Versos de Amor para o meu Namorado
O dinheiro compra ansiolíticos, mas não a capacidade de relaxar. Compra jóias, mas não o amor de uma mulher. Compra um quadro de pintura, mas não a capacidade de contemplar. Compra seguros, mas não a habilidade de proteger a emoção. Compra informações, mas não o autoconhecimento. Compra lentes de contato, mas não a capacidade de ver os sentimentos não expressos. O dinheiro compra um manual de regras para educar quem amamos, mas não compra um manual de vida.
(Parte retirada do livro O Vendedor de Sonhos – E a revolução dos anônimos)
Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.
Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.
Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
Amor tem que doer um pouco
tem que ter gostinho de luta
e de saudade
que é pra não apagar o fogo da paixão
e tudo virar apenas amizade.
Meu amor, minha flor, minha menina
Solidão não cura com aspirina
Submetido à dor,
todo amor passa pelas fases do sacrifício,
da raiva, da revolta, da tristeza,
do sofrimento puro e simples,
até o momento em que a pessoa (que era amada)
já não faz diferença alguma...
TEUS OLHOS
Olhos do meu Amor! Infantes loiros
Que trazem os meus presos, endoidados!
Neles deixei, um dia, os meus tesouros:
Meus anéis, minhas rendas, meus brocados.
Neles ficaram meus palácios moiros,
Meus carros de combate, destroçados,
Os meus diamantes, todos os meus oiros
Que trouxe d'Além-Mundos ignorados!
Olhos do meu Amor! Fontes... cisternas...
Enigmáticas campas medievais...
Jardins de Espanha... catedrais eternas...
Berço vindo do Céu à minha porta...
Ó meu leito de núpcias irreais!...
Meu sumptuoso túmulo de morta!...
Lá no morro
De amor o sangue corre
moça chorando
Que o verdadeiro amor sempre é o que morre
— E o amor, o amor, cara. O que eu faço com isso? (...)
— Amor não existe. É uma invenção capitalista.
Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
E sou meu próprio frio que me fecho
longe do amor desabitado e líquido,
amor em que me amaram, me feriram
sete vezes por dia em sete dias
de sete vidas de ouro,
amor, fonte de eterno frio
Muitos amaram teus momentos de alegre graça,
e tua beleza, com falso ou vero amor,
Mas um homem amou a alma peregrina em ti,
E as mágoas de teu rosto sempre a mudar.
Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe mais com ele e suas definições.
Cuide agora da forma. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho.
Cuide de você. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz (ou melhor, permita-lhe ser feliz com você...)
