O ontem ensinou prudência, o amanhã pede ousadia.
Às vezes basta um passo tímido para desatar grandes nós.
A esperança cresce em silêncio, regada por atos que não se veem.
Não prometo não cair, prometo levantar com mais cuidado.
Sou obra inacabada, e essa incompletude me permite renascer.
Há vozes nos cantos que ensinam a aceitar o vazio.
O sorriso é só um crédito que o abismo cobra depois.
Quando acabo de contar minhas perdas, sobra apenas silêncio.
As promessas se tornam pedras que eu carrego até afogar-me.
A lua olha feroz para quem tenta dormir sem perdão.
Guardei o horror em gavetas limpas, agora cheira a pólvora.
Há um frio dentro de mim que poda qualquer tentativa de florir.
A esperança virou rumor e eu já não sei interpretar vozes.
Tudo que reluz aqui é poeira de memórias que queimaram.
O mundo pareceu cair em câmera lenta, e eu gostei do espetáculo.
Não espero redenção, apenas um dia que não doa tanto.
A noite é minha casa, nela os relógios param de mentir.
A saudade é um animal faminto que nunca se sacia.
O mundo me deu portas, todas trancadas por dentro.
As luzes distantes parecem faróis para barcos que já naufragaram.
Ajude-nos a manter vivo este espaço de descoberta e reflexão, onde palavras tocam corações e provocam mudanças reais.