Verso de Felicidade

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'FALTA'

Do cheiro das escolhas que brotavam nossos sonhos. Das bocas
mesclando a vereda dos passos. Dos sorrisos abrasivos que queimavam serenamente os dias sedentos, mãos entrelaçadas, corpos misturados...

Das estradas que se encontravam na neblina, com suas curvas
intermináveis e longas. Da contaminação dos dias afortunados, Dos olhares que se consumiam colados, noites quentes e febris...

Do quarto que gritava. Da chama nos 'eus' que queimava. Das
almas que se faziam recíprocas dissipando palavras, atiçando a
paixão. Dos tijolos estáveis levantados um a um, paredes sólidas...

Agora cinzas, os discursos empoeirados falam do tempo, promovendo falta/geada/calafrio. Tudo tóxico! Inflama o presente, não cicatriza o grito. Vai queimando a pele, transformando-se em ritos...

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'COGITO, ERGO SUM'

Levanto os olhos ao alto
e só me vem lembranças.

o que vejo não está lá fora!

O que vejo é 'puro
antagônico'.

Das pedras, das brumas,
esperanças.

Está aqui! Vivo na mente,
solto no ar!

||||||||||||| Frases escritas por Daniel da Silva, Carlos Paiva e Risomar Silva. Publicado no Clube Asas da Leitura no dia 05/09/2015. |||||||||||||

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'MORFOLOGIA''

Olhar perfurante,
Cabelos negros,
Rio escaldante.
Aproxima essas linhas...

Nesse luar...
Quero você,
Baralhando paisagens,
Misturando essas frases...

Abraça-me com palavras,
Letras dos meus dias,
Metamorfose de magma.
Cria expressões...

Converte o presente:
Dor ausente!
Vem ser: vocabulário,
Meu dicionário de dados!

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'CONTINGÊNCIA'

Apreciamos ventos,
Mudanças.
A veemência dos mares,
Raízes,
Esperanças.
O brotar da vida,
Gritos,
Reciprocidades.
O trovoar dos pássaros,
Melopeias,
Possibilidades...

Seguramos estrelas,
Estrelas do Mar,
Quebrando sombras,
Correntezas.
Canções no ar,
Arremessando ilhas,
Pedras vulcânicas,
Mordaz.
Belas canções,
Sutis,
Temporais...

Admiramos sonhos,
Dor diluída!
Coração filete,
Amordaçado,
Papéis em tiras!
Delidos,
Torcemos o presente,
Loucuras,
Criança no asfalto,
Aqui dentro...
Alaridos de ruas!

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'AUSÊNCIA'

No terreiro: palmeiras sem ventos, galhos amarelos. Plantas sem
águas, folhas sem elos. Muro caído e o cachorro, fiel e amigo,
resiste na escuridão. Há um letreiro de nuvens discursando a
falta de chuvas ...

Na cozinha, há muito a cadeira está vazia, análogo, o armário
triste lamenta tuas mãos. Uma artilharia de traças ainda
corrói o velho violão solitário, acorrentado, soando inexistência, inutilidade de cheiros ...

No quarto, a cama solitária insiste no silêncio que congela. As dobradiças, as dobradiças resignadas estão emudecidas. As luzes pediram descanso, falta biografia, estão empoeiradas, sem vida, morosas no remanso, mero utensílio, pairando insuficiência, ausência ...

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'EU AMO ITA'

Eu amo 'Ita'
Calor intenso
Calor pegajoso
Calor que orbita
Inclinada nas praias
Fazendo castelos
Mirando horizontes
Suspiros singelos

Eu amo 'Ita'
Incógnita nos ares
Incógnita nos cheiros
Incógnita 'Levita'
Reclinando travessias
Ascendendo paralelos
Bafo de nuvens
Resvalando no belo

Eu amo 'Ita'
Cidade de 'Pedras'
Cidade 'Fumaça'
Cidade 'Pepita'
Sonhada nas praças
Já foste bonita
Minando progressos
Poetizando as escritas

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'O MUNDO QUE SONHAMOS'

É antiletárgico.
Circunflexo em tonalidades.
Infinito nos olhos,
Nas mãos,
No tempo/rio que corre.
Paira janelas infinitas de possibilidades.
Ar puro mesclando vida tenra e longínqua...

