Textos Maes Carlos Drummond
“Previsão do tempo”
O tempo esta passando, isso mesmo, ele não espera ele não para, pare de olhar os problemas como se fossem algo impossível, pois a maioria não é, o fato de parecer tão grande é porque você o alimenta todos os dias e ele fica maior do que realmente é.
Saia da zona de conforto, abra os seus olhos, levante e faça o que tem que ser feito, afinal se ficar parado nada vai mudar e tudo realmente vai parecer pior, então não se faça de coitado, você nasceu para vencer, você está vivo, isso já é motivo suficiente para te provar que nada é impossível para aquele que crê, você nasceu para dar certo então levanta e faça acontecer.
Vivemos tempos difíceis, em que um inimigo invisível fez ricos e pobres ficarem em casa, provou que ter milhões na conta ou quase nada, não te garante não ser infectado, não te garante a vida, fez famílias se unirem, pessoas estranhas ajudando umas as outras.
Mostrou ao mundo toda sua fragilidade, a busca incessante pela fortuna deixa fraquezas, muitas vezes esquecemos de nossa saúde, e quem diria logo dela, hoje esta sendo protegida a qualquer maneira.
Países na mesma situação desenvolvidos ou não, lutando para defender seu povo, uma guerra com algo invisível a olho nu, nós fez olhar para nós mesmo e repensar atos, atitudes.
E pensar que precisou de uma pandemia, para ter noticias como a diminuição de poluição, noticias de pessoas se conscientizando, por outro lado vemos atitudes de muitos que não entendem a real situação.
Esse inimigo invisível vai deixar marcas na sociedade, e hora de pensar tudo, tudo ,tudo, um vírus conseguiu parar todo o globo, e hora de repensar como está sendo rumo da nossa vida.
Caso essa pandemia não deixa aprendizado, historias de evolução, nada adiantara, pois no futuro continuaremos desprotegidos e a espera de mais uma tragedia !.
Em momentos de crise
Na vida não existe nada a temer
para quem tem fé e para quem,,, crê
A crença vem acompanhada do saber
E é atravésde problemas e de sofrimentos,
que o ser humano tende a crescer.
Viver implica muita responsabilidade
É importante conscientizar-nos de que,
estamos aqui de passagem
Por isso, não se desespere
pois, tudo tem sua hora e de que tudo
acontece sempre,na melhor idade
Façais a sua parte, ore, confie e aguarde com serenidade
E no tempo certo colherás os frutos de qualidade
Para isso, temos que sempre agir no bem
pois, ele vem para quem age com sinceridade.
Lá na roça
Na roça tem comida no fogão á lenha, gente boa e passeio de carroça.
Ah como gosto da vida no campo, que tem tudo e não esta prosa.
Como é bom ir para a roça, lá além de ter comida deliciosa e tudo fresquinho
feito com carinho e com amor e o que mais eu admiro, lá na roça
é a simplicidade de um povo acolhedor.
Por isso, que quando eu crescer ainda, vou comprar uma casinha, lá na roça.
Castelo de Areia
Esquecimento estendido.
O cheiro do sofrível,
Lançados há Natureza.
Batem as porta dos palácios.
E, as pontes elevadiças,
Não contem o cheiro
da humanidade lançadas e
esquecidas a própria sorte.
E, nem todos os tesouros ou
Arsenais.
Contem inimigo em comum,
tão Poderoso.
Que por ironia;
Pequeno e invisível.
Trazendo a luz,
No porão.
Aos tigres de papel
E nem por isso. Menos humano.
Que não escolhe , classe , raça
Ou gênero. E mistura-se,
Para realizar suas atribuições.
Despertando a humanidade adormecida.
Sentimentos de cuidados esquecidos.
Lembranças do que;
O humano não é gasto.
É investimento.
A Vida é mais importante.
Do que qualquer riqueza,
Supremacia de classe.
E direitos de nascimento.
Nenhum privilégio pode ficar,
Contido em fronteiras, casas e muros
De contenção.
Nenhuma conforto.
Justifica ou restitui o equilíbrio
Arrancado a fórcipes da Natureza.
E que; são características inerentes
Da Vida que habita esse planeta.
E que em determinado tempo.
