Amiga Mensagem Ana Maria Braga
À Beira de um Poema -
À beira de um poema
lembro a noite que então havia ...
Fecho os olhos, morre o dia,
onde foste coração
num morrer que me doia?!
À beira de um destino
fui além do meu tormento
sem verdade nem tino
com a cruz no pensamento!
Num sentir que me tortura
num viver que não sentia
sobre a minha sepultura
nem uma cruz havia...
Desabafo -
Trago no meu corpo uma verdade ...
Uma busca insaciável!
Um não sei quê que me vive,
que me alcança, que me escorre ...
Trago o halo de uma espada.
Trago a vida por viver
Ou as glórias alcançadas
Só a ti não trago e quero ter!
A Culpa do Poeta -
Minha mãe eu sou poeta
num mundo sem sentido
a lágrima d'um Touro, (asceta)
que da manada está perdido ...
Não estou vivo nem estou morto!
Minha mãe que culpa tens?...
Não tens culpa deste aborto!
Diz-me ó morte quando vens!!...
Minha mãe de quem a culpa
se não é minha nem é tua?!
Quem me deu a triste luta
que m'enlouquece pela rua?!
Sou o grito d'um vulcão
que quer a terra prometida,
que mentira d'alcatrão
numa estrada à deriva!
Sou culpa e condenado,
assassino sem ter morto,
sou um preso não julgado
nas cadeias deste corpo.
E que culpa terei eu
de estar vivo num caixão?!
O destino quem mo deu
foi alguém sem coração ...
E que culpa tem a vida
deste gosto amargo e doce
que uma gente desconhecida
ao meu corpo sempre trouxe?!
Vou pegar o meu destino
como um touro em plena Praça!
Mas a Glória do bovino
é ser morto por ter raça!
Fecho os olhos, lembro a vida,
ai esquece-la quem me dera,
minha ânsia consumida
é só culpa do Poeta!
Barco à Vela -
Às longas madrugadas eu me dei
num pulsar que me arrepia a solidão
foi nelas que na vida me encontrei
na rota do meu forte coração.
De longe vem o grito da partida
que me traz e que me leva além de ti
minh’Alma numa ânsia proibida
procura o infinito que há em mim.
Ao leme do meu barco vai a dor,
na proa levo a Glória d’outros tempos,
nos mastros vão as velas do amor,
soprando pelo mar, são novos ventos.
Parti p’las madrugadas sem destino
parti rompendo o mar da solidão
num grito que me rasga eu domino
a tristeza que me assalta o coração.
Razão e Pó -
Somos qualquer coisa de tão efémero
como o pó das estrelas pelo Céu,
somos a ângustia à deriva no etéreo
guiados p'lo destino à mão de Deus.
Somos na verdade o pó da Vida
num corpo que dá forma à razão,
somos realidade, nunca antes concebida,
que Deus põe no pulsar do coração.
Somos uma busca incansavel
num eterno prometido p´los avós,
navegamos numa busca insaciável
e afinal encontramo-nos tão sós.
E a procura é mais alta do que a morte,
a morte mais desejada do que a vida,
a Vida arrefecida em cada morgue
e a morgue uma tristeza desinibida.
Faço dos meus versos autópsia à solidão
num corpo que JAZ foi e JAZ não é,
num destino que procura ter razão,
sou morto sem caixão sem verdade nem fé.
Este não saber quem sou sem pensamento,
esta vontade de morrer qu'inda me abraça,
é loucura, é dolência, é tormento
que atravessa o meu destino e me trespassa.
Medo de Amar -
Diz-me porque temes tu amar-me?!
Porque temes ouvir a minha voz?!
Porque temes o meu corpo,
os meus beijos, o meu olhar?!
Diz-me meu amor,
diz-me porque queres ficar só, com o mar!
Porque aceitas o teu medo
e rejeitas meu amor ...
Porque travas este impulso,
porque travas a entrega
que nos leva além da dor?!
Meu ser, vazio de ti,
teu ser, longe de mim ...
Que sentido há no sentido de fugir?!
Obstante solidão que se aninha sem ter jeito,
em nós! Meu peito! Meu peito!
Tão só ... sem ti ... sem ti ...
Trago um Silêncio -
Trago um silêncio nocturno
no meu corpo de lilases
das noites que não durmo
dos abraços que não trazes.