Tem quadros atenuados que aquece/arrefece o coração nas noites frias e Incandescentes.
Pontes flamejando paz e tranquilidade.
Acolhedor,
Abrasador nas suas inquietudes e harmonias...

Suspiros vigorosos brotam flores nos seus jardins aromáticos,
Jesuíticos.
Córregos reluzentes em algodão-doce espalham reflexos criando sombras nos dias de sol...

Há pássaros,
Animais silvestres.
Só não há órbita do 'tirano bicho-homem',
Trancafiando-se no inumano.
Na predisposição de autodestruir-se.
Furiosos e alheios ao mundo que se fantasia no travesseiro,
Desarmonizando a neblina dos dias sutis e pungentes...

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'CIRANDA'

Pequenas sonatas,
Nas ruas que brilham,
Claves entreabertas,
Assimetria isolada.
Fogueiras - calçadas -,
Atravessando canções,
Estrelas desnudas,
Nas noites rajadas.

Ritmos pousadas,
Ciranda rodando,
Melodia sem cheiros,
Criança - na estrada -.
Bailando camadas,
A alma em canções,
Compassos desvairados,
Dobradiças quebradas.

Borboletas nas casas,
Metamorfose sem sedas,
Voos febris,
Saudade cascata.
No peito de magma,
Procura-se poemas,
Rodas de Tremas,
Cirandas sem asas.

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'QUE HORAS!'

'O dia a dia varanda'.
Que horas lagartas!
Vozes de rios,
ilusórios.
Lembrança insistente.
Prenúncios torpentes.
Anúncios nas chuvas.
Montanha enseada...

Pedras corredeiras.
Que horas crivadas!
Invisíveis tragando nuvens.
Folhas no rosto,
cheiro de frio,
jornada acrobata.
Alucinógenos devorando o tempo.
Que horas traçadas!
Bordas/granizos.
Quadros irretorquíveis.
Suspiros sólidos.
Linhas pontuadas...

Retinas figurando horizontes.
Que horas ardentes!
O mundo nos olhos.
Trilha de matas.
Renascimento recente.
Reluzentes no hoje que brilha.
Sentimentos passados.
Grito potente,
urgente na vida pacata.
O que vale são sementes.
Jorradas em qualquer estação.
Milagres nas mãos.
Que horas,
que nada!

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'RELATIVIDADE'

No espaço curvado, qual o sentido das rugas? E o silêncio dos artigos escritos, da relatividade aparente? Cabelos grisalhos esplainando as linhas dos dias distorcidos, veemente. Tempo branco como neves derretidas, neófitos por descobertas, curas, contrapartidas...

Retina encoberta, reflexão da visão nas novas originalidades criadas. Noites no sótão à procura de respostas. Talvez a fórmula da vida escritas em funções matemáticas. Das deflexões tão sonhadas que chegara nas pernas, nas falas, nas relações 'bestiadas'...

Dos eclipses cobertos de nuvens, surgiram as verdadeiras vertigens. No cálido clarão opaco das lentes ficara o cientista, filósofo, químico, físico, matemático. Sedentos por novas saídas. Extraordinários heróis fungicidas. Perdidos nas erudições do ontem, do hoje, do amanhã, das causalidades não ditas...

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'TREMAS'

Pinto tremas,
Diluo poemas,
Pulmões em papéis,
Aquarelo clichês,
Descrevo raios,
Painéis de porquês.
Suspiro ilusões,
Anagramas...

