Textos de Saudade do Namorado
CELER
Tudo frágil, indo, tudo passa
do que é deixando para trás
num rastro breve, tal fumaça
e se lhe dado o tempo, verás
Tudo acaba, o fado, num zás
a juventude se faz sem graça
morosa, enrugada e sem gás
assim, sem que esforço faça
A ilusão se vê numa ilusão
lamento e pranto sem valia
desejo nos desejos em vão
Pois, banal torna a despedida
e pouco importa a sensação
de aparto em aparto, morre a vida!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08, outubro, 2021, 08’10” – Araguari, MG
TANTO GOSTO DO CERRADO
Tanto gosto do cerrado, a árida poesia
De tuas planícies, teu chão cascalhado
Ao pôr os olhos em ti, o impar agrado
Sensações nas tuas, agradável melodia
E na tua imensidão, bárbara quantia:
De encanto, magia, plural e arrojado
Pois eu, encantado, junto ao teu lado
Sou bardo, cantador, que poética cria
Se a tua diversidade, enfim, consiste
Ser o diferente que a sensação sente
De aroma que só no teu chão existe
Inspiração que persuade divinamente
Ó intenso cerrado, que o belo insiste
Num pôr do sol acobreado e luzente...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08, outubro, 2021, 16’10” – Araguari, MG
ÚLTIMA VIA
Ao transpor os umbrais da solidão
Tento a inebries do esquecimento
Deixei de lado o vazio sofrimento
Entalhando o sentimento e emoção
Dá-me a vida, ó sensação doída
O amor noutro amor se escafedeu
Nesses sussurros o pranto é meu
E a paixão suspira na despedida
E, se um dia alguém te perguntar
Não diga nada, assim, deixa estar
E cá fico eu com a minha poesia
Nesta sofrência daqui do cerrado
Solitário, vai-se indo, imaculado
Pois tu foste a minha última via...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 de outubro de 2021 – Araguari, MG
A PALAVRA MAIS BELA
Folheei a prosa e o verso pra buscar
A beleza de uma palavra a compor
Sem igual, pude, assim, encontrar
O deleite e a razão de uma: o amor
Perguntei ao coração, sem receio
A resposta é certa, farta de desejo
De fascínio e paixão, e tão cheio
De emoção, tal um suspirado beijo
Assim, interroguei a mansa sintonia
Com convicção conseguiu me trazer
Muito carinho e a inigualável magia
Então, perguntei ao singular agrado
E o sentimento veio assim me dizer:
Amor, bela palavra, a aquele amado!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12 de outubro de 2021 – Araguari, MG
Incerteza
Pergunto ao vento que vem
Me dê notícia do meu bem
E o vendo se cala, aquieta
O vento diz nada ao poeta
Pergunto a ilusão que passa
Por que toda essa negaça
Por que tanto sonho ao chão
Me diz, toda está servidão
Por nada, não me diz nada
O cerrado de boca calada
A quimera quieta no canto
E a poética sem um encanto
E a quem perguntar então?
Ao desencontro, a desilusão?
Ao tempo que fugaz passa?
Ou incerteza com tal negaça?
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13 de outubro de 2021 – Araguari, MG
CHATICE
mas que repetitiva chatice! Cá comigo
compor um amor sem eira nem beira
o qual tenho cantado, cheio de asneira
e sempre lamentando como um castigo
se penso que do coração digo, só digo
algumas baboseiras de dor hospedeira
nos versos de uma sofreguidão inteira
ah, como posso ser este meu inimigo
e mais que duas frases duma fantasia
de um sussurro na poesia sentimental
é a inspiração tão pálida e tão vazia...