Constituiu-se da ideia de humanidade.
Marcos fereS
(em tempo de corona vírus)
UMA XÍCARA DE CAFÉ
Sentado, diante do meu café, pensar é uma sina. Tudo o que eu queria era desligar um pouco disso... Gosto de café quente porque preciso queimar os arquivos deste peito. Tudo isso arde como o vapor que sobe da xícara.
Cansado de me culpar, não fiz isto. Doei meu coração para sua alma, mas era pouco. Era o que eu tinha... Talvez um pouco de lucidez e suaves letras, que rasgavam meu peito em cifras. Letras... Elas não podiam sentir minha inconsolável inquietação, mas eram algo em que eu ainda acreditava...
Sem ter nada, enchia-me de versos que diria para você, mas meus mudos suspiros eram o tipo de show que você não sabia apreciar. Uma confusão dentro de mim... Uma dose mais e um pouco de silêncio. Não faz sentido esse barulho... Tudo em mim grita por dentro e não há nada que eu possa dizer para te ter aqui.
Como em uma conexão banida, escrever é o meu jeito de saber que você sente também. Cada letra rabiscada escorre um pouco do meu amor. E longe... Onde quer que esteja, pode me sentir... Amores profundos podem nos afogar às vezes. A fumaça larga ardia meus olhos como teu sorriso largo... como tal dedicado a outrem.
Náuseas são apenas parcelas... Perco meu eu em imagens translúcidas das recordações. Como farpas atiradas, conviver é uma loucura. Linda... Com seus olhos cor de infinito e estes lábios cereja. Trocaram meu mundo por sonhos...
Como um castelo de cartas, construímos nosso amor. Os maus ventos de uma enorme janela sopraram a terra tudo em que acreditei. Como renda que se tece, todas as peças juntaram-se e me vi traído. As cores borradas embriagavam meus olhos inchados.
Como folha seca no outono, me vi cair e tudo o que eu queria é que, o vento de uma estrada qualquer, me levasse para longe dali. Me lembro como que em um raio devastador das coisas que costumávamos conversar e cada laço que minha boa memória revive, desfeito, se torna corda, enforca meu peito.
Chove forte e em minha cadeira de balanço, deixo-me escorrer como o céu. A melodia que teu peito toca em meus braços... seu respirar pesado e teus olhos perdidos em devaneios... Algo só meu...
A cada vez que meu peito pulsa, vejo você sair pela porta outra vez... As noites sem luz e as cores pálidas... Girando comigo nesta roda que gira para o fim. Árvores e pastos deixados para trás girando em vultos frios de um dia sem sol. As estradas sobem e descem, meus olhos pesam.
Charutos não são um problema quando amar alguém é sua droga. Um dia, por acaso, um pouco te sacia, mas cada vez que se olha no espelho precisa de mais. Parte de você não está ali. E cada fio de sua barba sente falta de cada tom rosa das bochechas de alguém.
Correr como gado solto em um campo distante e pensar em seus olhinhos confusos, verdes como as folhas... E se eu te pudesse ver o que faria a essas alturas? Não quero pensar em você com alguém porque ao seu lado é o meu lugar. Posso senti-la como sinto minhas mãos...
Prenderam num copo minha vela. Esperanças vazias são o que me resta. Como em um conto, tudo poderia simplesmente “desacontecer” e trazer você aqui para perto outra vez.
Eu queria falar, mas já nem sei o'que transborda tanto
Eu queria voar, mas às asas já pesam tanto
Eu queria cantar, mas minha voz já se desgastou tanto
Eu leio, escrevo
Tanto
Uma mente perdida em meia à tantas referências
Proucurando seu próprio canto
Versão, visão
Quero tudo além de uma canção
Além de palavras que falam tanto, soando tão importante
Mas não o suficiente para essa mente tão insuficiente
Além de atitudes, que marcam tanto
Desejo morar nesse verso
Nesse silêncio que se torna tudo
Paz e poder
Sonhar e vencer -o que?- .
