Textos Maes Carlos Drummond
LIVRE ARBÍTRIO
Sabemos que Deus criou tudo que há no universo, inclusive o mal. Veja:
"Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas."
Isaías 45:7
Entretanto, Ele é tão Perfeito que nos deu o livre arbítrio para que possamos escolher entre o bem e o mal.
Temos em mente que a injustiça, em todos os níveis, é desumana; Que devemos voltar os nossos corações à justiça e à pacificaçao; Desatar os nós da opressão aos quais mentes maliciosas tentam nos submeter e a outrem, pois fomos engendrados para viver em liberdade; Fomos criados à imagem e semelhança de Deus; Sem diferenciação de raça, religião, cor, cultura, classe social ou idade. Portanto, devemos primar pela dignidade e, em razão dessa, ser íntegros e respeitar o próximo para que sejamos respeitados.
Não devemos nos corromper, para que não nos tornemos indíginos nem escravos de homens maus que só nos vêm sob o efeito do mal e não percamos nossa dignidade e aliança com Deus.
LUIZ CARLOS VIEIRA SIMÕES .'.
PARADOXO PROFUNDO: A LUZ E A ESCURIDÃO
A profunda falta de entendimento entre as pessoas está, justamente às margens do que é certo e errado, da luz e da escuridão. No meio das duas vertentes, sempre haverá mudanças, pois os que possuem conhecimento, sabiamente, estão sempre à procura de novas culturas capazes de esculpir tenros saberes capazes de projetar a luz necessária a iluminar as mentes que, por ignorância, ainda vivem no mundo sombrio. A mudança tende a vir, justamente, com o advento dessa projeção, pois as pessoas não almejam viver na escuridão para sempre. Todas buscam para si um mundo promissor. E acreditem, elas, por mais ignorantes que sejam, um dia haverão de abrir os olhos, pois a escuridão incomoda e, por mais cegante que seja, a luz é contagiante e há de iluminar as mentes desprovidas dos conhecimentos aptos a nos conduzir a um mundo melhor para viver.
simultaneamente, vejo o sol, por lá se admira a lua.
dois astros poderosos, que quase nunca se cruzam.
uma longa distancia entre os dois, e ambos avistados ao mesmo tempo.
será mesmo que é possível se encontrarem em algum momento...
quando se encontram o eclipse é um espetáculo.
a lua beija o sol, algo tão lindo, só pode ser raro.
uma dicotomia perfeita, opostos que quando unidos provocam arrepios.
intenso como o sol, rara e lirica quão a lua, a distancia é tão grande,
mas um dia eles se cruzam, um dia eles se cruzam.
COMPARTILHAR FELICIDADE E ÓDIO
Se compartilhar felicidade, terá a vida alongada; Se partilhar ódio, terá melancolia, pois guardar ódio e raiva, é o mesmo que pegar uma brasa incandescente para atirá-la na fonte de onde advêm esses sentimentos nefastos. Sairá lesado quem pegar a brasa para lançá-la... Ferirá seu âmago, visto que a raiva e o ódio são venenos para a alma.
Tornando-nos seres humanos melhores.
Se existe algo que dificulta os relacionamentos interpessoais tanto nas empresas quanto nas famílias, é a dificuldade que temos em seguir um padrão. E aqui não estou sendo dogmático, ou falando de religião, mas de um padrão de coerência, ética, e também caráter.
Mas o que vem a ser relacionamento interpessoal? São atitudes e comportamentos utilizados para manter um ambiente de trabalho saudável e que favoreça o sentimento de coletividade, o que pode ser usado em todos os ambientes aos quais freqüentamos; casa, igreja, trabalho. E quando falamos de coletividade, falamos do bem comum, do mutualismo.
O certo é que há pessoas que encontram alguma resistência para exercer esse tipo de relacionamento. Cito abaixo quatro características, com as possíveis soluções, para pessoas que tem aversão a seguir ou se encaixar a algum tipo de padrão.
