Textos sobre Tempo

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O tempo passa , essencialmente, o tempo passa
Com ele se vão relações das mais diversas
E quando pensamos em relações, relação
Nos vem a cabeça as diversões, diversão
Talvez exista um tempo relacionado a isso, tempo curto, denso, intenso... Tempo em que são produzidas as lembranças mais saborosas, que ao piscar d'olhos, passarão, deixando apóstrofes nos lugares em que lá estávamos....
Ligeiro, intenso e saudoso, esses são os anos iniciais, que definem em grande parte a personalidade, seremos engraçados, seremos leves ou compenetrados, o certo e fato é que, levaremos pedaços da nossa rede de amigos, das pontas que mais nos atraem, que mais admiramos, e se juntarão, ao que geneticamente, somos...
Os anos iniciais são os mais importantes, mais interessantes, que arrancarão suspiros quando estivermos vivendo com os resultados desses momentos, quando estivermos experimentando nossas memórias, quando estivermos experimentando o que nos tornamos e somos...
Aos que ainda vivem nesses tempos, adicionem os pedaços, gravem suas memórias, e tentem se tornar o que melhor puderem ser...
Aos que, como eu, estão degustando a saudade, vivam o máximo que puderem, o veloz, tempo que passa by Fábio Teodósio

*Tempo, tempo, tempo*


Estamos vivendo o momento do "não tenho tempo", ministros e pregadores da palavra usam estes termos frequentemente, pois estão envolvidos em atividades que os dispersam; reuniões, e outras fontes os tiram do seio da igreja com mais frequência e dedicação, levando a igreja a ficar alheia e a deriva em rudimentos e heresias humanas, acreditando em valores e crenças subjetivas da cultura secular. São pregações que distorcem o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, este cria-se uma base de fé e crença de que o saciar da alma só se alcança com eloquências e visões proféticas daquilo que a carne almeja e deseja alcançar, ensinando a teoria da prosperidade e o amor pela vida terrena. Assim, enfraquecendo o evangelho de Jesus Cristo e criando um evangelho humano que interpreta e coloca a capacidade e foco do homem na matéria como primazia em suas decisões. Neste contexto enfatiza-se homens amantes de si mesmo, que buscam "glória" e honra para alimentar seu ego, conspirando sentimentos na igreja de porfia por primazia e vangloria, levando-a uma fé abalada e efêmera, enfraquecendo a força espiritual e fortalecendo o espírito eletivo por preferências, cumprindo-se o que se lê em Romanos-1: 25, "Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador[...]. Deus quer salvar a todos pela sua infinita graça e misericórdia, invista o teu tempo no evangelho, na mensagem de paz que te garante um valor moral e espiritual, e te enriquece como ser humano e escolhido de Deus. Escolha sempre a simplicidade e anonimato para propagar os feitos que manifestam em ti. Honra e Glória é dada a Deus, justificação e meritocracia compete a Ele, Jesus Cristo.


*Texto escrito baseado em Atos dos apóstolos, capítulo 13.*


Texto: Igo Couto

TRILHAS DO TEMPO

Com o tempo, surge um quietude que não é vazia, mas plena—uma ponte entre o que deixamos para trás e o que nos tornamos.
Aos 60 sentimos o afastamento chegar devagar. O espaço que antes fervilhava com nossas ideias agora parece habitado por vozes que não nos chamam mais. Não é desprezo—é apenas a vida seguindo seu curso. É quando aprendemos que nosso valor não está no agora, mas no que semeamos pelo caminho.

Aos 65 enxergamos que o mundo do trabalho, antes tão urgente, é um rio que corre sem olhar para as margens.
Não importa o que construímos—as águas seguem. Não é derrota, é alívio. Chega a hora de olhar para dentro, deixar de lado as vaidades e abraçar a calma. Já não se trata de provar, mas de compartilhar, de orientar, de iluminar. A maior vitória não está no que se exibe, mas no que permanece nos outros.

