Adeus meu Amor a Morte me Levou de Vc
Aleteia
Serar que vai chover
E molhar os meus sapatos
Água pura de beber
Ou de lavar carrapatos,
Será minha sina
E a de tantos outros
Andar por aí engasgado
Com tantos ratos
Assim no poder
O que será de você?
O que será de nós todos?
Quando o sonho virar esgoto
E a nossa cara
Ser esfregada no lodo
Será que vamos obedecer
A tudo isso?
Ou caberá à nós resistir
Mas quem vai arriscar
Ou pagar pra ver
Com tantos gestos, tantos sinais
Os olhos há de nunca piscar
E sempre ficar atentos
Pro o que possa te acontecer
E quando te confiscar
Só vai te sobrar um lamento
Será que vamos pra frente?
Com tudo te arrastando pra trás
Alguns plantando a semente
E outros arrancando essa paz
O que será desse mundo
Dessa moda desumana
Que grita, corta e te joga no fundo
Cada dia da semana
É um masacre
Uma certa penitência
Que já não dar mais pra crê
E ainda nos pede obediência
O que será afinal
De tudo o que já conquistamos
Aquele amigo legal
E tudo mais que amamos
Será o fim de tudo isso
Ou será esse
O começo de todo fim?
O Trágico Destino De Um Menino
O sonho foi interrompido
No final daquela tarde
Quando o caminho da escola
De volta te trazia pra casa,
Na travessia
Daquele asfalto quente
Ele já meio apressado
Querendo chegar na frente,
Correu como quis correr
Brincou pela ultima vez
Porque destino não se pressente
Pode ser daqui um mês
Também pode ser de repente,
Mas inesperado foi aquele motor
Que veio maluco em sua direção,
Veloz e tão valente
Todo sonho ele abortor
Dilacerando o coração da gente
Como se arrancasse com a mão
Quando ele se foi
E aqui nos deixou
Aquela tarde se perdeu
Na saudade que restou
E no abraço que não deu,
Fim de tarde virou noite
Num instante escureceu
A sua lembrança era como açoite E ao lembrar daquela amizade
Água nos olhos se escorreu,
Foi enxorrada na cidade
Tudo que é sentimento cresceu
Ao lembrar da sua idade
A gente sempre se perguntava
Porque tão cedo você morreu
Se até ontem a gente brincava
Naquela tarde
Foram tantas as perguntas
E até hoje sem resposta
Sentimento que vem e invade
Como vendaval nas plantas
E um frio congelando as costas.
Era Uma Vez
Era uma vez um presente
Bem parecido com o passado
Ele tinha uma cara de gente
E hoje tem andado meio disfarçado,
Mostrando quem realmente é
E fazendo o que realmente quer
Colocando o seu futuro na frente
E o nosso pra quando Deus quiser
Era uma vez um fulano de tal
Que até ontem falava d'ocê
Ele preferia abraçar o Diabo
Do que um dia te deixar vencer
Mas foi o primeiro a entrar
E sentar na cadeira da frente
Como se a vida inteira fosse de lá
E pela gelosia escancarase
O que sente,
Fingindo-se de sujeito leal
Mas escorregadio do que quiabo
No fundo sujeito valente
Tipo bicho peçonhento
Nas águas do pantanal
Era uma vez uma multidão
Esperando o mínimo de respeito
Foi quando ressuscitou
A velha cadeira do dragão
Pra se receber faca no peito
E depois cara no chão,
Ditadura amarga voltou
E honestidade virou defeito
Pra qualquer um latagão
Que se comporta desse jeito
Era uma vez o que se partir
E poucas vezes o que se chorar
Mas você quis iludir
E a nossa confiança quebrar
Agora sem saber pra onde ir
Vejo tudo se acabar
Esperança é pra resistir
E um dia ainda mudo de lugar
Quero ver tudo emergir
E a sua falsidade delirar
Era uma vez
Uma mulher de sicrano
Que casou se com o filho de beltrano
Não souberam lhe dar com o engano
E agora querem mais do que precisam
Como se fosse ficar debaixo do pano
Se na cara da gente todo dia eles pisam
Mostrando o seu verdadeiro arcano
E a nós todos eles paralisam
Como se fossemos de ferro
E aguentasse entrar pelo cano
Era uma vez uma tal de união
Que ficou lá atrás na boca do Santo,
Todo dia ele acenava uma mão
E hoje qual não é o meu espanto
Vê que esse braço esconde uma mão
E pede que eu vá procurar outro canto,