e nem mesmo a sensação é especial
vem carregada de culpa e de utopia
sem alegoria, e sem o tal conto real!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12 outubro/ 2021, 04’55” – Araguari, MG
SONETO PRA UMA HORTÊNSIA
Outubro, e já o jardim florido
No colorido, aquela hortênsia
Na luz do cair do dia, tão lido
Ao olhar encadeada cadência
Brancas, violáceas, azuis, rosas
A tingir ao encanto encantado
Traçado na poética em prosas
Face de um fascínio arrojado
És do branco ao azul do céu
A flor de sentimento amável
Expressão do belo, admirável
E, assim, a poisar no perfume
Os colibris, e se dando a lume
As hortênsias, de rendado véu!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14/10/2021, 10’45” – Araguari, MG
EXPECTANTE
Quero sussurrar amor ao sentir
Ser paixão numa febre ardente
As sensações uma sede luzente
Real desejo e sem a ilusão ferir
O afeto em flor, a emoção povir
Aquela assalto que a alma sente
Um doce fruto, o sabor inocente
Do beijo roubado, que há de vir
Tudo sonhado, de elevada razão
Do pensamento, afável, e assim
Ser expectante, de boa intensão
Eu guardo está certeza em mim
Mas às vezes me perco: que não
E, logo a esperança diz que sim...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
16 outubro, 2021, 08’06” - Araguari, MG
Pt.saudações
Eu queria trovar, sem privações
Cantar o amor cheio de sensação
Não pastei sentido, nem emoção
Vivi na mesma, falto de ambições
E eu não fui um bardo do acaso
Se tive o choro, o riso e a paixão
Tive a afeição, uma outra razão
Problemas mais e mais descaso
E debaixo do medo me condeno
Da dor precária dum sofrimento
Sentimento presto e tão pequeno
Tentei ser romântico no plenário
Então, assim, em nada fui pleno
No romance, raso. Um solitário!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13’46”, 17/10/2021 – Araguari, MG
27 versos mais três
Poeto para ti...
E nunca me canso
Hora aqui, hora ali
Pouco o descanso
Só quero lhe mimar
E um abrigo manso
Pra apoiar meu olhar
Dizer-te o que senti
Sinto. Poder te cuidar
Amar com cuidado
Numa só sensação
Estar apaixonado
Feliz o coração
Ter-te ao meu lado
É doce razão
Tão do agrado
Paixão!
Ao desejo apreciado
Ao carinho feição
Não quero vaidade
Nem só diversão
Quero o todo, não a metade
Te quero! nunca em vão!
Tens meu sentido
A minha admiração
Tudo se faz colorido
E com diversão...
Assim, nunca é um talvez
E tão pouco um perdigo
Para ti, 27 versos mais três...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19’13”, 17/10/2021 – Araguari, MG
Paráfrase Affonso Gallo
A espera já não é o que era
Esperança... espera
Quem te deu e quem te dera
O tempo passa, tá passando
Só Deus sabe até quando
Cai a pétala ao chão
Choram mágoas o coração
Vai a vida e a vida vai, vive
Recordação de onde estive
São saudades, emoção
Sensação... sensação
De outrora primavera
Agora mais quimera
Mais lentidão
Importante é a razão
O que mais vale, o amor
Onde for....
Já não é o que era
Esperança... espera
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04’50”, 18/10/2021 – Araguari, MG
SAUDADES, TANTAS
Quantas saudades tive? tantas, nem sei
Todas tão suspiradas na esfolada prosa
Cada qual na dor, com sofrência rimei
Rimei também a solidão nua e ramosa
Tive saudades daqueles a quem amei
E nesta nostlagia só situação morosa
Me era companhia, superação tentei
Cantei a lembrança da oferecida rosa
Ah! saudade, de sensação embaciada
Tantas as clamei em noite enluarada
Chorei, mesmo assim contida emoção
Ó Deus, por equivoco, ao me moldar
Colocaste no vão do peito a sussurrar
Só a saudade em lugar de um coração...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19, outubro de 2021 – Araguari, MG
AMANHÃ
Vou sofrer amanhã. Hoje estou de saída
Já é tarde. Há muita coisa a fazer ainda
E na prosa deixarei a tristura escondida
No verso aquela dura sensação infinda
Hoje eu vou ter a poética descolorida
Sem o amor, a paixão, e a graça linda
Sem suspiro ou aquela ilusão proibida
Entregar-me-ei a solidão na berlinda
O silêncio no momento não importa
A quem está com a tal ventura morta
Talvez eu me arrependa assim estar
Mas, nada consolará minh’alma vazia
Nem mesmo o encanto de uma poesia
Amanhã é outro dia e um outro idear!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19 outubro, 2021, 18’:23” – Araguari, MG
CICATRIZES
Muitas dores, por certo, me brotaram
Por certo, em muitas dores eu sangrei
Alguns estrepes, n’alma, me fincaram
Desses o silêncio, o pesar, eu guardei
Das sofrências que dores entrelaçaram
A tua foi a mais acerada, a que chorei
Das tredices que com remorso faltaram
A tua me feriu e o que mais me assustei
De tantas amarguras as juras morreram
O sentimento caído, sensações teceram
Muitas fincaram, doem, e como eu sei!
