Textos de Saudade do Namorado
TODAS AS CANÇÕES DEVIAM SER SOBRE AMOR.
Eu sempre vivi entre a música e a literatura, tive meus momentos de presunção, sobretudo com a literatura. Porque a arte de escrever, não raro faz com que o escritor, poeta ou filosofo pense que tem um poder supremo, e uma certa divindade. Contudo, a música tem uma força superior ao texto, a melodia invade a mente e o coração instantaneamente, o mesmo não ocorre com o texto.
Quando afirmo que toda canção devia falar de amor, digo com justa razão, pois penso que todos os afetos se resumem no amor, este sentimento que nos traz paz e segurança emocional.
Durante este ano de pandemia, foi a música que me manteve vivo, foi a música que me sustentou a lucidez. Produzi muita música, mas não fiz nenhuma que não fosse sobre amor, e revendo todas as outras que compus em 30 anos de carreira, percebo que o amor é o tema central das minhas canções. Embora eu tenha escrito mais de dois mil poemas, alguns romances, contos e outras formas de literatura, são as canções que realmente me representam. Quero ser lembrado pelo amor que semeei, na vida e na arte.
Sem amor nada somos, sem amor somos infrutíferos, estéreis, nunca o mundo precisou tanto de amor como agora, nunca vimos tanto sofrimento, e ao mesmo tempo tanta intolerância, então só arte pode nos redimir, especialmente neste tempo de isolamento, de falta de abraço e de afeto físico.
Amar, em ações, em pensamentos e atitudes é um desafio. Penso que as canções podem ser uma saída, um oásis, um porto seguro, para que possamos suportar as agruras dessa vida atual.
Eu,
Filho da tragédia
E amante do caos
Mergulhei no mais profundo mar de mim mesmo
Amarrei as vírgulas na sorte
E engoli meu único e amargo destino
Sorria, ele disse
É só mais uma verdade da vida
A poesia mais linda nunca será feita pra alguém
Cante-a com seu violão desafinado pelo tempo
Enquanto os demônios lhe assistem com flores nas mãos
”Perdão aos Anjos”
Invejável inveja do invejoso
Que inveja minha inveja
Me vendo sob o destino irônico da sorte
Peço licença apenas ao poeta da morte
Livremente preso a isso
Ganho vantagem a tudo que temo
Se inevitavelmente serei invejoso
Que seja da obra prima da mente de um gênio
Tuas migalhas transcendem a cova, poeta
Tu és cirúrgico, triste e fatal
Ironias invejam teu velho cadáver
Morrestes pra nascer um imortal
Uma cópia mal feita de um lapso singular
Um desastre achado no fundo do poço
Tão pobre quanto quem só veste Prada
Apenas isso e mais nada…
“Sorrisos, cachaças e traições”
Um bom dia! amargo, meu café
Desespero, não! Ainda tenho tempo
Agradeço em dia a falha que plano
Afinal, quem eu seria
Se não fossem meus demônios?
Uma parede, apenas beijos
Embriago brigas e sermões
Desatento, entre espasmos aceito
Sorrisos, cachaças e traições
Também penso sobre isso
Na cama, quando o tempo dá voltas
Achei meu jeito de ser fútil
É tão intrigante quanto inútil
Um delírio lúcido sem respostas
”Sobre ela e eu”
Inútil seja meu paladar vazio
Hoje pensei ter certeza de tudo
Perguntas, cavavam o próprio abismo
Beiravam a ira de um absurdo
Acena com calma, respira
Fecha o olho, ainda é dia
Não me respondo como antes
Meus dedos frios são poesias quente
Já nem entendo meus sujeitos mortos
Agarro um álcool e um inconsequente
Um sonho lúcido e um precipício
Salto de peito e espero meu guia
Sorrindo com frio na barriga, caía
Armado ao amargo fato, dizia
O sorriso é uma falha no caminho
A vida, consciência de uma faixa
O choro é a verdade de um sorriso
E a morte, é um gato numa caixa
”O paradoxo dos olhos abertos”
Sobre vida, interceda o mar que me deu
Ainda há quem diga que o vendaval sou eu?
Prepotente perante a todos
Impotente a mim mesmo
Escondo, odeio, exalto e amo
De minha verdade ser um quarto sozinho
E outras 3 perdidas por aí
Simplesmente complexo
No paradoxo dos olhos abertos
Um conto de fadas que termina em tragédia
Também é tragédia que termina em conto de fadas
TRECHO DE UM ROMANCE
Eu a conheci dentro de um ônibus, que ia do Gama, cidade satélite de Brasília para o plano piloto, cidade administrativa do Distrito Federal, Capital do Brasil. Eu vinha, não sei bem de onde, só me lembro que a vi, pela primeira vez neste dia. Eu ia descer na quadra 13 do Gama, e ela iria continuar a viagem. Ela estava acompanhada do então marido, um músico que eu havia conhecido, fazia meses, contudo nada sabia da vida desse amigo, não tinha ideia que ele vivia com aquela encantadora mulher.
