Virar a Pagina a Vida Continua
Na vida, uns têm muito dinheiro por um preço vil.
Outros, só têm valores humanos, que são muito mais valiosos.
Deve procurar-se a felicidade toda a vida, até que a vida nos faça felizes, muito antes da partida.
Aproveito ao máximo as fases da lua da minha vida para retribuir aos que me fazem bem.
Aos demais, ignoro-os, esqueço-os tão fácil, pura e simplesmente.
A solidão, por força da sua presença constante na vida da gente, acaba por tornar-se uma amiga inseparável.
Quando a imaginada ficção se torna realidade nua e crua na vida da gente, de que vale duvidar da verdade?
O pouco que escrevo, são experiências de vida prática.
Prefiro-o, a extensas teorias amorfas que não passam do papel.
P E P I T A
Quando me foges ao longe
Fico tão triste, desprezado,
Torno-me em vida de monge,
Nesta solidão do meu fado.
Foste sempre o meu outro lado,
O calor no frio dividido em dois,
No aconchego do nosso estrado,
Erguido no antes para o depois.
Fica-me no olfato o perfume,
Do teu cheiro de puro ciúme
Tão louco e canil que agita.
E queima como o forte odor
Dos teus sonoros flatos de amor,
Minha terrier cadelinha, Pepita.
(Carlos de Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 10-01-2023)
COPIANÇOS
Tantos a querer copiar
Episódios,
De uma vida
De história sofrida,
Para atingir certos pódios
Mais altos, mas de maior caída.
Pobres tontos, ai se soubessem
O princípio dum meio sem fim,
Talvez alguém estarrecesse
E se afastasse de mim.
Ainda se fossem copistas
Daquilo que não escrevi
Por respeito ao que não senti,
Vá lá, ó malabaristas.
Cada vida, é uma história
E se não me falha a memória,
Será sempre intransmissível.
Querer ser,
Sem ser,
É impossível.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 11-02-2023)
MULHER SEM SER
Chorava.
Era mulher
Sofrida
Sem cor
Ou amor
Pela vida.
Ofereci-lhe um flor.
Do monte,
Rebelde como a liberdade
Da sua idade
Proibida,
Insentida,
Naquele corpo franzino,
Sem fulgor,
Nem horizonte,
Que mora mesmo defronte
À fronteira da dor
Por demais consentida.
Ela, aceitou a minha flor.
Por ser do monte
E do monte só
Porque tinha a frescura
Que tem a água da fonte
E lhe matava a sede dura.
E para me não meter mais dó,
Ou compaixão no olhar,
Pediu-me que a deixasse só,
Para que não a visse chorar.
(Carlos De Castro, In Há Um Livro Por Escrever, em 10-03-2023)
SOL
É essa estrela anã, amarela,
Que está sempre nascida
Na vida
E por ela
No mundo redondo,
Que logo pela manhã
Quer se veja ou não,
Aquece,
O coração,
Com estrondo,
Quando este desfalece
Por suposição.
É o sol,
Do nosso dó,
Da popa à ré,
E mais do mi
Em fá,
Do lá
E de cá,
De mim
Por si,
Mas, teimosamente,
Brilhantemente,
Sol,
Sempre presente!
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 21-03-2023)
Nunca desejei o ter só por tê-lo, nem o poder para podê-lo, como minhas metas de vida.
Quis ser só eu mesmo, simples, sem subterfúgios ou vãs ambições mundanas, mas até isso me quiseram negar.
LUZ
Que luz
Que tão tarde
Queres brilhar
Como fogueira que não arde
Na minha escura vida
Que até se me não engana
A amargura invertida,
Nunca soube que existias.
Falso reflexo
A querer alumiar
O meu espelho convexo
Em teus remorsos
Por expiar,
Nos meus derradeiros dias.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 29-04-2023)
DESCOBRIR A VIDA NA MORTE
Eu já faleci, há uns anitos...
Fizeram-me todas as encomendações
E recomendações conforme a fé familiar...
Segui, por fases, todos os trâmites legais
E funcionais, entre os quais:
Como era grande pecador,
Passei primeiro pelo crivo
Doloroso da peneira das penas do Inferno,
Que me chamuscava os sovacos da primavera ao inverno.
Passaram-me depois a outra repartição:
Esta, bem mais animadora,
Graças minhas a Nossa Senhora!
Eram os tempos do Purgatório,
Onde me fizeram purgar tudo e o acessório.
Mas, senhores, puseram-me tão magrinho!
Chegada a hora de melhor sorte,
Fizeram-me chegar de elevador ao piso seguinte,
Numa manhã luminosa e serena,
Ao Céu, aos Pés de Nosso Senhor da Boa Morte!
Olhou contristado para mim e falou:
Que purga! Que magrinho e tão tristinho!
Aí, eu fiz uma cara de anjinho e Ele continuou:
Rapaz! Vais ter direito a banho de sais e mais...
Vão dar-te calção de praia, óculos de sol e t-shirt.
Depois, vais mas é divertir-te!...
Respondi, com decisão:
Não, Meu Senhor!
Se estou no Céu, quero primeiro ver a minha mãe, meu pai, irmãzinha e tantos mais!
Não é que Nosso Senhor, começou a arrotar
E a deitar pelos olhos luzes fatais!?...
Sentei-me no chão e comecei a chorar, a chorar...cada vez mais!
Senti uma mão no ombro, tão leve e serena, como uma pena...
Era o Nosso Senhor a dizer: Vamos lá, rapaz, vamos à nossa vigília.
Não demora muito e verás a tua família. E eu sosseguei!...
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 09-05-2023)
OUTONO SEM CASA
Toda a vida eu sonhei
Construir uma casinha
Como só eu sei,
Numa bela arvorezinha
E fazer dela o meu trono
No agora vindo outono.
Que ilusão esta a minha,
Ó sonho louco e fugaz!
Nem árvore nem arvorezinha
Ou casa ou minha casinha,
Utopias que a vida traz.
Na montanha, tudo ardeu,
Tudo queimou e até eu
Como pássaro que fica sem asa,
Como cão que fica sem dono,
Ficarei sem aquela casa
Que quis construir neste outono.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 24-09-2023)
- Relacionados
- Frases da vida para transformar os seus dias ✨
- 67 frases para pessoas especiais que iluminam a vida
- Charles Chaplin sobre a Vida
- Frases de efeito que vão te fazer olhar para a vida de um novo jeito
- Charles Chaplin Poemas sobre a Vida
- Mensagens de reflexão para encarar a vida de outra forma
- Frases sobre a morte que ajudam a valorizar a vida ✨
