Textos de Rita Lee
Todos os dogmas religiosos estabelecem uma sociedade moldada ao sabor do controle, muita gente precisa de muito monitoramento, assim a religião domina aqueles que lhes curvam a cabeça quando ameaçados pelo castigo eterno.
A fé distorcida e as crenças enfeitadas no sincretismo mexem com as emoções, dessa forma manipulam as pessoas para que creiam numa divindade exterior que lhes pune severamente.
O medo então os reúne cada vez mais em prisões sem grades, cujas correntes aprisionam sua imaginação e esmagam seu livre arbítrio.
Nós precisamos estar sozinhos em nossa mente, precisamos de nós mesmos, aceitar que o desconhecido temido na verdade é só um homem ignorante, até que o auto conhecimento o transforme naquilo que é, que sempre foi, senhor de si.
A solidão não carece de ausência de pessoas, mas de ausência de barulho interior, podemos estar a sós em qualquer lugar desde que aquietemos para nos ouvir.
Essa solidão é boa, em pequenas doses é o grande bálsamo da liberdade, aquele que nos revigora do excesso e nos acalma no agora silencioso.
Estar religado ao Ser Soberano sem o vínculo coletivo das grandes ilusões é Ser aquilo que se é desde sempre, é despertar do sono dos acordados.
"Quando alguém lembrar de ti
que seja com um sorriso,que uma lágrima doce banhe a face serena de quem falar teu nome.Uma saudade boa seja sentida por
jovens, velhos e crianças que em tua vida tenham vivido. Você perfuma o mundo
enquanto vive, lembre-se disso enquanto puder lembrar..."
Às vezes sinto-me como se estivesse num caminho sem saída e mesmo que quisesse voltar para trás parece que não dá, que estou num caminho de sentido único.
Já há muito que reparei que são poucas as decisões que eu tomo e das quais não me arrependo. Há algumas que nem são um problema enorme. No entanto, outras podem tornar-se um obstáculo. Um problema não só para mim mas também para os outros, para os meus, para os que amo.
Isso deixa-me frustrada. Por um lado quero desistir e aliviar as pessoas de um eventual peso. Por outro quero fazer valer a pena, quero mostrar que consigo, quero que sintam o mínimo orgulho de mim. O problema aqui é que a esperança que tenho nisso é cada vez tão mais pequena que me parece impossível continuar com o que quer que seja.
Sinto-me tão perdida. Sem rumo. Sem objetivos. Sinto-me um fardo, por vezes. Um fardo que os outros não querem admitir por pena do que eu possa sentir. “Isso é bom ou mau?”, penso. Considero ser bom essa “preocupação” com o que sinto, mas é isso realmente? Ou apenas e somente pena?
Não sei o que pensar, perco-me nos meus próprios pensamentos, não entendo o que eles me tentam de dizer. Não consigo distinguir se estão a ajudar ou prejudicar. Neste momento, eu só sei que doi. Doi sentir-me assim. “Tanta gente que se sente assim”, dizem. Não. Há quem se sinta pior, há quem se sinta melhor. Mas ninguém se sente como eu. Se há algo de que eu estou certa na minha cabeça é que não acredito que as pessoas saibam as dores das outras. Não acho mesmo possível. Apenas nós sabemos o que sentimos, somente nós. E por mais que o queiramos transmitir, exprimir, por mais que queiramos que as pessoas entendam a nossa dor, o nosso sofrimento, não dá. Simplesmente porque elas não estão na tua pele. Elas não estão a ter esses altos e baixos com os teus próprios pensamentos. És tu. És tu que estás a sentir. Mais ninguém. E, por isso, eu já desisti de tentar explicar o que quer que seja que estou a sentir porque eu acho, realmente, que não vale a pena. Aprendi apenas a sorrir e a dizer “está tudo bem”.
Quando somos jovens nosso olhar é largo, tão largo que muitas vezes só conseguimos enxergar os extremos.
Quando ficamos velhos talvez nosso olhar fique mais estreito, mas fica também mais profundo. Então conseguimos enxergar o caminho do meio, e olhar as coisas por dentro. Com algumas pessoas acontece o contrário...
