Amanha Sera um Lindo dia

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Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos, ou quando menos, os seus companheiros de espírito?

Fernando Pessoa
PESSOA, F. Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Lisboa: Ática, 1966.

"Às vezes o cavaleiro da armadura brilhante, era apenas um imbecil enrolado em papel alumínio. Desapega!

Quantas foram as vezes que alguma coisa que você leu te machucou bem mais que um tombo ou um corte?

Que a tirania de dez milhões se exerça sobre um indivíduo, que a de um indivíduo se exerça sobre dez milhões, é sempre tirania, é sempre uma coisa abominável.

CORAÇÃO CIVIL

Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade nos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país
Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ser amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver
São José da Costa Rica, coração civil
Me inspire no meu sonho de amor Brasil
Se o poeta é o que sonha o que vai ser real
Vou sonhar coisas boas que o homem faz
E esperar pelos frutos no quintal
Sem polícia, nem a milícia, nem feitiço, cadê poder ?
Viva a preguiça viva a malícia que só a gente é que sabe ter
Assim dizendo a minha utopia
Eu vou levando a vida, eu vou viver bem melhor
doido prá ver o meu sonho teimoso um dia se realizar
E Eu viver bem melhor

Eu estava sonhando.
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
"Neste país é proibido sonhar".

Eu não sei, mas acho que a gente olha e pensa: “Quero pra mim”. Mas dá um frio na barriga, um tremor, um medo de depender de alguém, de sofrer, de escolher errado, de lutar por algo que não vale a pena. Porque o coração nem sempre é mocinho. Foi por isso que corri, tentei fugir...

Às vezes perdemos algo e não há solução. No fim você coloca um sorriso no rosto e finge que é sincero.

G. Junqueiro? Tenho uma grande indiferença pela obra dele. Já o vi... Nunca pude admirar um poeta que me foi possível ver.

Um homem que não pode ficar um pouco não deve nem se aproximar.

A hipocrisia está tão presente em tudo, que fico a pensar que é quase impossível que um de nós já não tenha vestido suas roupas, caminhado com seus calçados, e falado com a sua língua.

Quer um conselho? Vou te dar: Você precisa encontrar uma saída, uma nova direção pra sua vida! Viva sua vida e esqueça a minha, porque dela cuido eu!

Você, só podia ser você, que se me visse agora consideraria um exagero esse meu desalinho emocional, que diria que estou dramatizando, você que nunca passou por nada igual, mas talvez passe, tomara que passe, para poder me entender.

Se fosse uma comédia-romântica-americana, a gente se encontraria daqui a um tempo e eu diria a ele, que mesmo depois de ter conhecido homens que não gritavam quando eu acendia a luz do quarto, não faziam uso de um cigarro que me irritava profundamente e sobretudo minha rinite alérgica, não usavam cueca rosa, não cantavam tão mal e tampouco cismavam de imitar o Led Zeppelin, era ele que eu amava [...], era ele que eu queria. E ele me diria que, mesmo depois de ter conhecido mulheres que arrumavam a cama e não demoravam tanto para sentir prazer, não tinham uma blusa ridícula com uma rajada de dourado, não eram dentuças e tampouco testudas, não cantavam tão mal [...], era eu que ele amava, era eu que ele queria. Mas a realidade é que não gostamos desses tipos de filme fraco com final feliz, gostamos dos europeus "cult" onde na maioria das vezes as pessoas sofrem e perdem, assim como aconteceu com a gente.

Não digo que sou um Vascaíno doente, pois doente é quem não é Vascaíno.

Se com todos os nossos infortúnios fosse erguido um único monte donde cada homem devesse retirar igual quinhão, decerto muitos se contentariam em receber a parte que lá puseram.

GATO NA GARAGEM

Que imensa preguiça!
Um gato se estica
longo, de pelica,
de pluma e peliça.

A noite é de tubos
de rodas e cubos
borracha e aço curvos
em subsolos turvos.

Que noite! uma poça
de sombra na boca.
Cega, se alvoroça
e infla, a pupila oca.

Luminosos manda
seus olhos; verde anda
em luz; anda e nada
e é dono do nada.

A noite postiça!
E o gato se estica
em sua pelica,
em sua peliça.

Senhor! Pusestes em tudo um negro mistério.

Um beijo, afinal de contas, o que é?. Um juramento feito um pouco mais de perto, uma promessa...

O boato é um ente invisível e impalpável, que fala como um homem, está em toda a parte e em nenhuma, que ninguém vê de onde surge, nem onde se esconde, que traz consigo a célebre lanterna dos contos arábicos, a favor da qual se avantaja em poder e prestígio, a tudo o que é prestigioso e poderoso.

Machado de Assis
Diário do Rio de Janeiro, 7 jan. 1862.