Textos de reflexões

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⁠Escrever é meditar

Escrever é traduzir sentimentos
É materializar pensamentos
Dar mais vida a imaginação
Conectar mãos e coração

Mergulhar na própria mente
Fazer da criatividade sua semente
Das palavras seu jardim
Cada letra brota assim

Faz a alma florescer
Seu interior transcender
Se tornando um altar
Escrever é meditar


Alan Alves Borges
Livro Confuso Coração

Inserida por AlanAlvesBorges

⁠Sentimento discreto

Entre mundos distantes
Um sentimento nasce discreto
Sem razões que se explique
Surge feito um tímido milagre

O individuo que o porta
Em seu peito machucado
O chama de mera ilusão
Esse amor de Platão

Mas como uma miragem
Em um deserto interior
Que vive o perdido portador
Torna-se uma esperança

Sua alma machucada
Começa aos poucos se curar
Aquilo que chamou de ilusão
Traz luz para seu coração

Uma alma cura outra
Mesmo longe sem perceber
Só pelo fato de existir
Desperta na outra um novo sentir


Alan Alves Borges
Livro Confuso Coração

Inserida por AlanAlvesBorges

⁠Timidez

Apesar do medo da proximidade
Que mantém a ligeira distância
Os corações excitam-se
Em um misto de medo e vontade

Mesmos distantes os corpos
As almas se tocam em abraços
E pelos olhares se esconde
Um silencioso e oculto beijo

Tem palavras que o amor não diz
Ainda assim elas doem
Naquele silêncio sufocante
Onde as vozes se calam

O arrependimento maior
É o questionamento do: por que não fiz?
E o amor escondido permanece
Com inocência timidez


Alan Alves Borges
Livro Confuso Coração

Inserida por AlanAlvesBorges

⁠Sem nenhum sentimento

Olhares vulgares
Desprovidos de pudor
Que escolheram a luxúria
E se esqueceram do amor

Beijos vazios
Sem nenhum sentimento
Que se entregam ao desejo
Em um carente momento

Corpos fogosos
Em íntima conexão
Mas almas distantes
Pois, não se uniram em coração


Alan Alves Borges
Livro Confuso Coração

Inserida por AlanAlvesBorges

⁠A Lua chorou

Hoje a Lua chorou
Sua paixão a machucou
Magoou seu coração
Sem carinho lhe pôs a mão

Bela Lua pobre
Não teve muita sorte
Foi se apaixonar
Por quem não sabe amar

Uma paixão violenta
Não se sustenta
Pois, sem respeito
Não se vive direito

Pobre bela Lua
Essa vida sua
Que era bem vivida
Ficou tão ferida

As violentas paixões
São terríveis maldições
Monstros disfarçados de amores
Que trazem apenas dores

Lua pobre bela
Não fique a espera
Que isso vá parar
Não deixe te machucar

Por favor, não tenha medo
Não faça disso um segredo
Tu não podes permitir
Ajuda você tem que pedir

Hoje a Lua chorou
Sua paixão a machucou
Magoou seu coração
Sem carinho lhe pôs a mão


Alan Alves Borges
Livro Confuso Coração

Inserida por AlanAlvesBorges

⁠Valorize seu coração

Se você foi abandonado
Traído ou rejeitado
E seu coração doer
Se isso te fez sofrer

Por favor, preste atenção
Valorize seu coração
Seja você quem for
Por favor, não mendigue amor

E não se entregue a tristeza
Isso vai passar com certeza
De valor em quem você é
E na vida não perca a fé


Alan Alves Borges
Livro Confuso Coração

Inserida por AlanAlvesBorges

⁠Não sofra por quem não soube dar valor

Às vezes o que parece perda, é ganho
E o triste fim, uma jornada que será mais feliz
Às vezes as crises, não é por que você errou
Mas porque aquela etapa você terminou
E uma nova jornada se iniciou
Use as lágrimas para lavar alma
Não deixe que a traição tira sua paz, sua calma
A dor dura apenas momentos
Mas depois é eterno o crescimento
Deixe ir o que não quer ficar
O que não merece contigo estar
Deixe no passado o que não faz mais sentido
Não leve para seu futuro o que te fez infeliz
É normal você se sentir perdido
E não aceitar o que aconteceu
A dor faz parte, as mágoas também
Mas buscar superar te fará mais bem
O que passou, passou, já acabou
Não viva nos ressentimentos
Busque novos bons sentimentos
Se levante, fique de pé, tenha fé
Não sofra por quem não soube dar valor
Não se iluda por quem não sabe o que é amor
Deus te deu força, você é Guerreiro
Então, não perca tempo com aventureiros
Se relacione com boas pessoas, que edificam
Com quem acrescenta coisas boas na sua vida
Use as cargas para fortalecer sua mente
Aceite o presente, como um novo presente
Ser forte é mais que vontade, é decisão
De valor ao seu coração