Numero 1 - Depender dos outros: Essa é uma situação, na verdade bem desconfortável, pois tem momentos da vida em que nos encontramos de mãos atadas, porém, alguns mesmo de mãos livres não procuram uma saída, e ainda sim, reclamam dos seus provedores. Solução: alcance sua independência financeira.
Numero 2 - Não aceita idéias alheias: Já viu aquela pessoa que é sempre negativa, que nunca concorda com nada, que só critica, pois é, situação complicada, pois sempre acaba afastando as pessoas de perto de si. Solução: seja criativo, já que não concorda com idéia alguma, crie algo novo, apresente idéias novas, às vezes é só isso que falta para que as pessoas evoluam no meio em que você vive.
Numero 3 - Receber Ordens: quem nunca viu alguém dizer assim: eu detesto receber ordens, ou, eu não nasci pra ser subordinado, então, essa é uma das atitudes que mais causa problemas nos relacionamentos interpessoais, pessoas que não sabem ou não reconhecem a hierarquia. Uma boa sugestão para esse tipo de pessoa é que ela se torne um empreendedor, isso mesmo, assim não haverá ninguém falando o que você deve ou não deve fazer.
Numero 4 - Respeitar Regras: até o esporte mais amado da nação brasileira tem regras; o futebol, assim como a formula 1, as artes marciais, em fim, toda atividade que se venha a exercer é ditada por regras, então se você não gosta de seguir regras, crie suas próprias regras, e você vai ver que isso é tão sério que mesmo assim não vai parar de seguir regras, pois vai ter que seguir as suas próprias regras.
Pois bem, ai estão algumas dicas que podem lhe ajudar a crescer, lembrando que, nós seres humanos, não vivemos sozinhos, então temos que aprender a compartilhar tempo e espaço de forma sensata e coerente para que as outras pessoas tenham prazer em estar conosco em qualquer que seja o ambiente.
Sempre lembrando da frase, “ Feliz daquele que desistiu de mudar os outros, e começou a gastar seu tempo lapidando a si mesmo”.
À Procura: L. C. O.
Passei anos da minha vida procurando uma pessoa, que nem se quer sabia se existia!
Em meus pensamentos ela era "incrível".
Ela era perfeita (pra mim).
Gostava de jogar vôlei, malhar, correr e fazer meditação.
Gostava de praia, mas não era muito fã de entrar na água.
Ela respeitava o mar.
Ama viajar, conhecer lugares novos, fazer amigos.
Final de semana era certo, um boteco ou um encontro com amigos. E claro: cerveja.
Por que ela gosta de tudo que eu gosto.
Ela aprecia arte, mas não entende nada.
Gosta de ler. E de mostrar que sabe das coisas.
Adora cinema, ver filmes (só não pede para ela escolher o filme rsrs) e maratonar uma série.
Ela ama música e interpretações. Ela é uma artista só não sabe isso.
Adora se manter informada. Fala sobre tudo. Qualquer assunto. Se ela não souber falar sobre, pelo menos já ouviu falar.
Ela é tranquila e serena, mas também brava
como as ondas de um mar em ressaca.
Imparcial as vezes.
As vezes muito apoiadora da causa.
Dona da opinião. rsrs
Politizada jamais.
Ahhh, a gente se parece tanto...
Ela prefere sofrer sozinha, do que incomodar alguém com os seus problemas.
Esta sempre ali para apoiar um amigo. Tem sempre um ombro esperando. Companheira para todas as horas.
Foi tentando encontrar essa pessoa perfeita que eu ME PERDI!
Já dizia à música: "Vou me perdendo,
Buscando em outros braços seus abraços...".
Caetano é entendido das coisas.
Mas depois de tantos abraços sem sucesso e desencontros, eu percebi que essa pessoa não existia.
Não! Na verdade ela existe. Mas eu estava procurando no lugar errado.
Depois de exaustivas noites pensativo, percebi que esta pessoa "perfeita" (no sentido de gostar das mesmas coisas que eu) era eu mesmo.
Passei a minha vida inteira me procurando em outras pessoas... tolice.