Cromatizo torrentes,
Cicatrizes,
Infortúnios,
Mares escaldantes,
Chegadas.
Pintalgo argilas,
Cheiros/ecos
Labaredas molhadas...

Rabisco ventos,
Acordes,
Matizo desejos,
Trapiches,
Simetrias,
Beijos,
Tardes/Fotografias,
Sonoro despertar...

Riscos/traços,
Largas melodias,
Emblemas,
Embaraços.
Escrevo nos lagos,
Nas chamas,
Vulcões,
Perplexas melancolias...

Plagio o meu 'eu',
O amor em abstrações,
Abraços,
Relevos
Reproduções,
Quarto vazio.
Objetos/estrelas.
Na face do tempo,
Crio paixões,
Novos tremas.
Proposições,
Teoremas...

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'TAPAJÓS'

Agitando pássaros.
Roça perplexão,
Calmaria.
Por do sol ardente.
Correntezas cultivando sementes,
ilhas...

Cético aos horizontes.
Rebelando Jacarés, Iemanjás,
Moradas.
Profundeza altruísta.
Talento anarquista,
Desenhada...

Inverno e verão contíguos,
Contemplativos,
Fazem de ti devoto.
Pupila de margens.
Belas paisagens.
Sobejo de botos...

Alimenta ribeirinhos.
Poemas.
Adjetivos.
Seio esplêndido.
Boquiaberto, cinzento.
Fugitivo!

És Tapajós.
Morada dos povos.
Sombrio.
Exageradamente modesto.
Infinitamente digesto,
Desafios...

Rio de almas.
Índios.
Banzeiros.
Sonetos de árvores
Quilômetros em artes
Chuvas, animais, mosteiros...

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'SEMITONS'

Os dias vazios aproximam pequenos tons que se perdem no espaço. O regresso das melodias atenuam-se em semitons que viajam às novas terras desconhecidas. O ardor da ausência, abastarda, dança pequenos passos, imprecisos, já sem tantas sinfonias...

Entonações descrevem a fosca expressão imbuída no rosto. O convite aos vários 'concertos' deleita-se aos diários aplausos viscerais. Encontramo-nos e perdemo-nos a tantas novas orquestras, tormentos. E a chegada de novas composições que nos apaixonam de imediato, servem de fôlego nos dias inférteis...

As belas canções que aprendemos em busca dos enigmas que criamos, miniminizam as tantas perguntas que afligem os pequenos vácuos. E das tantas trovas óbvias lançadas, que sejamos gigantes nas pequenas palavras e estritamente enorme nos grandes abraços...

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'MÃE'

Inala-me com teus impulsos e verdades.
Vejo-te 'SUPER',
Influentes Olhos Quebradiços.
Cabelos brancos inspirando proteção.
És pedra preciosa,
Diamante lapidado pelo tempo.
E no tempo,
És transmissão de vida...

Quero agradecer-te pelos auxílios nas noites acordadas.
Pelos seus superabraços e carinhos quando mais precisei.
O meu amor por ti,
longe de ser passageiro,
É duradouro,
Infindável,
Aromatizante em todas as estações...

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'NATUREZA'

Presenciamos-te virgem na tua breve morada,
Passageira como nuvens,
Maravilhando-nos nos dias inventivos,
Jorrando admiração por entre vales e matas.
Transcendental,
Tal qual o bater de asas e o cantar dos pássaros,
Que ausente de amarras/dores,
Respira liberdade,
Multiplica felicidades,
Transforma vidas...

Era-nos lugar de predileção.
Espetáculo ao olhos na chama do alvorecer.
Ar puro inclinando pulmões,
Adocicando crianças,
Trazendo esperança.
Sem declives,
Os córregos clamavam-te com suas águas límpidas,
Criando canções/moradas,
Animais livres.
Natural Habitat das Vegetações...