Aos 70 o mundo parece nos esquecer—ou será que nos convida a ver o que realmente vale? Os mais novos não conhecem nossas histórias, e isso é uma graça: agora podemos ser apenas nós mesmos. Sem cargos, sem máscaras, só o que somos de verdade. Os companheiros de sempre, os que perguntam ‘como você está” e não ‘o que você foi” tornam-se dádivas, estrelas que brilham no cair da tarde.

E quando os 80 ou 90 chegarem, a família, em seu ritmo, se afasta um pouco. Mas é então que a compreensão nos envolve. Vemos que amar não é segurar—é deixar ir. Filhos e netos seguem seus rumos, como um dia seguimos os nossos. A distância não enfraquece o amor; mostra que ele é maior quando livre.*
Quando chegar a hora de partir, não há temor. É apenas o último movimento de uma dança antiga, o fechar de uma história escrita em alegrias, desafios e lembranças. Mas o que fica, o que nada apaga, são os traços que deixamos nas almas que cruzaram nosso caminho.
Por isso, enquanto há fôlego, enquanto o coração bate, viva com inteireza. Acolha os encontros, ria sem medo, guarde cada momento simples ou grandioso. Regue as amizades como quem nutre uma planta rara. Porque, no final, não ficam os feitos, os nomes ou os aplausos. Ficam os abraços, as conversas, a claridade que deixamos passar por nós.
Seja essa luz, seja essa lembrança, e você nunca se acabará.

Para todos que entendem: o tempo não some—apenas se transforma.

🤗 Aproveite cada instante que a vida lhe oferece, pois mesmo a mais longa jornada é breve.🤝

Roberval Pedro Culpi

Carta ao Tempo

Meu caro Tempo,

Confesso que não sei se te temo ou te desafio. A morte? Ora, a morte é só um ponto final mal colocado, e eu, como bom desleixado, sempre preferi as reticências... O que me assusta mesmo é a tua ironia: morrer cedo demais, deixando a mesa posta e o vinho por abrir, ou tarde demais, quando já não há convivas, só pratos vazios e um relógio a tocar no vácuo.

Quero ir-me na hora certa — nem tão cedo que os meus ainda chorem de verdade, nem tão tarde que disfarcem o suspiro de alívio com flores murchas. E que sobrevivam alguns dos que desprezo, porque um homem sem rancores é como um mar sem maré: plano, previsível, incapaz daquela fúria que também ergue barcos.

E quando enfim me dobrares a página, que fiquem umas poucas linhas minhas, rabiscadas num canto qualquer — num caderno esquecido, num email perdido na nuvem. Coisas que um dia alguém possa ler e pensar: *"Este aqui ainda respirava quando escreveu."*

E aí, meu velho Tempo, terás cumprido teu ofício sem me fazer covarde ou caricatura.

Assinado,
Um que ainda não acabou de chegar

Roberval Pedro Culpi

Entre o medo e o tempo

Se temo a morte? Talvez mais o erro
de não morrer, ou de partir
quando ainda ecoam promessas,
ou então tarde — soterrado em silêncio,
só ocupando o ar de quem respira por inteiro.

Queria partir no compasso certo,
quando ainda se nota minha ausência,
mas não tarde demais a ponto
de ser alívio e não lembrança.

Que sobrem uns poucos que, sem afeto,
ainda me lancem um olhar torto —
porque amar de verdade
exige também saber o peso do desprezo.

E se nada mais restar de mim,
que fiquem estas linhas dispersas,
talvez num papel amarelado,
ou na leveza de uma nuvem digital,
soprando um sopro meu
em quem se dispuser a escutar.

Roberval Pedro Culpi

Silêncio Alheio
Há vozes que se perdem no vazio,
ecoam em segredo,
são gritos que o tempo não apaga.

Os olhos, se pudessem falar,
contariam sombras,
pedaços de um mapa desfeito.

A aspereza nas palavras
é só o espinho de uma flor murcha,
o que resta quando a noite é longa demais.

Vemos o movimento,
mas não os degraus quebrados,
nem o lodo que pesa nos passos alheios.