Mas hoje eu entendo que o que faz o amor ser perfeito, são as nossas imperfeições.
E não existe nada mais perfeito e humano do que os nossos defeitos.
INTROSPECÇÃO
Deus nos concedeu a administração da nossa própria vida, mas, para isto, devemos estar em comunhão com Ele e fazer uma introspecçao a nosso respeito; Analisar o porquê de termos sido criados à Sua Imagem. Ao observarmos este prisma, não é bom ficarmos, falando mal ou agindo de modo irregular em relação à determinada situaçao ou pessoa, da qual, para proferimos algo, devemos, antes, analisar, avaliar nossas palavras e observar a direção que nos conduzirão, pois após proferi-las, não terão retorno. Devemos refletir no que falamos, para que não venhamos denegrir a imagem de outras pessoas, de maneira similar a quem corre, desvairadamente, e passa por cima de tudo e de todos como loucos, pois, agindo assim, estaremos fadados a cair em fossos profundos, que não tenhamos visto; É bom termos em mente que assim sucede com quem se lança bruscamente à ação, sem antes refletir nas consequências de seus atos. Para tudo na vida, é bom meditarmos no Princípio de Causas e Efeitos, para que não venhamos colher dissabores futuros neste ou n'outro plano.
IGNORÂNCIA
Ignorância, doença da alma, falta de conhecimento da qual se origina diversas outras capazes de contagiar vários entes de uma comunidade. A cura... Temo-lá através dos livros; De uma boa leitura, fonte de conhecimentos e saberes. Não deixe que o obscurantismo te contagie e perpetue em teu ser. Leia, adquira novos conhecimentos todos os dias.
...e assim como um rio cheio de vida, cores, nuances e sabores
ele te conduz e te preenche,
vai te levando...
Há também pessoas assim que estão ou passam e há você que faz disso uma poesia
por que é assim que se lê o dia
quando a gente quer,
quando a gente sente,
até mesmo quando assim não é
@machado_ac
entrei naquela caixinha azul e lembrei dos homens barrigudos que se juntavam pra ir atrás de bandidos no cinema Orion, das fadas cheias de pirilampos ao redor, das atrizes com seus olhos felinos, das formigas vermelhas que no microscópio pareciam tão fortes, da queijadinha antes do almoço e das cobras verdes inofensivas...
depois parei em frente aqueles mendigos desnorteados e fiquei sem saber o que dizer, sai da caixinha, peguei um taxi vermelho e pedi para o motorista-camundongo me levar até Juquitiba, ele me levou pra Júpiter
@machado_ac
eu me perdí certa vez, estava procurando alguma coisa que não me lembro agora.
eu encontrei, quase sempre me reencontro.
estava procurando alguma coisa que eu perdi, quase sempre perco alguma coisa que reencontro.
me lembrei agora que eu estava certa vez, perdido, não sei ao certo
quem foi que me encontrou.
@machado_ac
"Sempre que assisto ao telejornal, o assunto é o mesmo: corrupção.
Sempre que leio o jornal, o assunto é o mesmo: corrupção.
Sempre que navego na internet, o assunto é o mesmo: corrupção.
As vezes me pergunto por que roubam a nação.
As vezes me pergunto qual seria a solução.
Outras vezes me pergunto por que tem corrupção."
