Mensagens de luta e fé
Dia após dia, levanto palácios invisíveis
com tijolos de desejo moldados em palavras. O corpo se rende às limitações, mas a mente ergue pontes de esperança, cada linha escrita, um alicerce de legado. Sonhar em voz alta é recusar o silêncio eterno,
é semear promessas no coração de quem lê.
Na noite chuvosa, a sonata se dissolve na chuva, um murmúrio que envolve o silêncio onde me escondo. Cada acorde é um suspiro que congela o tempo, abraça a dor calada,
faz da angústia um manto suave
que me protege entre gotas e sombras.
Nos dias cinzas, a chuva é meu eco frio, um sussurro da cachoeira que conheci, onde mente e céu choram juntos, e a tristeza vira um abraço silencioso.
Não desanimar é o passo inicial, mas há dias em que finjo e dias em que afundo.
Como em “Raindrop” de Chopin, sou um corpo submerso, gotas caindo, insistentes, a melodia abraça meu desamparo, cada nota reforça a prisão da dor, e eu luto para emergir,
preso à corrente silenciosa da resignação.
Minha voz, ferida e firme,
rasga o silêncio das telas frias,
onde almas se perdem na superfície, e o vazio dança disfarçado. Palavras são flechas lançadas na sombra da indiferença.
As notas de Tchaikovsky tocam minha dor, como se conhecessem minhas cicatrizes. No caos da vida, sua música dá forma à angústia e por um instante, ela dança.
Quando o mundo me afunda,
a música clássica me resgata, faz do caos, compasso, da dor, silêncio. Em cada nota,
reencontro o passo que quase perdi.
As noites me desfazem devagar.
A mente, inquieta, tropeça em pensamentos longes.
No escuro, o piano sussurra e cada nota, pesada e só, parece chorar comigo. Na ausência do sono,
a música me embala como quem
cuida de uma dor antiga.
Sempre fui melancólico, como Chopin. Ele chorava em teclas, eu, em palavras. Sua dor virou partitura, a minha, tinta nos ossos.
Nesse espelho triste, reconheço a linhagem dos que sentem demais
e transformam a dor em arte.
Somos cordas… E a vida, um martelo de piano. A cada golpe, dor, doença, preconceito, vamos desafinando… Minhas forças se esvaem, minhas emoções tremem em dissonâncias. Ainda assim… insisto em vibrar, tentando harmonia
onde só há fúria.
A velhice virá, eu sei. Temo tornar-me um piano velho, desafinado, emudecido num canto qualquer. Assusta-me a ideia de que minha voz, já tão frágil, possa um dia secar… Até desaparecer como um som esquecido. Por isso, escrevo. Antes que meu instante de voz se apague, quero deixar, em palavras,
os últimos acordes da minha história.
A dor me faz triste. Cada fibra em mim lateja memórias que nem a medicina apaga. Sou um retrato ambulante de perdas, do movimento, da autonomia, da esperança. E assim… Atristeza brota sem cessar,
como uma secura interna que nenhum afago alcança.
Reconstruir-me foi o mais doloroso dos trabalhos. Após o AVC, era como montar um quebra-cabeça… sem saber se todas as peças ainda existiam. Cada palavra reaprendida, cada passo ensaiado, foi uma batalha contra a fratura da minha identidade. E essa reconstrução… não era só do corpo, mas da alma: repostar a autoimagem onde antes… só havia ruínas.
Sou mais da chuva… Ela desce como quem lava os silêncios que me habitam, desfaz a poeira invisível que cobre meu espírito.
Enquanto cai, borra as dores, dissolve as arestas do peito.
O sol, ao contrário, me expõe como vitrine vazia: sua luz varre os cantos,
revela rachaduras, escorre sobre minhas lágrimas… as que finjo… não existir.
Há dias em que o cansaço pesa tanto… que desistir parece um alívio, um oásis no deserto da dor. A luta contra a depressão, contra a dor crônica, me empurra para esse abismo de querer parar… Mas então… me agarro a um fio de fé, um sopro mínimo de esperança… E decido: viver só mais um dia.
Apenas… mais um.
Minha vida… um depósito de excessos inúteis. Tristezas, pensamentos sombrios, compaixão mal direcionada… restos de guerras sem vencedores. Sou um reservatório entupido de emoções tóxicas, incapaz de filtrar o que me faz bem. Cada sorriso forçado… é um disfarce frágil
diante da avalanche de memórias escuras. No fim… essa batalha interna não deixa heróis, apenas sobreviventes… exaustos.
Já entreguei meu afeto, já me doei… Hoje, sou frio, um escudo erguido para sobreviver. Doar amor a quem não valoriza é soprar feridas abertas, não deixá-las cicatrizar. Esse gelo me protege, mas deixa uma saudade aguda
do calor humano que um dia foi natural… e hoje me trai em julgamentos e abandono.
Aprendi da forma mais dura: deixar o coração de lado e usar o cérebro como escudo. As pessoas são guerras silenciosas, pensam em si antes de estender a mão. Minha compaixão virou alvo, minha fragilidade, exploração. Hoje, sou um general cauteloso, planejando cada passo
em terreno hostil, pois a confiança cega só trouxe dor.
Houve momentos em que um abraço era tudo que eu precisava… mas ninguém estava lá. A solidão se torna um grito mudo, um vazio que aperta o peito, quando o corpo implora por calor e só recebe o frio implacável das paredes gélidas. Nessas horas, a ausência do toque se torna tortura, e o abraço que nunca veio rasga ainda mais a minha alma já despedaçada.
Talvez meu destino seja esse: ser ombro, mesmo quando eu desabo por dentro. Curar dores alheias enquanto carrego as minhas em silêncio. Ouvir choros… quando tudo o que eu queria era alguém pra ouvir o meu. Minhas lágrimas são segredos guardados, mas ainda assim… faço das minhas mãos cansadas um abrigo para quem precisa. Mesmo que o alívio… nunca venha pra mim.
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