Não me lembro que roupa ela usava, todavia posso fantasiar, que ela usava uma calça jeans, blusa de crochê amarela, isso era bem possível, e hoje, sabendo seu gosto e estilo, posso até apostar que era isso que ela usava. Eu era um tanto distraído, mas percebi seus olhos negros, que à primeira vista me causou espanto. Como eu ainda não conhecia o mar, nesta época, não posso assegurar que seus olhos tinha naquele tempo algo de mar, um encanto e uma beleza agreste, um mistério insondável. Mas ao descer, ao me despedir do casal, senti um fogo a queimar minha alma, num olhar fulminante, como quem me dizia, “quero te ver de novo”.
Desci do ônibus, e toquei minha vida. Neste tempo eu tocava em um bar, bem perto de onde eu morava com minha esposa e meu filho. Não sabia se voltaria a vê-la, também não fiquei pensando naquele olhar tão imprevisto. Não sabia eu que minha vida teria em breve uma reviravolta, não demorou mais que um ano, e tudo estava diferente. Eu me separei, comecei viajar para tocar longe de Brasília, eu ia e vinha de mês em mês para ver meu filho, que no início da separação ficara com a mãe.
Neste período que fiquei solteiro, recém separado voltei à vida antiga, tornei-me um conquistador, e era namorada daqui e dali, artista, solteiro, nem precisava ter dinheiro para arrumar mulheres nos bares da vida onde fiquei por um tempo, antes de encontrar meu verdadeiro amor e destino.
Em uma noite dessas, em que músicos se reuniam para conversar, depois de cumprir nosso mudando compromisso de animar as almas perdidas da noite, reencontrei meu amigo, o músico, que não sei se por vontade de Deus ou obra do acaso me levaria ao segundo encontro, com aqueles olhos negros determinados a me dominar.
Arco-íris
E assim se deu no nosso caso de amor
Como uma flor, que desabrochou
No meio do asfalto.
Minha vida, quadro cinza na parede
Retrato em branco e preto
Agora um arco-íris se pintou.
Ao seu lado tudo se transforma
Contornos viram formas
Desenhos de asa e flor.
Quando você me abraça tudo fica rosa
Não leio mais Rimbaud
Meu verso triste virou prosa.
Acordes dissonantes soam simples
Como as melodias do sertão.
E o amargo do café se adocica
Quando você fica, sem pressa e sem razão.
A vida com você é colorida e doce
Como um caramelo de paixão.
Eu quis beber não tinha leite
Eu quis comer, não tinha pão .
O meu pais está fadado
Está voltando a inflação
Se bastasse a pandemia
Ainda tem o apagão
O fogo acesso na Amazônia
Desperta gente pra solução
Nada pra beber,
Nada pra comer camarada...
Agora é moda citar a bíblia
Pra explicar contradição
Mateus 6:10, termo finito
Fim do conflito e desta confusão.
SOBRE A PAIXÃO
É possível que uma mente
iluminada pela inteligência
venha sucumbir à paixão?
Sim, até certo ponto
pois ninguém está totalmente imune
ao encanto da beleza e da inteligência superior.
Contudo, uma mente evoluída,
experimentada em vários campos da existência humana
tem a presciência de que a paixão é nociva
ao equilibro da alma.
Sendo assim, esta mente privilegiada
saberá administrar os efeitos da paixão,
que mesmo sendo pela beleza inteligente
pode ser instrumento de dor e sofrimento
a terceiros envolvidos.
Porém, a presunção humana pode nos induzir
ao erro, ao erro de nos achar superiores
Todavia, nesse campo, só a vivência pode nos socorrer.
Portanto se já dominamos a paixão carnal
especialmente no campo romântico
temos de fato franqueza no falar
e, em contrapartida, uma mente treinada
para vencer quantas paixões vierem nos atrair.
SE O MEU AMOR FOSSE CANÇÃO
Se o meu amor fosse canção
Seria música de Tom Jobim
De natureza, bela, de luz e de sol
Seria pra mim a nona perfeita
Divina, sem início nem fim.
Se o meu amor fosse canção
Seria ópera de Wagner
Romance de Isolda e Tristão
Eclipses de Caetano
“Qualquer Coisa” vã
Travessia de Milton
Sina de Djavan.
