Um Poema para as Maes Drummond
No que errei!...
...Errei quando
escolhi alguem que não conhecia
quando passei a conhecer
vi que não merecia
...Errei quando
achei que tudo era fantasia
quando dei por mim
vi que não era o que eu queria
...Errei quando
provei da derrota
e mesmo derrotada
insisti em conserta-la
...Errei quando
me calei
quando poderia ter dito tudo
...Errei quando
não soube esperar
na primeira oportunidade
mergulhei de cabeça
e comecei a afundar
...Errei quando
achei que amava
depois vi que era tudo ilusão
e minha vida caiu em depressão
“A magoa brota na mente, desse para o peito
e se instala no coração... Deixa você derrotado
sem forças para sair dessa situação”
...Errei
por saber que errei
e continuo insistindo no erro.
Somos a lenda da humanidade, algo profundo e criativo
A arte perfeita de Deus... Que nós mesmos estamos destruindo
Fomos criados com tanto amor, pra sermos destruidos pelo rancor.
DIÁRIO DE UMA BRUXA ADOLESCENTE
Vivo a vida com intensidade
despertando paixões por toda cidade
na minha idade sou bem querida
sou uma bruxa bem crescida
Não sou oferecida
mas sou muito bonita
meu fascínio é a liberdade
Grito e pulo a toda parte
sempre chamo muita atenção
sou uma bruxa com amor no coração
Na escuridão eu sou a luz
com um brilho incandescente
vejo vida sobre a morte
sou a luz da própria sorte
meu desejo é a paixão
sem muita ilusão
sonhar é meu destino
com um amor correspondido
sou querida e sempre amiga
amizade em uma corrente
sobre a luz incandescente
de uma BRUXA ADOLESCENTE
Dor!!!
Corri por toda parte
Fugi pra onde não podia
Rodei os quatro cantos
Quase morri de agonia
Esperei sem poder esperar
Chorei sem poder chorar
Mas te reencontrei
Num belo patamar
Amei-te como jamais pude amar
Odiei-te sem jamais imaginar
Que este ódio fosse amor
Que este amor fosse dor
Doía como se não pudesse sentir
Sentia como se me ferisse a alma
Sorria fingindo ser feliz
Pra não mostrar que sentia sua falta
Em meu coração cicatrizado
Uma dor inigualável
A dor de um amor sem fim
A dor de um amor por você
Você voltou pra mim
E eu sempre estive aqui pra Você
Somos almas parecidas
mas separadas pela vida
Dois coração apaixonados
condenados a viver separados
Um destino cruel
devastador
Viver assim separado
do seu grande amor
Quando alguém disser que não é capaz de fazer o que deseja, não desanime... A única pessoa que poderá dizer se és capaz ou não, é você mesmo.
Jamais desista de um sonho, o que faz você ser grande é a vontade de vencer ... e isto todos temos de sobra, só basta querer.
Lute e viva corra atrás do que deseja assim vencerá
A Um Ausente
Tenho razão de sentir saudade
tenho razão de te recusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Eu estava sonhando.
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
"Neste país é proibido sonhar".
Destruição
Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem:
Um se beija no outro, reflectido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada, ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
Deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Quem sabe um dia
Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!
Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!
Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!
Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
SIMULTANEIDADE
- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
Poeminha Sentimental
O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.
Nesta época festiva,
Deseja-se a todos os povos...
Um Carnaval cheio de Páscoas...
E um Natal cheio de Anos Novos....
Que as renas do Pai Natal,
Surjam nos céus a Voar,
Tilintando alegremente...
Com o Rudolph a piscar!
Que o Pai Natal e os duendes,
Façam raves a bombar...
E não se baralhem nas botas...
Na altura de ofertar!....
Que o presépio de Natal,
Tenha estrelas sorridentes,
Ovelhinhas e pastores...
E Reis Magos bué contentes!
Que tudo surja em sorrisos,
Com muita paz e carinho...
E que o coelho da Páscoa,
Se esmere no sapatinho!
Que se tenha nesta quadra,
Muito amor e alegria...
Rabanadas e filhoses
Arroz doce e aletria!
O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.
O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.
O Homem Escrito
Ainda está vivo ou
virou peça de arquivo
sua vida é papel
a fingir de jornal?
Dele faz-se bom uso
seu texto é confuso?
Numa velha gaveta
o esquecem, a caneta?
Após tantos escapes
arredonda-se em lápis?
Essa indelével tinta
é para que não minta
mas do que o necessário
é uma sigla no armário?
Recobre-se de letras
ou são apenas tretas?
Entrará em catálogo
a custa de monólogo?
Terá número, barra
e borra de carimbo?
Afinal, ele é gente
ou registro pungente?
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem… sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo…
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.
Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.
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