PRÍNCIPE NOAH ♥️
Seja bem vindo Noah
Na doçura do seu lar
Onde papai e mamãe
E também toda a familia
Alegre estavam a ti esperar
Você é lindo presente
Que o Senhor ofertou
Jóia rara preciosa
Uma pérola, diamante
Um tesouro de valor
Você é raio de sol
Na vida dos seus avós
Do papai e da mamãe
De todos familiares
Você é o seu xodó
DEUS te abençoe criancinha
E te guie sempre na luz
Que sua vida NOAH
Seja sempre protegida
Na graça e amor de Jesus
Uma criança em casa
É algo que satisfaz
Ela nos traz Alegria
Dá colorido ao dia
Criança é bom demais
DEUS te abençoe hoje e sempre Noah
Com carinho
Rita Silva
Data 19-01-2022
TEMPO PARA REPENSAR _ A lição que um vírus nos deixa.
Fevereiro havia chegado; muitos de nós estávamos fazendo planos sobre onde passarmos o carnaval enquanto desde o mês de janeiro a China já estava enfrentando esse pequeno monstro sem que ninguém estivesse dando a devida importância.
O que ninguém sabia era que o pequenino monstro ainda desconhecido do grande público era uma mutação de uma família de monstrinhos, os primeiros deles , isolados no ano de 1937 , mas só em 1965 ganharam o nome de coronavirus por serem parecidos com uma corona, sendo que quatro deles eram os tipos mais comuns que infectam a maioria das pessoas ao longo da vida.
No final de 2019 quando todos nós ainda estávamos ocupados com festas e folgas de final de ano , nosso pequenino resolveu sair do baú, porém, numa versão mais moderna, teimosa, invencível ; e começou sua ira devastadora pela China.
-Ora... Mas era na China, né? Lá eles comem tanta porcaria!...
Em meados de janeiro de 2020, o bichinho , com 15 dias de vida, já tinha infectado cerca de 400 pessoas, matando cerca de 17 na cidade de Wuhan.
-Nossa! Muito pouco para o país mais populoso do mundo!
Quem ou o quê despertou e fortaleceu nosso monstrinho, não se sabe, como também não se poderia imaginar que ele fosse protagonizar uma história em nível mundial.
O bichinho desconhecido cresceu e ficou famoso. Foi ganhando espaços, galgando degraus em vários territórios. Bombardeando sem dó nem piedade seus opositores. Em torno dele foram surgindo as fake news. Milhões de histórias e suposições que só aumentam a cada dia.
Começaram então as teorias de experts sobre o surgimento do vírus, e a culpa que havia recaído sobre a alimentação exótica dos chineses, agora girava, entre outras hipóteses, em torno de uma provável estratégia dos americanos para enfraquecer a economia da China
-Mas ainda era na China, né?... Só na China.
E tudo seria quase perfeito se esse bichinho invisível, pequenino, mas poderoso, não tivesse tido a ousadia de atravessar fronteiras, atingindo, sem pedir licença, a Itália.
Então, essa história recomeça aqui. E eu faço parte dos milhões de coadjuvantes e figurantes, que nunca sequer imaginou fazer parte de uma história de suspense e terror.
Em 31 de janeiro de 2020 foi confirmado que o vírus havia se espalhado pela Itália quando dois turistas chineses eram positivados em Roma.
- Mas ainda assim nós não acordamos . A vida continuou normal na maioria das cidades italianas.
Codogno, Lombardia, fevereiro de 2020
Meados do mês. Começara uma movimentação em torno desse nosso protagonista malvado que fez sua primeira vítima na região da Lombardia: O paciente numero 1 foi hospitalizado após contaminar a esposa grávida e um amigo, três frequentadores de um bar, os pacientes e parentes, além da equipe de saúde de um hospital.
Muita gente fortemente gripada em toda a região. Inclusive eu. Mas pouca gente acordou na Lombardia . A maioria ainda não estava acreditando que essa coisinha invisível fosse tão poderosa, salvo o pessoal da cidade de Codogno, vizinha de Pavia.
- Ah, era só um virus como qualquer outro! Daqui a pouco passa.
Mas não passou e a pergunta era e ainda é: Quem contaminou o paciente numero 1?
Descobrir esse paciente numero zero era muito importante para traçar a rota do vírus pela Itália. Holmes diria que, provavelmente o paciente número zero é assintomatico.
O fato é que, a partir de Codogno e dos contágios no hospital, começaram a crescer as preocupações com o vírus em toda a Lombardia.
- Mas era só na região da Lombardia, né?...
A vida continuou normal, não obstante a algumas recomendações das quais nem todas foram acatadas pela população de cidades ainda não atingidas, mas, os italianos que tinham famílias no Sul e os mais abastados financeiramente, começaram a deixar a região gerando uma sensação que levou muita gente a pensar que a Itália inteira estava em pânico.