Alan Alves Borges
Livro Confuso Coração

Inserida por AlanAlvesBorges

⁠Amanhecer interior

Em um amanhecer interior
Começou a florescer o amor
A partir daquele sentimento
Foi como um novo nascimento

Onde as frustrações morreram
E as esperanças nasceram
Com um mágico novo olhar
A beleza da vida passei a enxergar


Alan Alves Borges
Livro Confuso Coração

Inserida por AlanAlvesBorges

⁠Revelação Interior

Na luta solitária, onde só eu existia,
Descobri, por entre as sombras da minha alma,
Que tudo o que é externo, em sua aparente calma,
Secundário se torna, na luz do novo dia.

Em minha jornada, o ser em mim se desafiava,
Na forja do meu íntimo, um novo eu se forjava,
Nas chamas do autoconhecimento, o velho se apagava,
E na essência pura, um espírito renascido brilhava.

Na calada da noite, onde o ego se calava,
Nas profundezas do ser, a luz da alma emergia,
Cada estrela, um pensamento, no céu do eu brilhava,
E na infinitude de mim, a verdade resplandecia.

No silêncio sagrado do meu íntimo despertar,
Em cada suspiro, uma nova sabedoria florescia,
No vasto mar do ser, onde só a alma pode navegar,
Encontrei a paz, na qual minha essência se fundia.

Inserida por AugustoGalia

⁠ EM ALGUM LUGAR

Por algum momento,por algum motivo,paramos de sonhar e quando se para de sonhar se envelhece,muito rápido,ficamos cegos,surdos e mudos para as alegrias da vida,cansamos ,desanimamos,esquecemos como é correr,como sorrir,como sonhar ,tudo fica cinza e turvo como nossas vistas em conformidade com o tempo passando e nos levando.
Quando paramos de sonhar trancamos a criança que existe ainda dentro da gente,a aprisionamos no armário das lamentações que se agiganta dentro de nós com o passar do tempo,é alí que guardamos tudo que deveríamos (se fôssemos inteligentes) jogar fora,que não serve pra nada além de nos chatear, que não nos leva à lugar algum além do ranço de ser e estar velho e ranzinza e criança não fica triste por isso é preciso tranca-la me algum lugar e nada melhor que o armário ranzinza para isso.
É neste armário que o escuro mora,nele nada pode,nele você é ridículo, simplesmente porque é feliz, não vivemos para morar no escuro, não é necessário prestar atenção na existência dele,o escuro nos segue,nos espreita ,mas como tudo que desprezamos, à ele deveríamos o mesmo.
Ignorar é a melhor arma para vencer o desânimo, primeiramente ilumine seu armário ranzinza,entre sem medo e jogue fora tudo que está ali só pra te lembrar de tudo de ruim que te aconteceu,te garanto que entrando nele somente se lembrará das tristezas,as alegrias estão esquecidas em outro lugar e você precisará de boa vontade para encontra-las, mas elas estão ali, te garanto, reunidas ,te esperando, são humildes por isso não fazem alarde, mas como um filhote de cachorro, basta colocar um pouco de calma em seu coração que a mágica acontece.
Então tire a pobre criança que foi posta de castigo e deixe-a livre, sorria,de gargalhadas,fale bobagem,quem disse que é feio?feio é ser triste, não existe feiura na alegria,não existe regra pra ser feliz,por isso as crianças o são.
Existe limites,não somos mais fisicamente crianças,não podemos correr pelados pela rua,mas podemos pular nas poças de água,rolar na terra,deitar nas enxurradas,imitar passarinho,ver o sol nascer e se por,cantar,existem limites?Sim é claro que existem,e são seu bom senso,você pode ser feliz contanto que não entristeça nem aborreça aquele que não está a fim de sê-lo.
Depois que você encontrar onde a felicidade se esconde ,trate bem dela, alimente-a, ela não pede muito só o necessário e o necessário está em tudo que você olhar e sentir.SEJA FELIZ.

Inserida por jodejau

⁠Você precisa estar na vida de alguém que precise de você.
Quando um precisa do outro, ambos fazem a diferença, se ajudando e acrescentando coisas boas na vida do parceiro (a) e assim, tudo fica mais leve.
Pessoas que não precisam de você, não lhe tratam da maneira que você merece.
Põe isso na sua cabeça!

Inserida por joycetinoco

⁠Versos da Alma Inquieta

Nesse emaranhado de palavras e versos,
Desliza a alma em busca da verdade,
É como se fosse um sopro, um universo,
Que brota do âmago da humanidade.

Como um eco das vozes que já se foram,
Mas que ainda ressoam em nossas mentes,
Assim são os versos que surgem agora,
Em um canto que vem do mais profundo da gente.