Trago um silêncio de sombras
num toque de matizes
do calice que não tomas
das palavras que não dizes.
Trago um silêncio de criança
numa espera inacabada
na loucura da lembrança
da minh'Alma enamorada.
Trago um silêncio sem sentido
nestes versos que compus
trago o meu olhar perdido
na tua pele que me seduz.
Trago um silêncio de rosas
no campo dos meus dias
trago sonhos com asas
rasgando as ventanias.
Trago um silêncio de mel
no eco do teu nome
lembro o toque da tua pele
num desejo que me consome.
E és tu esse silêncio
essa espera em que naufrago
és o barco dos meus dias
que no peito ainda guardo.
Não Procures a Solidão -
Não procures a solidão
sem saber de onde ela vem
deixa-a ficar sossegada
a solidão é dor errada
no peito de quem a tem.
Não procures a solidão
que ela vai atras de ti
solidão, vazio e nada
traz a vida já cansada
a solidão não está aqui.
Nāo procures a solidão
na saudade ou no amor
na tristeza ou na loucura
solidão é dor sem cura
sem remédio nem pudor.
Da tristeza à saudade
vai a vida como é
Solidão é dor parada
é palavra mal-amada
de um poeta já sem fé.
Solidão - Cansaço -
Solidão é cinza
silêncio, pó e nada,
solidão é gente,
à deriva, abandonada.
Solidão é ferida
ângustia e vaidade
é dor, lamento e culpa
numa teia de saudade.
Ai solidão - cansaço
que nos veste o coração
prende a vida a um regaço
numa dor pregada ao chão.
De Ti -
De ti só quero as cores
das rosas que escolhestes
dos poemas que escreveste ...
De ti só quero as cores
das palavras que disseste
das esperanças que me deste ...
De ti só quero a vida
que nasceu da terra brava
e num impulso se fez lava ...
De ti só quero a vida
de uma aurora que me lavra
sem destino nem palavra ...
De ti só quero o infinito
que transcende a ilusão
e me leva a solidão ....
De ti só quero ter sido
o Amor que não é vão
nascido erva em pobre chão ...
De ti só quero ter
o impossivel que nós somos ....
De ti! Só de ti!
Tarot -
No principio era o nada
e o nada era tudo,
era frio, água gelada
e o meu corpo era luto.
Mas do nada se fez tudo
quando em versos me falaste
dos teus olhos fiz um escudo
mas d'um sonho não passaste.
Tua voz sem sentimento
no passar das horas breves,
foi a dor, o sofrimento
que não quero que me leves.
De ti o nada me ficou
como roupa sem razão
e visto o nada que passou
no meu corpo de solidão.
Termo sem Fim -
E então cheguei ao fim!
Gritei por Deus e foi em vão,
Ele nem olhou p'ra mim,
fiquei só, caido ao chão ...
E o que dizer das preces que lhe fiz?
Que as fiz sem mesmo acreditar
que as fazia num chorar que vem de mim
deixando as minhas penas pelo ar ...
Rezar p'ra quê se nem Deus ja pensa em mim?
Chorar porquê se ninguem me ouve nem me quer?
Cantar o quê se a minha voz chegou ao fim?
Pois vou sem rumo vivendo o nada que vier!!!
Lágrima Contida -
Num encontro ou num olhar
procuramos em alguém
um amor que saiba amar
sem mentira nem desdem.
Ilusão que só nos prende
às amarras da loucura
da tristeza que se estende
ao amor que não tem cura.
E há um grito que magoa
quando alguém nos faz doer
há um lirio que destoa
pelos campos a morrer.
E uma lágrima contida
corre a face da solidão
basta a esperança estar perdida
p'ra sofrer um coração.
Gastei a Vida -
Gastei a Vida
numa espera inutil
numa esperança vã!
Gastei a vida
numa dor sombria
em loucura sã!
Gastei a vida
na alegria que não tive
a pensar no que sobrou!
Gastei a vida
e a vida que escolhi
foi a vida que passou!
Gastei a vida
numa espiral inversa
que tudo me levou!
Gastei a vida
uma flor que nasceu
e nos campos secou!
Gastei a vida
a escrever poemas
num papel cansado!
Gastei a vida
a pensar na morte
a cantar o fado!