Naquela semana, a situação continuou numa seminormalidade: os metrôs e ônibus tinham diminuído significantemente o número de passageiros por causa das escolas e universidades que haviam parado, mas os trabalhadores continuavam a circular . Havia mais gente gripada em giro somando comigo. Uma gripe muito forte .
- Mas era só uma gripe, né?
As pessoas começaram a acordar para a gravidade da situação.
Milão , última semana de fevereiro de 2020.
Enquanto no Brasil as pessoas estavam lotando a Sapucaí para os desfiles de Carnaval, Milão acorda geral para a realidade da epidemia. O virus ataca com mais força obrigando a medidas mais drásticas; mais municípios do Norte eram afetados, vôos para a China foram suspensos e assim, negócios começam a ser fechados. Metrôs e ônibus quase vazios. Quem circulava, usava máscaras e mantinha distância das outras pessoas.
Novas medidas foram adotadas, pessoas começaram a ligar postergando compromissos, Supermercados fazem revezamento para entrada de consumidores aos poucos.
- Ah, não era só uma gripe!
Milão primeira semana de março de 2020:
As pessoas finalmente estavam conscientes de que deveriam fazer a sua parte. As ruas ficaram vazias e só iam para o trabalho quem ainda não havia sido dispensado. Ainda assim, tomando todo o cuidado possível.
-Minha gripe finalmente havia passado, restando apenas um resquício de tosse. Eu estava trabalhando 4 dias na semana .Três deles por 7 horas e um deles por 3 horas, mas no final dessa primeira semana, foi ampliado o estado de quarentena com medidas mais drásticas como restrições gerais de viagens, proibição de eventos e qualquer negócio cujo foco seja o público como cinemas, igrejas, funerais, casamentos...
Segunda semana de março de 2020:
A cidade parou. Completamente. Todos fomos obrigados a permanecer presos em casa sob pena de prisão e multa. Só funcionam bancos , correios, farmacias, supermercados e fábricas.
Estamos na primeira quinzena de março. Presos dentro de casa.
Ainda tenho uma tosse discreta , como muita gente. Saber se estamos contaminados ou não, só após a quarentena, esse é um dos motivos principais da obediência às regras. Como nem todos temos os mesmos sintomas e o serviço de saúde deve ser resguardado às pessoas em situação mais vulnerável, em quarentena não corremos o risco de contaminar ou sermos contaminados. Às vezes chegamos na janela. Às vezes.
Enquanto isso no Brasil, o povo foi para uma manifestação. Um aglomerado de pessoas que deveria ser evitado. Alguns estão confiantes de que o vírus não seja resistente ao calor, porém, estão se esquecendo de que isso não é uma regra e, se fosse, o país é grande, há lugares frios onde alguém contaminado pode, daqui a pouco que é inverno na maior parte do país, levar o vírus para além. O fato é que as pessoas pensam que estão imunes. Isso é perigoso. As pessoas pensam que não estando dentro da parcela de vulneráveis as livra do vírus. Um pensamento egoísta, mas enfim, falar o quê se o outro nem sempre tem importância para todos?
Na Inglaterra ontem o plano de contingência era deixar 60% da população ser contaminada para criar imunidade nos que restarem, hoje, o governo britânico anunciou que vai mobilizar fábricas para produção em massa de respiradores e pediu o isolamento dos idosos e vulneráveis, o que dá a entender que ele voltou atrás na ideia de tentar criar imunidade em grupo, o que foi criticado por cientistas.
É noite agora aqui em Milão. No noticiário vi que o Presidente do meu país, ainda não confirmado se positivo ou negativo para o vírus, levianamente compareceu à uma manifestação. O que pensar sobre isso? O que dizer mais?
Nesse momento, médicos e todas as equipes de saúde, trabalham incessantemente para conter o vilaozinho dessa história. Mas parece que ele ganha cada vez mais força na medida em que as pessoas não colaboram. Parece mesmo que existem dois lados. Que estamos num campo de batalha. De um lado os mocinhos tentando acabar com a guerra e do outro, os que se aliaram ao vilão dessa história, jogando mais fogo na fogueira, alimentando ainda mais o vilaozinho. E o trabalho dos mocinhos sendo pagos com indiferença e ingratidão.