És agora lacônico na tua célere morte.
Transformaram teus dons/paisagens.
Tuas jazidas exauridas,
Todavia,
Berços de atrocidades.
Calhordas visionários te despem,
Não gestam tuas belas e provocantes tonalidades.
Desvairam tua pobre sobrevivência.
Homens/Naturezas não mais existem
Apenas eloquências ausentes/saudades...

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'TROPEÇOS'

Tropeçamos nas indecisões/decisões. Cores sem tintas. Abstrações. Painéis lúgubres. Quadro sinuoso, sem repouso. Metáforas em pincéis. Colinas...

Tropeçamos nas sombras do último vagão. Nas dores que tornaram-se horrores. Fumaça embaçando a visão. Peito fatigado sem proteção, morada. Fatalidades abertas, enferrujadas...

Tropeçamos nos rios estrangulando faróis. Maresias sem beira-mar, paraísos. Na práxis do tempo. Textos vazios. Chuvas ácidas, atormentando sangrias veladas....

Tropeçamos para nos tornarmos gigantes. Conquistadores do mundo glacial, abrasador e determinista. Para contemplarmos as estrelas soltas no infinito, com suas luzes intactas que nos enchem de sentimentos, acendendo os faróis desprovidos. Subjeção de estarmos vivos, abraçando o tempo remanescente, vindouro, incisivo...

Inserida por risomarsilva

Quebradiça,
a rua espera lá fora.
E aqui dentro,
ausência,
dor violenta.
Explosão de cristais.

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'SONHOS'

Sempre tive sonhos. Repetitivos. De sonhar com os mesmos lugares. Os mesmos tons. As mesmas pessoas. Os mesmos fantasmas. Paisagens duplicadas. Sonhos bons. De aflições. Já sonhei-os por repetidas vezes. Cinco, dez ou vinte vezes. Talvez mais.

Desde muito tempo, ainda criança, sempre sonhara voando. Com asas. Batendo os braços. Viajei para vários lugares em segundos. Vislumbrando os lugares que ficara sempre abaixo. Com suas luzes amarelas. Centenas ou milhares de árvores verdes. Olhos cerrados pela velocidade do vento. A sensação é extraordinária: Liberdade. Emancipação. Emoção.

Quando acordo e lembro-me que fora o sonho de anos atrás, fico alegre. Pasmado. Sinto-me criança que não degusta doces há décadas. Eles nunca envelhecem. São tão reais. Parece que estive naqueles lugares em uma outra vida. Que fora minha morada. Ou que será. Não sei! Somos tão íntimos...

Inserida por risomarsilva

'A RUA'

Rua,
pintada em grafos.
Afasto-me,
irascível.
Rua imperceptível,
serás sempre imortal?

Tu,
que tanto acolhe.
Coração de mãe,
elo sem fim.
E os botequins,
funeral?

Verdade,
flameja condolência.
Asilo, refúgio,
há vida, valor.
Cheiras rancor,
Porque não bestial?

Quebradiça,
a rua espera lá fora.
E aqui dentro,
ausência.
Dor violenta,
explosão de cristais.

Inserida por risomarsilva

PARTIDA

A partida sem o adeus,
sem o abraço, insólito.
Uma parte se foi e a tarde nublada,
marcou um rastro desalento.
Olhares que disseram tudo
quando a admiração ausentou-se.

As bocas que não se abriram,
e o silêncio que tanto falou.
As escassas palavras em turbilhões,
flutuando com a brisa rara.
A esperança arrumou as malas,
pediu refúgio. Asilo.

A nostalgia permaneceu,
as lágrimas pediram ausência.
Já sem discurso, o tempo fugaz,
transcorreu dolorosamente.
A pulsação da música,
extinguiu-se, retórica.

A dor, que tanto sufocou,
esquivou-se da alma.
Os redemoinhos, sem forças para reerguer-se,
não mais existirá, se auto aniquilará.
Restará apenas, uma breve saudade,
da lembrança, de uma breve partida.

Inserida por risomarsilva