desfolhada,
poeta, apenas, mais nada!
A sorrir na vida entrei,
sofrendo, austero a caminhei,
mas sei, sorrindo a deixarei ...
Porque à hora de partir
terei no fim a liberdade
que nunca nesta vida encontrei ...
Canta Fadista, Canta -
Canta fadista, canta
que o teu canto é solidão,
põe a Alma na garganta
e a garganta no Coração ...
Que o fado na garganta
sangra a Alma em solidão,
canta fadista, canta
que esse canto é oração ...
Fado é solidão, canto peregrino,
uma Alma noutra Alma
é fado, é destino!
Destino ou maldição,
canta fadista, canta
que o teu canto é oração!
Os Astros -
Dos Astros o movimento
é a força do meu andar
é saber deste meu tempo
tempo de estar e não estar!
Roda que roda no espaço
lastro d'um Astro a passar
no cansaço do que faço
só faço por me encontrar!
Encontro, perco, reencontro,
começo, termino e recomeço ...
Eis a caminhada, grau-a-grau, ponto-a-ponto!
E passa um Astro e outro Astro
para tudo o que me acontece,
tudo vai e tudo vem, só minh'Alma permanece ...
Abnegação -
Como podes tu, ó oportuno amor,
querer viver arreigado no meu peito?! ...
Não me queiras, sou chama sem calor,
casa sem família, solidão sem leito ...
Vai p'ra longe! Foge do meu corpo!
Procura taças que te inflamem, ó eterna formosura,
não meu corpo que JAZ morto,
que vive e acaricia a desventura ...
Vai enquanto é tempo, ainda,
procura um peito de címbalos doirados
que te expanda e deixe de LOUROS coroado!
Que eu sou vitima do Fado! E em mim,
rodeado de insípidos tormentos, só há cardos,
volupias, agonias e lamentos ...
Objectivo sem Meta -
Um dia chorarei a solidão
como alguém que se regozija e alegra,
cantarei a dor do coração
como um mal que já não pesa ...
E serei verso inacabado
que termina e não acalma,
serei um passaro alado
que dissolve a própria Alma ...
Casas e vielas, serras e arvoredos,
poetas, fados, flores e montanhas ...
Tudo em mim! Já sem medos!
Mas estou só neste sentir!
E junto a mim, só há lodo, cinza e lama,
cinza, lodo, pó e chama!
Constatação -
Deixei a Alma na fonte
esquecida à meia Luz
esperando o teu adeus
como um Cristo no monte
no alto daquela cruz.
Deixei a Alma enterrada
entre escolhos, desventuras,
tristes, negras palavras,
- de mortos -, negras viúvas
carpindo nas sepulturas.
Trago a vida destroçada
como um grito em noite escura,
que a Alma, doce, pressentida
trazia a vida mal-amada
num Fado de despedida.
P.S.) Meu caminho é por mim,
em mim e até mim, de mim a mim ...
Alma -
Sou Alma sinuosa
de cal e madrugada
de lirios, alabastros
camélia cor-de-cravo
terna, doce, imaculada!
De alfazema e alecrim
sou jaspe de tristeza
cansaços de poeta
sou fado de cetim
cabelo negro pelas costas!
Sou Alma, sou amêndoa
sou loucura, coração,
sou garça, corpo esguio,
sou ausência e lamento
sou eu a solidão!
Destinos Cruzados -
Procurei-te sem descanso pelas tardes dolorosas,
por cantos, recantos e vielas,
procurei-te no cair das esperanças amorosas,
ao vê-las desmaiar do alto das janelas!
Procurei-te recolhido nas noites tenebrosas
que ondulavam de agonias meu quebranto,
procurei-te loucamente nas auroras graciosas
cobertas de alegrias e de espanto!
E nunca ... nunca te encontrei!
Meus olhos frios como espadas
não sabiam o que hoje sei ...
Afinal, também me procuravas,
no chegar das noites orvalhadas,
no cair das tardes luminosas ...
A Alma e a Noite -
Mais um dia cumprido!
O Sol findou no horizonte poente
dos meus ais...
E a noite vai nascendo!
Voo de sombra doce, brava, silenciosa ...
Hora de medo e espanto ...
Mudez falada, esperança vã, tremor,
agonia, quebranto ...
E baixo os braços, inclino o rosto,
meu corpo de cansaços, feito de versos,
de rastos, procura a Alma sem descanso.
Mas só resta espasmo e quimera, saudade
e solidão ...
E a Alma ... e a noite ... adensam-se!
E pesa a vida... e ruge a morte ... e as gentes!
Presença intangível ... devaneio e desgraça!
Frio e remorso ferem-me os sentidos,
gritam em silêncio no eco desta praça ...
Inesperado -
(Revendo alguém a quem amei...)
Entrei!
E à margem da esperança
estavas tu - sem mim...
Alguém a quem amei!
Fui ... passei ...
Fingi que não notei!
Sim. Amanhã talvez já seja tarde.
Mas hoje è cedo demais - ainda ...
Como te posso perdoar?
Esse asilo infame,
despojado ao abandono
a que me condenaste!!!
Eu quero! Mas não posso - ainda ...
E cai o muro da nossa Història.
E meus dias, breves,
fogem pelos dedos, como agora.
Esta hora ...
Este agora em que também estás,
mas que, breve, tão breve, findará ...
