Alague seu Coracao de Esperancas Fernando Pessoa

Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto.

Importa apenas o teu sorriso e nada mais.

Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não.

Te escrevi duas vezes: a primeira saiu uma coisa sincera, mas lamentativa demais, um saco. A segunda saiu “madura e controlada”, mas extremamente falsa.

Ter que atravessar os gelos de julho para chegar despedaçado em agosto e, a partir de setembro, tentar reunir os cacos outra vez.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada.

(pequenas epifanias)

Ele era um anjo, e anjos não pertencem à Terra.

Cozinhar é como um espetáculo:
É preciso muita organização, treino, dedicação, conhecimento e amor para que, no final, os cinco sentidos o aplaudam de pé

Colei aquele "Eu Amo Você" no espelho. É pra mim mesmo.

Penso: quando você não tem amor, você ainda tem as estradas.

Nunca tinha sido tão intenso, nem tão bonito. Nunca tinha tido um jeito assim, tão forever.

Só quero ir indo junto com as coisas, ir sendo junto com elas, ao mesmo tempo, até um lugar que não sei onde fica.

Se não for hoje, um dia será.

Bom ir, bom voltar, bom saber que aquelas pessoas boas continuam lá, outras também, outras não mais.

Hoje é um dia bonito. Ontem também foi.

E enveredávamos então pelo caminho do fácil, tentando suavizar o que não era suave.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania.

Garçom, uma dose de amnésia e duas de desapego por favor.

Tenho achado viver tão bonito.

Estou me transformando aos poucos num ser humano meio viciado em solidão. E que só sabe escrever. Não sei mais falar, abraçar, dar beijos, dizer coisas aparentemente simples como “eu gosto de você”. Gosto de mim. Acho que é o destino dos escritores. E tenho pensado que, mais do que qualquer outra coisa, sou um escritor. Uma pessoa que escreve sobre a vida – como quem olha de uma janela – mas não consegue vivê-la.