03:11
10 de fev de 2020
Nada como um dia após o outro para resolver as dificuldades em nossa vida, pois sabemos que nessa jornada da vida, nada costuma ser muito fácil, ou como muitas pessoas costumar dizer, nada cai do céu de mão beijada para nós, por isso temos sempre de lembrar do amanhã, que e uma nova oportunidade em nossa vida para conseguirmos mudar toda aquela situação ruim.
Nada como um dia após o outro e deus na frente de tudo nós dando força e sabedoria para continuar nessa jornada difícil da vida, cheia de obstáculos e dificuldades para conseguirmos superá-las e continuar seguindo em frente com um sorriso no rosto e um sonho em mente, sei que todos enfrentam dificuldades diariamente em suas vidas, dificuldades que parecem não ter saídas ou soluções.
Você não sabe o que se passa na minha cabeça
Você não sabe o que eu planejo para amanhã
Quando a mudança vai ser feita
Quando eu pretendo acabar com esse meu eu e me refazer
Eu jamais vou ti contar…
Machucar e ser machucado nunca pareceu tão divertido
Rir quando você sente dor
Não me torna mais forte
Apenas apaixonado por isso.
Se apaixonar e se divertir é algo estranho
É um pique-se-esconde
Eu procuro você e depois você que me procura
Mas nós nunca nos achamos
Sempre desistindo antes de terminar
Isso é tão cruel
Mas existe algo em mim que no fundo, pede para eu não apostar no seu amor
Ele é falso, não me satisfaz e eu não retribuir da mesma forma.
A vida não deseja que a maturidade passe a te consumir. Sua mente terá sempre um campo magnético de fertilização, com aprendizados em todas as estações.
O fluxo é livre e os acontecimentos escapam qualquer projeção. Seja um ser humano mentalmente saudável, sabiamente maduro, digno e consciente, uma doce alma na vida de alguém.
Construa um mundo melhor, contribua com estímulo para evolução (sua e do próximo) Afaste a negatividade com ações afirmativas e pensamentos frequentemente positivos.
Busque as boas energias, contemple o bem, viva o amor. Faça isso todos os dias, dia e noite, noite e dia.
ÀS VEZES O NOSSO MAL É O NOSSO PRÓPRIO PENSAMENTO
Às vezes o nosso mal é o nosso proprio pensamento. Porque ele nos faz desistir sem antes tentar ...
ver um pouco de fraqueza e já quer desistir...
Ver algo dando errado e ja acha que não vai conseguir.
Caiu e já pensa que não vai conseguir levantar...
Se machucou, já pensa que nunca vai sarar.
Foi traída? Pensa que todos ao seu redor vai te trair também.
Quando nós alimentamos esse pensamento a gente fica presa à essas coisas negativas. Certo que nem tudo será fácil. Até porque não poderia ser. A gente não pode conquistar nada fácil, temos que lutar para ter tudo que queremos ter.
Instagram @textosdojones
INCOMPLETUDE
Fica-se sempre um copo pela metade
Uma canção jamais cantada
A promessa prometida
De uma jura desonrada
Fica-se sempre um beijo não beijado
Uma palavra por dizer
O amor contemplado
Meio desejo sem prazer
Fica-se sempre um verso não escrito,
De uma prosa não rimada.
O poema sem espírito.
Da poesia desalmada.
Fica-se sempre algum ressentimento
Pulsante no peito refutado
Toldado querer reprimido
Sentimento anelante despedaçado
Fica-se sempre uma vontade inacabada
Daquilo que não se pôde fazer
Meia falsa verdade justificando
O acaso incapaz de deter
Fica-se sempre uma fantasia amortecida
Fitando o mundo amuado
Lacunosa carência perdida
Dissabor do ser desamado
Fica-se sempre algum lamento
Aprisionado nos sonhos subtraídos
Menos esperançoso os anseios
Parcos quereres retraídos.
O SEMIÂNIME
Frívolo ser.
Morto antes do começo,
extenuado no tropeço,
que o acaso lhe fez ter.
Alma langorosa,
vivendo sem vida,
sem dor ou ferida,
que asquerosa secou.
Letárgico descrente
Lastimoso inativo
De querer impotente
Do desejo abolido.
