Viver e Nao se Preocupar com o Futuro
O Amor e as Estações.
Então chegou o outono.
As manhãs estão frias e o calor ardente das noites cessou. O sol já não brilha como antes, a rede está sempre vazia e as folhas secas como nunca!
Os dias passaram... e como passaram. De vez em quando penso em você. Não em "nós" mas em você! Penso em todas as promessas e naquelas tardes ensolaradas. Olhos preguiçosos, café ao meio-dia... Mas então chegou o outono.
O impacto foi grande: a vidraça da sala quebrou e molha uma parte do sofá! Mas a chuva sempre, sempre, acaba com a pintura da parede! Eu sei, eu sei: "o que importa é a estrutura e não a aparência". Percebe? Suas palavras ficaram...
A chuva. Ela vem anunciada por trovões feios e céu cinza. Diferente da de verão, ela vem e insiste. Persiste até que eu desisto de contê-la. Preciso de um vidro mais forte. Um que resista tanto o brilho do sol quanto a fúria da chuva. Então chegou o outono.
Não me divirto mais com video-games ou banhos de chuva, agora leio jornal e lavo louça. Não faço mais careta na frente do espelho nem mostro língua, agora eu arrumo a gola da camisa e faço retoques na maquiagem. Chocolate, batata frita?! Não, não. Salada e comida congelada. Agora eu sou séria, como bem deve ser o outono.
Uma hora ou outra me pego em devaneios e desvarios - sim, porque essência não muda - mas contenho os agudos e dancinhas ridículas quando me perco nos fones. É claro que ainda bebo todos aqueles duplos e mais claro ainda que ao final de 7 ou 8 copos me encontro completamente bêbada, em meu pior estado, largada no sofá molhado de chuva, rindo de cada desgraça e até da minha própria sombra. Então penso em você e no verão que passou. Culpa, será? Não sei. É estranho estar tão feliz em pleno frio de outono, enquanto te bate o vento...
Não existem mais discussões, ironias ou farpas... Sozinha não tem graça! Não existe mais "nós". Porque então chegou o outono! Nós sabíamos que ele chegaria. Mas sabe?! O inverno está chegando e será bem pior! E se eu passar - e passarei - por ele, vou me deliciar na primavera!
O frio vai passar, as flores vão aparecer! O verão vai acontecer de novo. Nós querendo ou não, vai acontecer para mim e para você.
O inverno pode ser rigoroso mas ele acaba. Chega então o colorido da próxima estação, tudo se renova! E você - e eu - e nós -, estaremos perdidos mais uma vez no calor do verão.
Então que passe. Que venham mais e mais verões e que estejamos prontos para futuros e eventuais outonos e invernos...
Para toda estação, que haja proveito. Que hajam festas florais e cobertores, que hajam beijos molhados e abraços causados por relâmpagos! Então que hajam dores e amores. E mais amores!
E que o mundo gire mais uma vez.
Gosto de andar na praia.
Ouvir o barulho do mar.
Gosto de contar estrelas.
Fazer as escolhas certas.
Isso, sim, é Prosperar.
Acontece uma coisa quando a pessoa engravida. Ninguém fala sobre isso. Você fica um pouco de luto. Você fica de luto pela pessoa que costumava ser. Porque o fato é que não importa o quanto queira ser mãe, você nunca mais deixará de ser.
E chega uma hora que a gente dá um basta. Que a gente cansa desse zum-zum-zum de pessoas totalmente vazias que dizem amar a tudo e todos e fingem serem criaturas adoráveis. Tem gente que não vale a pena o esforço, entende?
Maré
Seu olhar me bate, como maré.
Bate com força, me arrasta, me leva pra longe, me traz de volta, me faz descansar.
Seu beijo me bate, como maré.
Me molha, me adoça, me salga, me faz flutuar.
Seu toque me bate, como maré.
Me afoga, me sufoca, me desfoca, me faz navegar.
O seu corpo me bate, como maré.
Às vezes suave, outras vezes ríspido, me deslumbra, me encanta, me encaixa, me faz desejar.
Sua saudade me bate... como maré.
Tão de repente, invade; me faz sofrer, revirar, reviver.
Teu amor me bate como maré.
Me ofende, me constrange, de tão lindo, de tão grande!
Ele vem como maré e me toca, me abraça, me possui e por fim, me mata.
Dormir. Eu vou dormir. Porque fui traida, porque eles me trairam e enganaram.
Eles vieram, eles foram e voltaram. Ninguém permaneceu. Por isso eu vou dormir. Porque estou sozinha.
Eu vejo o mover das bocas, enxergo as sombras, sinto o frio. Mas não há ninguém. Nada se move, nada muda, não clareia. E por isso eu vou dormir. Chorar depois dormir. Porque é o que resta. Resta dormir. Para sempre. Silenciar e me render. E desistir. Não existir.
Estou só, isso me mata. Então eu vou chorar e adormecer mais uma vez. Sem sonhos, sem sonhos e sem dramas. Sem expectativa, sem nada. Vazio. Vazio de tudo. Porque já não importa quem vai, quem foi ou quem fica; eles me enganaram e por isso eu vou dormir.
O Reino da Nostalgia
Deitada em minha cama, ouço os barulhos minuciosos do silêncio. Aqui, presa nesse mundo, perdida nessa solidão, sendo guiada por essa nuvem negra acima de minha cabeça, estática e sem ação.