Não se trata de absolver a dor,
mas de lembrar que cada um traz
um abismo diferente no peito.

Feridas que não se mostram,
batalhas sem troféus,
lágrimas que secaram antes de cair.

É simples apontar o dedo,
difícil é segurar a mão que treme
e ouvir o que nunca foi dito.

Porque toda alma carrega
um livro fechado,
e algumas histórias
queimam sem deixar cinzas.

Roberval Pedro Culpi

O tempo e a dor

Dizem que o tempo cura,
Mas não é bem assim que acontece
A dor verdadeira perdura,
E como um jardim ela floresce.

É um desafio constante,
Mas não traz alívio pleno,
Se o tempo fosse um calmante,
Não haveria dor nem veneno.

A passagem do tempo nos prova,
Mas não apaga o sofrimento,
Se fosse o tempo uma droga nova,
Não existiria lamento.

Roberval Pedro Culpi

REENCONTRAR

Versos soltos pelo vento,
Vago no mar do tempo,
Sou sombra do que já fui,
Em caminhos que desencontro.

Essência evaporada, perdida,
Num caleidoscópio de sonhos,
Colorido que se esvai,
Preciso me reencontrar.

Pintar de novo as manhãs,
Com cores de esperança,
Coração que pulsa vida,
Em harmonia e dança.

Sigo nessa estrada incerta,
Procuro em mim o brilho,
Faço da jornada a meta,
Renascer é meu trilho.

E em cada passo, revivo,
Nas notas de uma canção,
Buscando o que é perdido,
Em eco e ressurreição.

Roberval Pedro Culpi

Ela diz que você perdeu o controle,
mas o tempo nunca esteve nas suas mãos, sempre esteve nas mãos de Deus. Ansiedade é a pressa de quem esqueceu que existe cuidado. É viver um futuro que ainda não chegou e deixar de viver o presente que já está aqui. Você não precisa correr mais rápido que os planos, precisa aprender a confiar no ritmo dAquele que escreve sua história.

Vozes da Infância
(Eliza Yaman)


Ouço ao longe o riso que me chama,
De um tempo puro, feito de ternura.
Na alma, ainda arde aquela chama
Que a infância acende em luz pura.


Corria livre, sem saber do mundo,
Com pés descalços e o céu por abrigo.
O tempo era um sonho tão profundo,
E cada dor, curada por um amigo.


Hoje, revivo em versos esse chão,
Onde a saudade planta sua flor.
E cada rima é como uma oração
Para proteger o que restou do amor.

No Tempo das Águas
(Eliza Yaman - Turquia, 15/05/25)


No tempo das águas, corria feliz,
Com pés descalços e riso no ar.
A vida era sonho, perfume de anis,
E o mundo cabia num simples olhar.


A casa era canto, era luz de manhã,
Com cheiro de pão e abraço de mãe.
O tempo passava a pressa era lã,
Tecendo lembranças que nunca se vão.


Hoje, tão longe, relembro o lugar,
Com olhos molhados de doce querer.
Quisera poder novamente voltar,
E ser o que fui sem ter que entender.


Mas guardo no peito o tempo que foi,
E canto esse mundo que vive em mim.
Pois mesmo que tudo se perca e se escoe,
A alma da infância jamais terá fim.

Houve um tempo...


Houve um tempo em que esperava ansioso pelo término do trabalho. Em casa, nossa casa, compartilhavamos alimento, temas, brincadeiras, segredos, abraços e beijos sem fim com meus pequenos e minha cachorrinha.
Na verdade acho que isso se chamava felicidade.
O tempo é implacável...
Cresceram, tem seus amores, seus temores, seu futuro e, tudo isso numa velocidade absurda.
Gosto de pensar que ainda faço parte de suas vidas, mesmo sem temas, brincadeiras, segredos, abraços e beijos sem fim...
Houve um tempo...
Luís Fernando Porto 27825

Me encontro preso em uma encruzilhada invisível do tempo.

