Textos para uma Pessoa Especial
Sonhos da Noite
Todas as noites antes de dormir
Algo me inquieta
Angústia.Saudade.Amor.Arrependimento.
Aquele receio de que Devia ter Amado mais
Abraçado mais
Não tem como voltar ao passado, infelizmente!
Deito-me no travesseiro
E logo lembro das palavras ditas
Palavras que me machucaram
Palavras que ficaram marcadas em mim
O local que foi tocado dói só de Lembrar
Não tem como voltar ao passado, infelizmente!
Mas ao invés de lembrar desse marco
Prefiro ficar com boas memórias
Sonho acordado todos os dias
Sonhos impossíveis
Mas não deixo de sonhar
Prefiro imaginar eu e você
Rindo
Se amando
Indo ao Jogo
Vivendo uma irmandade sem igual
Quero acordar desse pesadelo
Não tem como voltar ao passado, infelizmente!
O cego e a guitarra
O ruído vário da rua
Passa alto por mim que sigo.
Vejo: cada coisa é sua
Oiço: cada som é consigo.
Sou como a praia a que invade
Um mar que torna a descer.
Ah, nisto tudo a verdade
É só eu ter que morrer.
Depois de eu cessar, o ruído.
Não, não ajusto nada
Ao meu conceito perdido
Como uma flor na estrada.
Cheguei à janela
Porque ouvi cantar.
É um cego e a guitarra
Que estão a chorar.
Ambos fazem pena,
São uma coisa só
Que anda pelo mundo
A fazer ter dó.
Eu também sou um cego
Cantando na estrada,
A estrada é maior
E não peço nada.
Do livro "Fernando Pessoa - Obra poética - Volume único", Cia. José Aguilar Editora, Rio de Janeiro (RJ), 1972, págs 542/543. (Fonte: Projeto Releituras)
Abat-Jour
A lâmpada acesa
(Outrem a acendeu)
Baixa uma beleza
Sobre o chão que é meu.
No quarto deserto
Salvo o meu sonhar,
Faz no chão incerto
Um círculo a ondear.
E entre a sombra e a luz
Que oscila no chão
Meu sonho conduz
Minha inatenção.
Bem sei... Era dia
E longe de aqui...
Quanto me sorria
O que nunca vi!
E no quarto silente
Com a luz a ondear
Deixei vagamente
Até de sonhar...
(Extraído de Cancioneiro – PDF Ciberfil Literatura Digital - Página 7)
Escrevo e divago, e tudo isto parece-me que foi uma realidade. Tenho a sensibilidade tão à flor da imaginação que quase choro com isto, e sou outra vez a criança feliz que nunca fui, e as alamedas e os brinquedos, e apenas, no fim de tudo, a supérflua realidade da Vida...
(Fonte: PESSOA, Fernando. In “Correspondência (1905-1922)”, Lisboa: Assírio & Alvim, 1999, p.150. / Fonte: Templo Cultural Delfos)
"Agora, tendo visto tudo e sentido tudo, tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar, quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso da civilização e o alargamento da consciência da humanidade”.
( em carta a Armando Côrtes-Rodrigues, de 19 de Janeiro de 1915.)
"A única atitude intelectual digna de uma criatura superior é a de uma calma e fria compaixão por tudo quanto não é ele próprio. Não que essa atitude tenha o mínimo cunho de justa e verdadeira; mas é tão invejável que é preciso tê-la”.
( Bernardo Soares [Semi-heterônimo de Fernando Pessoa],no Livro do Desassossego. (Org.) de Richard Zenith - Assírio E Alvim, 2008.)
"A superioridade do sonhador consiste em que sonhar é muito mais prático que viver, e em que o sonhador extrai da vida um prazer muito mais vasto e muito mais variado do que o homem de ação. Em melhores e mais diretas palavras, o sonhador é que é o homem de ação. Nunca pretendi ser senão um sonhador”.
( Bernardo Soares [Semi-heterônimo de Fernando Pessoa].)
"Cada um tem a sua vaidade, e a vaidade de cada um é o seu esquecimento de que há outros
com alma igual. A minha vaidade são algumas páginas, uns trechos, certas dúvidas...
Releio?Menti! Não ouso reler. Não posso reler. De que me serve reler? O que está ali é outro.
Já não compreendo nada”...
(Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
“Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso”.
( in "Autobiografia sem Factos". Assírio e Alvim, Lisboa, 2006, p. 128.)
Os Meus Sonhos São Mais Belos que a Conversa Alheia
Não faço visitas, nem ando em sociedade alguma - nem de salas, nem de cafés. Fazê-lo seria sacrificar a minha unidade interior, entregar-me a conversas inúteis, furtar tempo senão aos meus raciocínios e aos meus projectos, pelo menos aos meus sonhos, que sempre são mais belos que a conversa alheia.
Devo-me a humanidade futura. Quanto me desperdiçar desperdiço do divino património possível dos homens de amanhã; diminuo-lhes a felicidade que lhes posso dar e diminuo-me a mim-próprio, não só aos meus olhos reais, mas aos olhos possíveis de Deus.
Isto pode não ser assim, mas sinto que é meu dever crê-lo.
Fernando Pessoa, 'Inéditos'
Há tantos deuses!
“Há tantos deuses!
São como os livros — não se pode ler tudo, nunca se sabe nada.
Feliz quem conhece só um deus, e o guarda em segredo.
Tenho todos os dias crenças diferentes”...
( Álvaro de Campos [Heterônimo de Fernando Pessoa], (escrito em 9.3.1930), In Poesia, Assírio e Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002. (trecho))
Somos estrelas...
