Poemas de Voltaire
Não existem grandes conquistadores que não sejam grandes políticos. Um conquistador é um homem cuja cabeça se serve, com feliz habilidade, do braço de outrem.
Os leitores servem-se dos livros como os cidadãos dos homens. Não vivemos com todos os nossos contemporâneos, escolhemos alguns amigos.
Um dos méritos da poesia que muita gente não percebe é que ela diz mais que a prosa e em menos palavras que a prosa.
Aquilo a que chamamos acaso não é, não pode deixar de ser, senão a causa ignorada de um efeito conhecido.
Convém ter uma religião e não crer nos padres, assim como convém fazer um regime e não crer nos médicos.
Ai dos feitores de traduções literárias que, ao traduzir cada palavra, enfraquecem o sentido! Este é bem o caso em que se pode dizer que a letra mata e o espírito vivifica.
Confesso que o gênero humano não é tão mau como certas pessoas o apregoam na esperança de o governar.
Concordo que aqueles que cultivam uma terra fértil têm uma grande vantagem sobre os que a desbravaram.
Se fosse necessário escolher detestaria menos a tirania de um só do que a de muitos. Um déspota tem sempre alguns bons momentos; uma assembleia de déspotas nunca os tem.
O mais feliz passa por ser o maior, e o público atribui muitas vezes ao mérito todos os êxitos da sorte.
Paixão é uma infinidade de ilusões que serve de analgésico para a alma. As paixões são como ventanias que enfunam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveriam viagens nem aventuras nem novas descobertas.
Quem revela o segredo dos outros passa por traidor; quem revela o próprio segredo passa por imbecil.