Amiga Mensagem Ana Maria Braga
A um Suicida -
Vai-se a esperança de um vão contentamento
quando a Alma tantos anos conservada,
numa hora heróica de coragem arrojada,
acredita resolver o que a perturba num momento!
E mata-se! Morre sujando as próprias mãos!
Malograda solidão que não quer ver ...
Um suicida não se mata porque sim ou porque não,
mata-se, porque afinal, não quer morrer!
Que doce desengano, estranha contradição,
ter coragem de matar o próprio corpo
só p'ra não viver a dor da ilusão!
Afinal, matar-se, é cobardia face à Vida
de gente tola que vive em solidão
alimentando um pensamento suicida ...
Cansaço -
Estou cansado dos meus versos
sempre tristes sem sentido,
melancólicos, perversos
de um Coração frágil e perdido!
Estou cansado dos meus versos,
vou rasga-los um a um,
sentimentos controversos
já não quero ter nenhum!
Já não quero a solidão!
Estou cansado dos meus versos,
quero é ter um Coração ...
Ó Senhor que já nem rezo,
põe em mim a tua mão
que estou exausto dos meus versos!
Do Esquecimento I -
Eu sou o que escrevi,
mas há como esquecer,
a morte, esse eterno adormecer
pode apagar o que vivi ...
A memória é coisa breve,
o esquecimento uma verdade,
que a terra seja leve
a quem parte sem idade ...
Eu sou, fui e hei-de ser,
devo dize-lo firmemente
que nem morrendo hei-de morrer!
Pois sou mais que o esquecimento,
sou mais que o ser que já não é
num eterno pensamento ...
Do Esquecimento II -
Tudo o que nasce tem que morrer
mas na essência é eterno,
o que morre volta a nascer
e o que renasce é doce e terno!
Não há morte sem vida
nem vida sem morrer
não há morte perdida
ou consciência sem sofrer!
A vida é mais forte do que a morte
mais forte que o esquecimento,
o desespero e a solidão - é o mote!
Ainda que morto não deixarei de ser
pois sou mais forte que o não tempo
que para sempre há-de viver!
Cabelos Brancos -
Minha vida foi difícil,
dura, fria, dolorosa,
mas foi também subtil,
eterna, gloriosa ...
Encontrei a calha do caminho
que Deus aqui traçou p'ra mim,
encontrei nos Astros o meu ninho
um caminho que não tem fim ...
Só no Amor não encalhei
com o caminho verdadeiro
e foi aí que me espalhei!
Os Astros e a Poesia levaram o quebranto
e trouxeram liberdade,
mas o Amor, deixou em mim Cabelos Brancos!
Emoções -
Porque são tão frias as esperanças
porque é tão dura a incerteza
que no quebrar das alianças
se faz água mole em pedra densa?!...
Densa é a solidão!
Densa a vida sem Amor!
É densa a Alma sem perdão,
a Primavera sem calor ...
É assim a nossa vida
ora verdade ora mentira
que por nós é decidida!
E que dizer da ilusão?!
Nada que não seja visceral:
é ela quem dá vida ao coração! ...
Acto de Contrição -
Hei-de amar-te sempre e sem pudor,
não sabe a Alma outra verdade,
amar-te além da vida e do Amor
amar-te além da realidade!
Amar sem fim, meu caustico instante,
num presente que é saudade
numa ausência que é constante
e só amar-te, liberdade!
Amo-te em toda a parte, simplesmente,
mas amar não é virtude,
virtude é esperar eternamente ...
És tu minha quietude!
Essa que me gela de repente
quando vejo que te amei até que pude!
Lentamente -
Lentamente da tristeza se fez pranto
seguro e calmo como a Alma
e da Alma se fez canto
porque a tristeza era calma!
Mas lentamente a calma se perdeu,
a desgraça trouxe o drama
e ante os olhos meus, alguém morreu,
apagou-se a graça de quem ama!
Foi lento e triste que, calmamente,
da vida alguém distante,
aos poucos, se perdeu, lentamente ...
Ao longe, esse alguém parecia errante,
numa agonia austera e sufocante
que, pouco a pouco o consumia, lentamente ...
Pedido -
Não me peças calma nem virtude,
nem pausa, nem silêncio. Que me dói a Alma,
que me dói o coração, profunda inquietude
na distância de quem ama!
Que meu corpo sobre o teu, num enleio,
procura amar o teu amor,
procura um porto no teu seio,
uma chama, um calor ...
Que na doçura dos sentidos
trocamos promessas e ensejos
entre gritos ressentidos ...
Tantos versos escritos e não lidos,
tantas horas tristes de desejo,
tantos homens por amar, perdidos ...
Decisão -
Partiste sem quê nem porquê!
Triste devaneio, quase enlouqueci!
Sem ti, ceguei, esperar para quê,
se nunca mais te vi!
Sofri, esperei - tudo em vão!
Partiste, então, quase enlouqueci,
quase parou meu coração,
quase da vida me perdi!
E de repente alguém chegou ...
Outro olhar, outro gesto, outro Amar!