Você é o capitão
É manhã, o casco toca a água, lentamente o nevoeiro se dissipa, abrindo a sua frente um caminho. Deixe no porto tudo que não serve, tudo que esvaziou, que acabou, verifique com calma e previsibilidade se o que não pode lhe faltar esta a bordo, deixe a luz do céu inundar o convés e iluminar a carta na mesa, calcule a rota buscando portos abrigados de tormentas desnecessárias, solte as amarras, afaste-se do trapiche, aponte a proa para os sonhos, içar as velas caçando o vento da esperança, encha o lastro com o equilíbrio da sabedoria adquirida, corte a água com a maciez e a precisão de um bisturi cirúrgico, os albatrozes lhe mostrarão que há terra firme no caminho, as baleias transeuntes lhe revelarão as correntes, os tubarões os limites, os faróis o perigo, os golfinhos lhe farão companhia na solidão, na tripulação anjos leais lhe protegerão, o horizonte é o que você sonha... Você é o capitão
insônia
O sol me venda os olhos cegos
A lua me vende a sonhos mudos
o confuso fuso horário normal
Espaça o tempo de um jeito absurdo
Acordado me revira de sono
E de insônia me viro no escuro
ouvindo o vento bater na janela
afobado, correndo, inseguro
pedindo socorro e fugindo
de algum vulto uivando no muro
sonos curtos sonhos longos
visito lugares em algum além
onde tenho outra vida
em que nasci e cresci
e onde eu deito e durmo tão bem
que sonho que estou aqui
você sabe oque é o amor! Sua mulher sua casa seu carro seus filhos seu cachorro isso é amor seu ciúmes?
Ou e a falta de cada minuto que você faltou com eles,amor é oque se constrói se corre atrás o perdoar o buscar o aprender saber se arrepender e buscar o tempo de dizer amo minha vida por isto aprendi amar.
obrigação para muitos não existe.,
outros uma palavra pesada,obrigação é saber se doar sem pagamento sem cobrança sem esperar reconhecimento ou em outras palavras amar sem ser amado,é sofrer calado e nunca falar eu fiz por obrigação ,mas fazer por generosidade por amor ao próximo é a realização da compaixão o amor verdadeiro que Cristo nos ensinou.quem das por obrigação fãs sem coração.
Nabokov
Estava indignado. Não sei com quem tinha falado, mal cumprimentou, foi logo despejando:
– O que falta no mundo é cultura.
– Sem dúvida! – tivesse pensado um pouco e não teria concordado de maneira tão enfática.
– Você menciona Nabokov e o sujeito não sabe quem é!
– É... Bem...
– Nabokov!
Não estava com disposição para constrangimentos. Pelo menos não o seu próprio. Transferiu a responsabilidade:
– Eu não sei quem é Nabokov.
Pausa.
– Você já ouviu falar dele. Só não está se lembrando.
Resolveu arriscar:
– O astronauta?
– Cosmonauta.
– Foi o que eu disse – vitória – O que fazer? As pessoas esquecem rápido os verdadeiros heróis.
– Os astronautas são americanos – explicou – os russos são cosmonautas.
Constrangimento.
– Sim, mas um deles se chamava Nabokov.
– Houve um cosmonauta chamado Nabokov?
– Isso mesmo.
– Não, sinto muito. Não houve. Se houvesse, eu saberia.
– Então não sei de que Nabokov você está falando.
– Mas isso não faz de você um ignorante. Eu só citei um exemplo – tentou consertar. Ou não, já que acrescentou: – Pois certamente você já ouviu falar de Joyce.
– O outro, que pensara ter sobrevivido:
– Também nunca ouvi falar dela.
– Não é ela, é ele.
– O nome do homem é Joyce?
– James Joyce.
– São drag queens?
Blasfêmia – pensou.
– Não são drag queens, meu amigo. Por favor!
– Já sei! O goleiro da União Soviética na copa de 82.
– James Joyce?!
– Não. Nabokov.
– Não, não. Aquele era o Dasaev.
– Estou falando do reserva. Grande goleiro.
– Você se lembra do nome do goleiro reserva da União Soviética na copa de 82?!
– Claro! O terceiro goleiro – abusou – tão bom quanto o titular.
– Sinto muito! Não era Nabokov. Se fosse eu me lembraria. Não existe nenhum outro Nabokov. Não que você conheça. Sabe o que quero dizer; não se ofenda.
Sabia coisa nenhuma e estava ofendido sim:
– Quem são esses caras, então?!
– Escritores! Importantíssimos! Vladimir Nabokov e James Joyce escreveram alguns dos romances mais importantes do século XX.
O outro suspirou resignado:
– Bem, eu não tenho lido muito ultimamente. Principalmente histórias de amor.
A conversa chegara ao ponto que interessava a ambos. Ideal para pôr um fim.
