Versos de Rosa
SCORPIUS
Refúgio da inquietude
escura é a caverna
onde habita o
próprio inimigo
Febril e longa é a noite:
extremo ato de
afiar-se
debater-se
mutilar-se
até o sangue jorrar
Refeito sair da toca
deparar-se com
o inesperado
o incerto
Sempre à procura
da maior batalha:
enfrentar-se.
GUARDADOS
Sépia era a
paisagem quando
o vento arrastou
flores e sonhos
Daquele vento
trago na boca
o gosto
na palma das mãos
o perfume
E na alma,
insistentes pássaros
querendo voar.
Helena da Rosa
PÓ DO TEMPO
Reabre-se a janela coberta pelo pó do Tempo, e no cenário do que um dia foi jardim, o mato alto e seco sufoca sementes. Estéreis árvores, mas ainda com a imponência da juventude, abrigam pequenos pássaros na quietude de uma tarde resgatada nos porões da infância. Visível é a saudade, diante da velha porta que convida ao pulo sobre os buracos do assoalho - feridas vivas que corroem a casa em ruínas - e as lembranças fazem-se bem-vindas. O vento acaricia o rosto e o corpo se deixa flutuar num balanço que ganha o céu. Sob sons distantes e silvos de cigarras, desfilam dias de alegria e inocência. Porém, voa o Tempo espalhando no concreto o sal dos dias. Mas também nos dizem do aceno dos amigos de jornada, os quais mantém vicejante a flor da amizade e só por isso já vale à pena seguir. Mais um olhar e se avistam frestas enormes na janela - o sol irradia esperança, essa passageira oculta na jornada da vida.
A vida é esse mergulhar no imensurável mistério de nós mesmos. Essa exploração do novo, novas descobertas que poderão ou não, nos encantar. É preciso que conheçamos anjos e monstros que nos habitam e conversemos cara a cara com a solidão, tentando sempre superarmos a dor, mesmo quando pensamos não sermos mais capazes. Suplantarmos medos e traumas e contermos a ansiedade que nos sufoca.
É preciso que resgatemos da infância, aquela brincadeira de estátua: congelarmos o Tempo pra que possamos sorrir e extrairmos dos fatos cotidianos, a alegria de viver, de contar com a palavra sincera dos amigos, de crermos na intenção de um novo amor, num gesto de carinho, enfim.
A vida é mesmo a busca desse equilíbrio, essa eterna luta de contrários.
O vento acaricia o rosto e a travessia se torna mais leve
quando percebemos que somos movidos por sonhos.
Sonhos que nascem em nós, sonhos que concretizamos
sonhos perdidos no horizonte e outros que ainda vivem em nós.
Em meio aos sonhos, vozes distantes (tão presentes!) misturam-se ao vento e nos transportam às tardes de riso, alegria e amor
Crescemos! E não há mais volta: apenas lembranças. Buscamos atalhos para estancarmos feridas expostas pela lâmina do tempo
e, atônitos vimos o tempo, célere, a engolir paisagens e pessoas...
Mas sabemos que nosso destino é caminhar, extrairmos da jornada
tudo de bom que ela possa nos oferecer e tendo a certeza de que, aprendizes, fizemos o nosso melhor.
OFERTA
Atravessas estações
e carregas no peito
a Palavra que inquieta:
desejo de modificar
o mundo
O que ofertar
ao poeta,
alma e bolsos
transbordantes
de sonhos e
humanidades?
O que ofertar
ao homem
memória impregnada
do aroma da pitangueira
em flor a perfumar
tardes da infância?
Te ofertaria a força
do vento que toca em
teu rosto, quando escutas
o marulhar das ondas
na maré cheia
da memória
Mas não.
O que te ofereço
é o presente instalado
na varanda de um outono
Essa palavra:
Amor.
Poema- Xenofobia Zem(a)
Romeu Zema, qual o seu problema?
Governador de Minas Gerais, o senhor não é capaz de julgar os seus iguais!
Por se achar mais, trata nossos irmãos nordestinos como marginais!
Frente Sul-Sudeste contra Nordeste?
Que queres esse cabra da peste?
Um bang bang a la agreste!
Sudestinos versus Nordestino, qual seria o destino?
Extremismo na certa, fica o alerta!
Nos levaria todos para um gueto clandestino!
Zema do partido Novo, quanta contradição!
Novo? De novo só o nome! Pra enganar o povo de novo, é mole?
Zema, seu dilema é confundir o povo com polvo!
Polvo só pode ser você, com seus tentáculos!
Olha que espetáculo, enganar o povo, com discurso tão desdenhoso!
Zema, chega de dilema! Quanta antipatia, covardia ! Isso tudo não passa de Xenofobia!
(Marcos Müzel 10/08/2023)
"Dias nublados"
Dias nublados em mim...
Já não sou o mesmo de alguns anos atrás.
Um conflito dentro de mim que me tira a paz;
Uma solidão sem fim...
Já não tenho mais inspiração.
Um sentimento de angústia...
Você foi embora enquanto eu apenas assistia...
Deixando uma grande dor em meu coração.
Meu coração se partiu de tanto chorar.
Você partiu tão de repente;
Me sentir impotente.
Sem poder fazer nada para você ficar.
Tantos planos e sonhos que ficaram no passado.
Sei que tem um deles que você quer muito realizar...
Vai está linda com aquele vestido que tanto sonhou em casar!
Pena não ser eu o cara que estará ao seu lado.
Em frases clichês muitos não acreditam.
Mas não erraram quando disseram...
"Alguns amores foram feitos apenas para serem sentidos...