E se ainda sinto saudades do teu abraço
São suspiros, termo e apenas um pedaço
Do profundo e intenso amor que te dei...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 outubro, 2021, 05’:17” – Araguari, MG
O Poeta e a Poesia
Quis saber do poeta
Donde vem a poesia
Disse: duma secreta
Arca maga e luzidia
Duma paixão direta
Onde tem a melodia
E a magia donde vem?
Do vento da primavera
Que sensação contém
E também a quimera
Onde tem e vai além
Do prazer que impera
E, o poeta e a poesia
Mais que imaginação
É em uma só sintonia
É em um uno coração
Da alma em sangria
Pra cantar a emoção!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20, outubro, 2021, 14:50 – Araguari, MG
dia do poeta
ÚLTIMA HOMENAGEM
Este derradeiro soneto te ofereço
Em versos últimos e tão penados
Na rima incerta a dor de adereço
Sufocando os hinos apaixonados
Segui aqui o final de um começo
E os sentimentos tão assustados
E neste cansaço o teu desapreço
Mais as culpas dos meus pecados
Foi um amor, passageiro, pouco
Pois no sonho inventado e louco
Eu e tu caminhamos para o fim
Assim, cada linha um dissabor
E também fica um doce amor
Crer que um dia doou pra mim
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23 outubro, 2021 – Araguari, MG
OUTRA RUA
Onde estou? Está rua me é lembrança
E das calçadas o olhar eu desconheço
Tudo outro modo em outra mudança
Senti-la, saudoso, no igualar esmoreço
Uma casa aqui houve, não me esqueço
Outra lá, acolá, recordação sem herança
Está tudo mudado do tempo de criança
Passa, é passado, estou velho, confesso
Estória de vizinhança aqui vi florescente
Pique, bola: - a meninada no entardecer
Hoje decadente, e conheço pouca gente
Engano? essa não era, pouco posso crer
Ela que estranho! Se é ela ainda presente
Nos rascunhos, e na poesia do meu viver...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Agosto de 2020, 31 - Cerrado goiano
UM AMOR NATURAL DE SÃO PAULO
Ah, amor doído, me maltrata
Saber que fui apenas recreio
Que inda arde no peito, creio
Que a dor me teimará ingrata
Com o engano, verídica errata
Ardo na agrura e no devaneio
Mas com o tempo, tu, receio
Irá se calar na súplice serenata
Os teus olhos deixarão de ser:
A força e planos no meu olhar
Tudo gira, no eterno aprender
Nego-te o meu sofrer e pesar
Se lamento é para te esquecer
Nesses versos de amor e amar!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Agosto de 2020, 31 – Triângulo Mineiro
AFORA
Passaste como a flor do ipê fugaz
que se desprende na sua aurora
do desvelo só tiveste àquela hora
em que do afeto o emotivo traz
Ter-te e perder-te! sensação voraz
que inunda o peito, e a dor piora
sem ver-te, o poetar por ti chora
em tristes versos, saudade tenaz
Demorou essa presença em mim
minha alma ainda adora, e flora
emoção num sentimento marfim
Neste querer, o querer é outrora
se sonhei contigo, calou o clarim
dessa estória, o amor vai afora!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Setembro de 2020, 02 – Triângulo Mineiro
Morrer...
Termina a vida, morrer, com ela o viver
Vão-se as dores, homenagens com flores
Rezas, choros e suplicas pros pecadores
Depois, uma furtiva lembrança a prover
Aos amores e aos meus admiradores...
... para as lágrimas fingidas
Meu até mais...
Cheio de saudações garridas
E minhas retribuições iguais!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02/09/2020, 17’00” – Triângulo Mineiro
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