– Quem tem tempo de ler hoje em dia, não é? Só trabalho, excesso de informações...
– Nem me fale.
– E os livros custando uma fortuna!
– Inviável.
É isso aí, meu amigo, foi um prazer revê–lo, o prazer foi meu, abraço, recomendações, e se afastaram sem mais delongas. O primeiro, aliviado, e disposto a selecionar melhor suas amizades. O segundo igualmente, e ainda por cima, indignado. Encontrou outro amigo, mal cumprimentou, já foi logo despejando:
– O que não falta no mundo é ignorância!
– Sem dúvida.
– Você diz que não conhece Nabokov e o cara acha um absurdo!
– Quem?!
Nabokov...
Como joias na vitrine
Imagine que você está diante de uma vitrine repleta de objetos bonitos. E admirado com a beleza desses objetos, decide levar um deles para casa. Ao chegar em casa, porém, você percebe que, mesmo tendo escolhido com bastante cuidado, o objeto que comprou não parece agora tão bonito quanto todos os outros que ficaram na vitrine. Por que isso aconteceu, se você foi tão cuidadoso? Aconteceu porque cada um dos objetos que estavam na vitrine não tinha, sozinho, todas as qualidades que todos eles tinham juntos. Cada objeto era uma pequena parte, bela, mas ainda carente da beleza maior que existia no todo. Assim, um discreto anel numa vitrine é uma joia exuberante tanto quanto um grande colar de pedras. E o colar, por sua vez, toma do anel a delicadeza que ele próprio não tem. Um pequeno livro de poemas pode ser tão imponente quanto um extenso romance, e este, ao lado do livreto, rouba-lhe um pouco de sua singela poesia. Juntos eles têm a beleza inteira daquilo que representam. Separados, têm apenas o que trazem em si. O mesmo acontece com as pessoas. Cada um de nós é um ser humano único, inteiro e, sim, insubstituível. Mas, ao mesmo tempo, uma pequena parte do que todos somos juntos: a humanidade. E aí está a beleza do ser humano: nas suas diferenças; na sua diversidade; na beleza única de cada um que constrói o todo; e, até mesmo, na insuportável sensação de incompletude que isso causa. Exatamente como as joias na vitrine. Eis que, finalmente, percebemos a existência do que não está em nós, e nos sentimos menos humanos. O mundo é repleto de vitrines, e parece, em cada uma delas, um lugar bonito e perfeito do qual não fazemos parte, onde existe tudo aquilo que não temos e que não somos. É preciso, então, olhar bem mais de perto, para enxergar cada indivíduo e encontrar, nas suas deficiências e imperfeições, a sua humanidade, e então, nos reconhecermos humanos. Somente ao nos reconhecermos humanos é que conferimos aos outros a humanidade que existe em nós, e recebemos, de cada um, a humanidade que nos falta.
Um instante
Das pessoas inesquecíveis que a vida me trouxe, de um modo especial me fascinam aquelas que rapidamente passaram por mim. Caminharam comigo por uma tarde ou por uma estação, um momento, talvez, em que apenas se mostrassem – e então se despediram. Ao se despedir, tornaram-se reais. Guardo delas a verdade que não conhecem de si mesmas; o modelo perfeito do qual foram moldadas. Não tiveram tempo, e porque não o tiveram, não as corrompeu. Assim elas existem na minha história. É possível que uma única vez na vida tenham sido como as percebi. É possível que nunca tenham sido. Mas gosto de pensar que são extraordinárias; gosto de pensar que estão por aí e que talvez algumas se lembrem de mim. Da realidade não sei nada. Mas há algo especialmente belo em que acredito e que gostaria que você acreditasse também: existem muitas pessoas no mundo ligadas a você de alguma forma. Ao longo da vida, você terá a oportunidade de encontrá-las, por um breve instante. E nesse tempo menor do que um instante, em que couber ainda que uma palavra ou um sorriso, elas terão lhe deixado, pela eternidade, o melhor de sua existência.
