Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues
Viva a humanidade!
Acordar de manhã
e ouvir uma canção,
que diz tanto,
súplica muito,
mas tudo em vão.
Os rejeitados
e os desajustados
vivem e sentem,
apesar de muitos pensarem
que quanto a isso
só mentem
e continuam falsamente
pois não entendem
que no mundo,
por mais que tudo
pareça tão igual,
também tem aquilo
que é diferente da maioria
e mesmo assim
continua natural.
Ah,
melodia tão sincera,
entrega aos meus ouvidos
sua letra
como oração.
O cotidiano
desinteressadamente
passa,
mas a maior trapaça
está a cada rosto
e a cada gosto hipócrita
que se desvenda
em plena ebulição.
Debaixo de toda venda
há somente uma caveira,
que sem eira nem beira
cai em qualquer canto e,
de nada adianta o pranto
na hora que o mundo apaga.
Me pergunto,
por fim,
se a vida continua
assim tão complicada
e o esfarrapado
está tão sujo quanto o roto,
por que somente eu mudo
se tudo continua a falar nada
por mim?
Porque todos somos seres humanos, e como tal nascemos hipócritas com ódio da verdade, você decide aceitá-la ou não.
Fraquejamos ao lutar contra as más intenções, pois o que é de natureza, não pode ser curado, não pode ser retirado, mas pode ser impedido.
Cláusula Pétrea
Fiz um contrato com a noite,
mas como não sou muito confiável
e até alienei
objeto a outrem alienado,
lhe furtei o brilho
e transformei em dia.
Esvaziei o céu
e sua tormenta
e agora sou credor
dos meus pecados...
O fardo do meu erro
é só mais uma das
minhas façanhas
para alguns,
para outros,
mais uma farsa.
Determinada prestação
aferível em palavras.
Adimplemento e arrependimentos
sem ter ocorrido a tradição de nada...
Bem da vida,
só mesmo a vida...
Obrigação?
Desobrigado.
Palavras sem nada a dizer...
Versos sem a plurissignificação
habitual...
Poesia não é o mesmo ritual
que se repete e repete
e inerte
não muda a sorte de ninguém...
Até piora!
Inundo minha mente vazia de palavras. E do nada se fez um texto. E de tanto nem tem mais jeito. Uma mente colonizada já é metrópole e segue pelo imperialismo de outras mentes.
Bem,
se você diz pra pessoa que saiu com você, que ela te usou e jogou fora, está se chamando de lixo que não serve pra nada sem a pessoa. Quer dizer que com a pessoa você presta, sem ela vira lixo? Você se sente um lixo descartável, é você quem se sente assim. Carregar os ombros das pessoas da sua altíssima baixa estima é que não tá certo ok?
Grow up
Conheço gente o suficiente para não querer conhecer mais ninguém. Deus,me livre de tudo o que pode me tornar fútil
Bilhete
Sob tua presença
- física ou não –
escrevi alguns poemas,
devo lhe confessar.
Este não,
este não é mais um poema
cuja pretensão é escrever
e não pretender entregar.
Este é um bilhete,
um bilhete objetivo
sem vontade de esconder-se
e sequer querer rimar.
Um bilhete endereçado
sem ruídos e direto
cuja função não é, se não
lhe comunicar:
estás a me encantar.
Não tenho pai
Meu pai me disse um dia
e esta coisa não me sai:
“não sei se ajo certo
como amigo de um rapaz
ou devo ser mais sério,
eu nunca tive pai.”
Não vejo a magia:
se todos são “normais”
briga, não brinca, “boa noite” “bom dia”
todos formais;
no tratar de assuntos, grana, carro, mulher
que passa na rua, meu pai
somos dois imorais.
Te digo neste dia:
não aprenderá jamais
se tu não percebeu
não é assim que faz
porque inventaste um novo amor,
vai muito além de pai.
Um doce d’ocê
Se somente à vontade
sempre que estiver
tua voz vai oferecer
o doce de verdade
não sendo um qualquer
e é este som d’ocê,
esteja em liberdade
pra que sempre que quiser
com tua voz, me enflorecer
caso não saiba a verdade
este homem quando quer
faz-te eterna ao lhe ver.
Pois se Minas lhe deixou
essa fala bem mansinha
duma forma ritmada,
o capixaba transformou
tua fala arrastadinha
em palavra que é rimada,
pois se o tempo não tomou
teu jeitinho mineirinha
não perca este por nada
porque o mar cá não levou
esta forma gostosinha
da tua fala encantada.
“Uai
trem
pela carona d’ocê
obrigada!”
O doce d’ocê,
no pote-poema:
estais bem guardada!
Velocidade: Menos Tempo
Racional Humano,
seguiste a lei da física:
aumentaste a velocidade
e no mesmo espaço
há menos tempo.
Encurtaste
anos, dias, horas:
da vida, paciência,
relação, cultura,
lazer, momento.
Se a velhinha atravessa
buzina-se pra apressar:
aumentaste a velocidade
mas não sobra uns segundos
pra esperar o que julgas lento.
Humano, pra que ser racional
se em tudo que avanças
como querendo algo poupar
resulta numa eterna
forma de endividamento?
Eu gostava de sentir o toque das tuas mãos, mas isso seria só um pretexto para nunca mais te largar.
Não me deixes levitar, eu não quero cegar.
Quero viver este amor, meu senhor.
Quero viver a realidade, sentir essa tamanha felicidade.
Esta noite
Como num passo de dança
Fomos a praia e nas dunas
Ao som do mar com um brilho no olhar
Vimos a lua e as estrelas a brilhar
No seu brilhar viajamos
Um oceano ultrapassa-mos
Beijos envia-mos e trocamos
Sentidos e suaves como uma brisa
Autor
Pedro Rodrigues
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