Um Poema para as Maes Drummond
Sente o som
cada vez mais alto
aflorando seus sentimentos
lhe confundindo a cabeça
não há rezas que te proteja
nem credo que domine
a natureza voraz dos sentimentos.
Alguns dizem que nunca amaram, outros que o amor é passageiro vem e vai como os trilhos de um trem...
Eu digo que só se ama uma vez na vida e que estamos
fadados a solidão.
PEDRAS NA VESÍCULA
"Eram tantos os suplícios para que cessassem o arremessar das pedras, eram tantos...Muitos! Tantos tontos ouvirão ecos sem economias. Pedros, pardos e perdidos. Perdidos entre pedras. Tantas pedras prediletas, com valoração, seixos com matizes. Eram tontos os que buscavam a pedra sem peso. Pedras não são como penas. Pena de vida, não há morte pior. Tantas pedras amorfas formam desfiladeiros íngremes, subidas delgadas, caminhos de campos calvos e calminhos cavam. A pena dos pássaros está na liberdade. Tantas pedras mofadas, sem uso, formam desafios íngremes, subidas às degoladas, pedras na vesícula, pedras atiradas."
A voz do Poeta
A voz de um Poeta é canção,
É manifestação de um choro calado,
É sangue que escorre nas veias, é batida do coração
A voz do Poeta é euforia, é criação,
É sino que toca dentro da Igreja
Para dizer que é chegada a hora da oração
É cativante, é fascinante, apascenta quem quer que seja
A voz de um Poeta não é, nem nunca foi coscuvilheira
Ela é hino, é bandeira
A voz do Poeta é para sempre e sempre a primeira
A voz do Poeta é a voz do Povo,
A voz do Povo é a voz de Deus, a voz do Senhor a Quem eu louvo,
É sorriso cheio de fulgor, é fôlego novo
A voz de um poeta é tristeza, é alegria,
É noite e é dia,
É vida, é ritmo, é harmonia.
"Se algo desbotou o teu sorriso.
Abrace a esperança e siga,
pois ela pode transformar
a tristeza de hoje na alegria do amanhã."
O tempo passa e a gente entende
que não adianta forçar o encaixe,
não adianta insistir.
Depois de um tempo
a gente só quer o que é leve,
recíproco e verdadeiro.
Com o tempo a gente passa
a carregar somente a vontade
de ser feliz.
Quero acreditar que quando vejo as flores,
sinto que Deus está sorrindo.
E quando sinto o vento lembro
que alguém disse . .
O vento é o cheiro de Deus.
Esses dias,eu vim tendo uma vontade avassaladora de amar,não sei se é carência,não sei se é apego,só sei que quero.
Só sei que quero amar,ter uma amizade intensa,e talvez... Até um amor... Não sei se é querer viver,não sei se é querer ser aceito,não sei,só sei que quero.
Eu venho me sentido tão só,com saudade de alguém que nunca conheci,e isso vem me aflingindo,a falta de alguém que não sei quem é,a falta de uma intensidade que nunca vivi,não sei se é uma tentativa de preencher um vazio,não sei se é para evitar o sentimento de solidão,não sei,só sei que quero...sem saber porque...
É, minha pequena não conseguir evitar
E hoje mais um escrito venho lhe entregar.
Que tremenda gratidão, eu contigo namorar.
Logo mais nossa casa iremos começar
E então o casamento iremos apreçar
E com nossos filhos a Deus iremos honrar.
C(ÉU): SOL É TEU
"Trocaria os meus óculos pelos teus ósculos. Minha boca dando eco, um abismo a dentro, hospeda uma saudade em paredes de mucosas rosas - divide a inflamação com o sol que quara as tardes sem ti. Tenho o dom da melhor promessa. Quero misturar as cores de todos os céus que já vi. Voarei sem pressa e cantarei com os bem-te-vis".
