Vladimir Maiakovski

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Vladimir Vladimirovich Mayakovsky (1893 - 1930) foi um dos poetas mais representativos do Futurismo Russo.

BLUSA FÁTUA

Costurarei calças pretas
com o veludo da minha garganta
e uma blusa amarela com três metros de poente.
pela Niévski do mundo, como criança grande,
andarei, donjuan, com ar de dândi.

Que a terra gema em sua mole indolência:
"Não viole o verde das minhas primaveras!"
Mostrando os dentes, rirei ao sol com insolência:
"No asfalto liso hei de rolar as rimas veras!"

Não sei se é porque o céu é azul celeste
e a terra, amante, me estende as mãos ardentes
que eu faço versos alegres como marionetes
e afiados e precisos como palitar dentes!

Fêmeas, gamadas em minha carne, e esta
garota que me olha com amor de gêmea,
cubram-me de sorrisos, que eu, poeta,
com flores os bordarei na blusa cor de gema!

(Tradução: Augusto de Campos)

Comigo a natureza enlouqueceu
sou todo coração

E então, que quereis?...


Fiz ranger as folhas de jornal

abrindo-lhes as pálpebras piscantes.

E logo

de cada fronteira distante

subiu um cheiro de pólvora

perseguindo-me até em casa.

Nestes últimos vinte anos

nada de novo há

no rugir das tempestades.



Não estamos alegres,

é certo,

mas também por que razão

haveríamos de ficar tristes?

O mar da história

é agitado.

As ameaças

e as guerras

havemos de atravessá-las,

rompê-las ao meio,

cortando-as

como uma quilha corta

as ondas.

⁠Meu amado barco
Espatifou-se nas pedras da rotina
Acertei as contas com a vida
E é inútil continuar contando
Dores sofridas em mãos alheias.
As desgraças
E os insultos.
Sorte aos que ficam.

Impossível

⁠Sozinho não posso
carregar um piano
e menos ainda um cofre-forte.

Como poderia então
retomar de ti meu coração
e carregá-lo de volta?

Os banqueiros dizem com razão:
“Quando nos faltam bolsos,
nós que somos muitíssimo ricos,
guardamos o dinheiro no banco”.

Em ti
depositei meu amor,
tesouro encerrado em caixa de ferro,
e ando por aí
como um Creso contente.

É natural, pois,
quando me dá vontade,
que eu retire um sorriso,
a metade de um sorriso
ou menos até
e indo com as donas
eu gaste depois da meia-noite
uns quantos rublos de lirismo à toa.

Vladimir Maiakóvski
Antologia Poética (2020).

Eu

Nas calçadas pisadas
de minha alma
passadas de loucos estalam
calcâneos de frases ásperas
Onde
forcas
esganam cidades
e em nós de nuvens coagulam
pescoços de torres
oblíquas

soluçando eu avanço por vias que se encruzilham
à vista
de crucifixos
polícias

1913

Ainda há letras boas : R / G H / C H T S C H /___ Basta de verdades sem valor !

⁠Farei uma blusa amarela
De três metros de entardecer.

Inserida por MarcioAndreSilvaGarc

⁠A plenos pulmões


(Trecho final)
Camarada vida,
vamos,
para diante,
galopemos
pelo quinquênio afora.
Os versos
para mim
não deram rublos,
nem mobílias
de madeiras caras.
Uma camisa
lavada e clara,
e basta, —
para mim é tudo.
Ao
Comitê Central
do futuro
ofuscante,
sobre a malta
dos vates
velhacos e falsários
apresento
em lugar
do registro partidário
todos
os cem tomos
dos meus livros militantes.

Vladimir Maiakóvski
Poemas. São Paulo: Perspectiva, 2017.
Inserida por marcosarmuzel

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