Minha Velha Tia
Minha velha tia me contava muitas histórias. E entre uma história e outra, ela me ensinava muitas coisas. Minha tia me contou que houve um tempo em que os animais falavam. Ela me ensinou que a Terra é redonda e que se eu sair andando sempre em frente, acabo voltando ao mesmo lugar. Minha tia me ensinou que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil e que Santos Dumont inventou o avião. As histórias de minha tia eram sempre assim. As coisas mais difíceis ela explicava do jeito mais simples. Era preciso que cada coisa tivesse o seu inventor ou o seu descobridor. Se Santos Dumont não tivesse inventado o avião, até hoje estaríamos andando só a pé ou de carro.
Um dia minha tia me ensinou um acróstico: Minha Velha Tia Mandou Jogar Sal Úmido Nas Plantas. Para que eu nunca esquecesse os nomes dos nove planetas do Sistema Solar. Nunca me esqueci dessa tarefa que, é bem verdade, não cheguei a realizar; mas nunca me esqueci dos nomes dos nove planetas.
Eu sempre ouvia maravilhado as histórias de minha tia e nunca me esquecia de nada do que ela me falava. E ela dizia que quando eu crescesse iria saber muito mais do que ela. Talvez esse tenha sido o ensinamento que mais me intrigou. Eu não fazia idéia de como isso seria possível, embora soubesse que tudo o que ela me dizia era verdade. Lembro-me de quando comecei também a contar a minha tia as coisas que tinha aprendido sem ela. Minha tia sorria e ouvia atentamente tudo o que eu lhe dizia. Sei que às vezes ela achava que era tudo bobagem, mas nunca me dizia isso. Ficava feliz por eu estar aprendendo. E eu sempre esperava que ela complementasse as minhas descobertas com o que ela sabia. Minha tia é que sabia verdadeiramente das coisas; e só com o seu aval é que eu podia acreditar em tudo o que aprendia.
Vez ou outra eu a interpelava sobre algumas incoerências. Por que Colombo descobriu a América e Cabral descobriu o Brasil? Eles não descobriram, na verdade, a mesma coisa? Por que foi Colombo quem descobriu a América, e não os índios, que já estavam aqui? Minha tia sorriu e me explicou que os índios não tinham consciência de quem eram, nem de onde estavam, mas Colombo sim. Por isso os chamou de índios.
Lembro-me do dia em que contei à minha tia que a professora tinha dito que não foram nem Cabral, nem Colombo os nossos descobridores, e sim outros homens que estiveram aqui antes, mas que se nos perguntassem, era preciso dizer o que estava no livro. Minha tia abriu o mesmo sorriso carinhoso, sem dizer nenhuma palavra. Sei que ela nunca mais se lembrou dos nomes que eu havia dito a ela, mas, para dizer a verdade, eu também não me lembrei.
Hoje me arrependo de ter deixado tão cedo de visitar a minha tia. Lembro-me de que nas últimas vezes em que a visitei, eu ouvia atentamente o que ela me dizia, e sorria. Às vezes gostaria que ela ainda estivesse aqui. Mas sei que não seria mais possível. Talvez o mais duro exemplo de uma das tantas coisas que ela me ensinou: “cada coisa tem o seu tempo”. No tempo de Cabral, de Santos Dumont e da minha tia, as coisas mudavam muito pouco. Ela pôde me ensinar o que havia aprendido com a tia dela. Hoje, ela certamente se sentiria enciumada por causa da Internet. Eu não saberia como dizer a ela que o seu acróstico não vale mais. Não saberia dizer a ela que Plutão não é mais um planeta. Minha velha tia não sabia muito bem o que era um planeta. Não saberia me explicar por que isso aconteceu. Talvez ela fosse sorrir e dizer “isso é bobagem”. E, para dizer a verdade, eu também não saberia explicar isso a ela. Minha tia tinha razão em tudo o que dizia. Teve razão ao dizer que eu saberia muito mais do que ela. Mas minha tia é que entendia verdadeiramente das coisas. E hoje eu não sei onde aprender as coisas que ela sabia.