Essência descorada
Espírito desditoso
Imanência despegada
Âmago ominoso
Reminiscência turvada
Pretérito clandestino
Rotina ceifada
Escopo sem destino
Moléstia sem crença,
a pior da doença,
que podes-te ter:
“Ser o pobre do ser,
num mundo medonho,
vivendo sem sonho,
fingindo viver”.
A LINGUAGEM DAS LÍNGUAS
Língua que fere e língua que fala.
Língua que morde e que cala.
Língua leviana e língua indecente.
Língua puritana e maldizente.
Língua benigna e língua praguenta.
Língua que afaga e que afugenta.
Lingua torpe e língua indiscreta.
Língua versada e direta.
Língua verbosa e língua platônica.
Língua imbricada e lacônica.
Língua que beija e língua ferina.
Língua que corta e que mina.
Língua complexa e língua prolixa
Língua concisa e simplista.
Língua que prova e língua que sente.
Língua com língua não mente.
Língua farsante e Língua aleivosa.
Língua amarga e teimosa.
Língua afiada e língua torta
Língua molhada e morta.
AS VARIAÇÕES DO AMOR
Amo o amor, e toda forma que dele descendeu.
Do mais ordinário amor previsível,
Ao amado amor que se perdeu.
Das sanhas do amor rancoroso,
Ao recalcado amor reprimido.
Dos contritos do amor pesaroso,
Ao magoado amor compungido.
Amo o amor abnegado,
O amor sublime,
E o amor minguado.
O amor com prazer,
O amor sem paixão,
E o amor libertino.
O amor afetuoso,
O amor casual,
E o amor clandestino.
Amo o amor sem vontade,
O amor do mundano,
E o amor da castidade.
O amor comedido,
O amor puritano,
E o amor excedido.
O amor da vileza,
O amor carinhoso,
E o amor com pureza,
O amor proibido,
O amor lascivo,
E o amor consentido.
O amor conturbado,
O amor platônico,
E o amor imbricado.
O amor carismático,
O amor antagônico,
E o amor pragmático.
O amor indelicado,
O amor oportunista,
E o amor carente.
O amor com a fé do cristão,
E o cético amor do descrente.
Amo o amor com mentira,
O amor verdadeiro,
E o incerto amor do talvez.
O amor exagerado,
O amor da equivalência,
E o parco amor da escassez.
Amo todo ser indefinido,
Aquilo que não foi nomeado,
E o amor fementido.
Amo tudo que ainda se desconhece.
O amor açodado,
E o amor que nem a carne apetece.
O amor com angústia,
O amor libidinoso,
E o amor altruísta.
O amor com sentimento,
O amor jactancioso,
E o amor sem cabimento.
A CRIAÇÃO ATORMENTADA
Por baixo do fino tecido que envolve o meu travesseiro, ouço os ensurdecedores brados das letras que me perseguem incessantemente. Fragmentos de vozes fantasiosas, segredos do invisível e confidências do desconhecido, em falas soletradas pelo próprio sussurro do vento, fecundam-se no vago silêncio da madrugada, tornam-se vivas, constrangem os meus quereres, compelem a minha alma, dominam o meu corpo e clamam por liberdade. Frases anotadas no breu da memória, e blocos de anotações riscados dentro do meu multiverso letrado. E entre o mexido remexido do meu corpo contorcido, textos lidos, relidos e cravados, como quebra-cabeças rabiscados permeando as dobras do meu lençol amarrotado.
Rendo-me então aos gritos de vogais, aos ecos de consoantes, aos advérbios de tantas formas, e as mil formas de orações. Beijo a tortuosa face da noite, despeço-me do assossegado aconchego do meu cobertor, e entrego-me ao martírio mediúnico de trazer todo o desconhecido à tona.
Divido-me em infindáveis interrogações, espantosas exclamações, e escudo-me atrás dos imorredouros reticenciados três pontos, que se forjam dispostos paralelamente em uma linha, ladeando uma expressão qualquer. Entretanto, no vácuo apressado de parir vidas letradas, a perfeição do ensaiado faz-se sempre aberrante ao intento do parto: escrevo em tempos inexistentes, crio adjetivos fantasiosos, e nem sempre recorro aos artigos. Açodado, mastigo ditongos e anseio vômitos de tritongos, entre soluços de hiatos. Engulo vírgulas, regras e normas. Cuspo exclamações, pontos finais, reticências... Mas, sigo em jorros gráficos, emudecendo todos os traços fônicos que ressoavam dentro de mim até desvelar o desbalizado limite da criação.