Era uma vez uma tal de mudança
Que cheguei até acreditar nela
Olhei pro lado e vi bem quem balança,
E a pessoa que hoje estar aqui
Vejo que não é mais aquela
Hoje eu só vejo a lambança
Principalmente de quem não lutou
E hoje estar nela
Era uma vez uma tal de felicidade
Que já morreu no seu primeiro ano de idade,
Vejo que pra esse mal não têm remédio
Porque se fala a verdade
Te jogam de cima do prédio
É carma que não têm cura
Como um "boto" que alimenta seu tédio
Salva é a criatura
Que um dia nasceu teu parente
Atracado à sua cintura
E armado até o dente
Era uma vez uma pessoa
Que cantava a liberdade
Pra rei só faltava a coroa
E hoje eu só vejo banalidade
Uma espécie de proa
No olhar perdido da cidade
Era uma vez uma verdade
Convertida a seu interesse
Deu um chute na humanidade
E coisa séria virou quermesse
Aparece ai dignidade
Quero ver se você reconhece
Nós como membro ainda
Fazendo parte da sua trindade
Era uma vez um compromisso
Uma sede de justiça
Hoje eu e você se tornou um abismo,
Uma amostra da preguiça
Porque boa vontade foi se embora
E só restou o seu capricho
Não sei se é por prazer
Ou feitiço
Só sei que assim nos pede que chora
E eu já não sei o que fazer
Se eu fico ou vou embora
Ou deixo de viver
Era uma vez um parente
Um rio correndo bem devagar
Parecendo parado quase ausente
Mas eu sei muito bem
Onde ele queria chegar
Com sua cara de amargar
Fingindo-se de inocente
Como quem muda de lugar
Levando seus bichos também
Era uma vez uma decepção
Que contrariou o sonho da gente
Demos o nosso coração
E ele foi engolido pela serpente
Como quem abusa de paixão
E amanhã vomita
E esquece da gente.
A Despedida
O que é feito da vida
O que é feito de nós dois
Somos um beco sem saida
Sem nenhum elo pra depois
Somos cartas sobre a mesma
Nessa explícita despedida
Que corrói e corrompem ainda
O que sobra do que viveu
Muita coisa que se finda
Muito sonho que morreu
O que é feito da vida
O que é feito de nós dois
Muita mágoa fez ferida
E agora o que vêm depois
Um choro exausto
Com sua partida
Como um susto
Ou uma dor maldita
Nesse dia muito som fez barulho
Até o sol foi mais quente
Não sei se era só paixão
Mas o amor tava à frente
Ele é quem abriu o portão
Quando tudo se acabou
Porque amar dá liberdade
E não sufoca o coração
Quando tudo ficou ausente
Ainda sobrava compaixão
Com os olhos cheios de verdade
Armados até o dente
O que é feito da vida
O que é feito de nós dois
Embriagado e iludido
É assim hoje, amanhã e depois.
A Minha Pressa
Eu tenho pressa pra sorrir
Pra sonhar
E sair por aí
Como faz a chuva
Que na terra insiste em cair,
Eu tenho tanta pressa
E pouca coisa faz sentido
Não tenho mais aquele olhar
Que no seu insistia em colidir
Eu tenho a pressa da multidão
E o medo absoluto
De uma escuridão
Que me faz não mais ser adulto
E viver apressado com medo
Desse dragão,
Que amar é pura invenção
De quem perdeu a lógica
E a razão,
Eu tenho pressa
E também devaneios
Que durante o dia me faz promessas
E a noite é só rodeios
E tanta coisa me interessa
E quase nada faz sentido
É como se a vida
Fosse uma quermesse
E viver fosse proibido.
"Uma criança pequena pode aprender matemática, gramática, ciências naturais, desenho, música, dança e esportes sem grande dificuldade. Mas a História e sobretudo a filosofia dependem de uma compreensão mais madura da vida."
BELA DOR
Uma dor que você não suporta e que de tão profunda, dorme,
E com a tal dor, só passará com outra
Só conhece a dor porquê é uma, oras...
Viramos caçadores de dores.
Até achar...
Aquilo que com prazer enlarguece, com muito risco de vida se reduz. O médico lhe recomenda, depois lhe mata.
A MENTE DA GENTE
.
Somos o que pensamos.
Logo somos cria da mente
que não podemos enxerga-la
porque ela está muito próxima da gente,
assim como nosso rosto está
e não podemos vê-lo,
senão através do espelho.