Sem a colaboração de todos, é como enxugar gelo
-Não seria essa a hora de parar para repensar no por quê de tudo isso?
Hoje, nessa quarentena, onde nada nos resta a fazer a não ser observar e refletir, percebo que esse vírus está revelando o verdadeiro lado das pessoas, deixando um monte de mensagens.
Esse vírus está revelando que mais basta ter Deus dentro de nós e não ter religião a ter uma religião e não ter Deus no coração; que há necessidade de aprendermos o valor da amizade, do silêncio; de proteger os nossos velhinhos que guardam a sabedoria que precisaremos para cuidarmos das nossas crianças, para que eles possam ir à sua hora, morrer de velhice e não vítima do descuido, da intransigência, da indiferença.
Esse vírus está nos ensinando que precisamos agir com consciência, indo além dos nossos próprios interesses, cuidando do mundo como um bem comum a todos.
Que está na hora de reciclar nossas atitudes, exterminando a luxúria, a gula, a avareza, a ira, a soberba, a ganância, a falsidade, a língua, a vaidade e o egoísmo.
Esse virus está nos ensinando sobre a necessidade de reaprendermos o valor do tempo, para que possamos colocar as pessoas, e não as coisas como prioridade, e consequentemente doarmos mais compreensão, mais tolerância , mais amor e mais tempo para nós mesmos e para o outro.
Lá fora, a natureza também nos deixa uma lição: as plantas esse ano começaram a florescer bem antes , anunciando no segundo país mais atingido, a estação mais linda do ano. Será que isso não é um sinal de que, nós humanos, precisamos florescer em humanidade?
Vamos refletir sobre nossas ações. O espetáculo tem que continuar mas nós não podemos deixar nenhum vilão protagonizar a nossa história, comandar o nosso barco. Paz na terra aos homens de boa vontade! Que sejamos nós os protagonistas dessa história. (Rita Procópio - - Milão- Março 2020)
Crítica do Filme de Davi Galdino: Guerra das Bolinhas - 2019
"Guerra das Bolinhas (As Bolinhas) é um curta-metragem que, assim como as próprias bolinhas, passa rapidinho e não deixa saudades. Fica difícil entender o que as bolinhas pretas estão tentando dizer (se é que estão tentando dizer algo!). A ausência de som talvez seja um alívio, pois evita que percamos preciosos segundos de nossas vidas ouvindo bolinhas em movimento. Davi Galdino, o diretor, conseguiu a proeza de deixar os espectadores com uma única pergunta na cabeça: por quê? Enfim, um curta-metragem que pode ser facilmente esquecido, assim como as próprias bolinhas."
O pescador
O pescador arremessa a isca
Que ultrapassa as barreiras
Do agitado mar de janeiro
Que deveria ser a calmaria do verão
O quebrar das ondas agitadas
Impede o lançamento da linha mar adentro
Devolvendo a isca que volta ao seu dono
Rompendo o desejo tão sonhado
É o pescador e a isca lutando
Para a sobrevivência e objetivos de ambos
O peixe sem nada a entender
Continua sua jornada normalmente.
Sem você
Sombrias seriam as noites
Sem você nos meus pensamentos.
Vazio seria o tempo sem uma razão para viver.
Intensos seriam os dias
Se você estivesse ao meu alcance
No meu mundo
Na minha vida
No meu destino...
Quero motivos suficientes para sonhar
Quero tempo sobrando para buscar
Venha!
Acorde-me deste sono agitado
Leve-me com você
No seu sono leve
Quero voar
Como as águias que atingem o céu.
Me ame
Me ame como você quiser
De qualquer maneira
Em qualquer lugar
Mas me ame sempre que puder.
Dê-me seu carinho com suas mãos delicadas
Envolva-me nos seus braços fortes e aconchegantes
Com calma e sem pressa de ir embora
Apenas esqueça-se das horas
Olhe-me nos olhos com ternura
Ame-me profundamente e sem pudor
Quero me perder na aurora
Sem me importar com nada
Ame-me na calada da noite
No breu da madrugada ou no sol escaldante
Ame-me do jeito que for
Calado ou dizendo tudo
Mas me ame de verdade.
Decisões
Há muito que dizer
Há muito a saber
Sobre mim
Sobre nós
Nossa vida
Nosso destino...
Embora os dias tenham um fim
E as noites sejam frias
Um dia tudo acabará
O nosso encontro, os nossos planos
Quando menos se esperar.