Normalmente, é quando as mãos doem, a coluna grita, a vista embaça, e as ideias se decompõem na fadiga mental. Inobstante, adiante do esgotamento da carne, existe ainda o além. O ilimitável impulso de seguir adiante da digladiação física e extrafísica. Pois, quando se reduz aos apelos do corpo, não é o suficiente para os anelos da alma, e os músculos costumam se vingar em espasmos inquietantes na cama, formigamento nos pés, e pontadas finas na parte inferior do abdômen, envoltos ao reavivamento das vozes conclamando por novas palavras.
Vai-se o sono, o cigarro, o café e o sossego, enquanto a verve retorna ao oriundo centro do nada, e tenta – a cada afronte da tela em que os olhos ainda entreabrem – uma nova palavra. Vencido o cansaço, as pupilas reabrem, as ideias ressurgem, o dia clareia e o corpo inteiro em uma junção milimétrica dos dedos fazendo letras pelas mãos, e delas nascendo histórias, tornando-se uma extensão continua e sem emendas entre a fantasia, as palavras, a magia e o mistério divino do prazenteiro ato sofrível de escrever.
BRIGANDO COM DEUS
Ainda que infrutuosas convicções incitem o meu mísero direito de gente, eu não exigirei mais de Deus todas as explicações que me foram subtraídas – desde quando fui arrancado do calmoso útero que me resguardava ainda cândido – e arremessado, inexoravelmente, ao labirinto ilógico desse fadário universo de venturas. E como o esporo de uma semente não plantada – dentro dos jardins mais inférteis da incerteza – eu já eclodi carregando o peso penoso da malquista incoerência que veio pregada comigo.
Eu sou sem pedir para ser. Como um gerúndio reticenciado do acaso, funambulando descalçado e sem destino, com a razão ignorada que herdei. Eu sou um sujeito assim... Aleatoriamente à toa. Sem motivo algum para ser. Pois, se o tenho não conheço, e ao desconhecê-lo torno-me um estranho insignificante de mim mesmo. E, submisso à passiva incapacidade de prever a minha própria sina, sem mapas, bússolas, epítomes... Nem qualquer outra forma de orientação, eu sigo buscando desatinadamente o meu tino. Mesmo sem saber se o tenho.
As trouxas de sonhos que carrego comigo, são subordinadas às vontades que não são minhas. Sou impotente, oco e não carrego, sequer, a minha própria identidade. Sou escravo de uma entidade onipresente que jamais encontrei, curvado aos intermitentes equívocos da sua soberana onisciência que – nem ao menos – posso contestar.
O meu destino vestia-se de casualidades intempestivas, somente para ludibriar-me de que as minhas atitudes mudariam o curso do meu futuro. No entanto, a verdade é que todos os meus porvires, nunca foram nada, exceto parte da inepta premência humana de acreditar que as consequências das minhas decisões me tornaria dono dos meus próprios desígnios. Inobstante, deixando de lado a crença dos desesperados que, por defesa vital nos enceguecem a razão, ainda sou capaz de entrever – com a sobriedade desapontada de um descrente – que o futuro da minha vida sempre independeu das minhas escolhas. Os meus amanhãs são ignotos de mim, assim como todos os meus anelos são subservientes aos planos que não seguem os meus roteiros. Sou uma marionete com asas que não voa, aprisionada numa grande interrogação invisível que não responde as minhas tantas perguntas.
Biologicamente, até que com rara racionalmente, explicam de onde eu vim. O que de maneira geral, não elucida muita coisa. Tampouco minora essa minha totalmente tola falta de rumo. E como se o bastante fosse muito, ou como se o muito fosse suficientemente vital, batizaram a minha carne com um nome que eu não escolhi, deram-me um coração de vidro trincado, um espírito que nunca vi, e me desapossaram do significado de existir.
