Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues
O PERFUME
Ela evolava rara e doce essência ...
De pronto prendeu-me sua fragrância!
Então, numa invencível e estranha ânsia,
ao seu corpo me rendi, sem prudência!
Seu aroma era a marca da constância,
e, sempre que a via, em nossa vivência,
ela enchia de meiga experiência
mi! alma, mal saída da infância!
O passado, porém, no tempo, é bruma
que em sua viagem sem volta, esfuma
nossos momentos mais inebriantes!
Mas, hoje eu pude ver o ontem no ar
ao sentir que a jovem, na orla do mar,
tinha o perfume daqueles instantes!
NUMA FESTA DE SÃO JOÃO
Era São João... O luar passeava
Na ruazinha apinhada de gente!
Uma noite por ano, tão somente,
E por isso a rua inteira dançava!
Uma figura, porém, se esgueirava
De encontro ao vate que, ansiosamente,
A esperava... E o longo beijo, fremente,
Um grande amor, então, profetizava!
Um instante de luz... Lance sem par,
Lembrança que mesmo agora eu desfruto,
Pois que ela embala o outono da idade!
Mas, até hoje eu não sei me explicar
Como este amor que nasceu num minuto,
Morre em dor que já beira a eternidade!
Depois dos cinco anos de idade aprendemos a ler, nas linhas da escrita, e descobrimos as belezas do pensamento humano. Depois dos sessenta, aprendemos a ler nas entrelinhas de suas atitudes, e descobrimos as feiuras seus pensamentos.
Existem coisas que não vemos. Saber delas e crer nelas, porém, não basta. Necessário vivê-las. E esta vivência consiste em praticar, diuturnamente, respeitando nossas limitações, os princípios superiores que adotamos baseados na razão.
Nelson de Medeiros
A precipitação, no julgamento de atos alheios, é filha do medo e herdeira da insegurança pessoal, desencadeando, via de regra, rancores, injustiças e vinganças cujas consequências vão muito além do nosso imaginário.
MESA DE BAR
A noite é fria... Lá fora a chuva incessante
Lembra tua ausência que chega a todo instante...
O seresteiro indiferente à minha dor,
Solfeja notas de saudades em langor!
A canção me diz de cabelos anelados,
Longos cachos de fios negro – prateados,
A lembrar teu rosto amado, teu corpo esguio...
Versos de queixumes, lamentos entoados,
Que dentro d! alma ressoam em tons magoados,
E então me perco num olhar distante e frio...
As mãos do artista deslizam ágeis, ardentes
E ao som do piano ando em voos transcendentes...
Na febre dos desejos e da insanidade,
Vejo-me longe, fora da realidade...
Onde estás? Que fazes doce criança?
Meu alento! Derradeira esperança!
Ah! Sorte madrasta... Incauta solidão!
Pobre vate: Inunda de dor a face ingrata,
Tal qual a chuva lá fora, caindo em prata,
Inunda de lágrimas a negra imensidão!
A vida sempre responde aos nossos atos impensados. Às vezes nos adverte com receios e preocupações, mas na persistência nos pune com a dor.
Nossos desvarios emocionais, que são frutos de repetições milenares, somente nos abandonarão quando conseguirmos nos libertar de nós mesmos.
Não se pode confundir conhecimento com sabedoria. Conhecimento se obtém pela experiência dos livros, e sabedoria, pela experiência das vidas.
O tato não é um sentido apenas material, que nos faz sentir, pelo toque, o que entra em contato com nosso corpo. Na alma, o tato é forma de sensibilidade para lidar com pessoas e situações. Quem não tem tato para lidar com essas coisas, estará sempre conectado com a infelicidade.
A conclusão precipitada pode converter, num instante, uma pessoa de bem na mais terrível fera que habita no inferno, gerando consequências inimagináveis, muitas vezes por séculos.
Não se pode confundir desapontamento com decepção. Ambas são desilusões, mas a decepção é o suprassumo da desilusão, pois diz respeito a realidade sobre a qual jamais se alimentou qualquer expetativa de ocorrer. Ambas são emoções que nos trazem consequências físicas e morais, de menor ou maior gravidade.
Ninguém é espelho de ninguém. A paciência, a prudência, o saber e a fé, são qualidades que não se herdam. Cada um as adquire na caminhada das vidas por si, e, somente por si.
A vida é um imenso quadro-negro onde o estudante, para redigir seu hoje com claridade, necessita apagar e esquecer o que já redigiu ontem. Sem o esquecimento do antes, a redação do agora sempre parecerá hieroglifo.
Os erros cometidos na infância não são cobrados na juventude; os erros cometidos na juventude são cobrados relativamente na maturidade; mas, os erros cometidos na maturidade são cobrados dente por dente, olho por olho, na velhice.
Nenhum detalhe na vida, por mais insignificante que pareça, é banal, e nem é casualidade. Todo acontecimento tem uma finalidade. Nos vemos os menores fatos acontecerem, mas não lhes damos atenção por desconhecemos, ainda, sua causa e sua razão.
Às vezes apenas uma única decepção na vida faz o ser humano questionar sobre o propósito seus valores em relação as suas escolhas. Quando isto acontece o homem perde a confiança em si próprio, queda sem esperança, e a motivação da vida material evapora-se de sua alma.
Enquanto a humanidade, inteira, não tiver alcançado a certeza absoluta de que carregamos um corpo mutável e outro imutável a Terra continuará sendo o depósito das mazelas morais que ela carrega há milênios em sua alma.
Por que será que os materialistas encontram todas as explicações na ciência, mas não conseguem explicar, por ela, a causa da inteligência humana?
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