E não vividos".
UM PROFESSOR QUE ENSINOU EM SILÊNCIO
Cão inanimado,
De morta pelúcia
Que ganhava vida
Em meus devaneios.
Abrindo-me as portas
De um mundo encantado
Onde eu era tudo
Que quisesse ser.
Jamais proferiu
Sequer um latido,
Mas aos meus ouvidos
Dizia palavras,
Contava segredos.
Revelava uma alma
Repleta de sonhos
E de sentimentos.
E assim, me ensinou
A enxergar beleza
No que é faz-de-conta,
No que não se vê
Com olhos comuns.
Mas passou-se o tempo
E nossa amizade
Tornou-se tolice
Aos olhos do mundo.
Pois é proibido
Para nós, adultos
Ver a poesia
Do que é mais singelo.
Tive que crescer
E perder as chaves
Desse mundo mágico
Ao qual me levavas.
Mas quero que saibas,
Saudosa pelúcia,
Que nunca me esqueço
Do que me ensinaste.
Mesmo sem dizer
Nenhuma palavra.
Bruno Velásquez Rosa
LEITE DE VIÚVA NEGRA
O mesmo seio que alimenta, esmaga
Por saber quão pequeno é o bebê!
Rangendo os dentes, num deleite sádico,
Sorri, sufoca um choro lancinante!
Com sua teta vil e gigantesca!
Que jorra o fel que é sumo do suposto
Amor que dedicou ao filho de outra.
Na face esfacelada e esfomeada
Do bebê que nunca aprendeu a andar.
Toda vez que ele tenta, rastejando
Desprender-se da teia umbilical,
Mal se move. A matrona predadora
Já sugou sua essência. Só lhe resta
Para não definhar, sorver o fel!
ECLIPSE INSÓLITO
O solo suntuoso do Astro Rei,
Ilustre absolutista.
Num fenômeno, jamais, antes visto,
Sobrepôs-se à lua.
Com seus raios pungentes, sempre em sol maior,
Travessando, entrevando as insolúveis trevas,
Movido por um narcísico intento:
Dissolver e devassar
As ilusões-solo onde persiste
Insólito, insular, insolente,
Bruno, como a bruma:
Branco, sombrio, silente.
Cabendo parcamente em seu vazio,
Que a humanidade quer colonizar,
E acima de tudo,
Pelo mais implacável dos algozes:
O mais argucioso e perigoso:
O que mais conhece seus pontos fracos.
Sim, o sol, por não tê-lo entre seus súditos,
Tirou de toda a humanidade, o sono
E o entregou ao pior dos inimigos:
Seu próprio Reflexo
eu pensei que tinha tudo na vida mas quando te conheci descobri que tudo o que tinha não era nada sem o seu amor meu senhor e meu deus pois tudo pertence a ti até mesmo o ar
que respiro pois tú és soberano e rei de todos nós toda honra e toda gloria são para ti
Somos protagonistas da nossa historia!
O mundo é palco;
Somos actores.
Cabe a mim escolher o papel e trilhar o meu caminho!
Uma vez fiquei frustado ao questionar:
Porquê ninguem me entende?
No meio do meu silêncio entendi,é porque
Muitas vezes Eu não me entendo.E porquê o mundo me entenderia?
Querer
Te confesso, eu queria!
Mas talvez, meu querer seja egoísmo...
E egoísmo é a última coisa que quero querer.
Eu quis confessar que queria!
E confessei... só que nunca imaginei
Que querer é tão complicado.
Mas, mais complicado que querer
É fingir não querer, querendo...
É uma forma querida!
Quase complexa... simples.
Mas não supérflua de querer...
De querer dizer que quis.
Tradução.
Como é difícil traduzir você!
Você é uma incógnita!
Ao mesmo tempo em que você consegue se mostrar por inteira!
Você se fecha em copas, e não permite ser descoberta.
Sorri como um anjo, e gargalha como o mais sínico dos demônios!
Dedicasse como o mais ferrenho lavrador as necessidades de suas parceiras!
E omitisse como o mais vadio dos vagabundos aos sentimentos das mesmas.
Perambula pelos os sonhos e tira onda, mas sem nunca retirar os pés da realidade.
Jamais pronuncia uma frase de carinho, e é o ser mais carinhoso que jamais conheci!
Em seus braços até a mais insegura das mulheres sente-se protegida.
E mostrasse totalmente carente nos braços da mesma.
Transmite atrevimento no olhar, e serenidade ao amar.
Você enfeitiça, hipnotiza e apaixona!
Você completa e divide.
Às vezes acredito que você simplesmente não existe.
Esta é você! Meu inexistente amor.
Aut. Marizete.
Estática.
Estática, é assim que me sinto, em total deslumbre.
Fascinada com o desenrolar da nossa história!
Ela esta repleta de carinho e entusiasmo... Completamente apaixonada entrego-me plena á esse amor sereno.
Amor angelical, dócil que me acalma, contenta meu interior enobrece meu coração.
Sinto que ele é imortal, indomável. Possuidor de uma força desmedida, incomensurável, enlouquecedora.
Já não possuo sanidade, transformou-se em paixão e delírio, esse amor envolvente, que me faz cativa de você, em tua boca desfruto de todos os sabores dos mais simples aos mais exóticos, em teus braços definho de prazer, e remeto-me a um mundo de puro ardor e euforia.
Estou fascinada e completamente envolvida, em teu total domínio, subjugada.
Mas ainda assim radiante de felicidade, iluminada.
Teu amor me traz luz, aconchego e paz.
Teu amor é a razão de minha existência.
Autoria: Marizete.