O relógio marca 2025, mas dentro de mim ainda é fim de 2019...
Uma estação parada, como um trem que nunca anuncia a próxima parada.

Os sonhos parecem ter ficado esquecidos em algum banco de praça, e os planos, esses, dissolveram-se como papéis molhados pela chuva.

Ainda há ecos de 2017: perdas que, mesmo antigas, insistem em deixar cicatrizes frescas.
E a cada lembrança, meu peito se encolhe, como se fosse possível recusar-me a respirar o ar do presente.

Para completar a ruína, 2021 foi um golpe que não cicatrizou...
Um luto que não se fecha, uma ausência que continua presente, como uma cadeira vazia sempre posta à mesa.

No meio de tudo isso, a vida não parece andar, mas também não se entrega ao fim.
É um estado suspenso: um corpo que respira, mas não sonha; um coração que bate, mas hesita em acreditar.

Às vezes, entre um silêncio e outro, surge a pergunta que não se cala:
"O que eu faço agora?"
Mas a resposta nunca vem.

E o tempo segue...
Implacável, indiferente, carregando anos como quem carrega malas pesadas em um corredor sem janelas.

Talvez o que falte não seja um plano, mas o primeiro passo.
E o futuro ainda não tem forma porque, em algum lugar, o passado ainda pede para ser chorado por inteiro.

E esta pessoa, que aqui escreve, mas que poderia ser qualquer um que agora lê, permanece entre o ontem que sangra e o amanhã que não ousa nascer.

Viver com coerência vibracional não significa viver em paz o tempo todo. Significa saber transitar entre os estados, compreender o que o corpo e a mente estão dizendo, escutar os sinais antes que eles gritem em forma de dor, estafa ou doença.

Do livro: A mente em Hertz de Nina Lee Magalhães de Sá

“Por muito tempo achei que tudo havia sido esquecido, como se o tempo tivesse apagado cada detalhe. Mas basta um instante, um sinal mínimo, e aquilo que parecia morto desperta.

Como um fósforo que acende em silêncio e pode incendiar uma floresta. Existem verdades que não se escondem para sempre, e quando surgem, não há como contê-las. Universos inteiros, erguidos sobre ilusões, desmoronam em segundos. A mentira até anda por um tempo, mas nunca chega longe.

E quando a segunda versão da história aparece, os olhos se abrem, e o mundo de alguém… simplesmente cai.”

Comparsa


Chegou setembro, já é tempo de esquila.
É mantido e vêm os pila
Pro peão se arrumar.
Pego a comparsa, me ajusto de cozinheiro,
Assado, um carreteiro com a carne que sobrar.


O Moacir Souza tá com os pente afiado,
O Galpão tá preparado, tem ovelha pra esquilar.
De madrugada, um café começa o dia,
Avisou o rádio de pilha que o tempo vai firmar.


Ronca o motor, e a cancha tá preparada,
Delhe ficha, e o cancheiro junta o vélo pra amarrar.
De socador, o Anízio mete pata,
O Cleber pedindo gracha e criolina pra curar.


Don Valdemar, com a boina atravessada,
Bombacha arremangada, puxa os tento pra manear.
Deu nove horas, o churrasco da manhã,
Cheiro de cêbo de lã, e o mate pra vira.


Depois seguimos, vamos até o meio-dia:
Massa, carne e farinha, e a sésta pra descansar.
Que pela tarde segue a lida no Galpão,
Cada ovelha é o pão de quem vive pra changuear.


A noite vem, e os catrês são montados,
Cada um tem o seu lado, pra melhor se acomodar.
Alguns mateiam, outros versos e pajadas,
Contam casos, dão risada, pegam as ficha pra contar.


E assim se vão esses meses de comparsa,
E assim a vida passa,
Mal dá tempo pra sonhar.
Quem déra que o mundo fosse um tempo de tosquia,
Um Galpão, rádio de pilha, e um catrê pra descansar.


Renato Jaguarão.

"Memórias Da Infância."