Sempre haverá tempo para escolhas
Sempre haverá um caminho a seguir
Com obstáculos ou não
Seremos postos à prova, frente a frente.
Entre o medo e a decisão
Decisões sem surpresas
Decisões com surpresas
Amargas...
Doces...
Sempre haverá decisões.
O que queres
O que queres que eu te diga?
Além de eu te dizer
Que o amor está acima de tudo.
O que queres que eu te diga,
Se o amor supera tudo?
Vem! Temos muito que falar
Temos muito a dizer um ao outro
Há uma diferença muito grande
Entre o dizer e o sentir.
Vem! Não há mais tempo algum...
Os dias estão passando
E não há mais como voltar atrás
O tempo corre numa velocidade
Sem limites e sem se importar
Se nós estamos vivendo ou não.
Astro fulgente
Quando o vejo em meu leito sombrio
Uma trilha abre-se
Nela surge um astro fulgente
Desperta meu ser mortal desfigurado
Na sua felicidade a minha deita-se.
A primavera antecipa-se
Mostrando sua linda e colorida aquarela.
Suave é á noite quando o sopro de tua voz
Anuncia a chegada das estrelas
Afugentando a escuridão da noite
Num aceno ímpeto de saudade.
A bruma acaricia o gramado íngreme
Contemplando as madeixas das copas
Que balançam ao soneto do vento...
O caminho
Meu caminho é longo
Às vezes desanimo
Outras vezes me alegro
Talvez eu fique à tua espera
Talvez deixe a cidade...
O pranto tenta me alcançar
O barulho rompe as palavras
Ensurdece o silêncio
Enlouquece...
Ameaça a pureza da alma.
Cansada...
Exausta...
Vou procurar sem planos
Um pouco de aventuras
Sem leme
Sem bússola
Busco meu destino...
Varanda
Na varanda sobre a rede verde oliva
Descansa o corpo cansado do homem
Que sobre ela observa o céu nublado
Do mês de janeiro tão esperado
Na boca o doce refrescante sabor
De morango derrete ligeiramente
Sobre o vento que bate sem nenhum pudor
Deixando sobre as mãos apenas o vazio.
Várias vezes
Várias vezes desprezei minha vida
Várias vezes desprezei meu sentimento
Várias vezes desprezei meu espírito
Várias vezes tentei desprezar minha alma
Mas ela nunca deixou que meu desprezo
Atingisse seu interior
Apenas limitou-se a observar
Meus movimentos
Minhas loucuras
Meus devaneios
Só assim conseguiu me conter.
Manhã de verão
A neblina era incomum e densa
O ar quase fumarento e incerto
Sua textura era absolutamente perfeita
Para uma manhã que estava apenas começando.
O sol surgiu detrás da neblina
O vento suave enroscava meus cabelos
Que voava suavemente.
Com a mente livre
Acompanhei os contornos do horizonte
E com a ponta dos dedos perlonguei
Até sentir o céu perto de mim.
Abruptamente percebi que estava só
Apenas eu e o mar
Afaguei minha pele
Senti o arrepio
Quando percebi o murmúrio suave das ondas...
Ritmo
Ao dançar no ritmo da chuva
As gotas percorreram meu corpo
Deslizando como se fossem
Suas mãos a acariciar minha pele
Ritmando nas curvas adentro.
De braços abertos dancei...
Dancei, deixando que as carícias lavassem meu corpo...
Até que ela se acalmasse e fosse embora
Levando com ela um pedaço de mim.
Tributo
O pensamento dissipa-se ilimitado
Como se te prestasse um tributo da paixão
No vento teu nome é pronunciado
Entrelaçando um séquito de fantasia
Brota no poente o sol amarelado
Da janela o contemplo astro rei
Sábia é a língua capaz de louvar
Tanta beleza no longínquo abismo
Onde o silêncio retalha os ruídos.
Uma fração de mim habita dentro de ti
Vertente que escorre intensamente
Meu querer carregado do orvalho
Ofertando seu bálsamo cobiçável.
Inverno
Como é majestoso contemplar
Os horizontes nevados e alvos
Da janela me concentro na sua bruma
Enquanto meu corpo é aquecido
Pelo fogo intenso da lareira
Que flameja incessantemente.
O inverno chegou e as rosas feneceram
Tudo alvo ficou de repente
Agasalhamos nossos corpos e ficamos
À espera da primavera que logo chegará
Trazendo as rosas de volta
E nosso jardim dar vida novamente.