Gastei a vida
num suspiro errado
num pensar sombrio!
Gastei a vida
chegou a morte
morri de frio ...
Cheguei ao Fundo -
Cheguei ao fundo
das ilusões que não tenho.
Das esperanças que perdi
dos olhos que não viram
das loucuras que senti!
Cheguei ao fundo ...
Cheguei ao fundo
das palavras que esqueci.
Das coisas que vivi
dos sonhos que partiram
das vezes que menti!
Cheguei ao fundo ...
Cheguei ao fundo
dos amores que não tive.
Dos que tive e que não quis
dos que quis e que partiram
da vida que vivi!
Cheguei ao fundo ...
Incompreensão: Destino Envenenado -
Na loucura de um sentir inconsciente
sempre quis amar e ser amado
amar tudo e toda a gente
que caminhasse junto a mim, a meu lado.
Porém, poucos houve que me entenderam
nem eu mesmo me entendi
e só aqueles que morreram
ficaram mais perto de mim.
Julguei que aos outros aninhava
alem do mau feitio, dentro do peito,
hoje sinto que a todos rejeitava
por nunca entenderem o meu jeito.
O meu jeito de poeta miseravel
escravo de um sentir sem porto
prisioneiro das palavras, ser instavel,
desejando a paz eterna de estar morto.
E diziam, não podes ser assim,
tens que aprender a viver a vida!
Mas o que sabiam eles do que ocorria em mim?!
Pensariam que eu gostava de viver de Alma perdida?!
Ah se eu pudesse matar este sentir
que me cavalga o pensamento,
se eu pudesse afastar, resistir
à solidão, ao sofrimento ...
Não posso! Não sei nem tenho como!
Tábua fria onde me deito e meu corpo é velado,
essência dos poetas qu'inda tomo
destino que Deus me deu envenenado.
Contra o Tempo -
E a vida foi passando
o destino foi correndo,
minhas dores crescendo,
com elas amei, com elas sofri.
Minha ângustia ficou
meus sonhos morreram,
tudo passou, só eu não morri!
E tudo me deram
sem principio nem começo
sem virtude nem fim ...
Pelas noites bebi medo,
bebi sonhos e magia,
desecanto, dor e solidão.
Perdão Senhor! Perdão!
Vitima/Algoz -
Se eu soubesse que esgotando as palavras
esgotava o meu sofrer,
esgotalas-ia por certo!
Pior seria se as palavras se esgotassem
e o meu sofrimento não...
Nunca mais teria como escoar a minha solidão.
Se a poesia vive de mim, do meu sofrer,
o meu sofrer tenta "matar-se" nos braços da poesia!
Eis a relação da vitima com o algoz!
Ambas vítimas! Ambas algozes!
Lassidão -
Na rota de um destino que vivi
numa intensa e trágica planura
meus olhos rasos de lonjura
são dois versos de um poema que perdi.
Numa perpétua e árdua procura
numa busca impossivel de acabar
fiz dos versos um apelo de loucura
que o silêncio nunca soube em mim calar.
Mas longos, revoltosos, violentos
foram os punhais que me espetaram
sete facas apontadas, meu tormento,
foi só isso que os poemas me deixaram.
E na dolência das noites tenebrosas
foi meu corpo uma tocha incendiada
foi minh'Alma criança apaixonada
nas mãos de uma infância dolorosa!
Périplo -
Uma lágrima correu
na face da solidão
uma esperança se perdeu
no galopar de um coração.
E há um canto no sangue
há um silêncio na voz
há um grito cortante
no mais fundo de nós.
E o que fica de chorar
é loucura que não somos
é não ter o que entregar
à demência do que fomos.
E é mentira ter piedade
há um tempo para o corpo
da Morte à Eternidade
vai a pausa de estar morto.
Há em nós silêncios de água
há vulcões em noites breves
há palavras cor de mágoas
que o destino nos escreve.
Nossos olhos debruados
demarcados na lonjura
são dois campos macerados
de uma trágica planura.
A hora passa devagar,
vazia, despojada,
e passa longa, a chorar,
numa ultima jornada.
Somos praia ao Luar
terra ferida sem nortada
vai-se o sonho de sonhar
fica a triste madrugada.
Mas um dia voltaremos
ao cais d'onde partimos
será aí que nos esquecemos
da mania de existirmos.
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