Na infância do meu sonho tão bonito, onde o tempo era o nosso brinquedo, No sol que nos cobria de riso aberto, E nos sonhos de nuvens de algodão, de segredos sussurrados até tarde no verão. Éramos heróis de incontáveis aventuras, Exploradores destemidos de mundos escondidos, correndo pelo jardim, com risos inocentes, a desvendar mistérios, No fascínio das mais belas histórias, nos livros redondos com todos os capítulos. No encanto da brincadeira sem intenção, quando subiu o papagaio de papel. cada amizade uma fita de cetim, a inocência reinou, sem fim.Na minha infância, tempo para descobrir, para imaginar castelos a sorrir, Abraços apertados, olhos de carinho, em um mundo tão grandioso, mas pequenino genial. Um tesouro, como luz a brilhar, carrega em teu ser a nossa vida em sonho, Um poema eterno, da infância a vibrar, Na longa caminhada da vida guardar.

A mulher que um dia eu fui

Houve um tempo em que eu acreditava cegamente no amor. As palavras doces me tocavam profundamente…

Me deixavam vulnerável — e eu achava isso bonito.

Mas o tempo passou.

E com ele, vieram as desilusões.

Hoje, ainda acredito no amor… mas com ressalvas.

A cada dia, luto contra a descrença que me consome em silêncio.

As frases lindas que antes me encantavam agora soam ocas. Começo a pensar que talvez fossem só palavras —

como tantos já me disseram.

Não escrevo mais cartas de amor. As palavras não fluem. A comunicação é difícil. É como se tivessem arrancado o meu lado romântico à força.

E isso me dói.

Porque a pessoa que agora ocupa esse espaço…

gostaria de ouvir o que sinto. Os poemas que um dia fiz — e recitei — pra você.

Será que um dia eu volto a ser? Aquela mulher sonhadora, sensível, romântica... a que você destruiu?

Será? Hoje, tudo o que consigo dizer… tudo o que ainda sobrevive em mim…

é que eu te amo.

O Abraço

O abraço é uma pausa no tempo.

É quando dois mundos se encontram e, por um instante, descansam um no outro. Não exige explicação, não pede permissão, apenas acontece — como um porto seguro diante da tempestade.

Há abraços que curam mais do que palavras. Abraços que dizem “estou aqui” sem emitir som algum. Abraços que seguram firme, mesmo quando tudo parece desabar por dentro.

Existem abraços que guardamos na memória por anos, como quem guarda um cobertor em dias de frio. Porque há toques que não se esquecem, há gestos que marcam a alma.

Nem sempre o abraço vem com os braços. Às vezes, ele vem em forma de silêncio, de presença, de um olhar que compreende. Um gesto que diz: “Você importa”.

O abraço é um lugar. Um espaço de pausa, de reencontro, de amparo. É onde a dor encontra descanso e a alegria se amplia. É onde as palavras perdem a pressa e o coração ganha fôlego.

Que nunca nos faltem os abraços verdadeiros — aqueles que não precisam de ocasião, que não esperam permissão, que simplesmente nascem do cuidado.

Porque no fim das contas, todos nós só queremos isso: um pouco de calor, um pouco de paz, um pouco de abraço. D


Tem coisa em mim que não se explica em voz alta.
Tem sentimento que não cabe no tempo da fala.
E é por isso que eu escrevo.

Porque escrever me permite ir fundo sem me perder.
Me permite voltar onde doeu — mas com palavras nas mãos, como quem leva flor pra cicatriz.

Eu sinto demais.
E quase sempre, em silêncio.

Enquanto o mundo responde rápido, eu penso.
Enquanto o mundo grita, eu escuto.
E quando o peito aperta, eu não reajo — eu escrevo.

Escrevo porque não sei dizer tudo com a boca.
Mas com a alma… ah, com a alma eu consigo.

E é nesse espaço entre o que sinto e o que escrevo que eu me salvo.
Me encontro. Me reconstruo. Me traduzo.

Tem gente que grita pra existir.
Eu escrevo — e isso me basta.

— Edna de Andrade
@coisasqueeusei.edna