Se o meu amor fosse canção
Seria assim, cheia de defeitos
Melodia incompleta
Rascunho de poeta
Poema sem som.
Evan do Carmo
Quando se abre o labirinto do pensamento
e o homem a contento toma posse da razão...
É difícil encontrar duas coisas
que façam sentido
Em busca do paraíso perdido, nesse
emaranhado de contradição...
Vida humana, insana, sem gana
e sem grana...o que será de nós,
meu irmão...?
DEPOIS DO ARCO-ÍRIS
Depois do arco-íris
há um horizonte,
infinitamente azul
sobre a imensidão do mar
onde tudo é permitido
para quem sabe sonhar
para quem sabe ouvir o coração
um mundo pleno e colorido
onde todos pintam
com as cores da imaginação.
Depois do arco-íris
não há regra de conduta
desrespeito ou punição
a vida não tem fim
o sol nunca se põe
o amor é livre e belo
o verde e o amarelo
são símbolos de união.
Depois do arco-íris
há vida inteligente
passado e presente
se unem com razão
a mente se ilumina
o verso encontra a rima
no abraço entre irmão.
Álbum de fotos
Momentos que não vão voltar
Lembranças que são para guardar
De um tempo que tudo era mais simples e feliz
De manhã, um céu azul da cor do mar
Já era o suficiente para a felicidade pairar
Memórias da infância
Marcadas em um pedaço de papel
Saudade de quando o tempo era doce
Doce como mel
Soneto para Shakespeare
Enquanto sirvo-te, vives a me agredir
Para ti não passo de alguém estranho
Como um cão fiel persisto em te seguir
Tua vil ofensa pra mim é doce ganho.
Assumo as faltas, não oculto o inferno
Dei tudo de mim em troca de migalhas
Fui imaturo, mas sempre amável e terno
Meu amor é puro, como são as falhas.
E que lucro eu tiro deste árduo ofício?
Sendo humilhado em troca de nada
O bem que te faço é arte de suplício.
Um dia eu me canso de tanto repetir
Terás saudades de uma alma cansada
Em pé à tua porta, querendo dividir
Segure a língua
É o verbo que toca a alma
Então tenha calma
Não responda logo
Veja o verbete em sua língua
O que diz o filólogo...
Quem fala demais se compromete
Então não se mete
A mão no buraco do tatu.
Preste atenção na concordância
Não se entregue à arrogância
Nem sempre o outro
É igual a tu...
(...)A luz do entendimento se acendeu depois que o espírito da consciência se materializou, quando o verbo se fez letra e a letra palavra, então a palavra se fez discurso, e o discurso registrou eventos, ideias, sonhos e lendas. (...)
do livro O segredo da boa comunicação.
nas melhores lojas do ramo
As ondas da morte quebraram ao meu redor; Enxurradas de homens imprestáveis me apavoraram.
As cordas da Sepultura meenvolveram; Os laços da morte me confrontaram.(...)
2- Samuel 22:5-6
(...) Os homens céticos, os intelectuais rejeitam a bíblia, mas acham Shakespeare e Goethe gênios, desconhecem a fonte onde ambos beberam.(...)
Pobres mortais.
Quando fores a uma exposição
ou galeria de arte, não toques em nada
o divino está na contemplação.
A beleza deve ser sempre preservada da posse
tuas mãos não foram feitas pra pensar
usa a mente, o êxtase do encanto
reside em contemplar.
Não confundas a arte com mulheres
que se usa as mãos para tocar.
Veja a arte como flor imarcescível
nuncas sabes que matéria ele usou criar.
A IDADE DA RAZÃO
Aos 58 anos, penso, talvez, que seja a hora de escrever um livro maduro, cheio de experiências reais, experiências que acumulei durante toda minha vida. Contudo, não sei por onde começar. Qual seria o titulo deste livro? Notas do Subsolo, ou um simplório Zé Ninguém?
Um poeta, pois é assim que defino-me, não deve encher o mundo de miséria, nós temos a obrigação moral de incutir nos homens a ideia abismal de que a humanidade tem conserto. Logo concluo que um romance realista seria de pouca ou de nenhuma importância neste momento. A vida anda muito difícil pra muita gente, precisamos de fantasia, de ilusão, mesmo que passageira, a ilusão nos alimenta de esperança, e esta esperança, não raro muito fugaz, pode aliviar a dor emocional das guerras em curso, e, sobretudo do cataclisma que foi o holocausto e a recente pandemia.
O vinho e a poesia ilude, mas cura, se usados na medida certa.
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