Versos sobre Mim
Raiva e Solidão -
Trago em mim a solidão de um dia triste
trago a raiva de uma noite que não chega
trago a ânsia que me escorre, que persiste,
minha taça de veneno e incerteza.
Meu cálice de piedade e solidão
são as horas que te espero e tu não chegas,
a raiva que me aperta, amarga o coração,
derrama no meu peito flores secas.
É raiva, é loucura, é tormento,
desde aquela hora triste em que te vi,
um cavalo que me sulca o pensamento,
num galope, num passar, longe de ti.
Trago as dores de um poeta que se cala
trago em mim um sofrimento sem perdão
na distância dos teus olhos, que me embala,
agonia é silêncio, raiva é solidão.
Toada -
Tenho em mim uma ilusão
no raiar da madrugada
vou salvar meu coração
ao cantar esta toada.
É um fado que me eleva
numa esperança que se ergue
dessa dor que tudo leva
já mais nada me persegue.
Desse Amor perdi o jeito
já nem lembro o seu olhar,
não o quero, não aceito
que me torne a enganar.
Vem a sorte e vem a vida
em seguida outro amor
nunca mais estarei perdida
por quem não veja o meu valor.
Outro amor há-de chegar
é a minha confiança
corre a vida sem parar
e com ela a minha esperança.
Nosso
Não é mais só sobre mim
ou só sobre você
agora é sobre nós
sobre nosso amor
nossa felicidade
nosso futuro
nossa familia
nosso querer
O querer estar um do
lado do outro a todo momento
querer cuidar e respeitar
querer construir
e querer morar...
Outra Perspectiva -
Entre mim e a vida há outra perspectiva!
Uma angustia ou realidade que se põe
num lenço que me açena à despedida.
Uma partida indiscreta que se impõe ...
A partida é agora, o destino é ser Poeta!
Da aurora sem sentido que nasceu
vejo as vagas ondas que m'inspiram,
sinto o outro Eu que deixei e se perdeu
nos versos dos Poetas que morreram ...
A viagem não tem fim, a chegada sabe Deus!
Na calma indiscreta d'uma vida a navegar,
levo o barco do tormento pelo mar da solidão
e não encontro aquele porto ainda por achar
que amarra o pensamento ao cais do coração.
É o punho do Poeta aliado a um lamento!
Aquilo que faço hoje, ontem para mim era pecado.
Não sou bom nem mau, mas a pureza não habita mais em meus pensamentos, por muitas vezes me corromper nos deleites da minha cobiça.
Quero o melhor pra você ou o melhor pra mim?
Eu só tô pensando em mim? Em você? Ou nos outros?
As lágrimas que caem são bem pesadas e rápidas, como controlar?
Não sei se as respostas para as minhas perguntas iriam me fazer bem ou me sentir pior.
Amo-te!
Não acima de mim
Não acima da minha descendência
No entanto
Amo-te incondicionalmente
Amo-te e fazes morada certa no meu coração
E, se lá morada fazes,
Abrigado bem estás.
Termo sem Fim -
E então cheguei ao fim!
Gritei por Deus e foi em vão,
Ele nem olhou p'ra mim,
fiquei só, caido ao chão ...
E o que dizer das preces que lhe fiz?
Que as fiz sem mesmo acreditar
que as fazia num chorar que vem de mim
deixando as minhas penas pelo ar ...
Rezar p'ra quê se nem Deus ja pensa em mim?
Chorar porquê se ninguem me ouve nem me quer?
Cantar o quê se a minha voz chegou ao fim?
Pois vou sem rumo vivendo o nada que vier!!!
De uma Velha Solidão -
Há um peso tão grande dentro em mim
nestas horas em que a vida não me escuta
um tormento que parece não ter fim
como espada que nos fere numa luta!
E há um pranto que me escorre em solidão
um vento que se agita pelas curvas
sou filho das pedras pisadas pelo chão
um poço de amargura e água suja.
A minha dor vestida de brocados
foi traje de amargura num corpo de sereia
e adorei-a, de joelhos, prostrado,
como um naufrago morto na areia.
Alguns atrás da vida se fizeram
A mim atrás a vida se fez
Muitos de loucos se fizeram
A mim a loucura me fez
Ode ao Limbo -
Há um grito que me envolve ...
Vem da terra - cresce em mim...
Nada nele me devolve
à beleza de um jasmim!
Na solidão de que me alimento
sou da noite, sou assim,
sou do fado, vil tormento,
um lamento sem ter fim.
E na raiz de que sou feito
está a força de pensar
minha raça vai ao peito
vai no punho o meu penar.
Mas se trago no pensamento,
as palavras, uma a uma,
sou um verso escrito ao vento
na mentira que é a bruma.
Então a bruma é a vida
e a vida são estilhaços
somos Almas combalidas
morrendo passo a passo.
Nesta humana Eucaristia
não há pão e não há vinho
só a morte dia a dia
a tolher-nos o caminho.
E não há bem! E Nao há mal!
Nesta demência que nos mente
ir do berço ao pó da cal
é o destino de toda a gente.
E no fim de tudo isso, vi em mim, fraqueza.
A fraqueza que por muitos são combatidas pela dor, a minha foi pela raiva.
Queria mata-lo, mata-lo.
Sem mais e nem menos...
Mas quando eu vi seu corpo em minhas mãos, eu me senti culpada.
E queria que eu morresse.
Espectros -
Desde a hora em que em meu peito entraram versos
que nunca mais a paz em mim pairou
e na loucura de poemas controversos
meu destino desde então se consagrou!
Mas foi loucura ter aberto o coração,
o mundo não me entende, sou cravo num canteiro
que procura água na secura, solidão,
num jardim de rosas em Janeiro!
Assim é a vida destes seres sonhadores,
diferente, num mundo imenso e abissal,
onde nada nem ninguém acolhe as suas dores ...
Homens livres, na verdade, sem sorte,
vencidos na vida, afinal,
destinados a triunfar depois da morte!
Berço de Poeta -
Porque trago junto a mim
tanta vida e tanta morte?!
Foi no ventre de onde vim
que nasceu a minha sorte ...
Minha mãe o que dizer
neste mundo a esta gente?
Que trazias sem saber
um poeta no teu ventre!
Desde a hora em que nasci
ao passar de mão em mão
que no berço onde dormi
estão a dor e a solidão.
Minha mãe o que fazer
se este mundo não me entende?!
Cantarei até morrer
a dor que minh'Alma sente ...
Sigo o caminho da paz. O amor ,por mim, foi escolhido. O resto vou catando,feito feijão , e vou separando.
Lupaganini - Casa do Poeta
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