Africanos
(Sobre o uso do português como língua oficial nos países africanos)
Sem esquecer raízes o importante é valorizarem o português - que já não é a língua do colonizador mas, cada vez mais, dos descolonizados - como instrumento valioso na construção, unidade e progresso de cada um dos países africanos.
Os africanos não irão desenvolver enquanto continuar a revindicar um passado remoto, que foi substituída pelo outro passado.
A contínua chegada de africanos fez com que os escravizados e libertos que aqui estavam sempre se atualizassem das notícias da África e dos costumes que por conta do contato com o Brasil estava se modificando.
A importação maciça de africanos escravizados e o crescimento da especialização étnica e até racial na população escrava datam, não do comércio atlântico de pessoas escravizadas, mas de depois da expansão árabe-muçulmana na África.
Religião: A Prisão Invisível do Espírito Africano
A religião tornou-se, para muitos africanos, uma prisão social e mental — uma das mais engenhosas ferramentas de controle psicológico já criadas pela mente humana. Trata-se de uma estrutura altamente organizada, perpetuada de geração em geração, que se infiltrou profundamente no tecido espiritual do continente africano.
Supostamente concebida para conectar o homem ao divino, a religião transformou-se em uma máquina de manipulação. As nações que dominam o mundo transcenderam os limites dessa ferramenta e passaram a usá-la como instrumento de poder, fazendo-se de "Deus" diante dos povos. Cada religião traça um caminho diferente, mas todas afirmam levar ao mesmo destino — enquanto vivem em profunda discordância umas com as outras. Essa contradição destrói o verdadeiro sentido da adoração.
As principais religiões do mundo nasceram da dúvida, do ceticismo, das divisões internas e da fragmentação de conceitos outrora universais. No processo, os africanos perderam sua soberania espiritual, abandonaram suas raízes, suas crenças e a sabedoria ancestral. A religião se opôs às nossas culturas, negou a nossa essência e nos forçou a adorar o "deus do opressor".
Abençoaram a colonização. Abençoam as guerras. Conflitos de interesses são hoje interpretados como profecias. Sacrifícios se tornaram justificáveis para manter domínios, criar impérios ou sustentar a própria existência. "Nação se levantará contra nação", dizem — como se o fim fosse bíblico. Mas esse fim é, na verdade, o reflexo direto dos conflitos que a própria religião ajudou a instaurar.
O que é o fim, senão o momento em que uma criança vê seus pais tombarem sob balas perdidas, sua casa virar cinzas, sua cidade se tornar ruínas, seu bairro infestado de corpos sem vida? Tomam suas terras e dizem que foi vontade divina.
Matam, torturam, violam direitos humanos — tudo em nome da fé. Justificam o mal com supostas doutrinas do bem. E esses mesmos atos continuam a vigorar sobre a Terra até hoje.
Nossos mais velhos esgotaram suas forças em busca de uma salvação prometida. Trabalharam pelo "Reino dos Céus", mas herdaram pobreza e fome como recompensa. Sofrem. E hoje, muitos apenas esperam — esperam que, um dia, esse Reino finalmente chegue.
Todos nós carregamos perdas e tristezas — seja pela inocência, seja por escolhas equivocadas. Sonhos se despedaçam ao longo do caminho, dando lugar a novas metas e ambições. Reconstruir o coração é dar a si mesmo a chance de recomeçar, de lutar outra vez. Cada um viveu dores únicas, e a verdadeira empatia está em respeitar as diferenças e as escolhas de cada um.
A escravidão jamais feriu a sensibilidade moral dos africanos, que a praticaram durante milênios sem ver nela nada de errado. Os cristãos europeus, ao contrário, sempre a consideraram abominável e não pararam de lutar contra ela desde o dia em que o primeiro português teve a maldita idéia de comprar um escravo na África para revendê-lo na América.
O maior problema dos países africanos não é a estupidez das suas populações,mas a falta de aptência pelo trabalho.O maior problema de Portugal não é a falta de aptência pelo trabalho das suas populações, mas sim a estupidez.
Sempre repisarei na seguinte ideia: A maior parte dos negros Africanos abriu mão da sua cultura, valores, ancestralidade, filosofia, essência e história, em troca da importação massiva destas mesmas coisas da raça alheia, estes, são tidos como semente deturpada cujos frutos não terão proveito algum "estão em África porém, já não são pertencente a ela, a essência morreu".
In, Machado pesado (corte profundo)
Pregar aos africanos acerca do maior plantação que eles precisam plantar e colher, é de fato, a Videira de Deus, Cristo Jesus.