SALVADOR
"O sal tempera a carne negra, fosca, a pele crioula exala algum cheiro. Nada se repele no caminhar ligeiro dessa gente provida. Usam dendê e fazem cor e corais para as luzes que flambam os dias em temperaturas tão mais elevadas que, do alto, enxergam as léguas do amor egresso. Nesta cidade, meu bem, em cada rua que entro a sombra do vento é que me guia às pupilas de mães, pais e filhos órfãos - cujos sotaques têm o mesmo timbre das marés altas. Aqui, o farol acende o seu riso, me salvaguardando de toda a dor."
TRAVESSO
"Quero um peito travesseiro, que cheire a capim-limão, em que se possa atravessar o mundo inteiro - ser onde sonho e faço de chão. Desejo que, qualquer planeta que orbite ao redor de mim, deixe o medo para o fim ou até que a lua volte. Subirei em minhas sobrancelhas para ver o meu amor passar naquela rua, até o gosto me vir à boca, e eu sorrir sem respirar. Pois, do ventre donde que saí, hoje há parreiras e vinho etílico. Preu - que sou travesso - já não o meu lugar."
Fabrício Hundou
ESTAÇÃO
Em algum vagão
Enrijeço a minha nuca de desdém
Não vago em vão e não alugo peito
Não penso em mais ninguém
Só num pronto-abraço que me espera
Na estação mais farta que a primavera
Aonde o meu desembarcar
Pisa efêmero nos trilhos
Em que vou descarrilar
O meu breve juízo
Outra vez
TRATANDO DE MIM
"Quando se trata de mim, eu mesmo dou um trago e dano a boca a falar ainda qu'eu tenha medo, da criança que nina entre os meus dedos, acordar e não parar de sonhar. Livrai-me, Deus, dessa doidice. Eu tenho medo dela contar como dançam tristes as lembranças do meu último sorriso. Isso não é segredo - eu duvido. E me tratando, sempre me curo em outro beijo ou na falta de juízo."
SURRA POÉTICA
Levei uma surra poética
Que me fez menos osso
E menos patética
Que me pôs a chorar em rimas
E soluçar em soluções salinas
Que não me fez nobre
Nem pobre
Apenas apanhei das letras
Lapidei a carne com certezas
Uma surra surreal
Que me fez pingar
Até a vela apagar
E escurecer tudo
Em pleno dia
RE(VOLTA)
"Por enquanto, vão encontrar apenas um grande oco, um eco que sai do esôfago sem esforço e charme algum. Eu só volto quando ganhar mais quilos, quando a lua nascer no meu umbigo e os meus cabelos tocarem os mapas nos meus joelhos. Algum calendário quer me abraçar."
SONS SEM GAIOLAS
Ali, naquele galho retorcido
Repousam pássaros
Em ninhos ornamentados
Pequenas flautas com asas
Por si, são embelezados
Pelo torpor da existência
Ali, átrios e ventrículos se contorcem
O som tem insônia
O eco toca campainhas em hiatos
Sem perturbar nenhum átomo
E, a melodia mais bonita, foi cantada
Com saudade
Se conseguir ouvir
Diga-me que SIMbemol
Um par de asas
Um par de orelhas
Batem com muita fugacidade
Para ouvir a tua voz
O teu sorriso é um piano completo
Cada tecla me desafina
Me retoca o batom
Sei que meu pássaro logo passará
Esteja isento de ingressos
Ingressa-te livremente
No paraíso dos meus sons
Onde não há serpente
Nem maçãs
Só há pássaros vermelhos
Que passam nos meus lábios
E entram em espelhos
Espanto os corvos bons
Não me deixe em pausas
Contorça-me em teus tons
CHEIRO SEM NEXO
Quando chove em minha casa
Telha exala as horas
Eu não sei que horas são
Em espelhos de janela
Ladro ao primeiro vento que vier
A chinela emborcada
Desde que deitei
Testou minha fé
Ninguém sabe a oração
Se amanhã eu parir só rimas
Minhas metáforas
Adestradas pela vergonha na cara
Virão abraçar as tuas silhuetas
E na mesma cena e palco
Saberá que o equilíbrio ensaboado
Escorregou do meu meu corpo
E foi parar no ralo
Pelos logradouros que passou
Deixou o rastro
Não promete retornar.
Ai, que cheiro que deixou...!
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