Nesse mundo não há oxigênio e ele nem sequer tem movimento. Tudo é escuro e não há cores, nem vida. Estou a beira de um abismo e posso sentir o vento frio do abandono. Aqui não há dia, as trevas são eternidade. Não há música, sorrisos, nem mesmo sabores ou abraços. Há apenas espaços vagos, há falta de amor e inexistência de esperança. Aqui, nada tem brilho e eu já não consigo ficar de pé.
Abrir os olhos e contemplar o vazio do meu ser é uma dolorosa rotina, a tristeza é minha fiel companheira e a amargura fala aos meus ouvidos, me cobrando uma razão para continuar acordada.
Olho no espelho mas já não tenho reflexo, meus lábios estão vedados e meu corpo imóvel, mas isso não me traz o mínimo espanto ou desespero. O descaso no meu olhar cansado e o vazio do meu sombrio coração são a impressão do desgosto, da dor, do sofrimento, de tudo de ruim e de pior que habita minh' alma. Se é que ela ainda existe...
Recolhida em minha mediocridade, permaneço completamente inerte. Tudo que eu tenho é nada. Eu desisti, me rendi e estou entregue à esse sentimento malévolo que reina tão predominantemente nesse mundo. Mundo que devorou minha lúcidez, mundo do qual eu sou a única habitante.
A atmosfera está me matando lentamente, como que se deliciando com meu martírio. Atmosfera pesada, criada especialmente para me sufocar.
A nostalgia é a estrela do meu mundo escuro e já não é difícil reconhecer e aceitar minha infelicidade.
Morrer não faz diferença pois eu não existo. Ninguém sentirá minha ausência porque não há ninguém.
Mas a minha causa é uma razão digna: Não sou capaz de suportar o meu próprio peso. Esse fardo sempre foi bem mais pesado do que eu posso assumir.
Ainda com todos os fatores, a verdade sempre será que eu não resisti a uma overdose de mim.
Eu sou vazia.
Isso me enche.
Ninguém compreende
Minha escuridão.
"Eu sou vazia"
- digo em vão.
Ninguém conhece
Meu coração.
Eu sou sozinha!
Como explicar?
Ninguém acompanha
O meu andar.
Sozinha e só:
Essa sou eu.
Levando a vida
Que Deus me deu.
Incertezas.
Outro dia, estava eu na estação da Luz esperando o trem para ir trabalhar, quando no meio daquela multidão, uma moça me chamou a atenção.
Ela não era bonita nem bem vestida, muito menos parecia saudável ou simpática. Era séria, cara amarrada! Expressão sombria. Parecia até personagem de filme de terror!
Fique receosa de observá-la, parecia tão mal! Magrela, meio curvada, a cara da fraqueza! Pele bem branca, aparência de morta, cabelo bem preto, opaco. Talvez ela viesse de algum enterro...
Algo horroroso cercava aquela garota! Havia uma nuvem negra acima de sua cabeça e era quase visível.
Mais alguns minutos esperando o trem, eu a fitava mais fixamente. Fiquei pensando o que levava aquela jovem àquele estado! Tão triste, evidentemente doente! Mil pensamentos me invadiram. Criei mil vidas e mil desgraças para cada vida. "Que terrível! Que dó!" - O barulho que anunciava a chegada do trem calou meus pensamentos.
O trem finalmente abriu as portas e lá estava a garota, caminhando depressa. Notei algo diferente: ela tinha uma tatuagem, nas costas, em cima. Bem visível.
Tinta preta (que parecia ainda mais escura ressaltada em sua pele pálida), letras grossas e redondas. Três palavras: "tudo vai passar".
Tudo-vai-passar. Me atingiu como um soco de direita!
Talvez ela estivesse suportando aquilo com todas as forças e quem sou eu para julgá-la?! Talvez aquela fosse sua cruz. E eu? Posso ser a garota triste do trem amanhã. Será que eu, justamente eu, que pensei mil coisas a respeito da garota, suportaria? Percebi que diferente de mim, a garota de pele branca e cabelos negros tinha a convicção de que toda a dor passaria e logo logo estaria bem.
Envergonhada, abaixei a cabeça e entrei no outro vagão, onde percebi que uma moça com olhos espertos me olhava evidentemente com pena da minha perturbação. Eu não teria uma tatuagem para fazê-la perceber mas talvez um dia, ela também aprenda: cada um suporta - ou não - como pode.
As portas se fecharam.
Entenda se puder.
Eu queria ir contigo, pra onde quer que você fosse.
Queria poder te seguir e te guiar. Mas não.
É uma droga isso de ter que decidir, ter que fazer isso ou aquilo, não poder ser tudo... não poder ser nada.
Quero ficar, mas quero ir contigo - simultâneamente.
Quero te prender em mim mas quero te deixar livre pra escolher.
Quero que escolha bem; mas o bem é relativo! Ou talvez não seja, não sei, talvez nem queira.
Que as tuas mãos sejam leves para acariciar; mas nem tanto.
Que tenhas boa aparência; mas não muita.
E ainda que saiba dançar, só que não muito bem.
Eu sei o que quero de ti! Te quero inteiro, assim, por nada.
Também gosto das nossas metades e dos seus "inacabados",
quero esse teu nada - que significa tudo.
Talvez eu te queira mal, talvez não saiba como te quero.
Só sei que te quero bem.
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