Sou um poeta que vive em contradição,
Entre o eu que sou e o eu que não conheço,
Buscando a luz que me guie na escuridão,
A me libertar do que sou e do que esqueço.

Minha poesia é um mistério sem fim,
Que tenta decifrar a existência humana,
Com o poder de uma mente além do comum,
E a sensibilidade de uma alma profana.

Revelam-se ideias, palavras e rimas,
Na poesia que brota de minha mente,
Em versos que ecoam como sinas,
Da vida que se esconde, indecente.

São suspiros de um coração inquieto,
Que busca nas palavras a verdade,
E encontra no verso um mundo completo,
Onde a alma encontra a sua liberdade.

Assim, as linhas se cruzam e se entrelaçam,
Numa dança suave e envolvente,
Que aos poucos o mundo em poesia transforma,
E a vida se torna mais bela e comovente.

Inserida por AugustoGalia

GRITO

Há feridas dentro de mim, invisíveis mas vivas, que sangram em silêncio. Elas tingem a minha alma de uma cor cinzenta, um vazio que ecoa como um abismo sem fim. Sinto-me aprisionada por minha própria existência, como uma linha frágil, prestes a romper, suspensa sobre um abismo. Observo aqueles que celebram a vida, e me pergunto: "O que eles têm que eu não tenho?"

Minha autoestima é um fio tênue, quase rompido, e o mundo parece ter se esquecido de que eu também sou feita de carne e osso. Eu não me encaixo nos moldes sociais, nas métricas de beleza e sucesso que nos são impostas desde o berço. Meu corpo é grande, mas o meu coração também é. E nele, apesar de tudo, ainda ressoa uma canção silenciosa de amor.

Vivo arrastando-me pelos dias, como quem carrega o peso do mundo nos ombros. Noite após noite, meus pensamentos são uma maratona sem fim, correndo freneticamente em busca de uma resposta, de um motivo para continuar. Ainda assim, nunca desisto. Agarro-me à vida como quem se segura à última corda de um precipício.

É nesses momentos, quando o silêncio ensurdecedor toma conta de mim, que pego minha caneta e deixo que ela deslize pelo papel, como um grito mudo. Escrevo não apenas com tinta, mas com a essência do meu ser, com toda a força e vulnerabilidade que habitam dentro de mim. A caneta é a extensão da minha voz, e o papel, o único ouvinte de minha alma.

Nesse instante, faço do meu grito um poema, uma sinfonia silenciosa que ecoa nas páginas em branco. E, mesmo em minha solidão, em meu isolamento autoimposto, eu sinto como se alguém, em algum lugar, pudesse ouvir a minha dor.

Inserida por poetisaluceliasantos

⁠Cálice



Sem teus beijos quase morro de amor
Beberia do cálice proibido
Sem ver-te, seguir não consigo
É um castigo suportar tamanha dor

Se ei de desfalecer, que seja em teus braços
Ao deitar-me, minha alma grita de angústia
Tão melancólica, sussurro a nossa música
Em meu peito abriu-se um buraco..

Esse amor é fogo e flameja em mim
Viver sem ti, eu não suportaria
Fui tragada pelas chamas da paixão que vivia
Mergulhei no mar para delongar meu fim

Nessas águas, a minha dor clama e retorce
Um ser, diante de um cálice, solitária e selvagem
Se teu amor, minha tristeza afugentasse !
Sigo faminta da tua voz e do teu olhar que me envolve.



Lucélia Santos

Inserida por poetisaluceliasantos

⁠Amor Eterno

Quando o amor escapa por entre as mãos
E acha-se que não mais o encontrará
O mundo dá muitas voltas e então
A este amor, novamente ele te levará

Pensasse que para amar é preciso ter
Engana-se em acreditar assim
Quando se ama, mesmo sem te pertencer
O coração quer vê-lo feliz, mesmo sem ti

O corpo e rosto envelhecem com o tempo
Mas este amor, ele continua novo e vivo
É como se o colocássemos para dormir pequeno
E depois o acordassemos grande e lindo

A dor da saudade é um alarme, um aviso
Que esse amor permanece ali
É eterno, verdadeiro, por toda vida vivo
Nada é capaz de destruí-lo mesmo por partir.


Lucélia Santos

Inserida por poetisaluceliasantos

Escopos da vida

Mais uma vez; sozinho!
Estive ontem, também; sozinho!
Amanhã não posso estar diferente.
Afinal de contas, todos os meus amanhãs
Serão sempre, sozinho.

Passei pela vida sem ter religião e nem amigos.
Ou talvez tivesse amigos; mas todos, sem religiões.

Não, não tenho arrependimentos!
Estou hoje entre a covardia de ser eu mesmo
E o mistério que é a covardia de não ser ninguém.
Ainda que para isto; eu me torne subitamente alguém.