Seja pelo contemplar da infinitude das estrelas, a mesma cosmologia que levou Carl Sagan por limiares incompreensíveis ou pelo desvelar das milhares sinapses que ocorrem quando nossos olhos podem perceber acerca do "sobre", tudo representa o confabular! Um conjurar que diz respeito a tudo que compõe nosso universo. A beleza da vida, quiçá sua própria essencialidade, reside na roda viva de seus paralelos tão viscerais, por um lado é tão frágil e por outro tão estrondosa ao ponto de nos permitir barganhar por ela até os últimos momentos - um risco no céu.
Somos como recipientes de algo imensurável! O fôlego divino para alguns, a repercussão de um tratado fisio anatômico para outros tantos e etc.Muito mais que devaneios sobre o que de fato somos ou de onde viemos, o mister daquilo que nos traduz reside (penso e desconfio) na tangencialidade de nossa existência. Nesse improvável enigma, tal qual a Esfinge que criamos para devorar as nós mesmos, tal qual buracos negros íntimos.
Ao fim disso tudo! Por mais distantes que sejam as galáxias ou o googol de seu tamanho a lógica é que tudo é perituro. Tal qual as estrelas! E assim no descortinar daquilo que denominamos vida, as sinapses perdem potência e os olhos já não podem "sangrar o mundo". Tudo segue um ciclo de infinitos, logo também somos estrelas
EU ia
Havia um lugar, inabitado por longo tempo, onde de vez em quando eu ia.
Muitas vezes quando lá eu fui, levei comigo tudo que eu sentia, mal entrava e logo saia deixando para trás todo o sentimento que em mim fluía.
Estive por lá nos últimos dias, e esta porta que quase nunca se abria, fôra arrancada por uma forte Ventania, que espalhou tudo o que lá, eu escondia. Todo o sentimento que eu reprimia, em minha volta se consumia. Muita coisa feia se via! Muito mais feia do que já fôra um dia.
O que eu não sabia, era que em meio à tristeza e rebeldia estava também tudo aquilo que bem me fazia, amor e alegria, em total abandono e em plena agonia.
Com a porta escancarada a dor se esvaía, iam embora frustração e melancolia e tudo o que ali contia, estava em pura harmonia.
De lá, eu não mais saía! Não comia e nem dormia! De mim mesmo, me entorpecia. E transbordei de euforia! Eu existia!
Em 15 de Dezembro de 2015.
Não é Feliz
Só não é feliz, quem vive pelas circunstâncias, ao acaso. Quem não se define e não se aceita como é. Quem não se respeita e portanto, não se ama. Quem procura refletir o externo e não busca em si mesmo a sua própria essência. Apenas não é feliz, aquele que corrompe o próprio ser, e se recusa a viver, plena e satisfatoriamente.
Óutrem Pessoa
29 de Janeiro de 2015.
Espelho Meu
Foi eu mesmo que eu vi?
Por um instante o mundo parou. Girou lentamente, enquanto passava por mim o reflexo de mim mesmo. Meus ossos congelaram! Minha alma estremeceu! Continuei andando e quase olhei pra trás... Tive medo de me encontrar e perdi-me novamente.
Óutrem Pessoa
Em 16 de Dezembro de 2015.
Contemple o mais alaranjado por do sol,pois, ele pode te matar, como o piscar de um farol.
Um belo momento a se contemplar,
Pode em um segundo se revoltar.
Epraonde irá?
No momento que se encontrar,
Com algo que está além do seu imaginar.
Será que terá,
Uma decisão a tomar?
Como pode um por do sol ser tão bipolar?
Como águas que você está a velejar,
Tente aproveitar
Porque pode estar prestes a afundar,
Ne um oceano de lembranças
Que poderão te salvar,
E, ao mesmo tempo, te matar!
O agnosticismo puro é impossível. O único agnosticismo verdadeiro é a ignorância. Porque para nos radicarmos no agnosticismo é-nos preciso um argumento para nos persuadir que a razão tem certos limites. — Ora quem observa pode parar; quem raciocina não pode parar. Portanto quando pelo raciocínio havemos provado a limitação ou a não-limitação destas e daquelas faculdades, não podemos dizer: «paremos aqui» mas devemos seguir no raciocínio e tirar dessa limitação ou não-limitação as consequências deduzíveis. Assim fazem todos os «agnósticos» consciente ou inconscientemente.
(Aforismos e Afins)
Um artista forte mata em si próprio não só o amor e a piedade, mas as próprias sementes do amor e da piedade. Torna-se desumano devido ao seu grande amor pela humanidade — esse amor que o impele a criar a arte para o homem. O gênio é a maior maldição com que Deus pode abençoar um homem. Deve ser sofrido com o mínimo possível de gemidos e queixumes, com uma consciência tão grande quanto possível da sua divina tristeza.
(Aforismos e Afins)
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estacões
A seguir e a olhar.
(...)Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
MEA-CULPA
{Responsabilidade pelas próprias falhas)
Aprendi que não deveria nunca ter trocado o que mais queria na vida pelo que desejei em um momento de paixão.
Me afastei de pessoas que me pareciam ser para sempre, e me aproximei de outras que nunca jamais imaginei conhecer.
Acredito, hoje, que fiz muitas coisas no cotidiano, do jeito melhor que sabia, meio torto, talvez, mas do jeito mais bonito que sei...
As vezes tenho medo de mim mesma, mas também de algumas pessoas, e corro para um único refúgio: a solidão. Com ela não perturbo ninguém -além de mim mesma- ficar comigo e com minha melancolia, com meus risos ou lágrimas, que não podem ser incômodo a ninguém.
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