ALMA DA ÁFRICA,ALMA DO BRASIL
A narrativa de Antonio Olinto em seus romances africanos começa, em A casa da água, como uma enxurrada. Não há introdução, preparativos, prolegômenos. O leitor literalmente mergulha, já na primeira frase, em uma enchente. É a metáfora que conduz o discurso, uma recuperação moderna da narrativa sinfônica. Olinto escreve como quem conta uma história ao pé da fogueira na noite da África ancestral. Enumera os usos e costumes, o sincretismo religioso, os procedimentos curativos, o folclore, o cotidiano das casas e das ruas, mas principalmente localiza o leitor, pondo e transpondo pessoas, com enorme habilidade, em lugares de aqui e de acolá, do Piau a Juiz de Fora, do Rio à Bahia, do Brasil à África. Mas, se o espaço tem destaque na linguagem, o tempo é etéreo. Tempus fugit. A primeira referência temporal só se dá por volta da página 200, quando se menciona a guerra. "Mariana achava ingleses, franceses e alemães tão parecidos, por que haveriam de brigar, mas deviam ter lá suas razões." Somente ao final do livro uma tabela de datas vai esclarecer de que tempo histórico se está falando. E aí está: o tempo cronológico não tem importância.
Os achados de linguagem são tocantes. Logo à página 20, damos com esta preciosidade: "As mulheres ficaram com receio de olhar para fora e puseram os olhos no chão, Mariana, não, Mariana comeu o prazer de cada imagem." À página 58, outra: "Maria Gorda pegou-a no colo, começou a falar, tinha uma voz boa e gorda também." E à página 64: "A alegria dominou durante outra semana ainda o navio, mas foi-se diluindo em pedaços cada vez maiores de silêncio." É a voz soberana do narrador, simples, despida e precisa, fazendo um registro. Sem avaliações morais ou moralistas. O padre José que bebe cachaça, a matança cerimonial, a fornicação sem vergonhas. O livro é a pauta da vida. Desenvolve-se. Evolui, como um navio que avança pelas ondas franjadas. O livro é a vida, em seu processo, sujeitando as pessoas pela tradição, cultura, pela dinâmica própria. Um relicário da prodigiosa observação desse autor que funde ficção e memória em uma liga só, emocionante
A Casa da água foi lançado em 1969 e serviu de esteio para os outros dois livros da trilogia (O Rei de Keto e o Trono de Vidro). A análise da alma africana, e por extensão da alma humana, é preciosa, no texto de Antonio Olinto. Mas não está em fatos pitorescos ou nas anedotas. Está nos refrões, pregões, imprecações. Vejam esta frase: "Ele tinha boa cara, os lábios, grossos e fortes, formavam um sorriso lento, que demorava a se formar e demorava a se desfazer." Outra: "O pai revelou-se um homem baixo e muito gordo, a boca se esparramava como a de um sapo, ria uma risada enorme e demorada."
A trilogia do acadêmico Antonio Olinto é um compêndio sobre costumes de um povo que passou muitos anos lutando para manter a sua identidade. Assim, a pretexto de falar da alma da África, o autor fala da alma do Brasil. O fio condutor é Mariana, errante e errática, miscigenada e híbrida, suspensa entre dois mundos, como a água do mar, a água da enchente, nessa torrente de vida. Mas uma mulher firme, empreendedora, justa. Uma brasileira. A frase de Mariana, ao batizar a sua loja, comprada com o trabalho de uma vida, de Casa da água, foi esta: "É que eu comecei a ser eu depois que fiz um poço." Anos mais tarde, ela diria (página 59 de O Rei de Keto): "A coisa mais importante que fiz foi abrir um poço em Lagos quando era moça." Quanta densidade em duas frases!
Aqui e ali, a voz do autor se deixa evidenciar, numa cuidada intervenção da primeira pessoa. São apenas dois ou três verbos em cada volume, com desinência voltada para o eu. Artifícios de um habilidoso processo de construção da narrativa.
A um homem que viveu a África, como adido cultural na Nigéria, escolho a boa tradição iorubá, e termino este artigo com um oriki, como faz o autor no seu romance: ó Antonio Olinto, tu que ensinas a ver e a julgar, que estás no teu merecido lugar no cenáculo da Academia Brasileira de Letras, que escrevas muito e que teus escritos sejam recebidos com alegria pelos nossos corações, para sempre. Porque tua obra, nobre escritor, é como tu: tem a energia do trovão, a sabedoria dos nossos ancestrais e a serenidade do mar calmo.
Jornal da Letras, edição de setembro de 2007
Quando estou triste, penso sempre nos outros. Penso nos milhões de africanos morrendo de sede. Outros tantos morrendo doentes, de fome, de frio. Penso nos negros, que tanto sofreram e ainda sofrem. Penso no meu país. Nos políticos corruptos. Vocês são piores que baratas. Perto de vocês, as baratas são lindas e cheirosas. Vocês são um lixo. Vocês, corruptos. Vocês, idiotas que julgam pela cor. Você, ignorante que se acha superior aos outros. Vocês não são nada.
Os europeus deveriam indenizar os africanos pelos danos psicológicos, pelas riquezas roubadas e pelas perdas de vidas humanas causados por eles na invasão desse magnifico continente
Os 500 anos de colonização do continente africano não foram tão perniciosos como têm sido os 174 anos (Libéria) de autodeterminação.
Paradoxalmente, os africanos têm sido a causa da sua própria desgraça.
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