E esse alguém se declarou ...
Tremi! Tive medo! Mas pensei ...
Pensei, repensei e sentindo que te perdi,
decidi esquecer-te e aceitei!
À Primeira Vista -
Que lindo, doce o teu olhar,
verde-claro como os prados,
lindo, doce esse lugar
que me deixa apaixonado!
Que lindo, doce o teu abraço,
como um fogo que consome,
arde, queima o meu regaço
quando penso no teu nome!
Que suave, leve a tua mão!
Teu sorriso de Cristal
fez bater meu coração ...
Que o paladar da tua boca
deu vida a minha Alma
meia viva, meia louca!
Voz -
Certa vez, num tempo que não é daqui,
escutei perto de mim uma lânguida voz!
Alguém que antes nunca ouvi,
e que terna me disse:"Não estás só!"
Não era deste mundo
essa voz de oiro e de cetim,
tocou-me forte, bem fundo
e levou-me além de mim ...
Então prosseguiu:"As pessoas não
nos pertencem, fazem parte de nós!
Somos Unidades de Vida!" E tocou-me na mão ...
"Somos pedaços de Amor que algures se encontrarão,
à luz de um novo tempo, de vida e esperança
num Universo de Cristal e pura gratidão..."
(Para Maria Flávia de Monsaraz)
Triste Perecer -
E amarrei um grito em mim
solto de vontades adiadas
que esbatem na Vida por aí
em bocas de Almas pouco amadas ...
Então, despertei cedo pela manhã ...
E o dia fez-se pranto,
o pranto esperança vã
e a esperança triste canto!
E longas agonias foram dadas
tantas horas diluidas
tantas vidas mal amadas ...
Já não basta adormecer!
Adormecer já não me basta!
Eu sou o Amanhecer ...
Não interessa que o Homem se responsabilize pela sua Existência sem se debruçar sobre a sua Essência.
E não interessa que se debruce sobre a sua Essência sem se responsabilizar pela sua Existência!
Estamos e vivemos num mundo dual entre o Espírito e a Matéria, entre a Vida e a Morte, entre o Bem e o mal!
Ferida Aberta -
Trago uma Vida marcada
a sangrar dentro do peito,
trago uma Vida traçada
por um destino sem jeito!
Ai prantos, dores, lamentos,
delírios, sonhos no peito,
ai em mim doce tormento
desde a rua até ao leito!
Desde o leito até à morte
desde a Alma até ao corpo,
ai minha Vida sem sorte
e tua sorte em estar morto!
Na minha cama de nada
sangra dentro o meu peito,
a minha Vida marcada
por um destino sem jeito!
Sem jeito é o tormento
que arrefece o nosso leito,
o teu louco afastamento
ferida aberta no meu peito!
Regresso à Solidão -
Vou alto! Tão alto!
Quão alto me encontro!
Pela Vida, sem asfalto,
poeta vivo, poeta morto ...
E batem palmas
aos versos que me rasgam ...
Tantas, tantas Almas
que me escutam e aclamam!
E por instantes, não estou só,
instante que será breve,
tão breve que dá dó!
Súbito, viram costas, fica nada,
e eu, novamente só,
que dó, regresso a casa ...
Cristo Oculto -
Não consigo sequer lembrar
quantas vezes de esperança perdida,
só, queria morrer, morrer e matar
a minha Alma vencida ...
E aguardava ... o momento iria chegar!
O fundo do poço, o fundo da Vida,
aí, onde iria morar,
casa sem tecto, esperança tolhida ...
Mas eis quando percebia
que estava seguro
por algo que não via mas sentia ...
Suspenso no ar por duas mãos
(dois braços abertos, um coração)
penduradas por dois pregos!
Aquém e Além Morto -
Há em mim
um vazio oblíquo,
sufocante ...
E tudo tão igual, em torno,
em redor ...
Eu tão louco, tão constante
no rasgar da minha dor!
Interrogo-a! Não responde!
E escorre-me um ardor ...
Um calor! Um calor!
Procurar a Vida? Onde?! Onde?!
Calçadas, ruas e vielas,
tudo ausente, tão longe,
tão distante.
E tudo passa em surdina ... tudo!
Nada há. Só silêncio.
Como eu. Calado.
E meu corpo é marcado!
Agruras e lamentos,
estradas sem destino,
cujo o destino é o nada.
Sou eu! Absorto!
Minha pobre e velha estrada!
Meu lívido abandono, sombrio,
meu destino, tão frio,
de aquém e além-morto!
Avenida -
Percorro passo a passo
a avenida da solidão!
Estou só, tão só
no meu cansaço,
que deixo pelo chão,
pedra a pedra, num abraço,
o meu malogrado coração ...
E porque me terá a morte
tão esquecido?! ...
Que esta Vida é triste sorte,
e minha morte,
é na vida estar vencido!
Tão perdido! Tão perdido!
Sem norte! Sem sentido!
Na minha solidão,
na minha loucura,
pela avenida, passo a passo,
deixo triste o coração ...
Lastro de um pecado,
de um erro sem perdão!
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