Ainda assim, privado de escolhas e desapossado de alternativas, eu não reivindicarei mais de Deus as justas justificativas que ele me deve. Porque, compreendi que permeio a toda insensatez que torna a vida ilogicamente incoerente, também coexistem incongruentes significados que a fazem prazenteira o bastante para vivê-la, sem procurar desvendar a racionalidade que não existe, na grandiosidade desconexa de tudo aquilo que ultrapassa qualquer entendimento, e onde a compreensão se regozija e se contenta apenas no sentir.
O ALIMENTO DA ALMA
Saudade sofrida mesmo é a ausência de tudo aquilo que não se teve, com a imprecisa lembrança do que não se fez. Isso sem esquecer a lancinante angústia de uma vida inteira presumida: relembrando as inúmeras promessas solidificadas no desquerer do destino, ou lamuriando por cada desejo não consumado. Entretanto, ainda pior, será a contaminação deturpada para a descrença no novo alvorecer. Porque, somente amanhã, redobra-se o otimismo, recicla-se a força e se torna capaz de sonhar com tudo aquilo novamente.
Pois, quando desistimos de lutar pelos nossos sonhos, nos tornamos mais indiferentes, amoldados e desvidrados. As inolvidáveis frustrações dos sonhos amortecidos permanecem aprisionadas para sempre nos subterrâneos da nossa mente. Onde guardamos um amontoado de coisas preciosas, que se perderam entre a vontade, o medo, o tempo, o acaso, a desmotivação, a desistência, os pretextos, as obrigações, a rotina etc. Enfim! Onde tentamos enterrar dentro de nós mesmos, à ausência de tudo aquilo que não fomos além das expectativas presuntivas dos nossos atulhados anseios.
A pior morte, portanto, é aquilo que deixamos de ser, ainda em vida, quando renunciamos aos nossos sonhos. O conformismo, o contentamento, e a apatia pela ausência de ambição, desnaturaram as almas que vagueiam opacas pela vida sem mais nenhuma fantasia. Os sonhos não são apenas cobiçosos desejos físicos, são os alimentos da alma ante aos anelos do coração. Uma vida sem sonho é como uma praia sem areia, uma primavera sem orvalho, uma flor sem perfume. Os sonhos atribuem novos significados a nossa própria existência, rejuvenescem a alma, regozijam a esperança, e preenchem com encantamentos a languidez do nosso cotidiano. E sem o embevecimento que os sonhos suscitam, a vida se torna austera, os risos sóbrios, e os nossos caminhos entenebrecidos. É quando deixamos de viver, e passamos, simplesmente, a existir.
O RECOMEÇO
Eu já acreditei no que não existia, enquanto desconfiava de tudo aquilo que se revelava óbvio. Achava a esquisitice normal, pois a normalidade nunca se despia da sensatez. Apostei o que não tinha, arrisquei vultosas patavinas, e perdi o que não malparei. Já segui os meus instintos, ao passo em que desobedecia as minhas maiores convicções. Aspirei o impossível, escolhi o improvável, e rejeitei o desimpedido. Eu já menti para não magoar uma pessoa, assim como também blefei apenas para me proteger. Escolhi o sentido oposto dos atalhos retos, e perambulei na contramão da prudência. Porque, eu sempre tive receio de andar no encalço dos desígnios de outras pessoas, e perder o caminho de volta para mim mesmo.
Dos meus desacertos... Eu perdi as contas de quantas vezes errei. Já errei por intuição, errei por escolha, por ausência de opção... E por pura teimosia – quando a culpa parecia menor que o prazer – ainda insistia em cometer os mesmos erros no meu afã desatinado de acertar. Cai, levantei, me perdi, me abandonei, me puni, me critiquei, me perdoei, e por inúmeras vezes, tropecei esbaforido, na intensidade dos meus próprios sentimentos. Mas nunca – em momento algum – eu pensei em desistir dos meus sonhos. Pois, eu jamais deixei de acreditar no denodado vigor que provém dos recomeços. Sobretudo, quando compreendi que as nossas atitudes determinam a distância entre aquilo que almejamos e aquilo que possuímos. Porque, não são apenas as vontades, tampouco os quereres. Mas, a nossa temeridade para sairmos em busca daquilo que realmente acreditamos que nos concede o poder de transformarmos todos os nossos sonhos contemplados em realidades tangíveis.