Fomos breves! Somos breves!
Mas é longo este breve exacto ...
Dois impossíveis que somos.
Sim. Amanhã talvez já seja tarde,
mas não esperes,
pois nunca pedirei ao teu Amor
que me aguarde ...
Gostar -
Gosto de ti porque gosto,
como daqui até ai
ou dai atè ao Ceu
ou do Ceu atè ao mar
ou do mar atè ao fundo ...
Gosto de ti, simplesmente,
assim! ...
Sem principio nem fim ...
Confissão -
Há em mim uma dor que se levanta
atando na minh'Alma muitos nós,
vai a Vida, nasce a Esperança de quem canta,
num canto que emudece a minha voz!
Ai rasgada solidão em triste verso
que a pena de uma ave me deixou ...
Lamento desde o ventre até ao berço
o destino que a vida me guardou!
Cai a Vida como névoa que se esfuma
protegida pela asa alvissima de um anjo,
dor que dor amplia e apruma
levando as penas brancas uma a uma ...
Lembra-te que és pó -
Poeta, lembra-te que És pó,
noite e solidão ...
E é essa a tua glória!
Deixem passar ...
A cinza dos seus versos.
O lamento dos seus passos.
Que vá ... que vá ...
Cheio de noite e solidão!
É Poeta! E ali de fronte,
firme de que é pó,
sabendo que o é,
é frio e ilusão!
Deixem passar ...
A vida que o arrasta.
O tormento que o precede.
Que vá ... que vá ...
Cheio de noite e solidão!
É Poeta! É Poeta!
De onde vem, quem sabe?!
Onde vai, também!
Foi pó! É pó! Sempre será pó!
Poeta ... só ...
Deixai que passe ...
Acendei círios à sua dor
e façai silêncio
que seus versos já são gritos
que lhe bastem.
Óh Poeta! Lembra-te que foste pó,
que pó és e pó serás ...
Deixem passar, vai escrever,
não digam nada!
Lamento -
Trago na Alma a Solidão
a tristeza no meu peito
na minha voz a canção
no olhar o triste jeito
desta vida sem razão.
Oiço uma voz a cantar
em minhas noites perdidas
vejo o povo a soluçar
estas mágoas doloridas
que no fado quer rimar.
Nestes versos ao escrever
o povo chora a cantar
o povo canta a sofrer
dores do seu caminhar
do nada que tem a perder.
Lembro-me de Ti Àquela hora -
Se hoje tu chegasses à tardinha
à hora das tristezas, dos cansaços
prendia a minha dor nos teus abraços
na noite que me dói e não é minha.
Lembro-me de ti àquela hora
deitada nesta cama que é só minha
teu corpo que me rasga foi embora
quem dera que viesses à tardinha.
Amor, se tu viesses ver-me agora,
no silêncio que me deixam os teus passos,
seria o fim daquela negra hora
em que esperam tristes os meus braços.
Teus passos de silêncio e de ternura
caminham por aí em dia vão
meu corpo já nem sente a noite escura
que gela a minha triste solidão.
Procura -
Pelas tardes dolorosas
caminhar de mãos abertas.
nas certezas duvidosas
por cantos, tristes vielas …
Pelas noites tenebrosas
de agonias e quebranto.
nas auroras graciosas
d'alegrias e de espanto.
Pelas noites orvalhadas
Pelas tardes luminosas
afinal tu desejavas
a minh'Alma tão magoada.
Por ti sofrer não quero mais,
como te amar eu já nem sei,
teus olhos dois punhais
dai, não mais te procurei …
Procurei-te -
Procurei-te pelas tardes dolorosas
num triste caminhar de mãos abertas.
Procurei-te nas certezas duvidosas
por cantos, por lugares, por vielas …
Procurei-te pelas noites tenebrosas
que enchiam d'agonias meu quebranto.
Procurei-te nas auroras graciosas
cobertas d'alegrias e de espanto.
No cair daquelas noites orvalhadas
ao nascer daquelas tardes luminosas
não sabia que afinal me desejavas
procuravas a minh'Alma tão magoada.
Sofrer às tuas mãos não queria mais,
amar-te não podia, já nem sei,
teus olhos eram frios como punhais
e nunca, nunca mais te procurei …
Sem Ti -
Sem ti, a minh'Alma fez-se pranto
vestida em escura bruma, sem ti.
Sem ti, veio a dor velou o canto
e rasgou meu pensamento, sofri.
Teu jeito, já não quero, já não espero
numa dor que me atravessa, o peito.
Só sei, que te quero e desespero
como um rio adormecido, no leito.
Perdida, nesta imensa solidão
memória sem destino, esquecida.
Só sei, que rasguei meu coração
numa mágoa que é só minha, sentida.
Irei, não sei por onde mas irei
qual pássaro sem ninho, na rua.
Não sei, procurar o quê não sei
por caminhos tortuosos, mas tua.
Dorme Solidão -
Teus gestos são triste madrugada
teus beijos amargos, desleais
teus olhos são frios como punhais
e fazem-me cair no pó da estrada.
Agrestes sempre foram meus caminhos
de secas as roseiras não dão rosas
e as nossas bocas silenciosas
pássaros perdidos sem ninhos.
E que dor tão funda no meu peito
ilusão a dois que nos trespassa
juntos e tão sós, tudo desfeito,
dorme solidão que a vida passa.
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