Tenho vivido de fronte à tantas portas,
Portas que ninguém mais consegue passar...
Que não passam, porque diante de mim nada passa.

Estou indiferente a mim mesmo.
Porque tudo aquilo que não posso ser
Hoje eu sou!

Mas sem pais.

Ah, se ao menos tivesse um pai.
Se ao menos tivesse um pai, teria os ombros mais leves.
Como um pássaro carregado pela mãe.

Estou sozinho, sendo um bonifrate imaginário, sem imaginações.
Sem imaginações, porque na minha vida nada muda.
Nada melhora e nada piora, nada é novo!
Tudo é velho e cansativo, com a minha alma.

Sou um escritor que faz versos que não são versos.
Porque se fossem versos, teriam melodias e métricas.

Ah, escrever, sem versos e métricas, como a vida.
Ao passo que os meus não-versos prosseguem,
A inabilidade caminha rumo ao meu coração.
Este castelo fantasmagórico, este lugar de terra cinza.

Tudo na minha literatura é velho e cansativo.
Como o autor deitado em uma cama esticado como uma cuíca.
O silêncio do meu quarto fatiga os ouvidos do meu coração.
A minha vida é uma artéria atulhada de lembranças solitárias.

Lembro-me que ao nascer...

O médico olhou-me aos olhos e parou de súbito.
Caminhou pelo quarto e sentou-se em uma cátedra.
Ergueu as mãos ao queixo, apoiou-se fixamente sobre ele.
E ficou ali a meditar profundamente.
Passou-se o tempo e tornei-me infante.

Subi ao céu, observei o mundo e aconteceu;
Deitei o mundo sob os meus ombros.
Depois desci ao pé de uma árvore e adormeci.
Quando acordei estava a chorar de arrependimento.
Na casa que eu morava, já não havia ninguém.

A minha mãe diziam ter ido ao céu; procurar-me!
Não tendo me encontrado, tratou logo de nunca mais voltar.
E por lá ficou, e nunca mais a vi.

Nunca soube por que o destino inóspito lhe tirou a vida...
Se o altruísmo materno é a metafísica de toda a essência
Ou se abúlica vivência é pela morte absorvida,
Não seria à vossa morte um grande erro da ciência?

Talvez um pai!
- Meu pai perdeu-se nos meus ombros,
Era um fardo que eu sustentara sem nunca tê-lo visto.
Todos os meus sonhos e ambições nasceram mortos.

Descobri que a alegria de todos; era o mundo sob os meus ombros.
Olhavam-me e riam-se: Apontavam-me como a um animal.

Quando resolvi descer o mundo dos meus ombros,
Percebi que a vida passou; e nada de bom me aconteceu.

Não tive esperanças ou arrependimentos.
Não tive lembranças, culpas ou a quem culpar.
Não tive pais, parentes e nem irmãos.

E por não tê-los; este era o mundo que eu carregava aos ombros.

Este era eu.
Sozinho como sempre fui.
Sozinho como hoje ainda sou.

Um misantropo na misantropia.
Distante de tudo aquilo que nunca esteve perto.
Um espectador que tem olhado a vida.
Sem nunca ter sido percebido por ela.

A consciência dos meus ombros refletida no espelho
Demonstra a reflexibilidade desconexa de quem sou.
Outra vez fatídico, outra vez um rejeitado por todos.
Como a um índio débil que o ácido carcomeu.

Ah! Esse sim; por fim, sou eu.

Eu que tenho sido incansavelmente efetivo a vida.
Eu que tenho sido o fluídico espectro de mim mesmo.
Eu que tenho sido a miséria das rejeições dos parentes.
Eu que tenho sido impiedoso até mesmo em orações.
Eu que... – Eu que nunca tenho sido eu mesmo.

Ah! Esse sim; por fim, sou eu.

Ouço ruídos humanos que nunca dizem nada.
Convivo com seres leprosos que nunca se desfazem,
Desta engrenagem árida que chamamos mundo.

Ah, rotina diária que chamamos vida.
Incansáveis restos de feridas que sobrevivem,
Nesta torrente da consciência humana.⁠

Inserida por AugustoGalia

⁠A janela

"Je laisse la vie, comme les fleurs laissent la mort!
Les fleurs laissent la mort jolie,
La décoration des fleurs est unique,
Qui fait la mort jolie? sinon les fleurs?
Les fleurs embellissent, ensorcellent!
Elles sont la beauté de l'enterrement.”

Ao som das estações, fabricam-se ossos e costumes,
Estátuas e revestimentos culturais.

Há dias tenho tido lembranças de outras lembranças,

Tenho conjurado sonhos irreais em pesadelos,
E tenho tido pesadelos conjurando sonhos.

Possuo dois cérebros: Passíveis,
Conjurados um contrário ao outro.
Pela plenitude fictícia de nunca estar certo,
Tendo por prazer real, nunca se saber quando é que se está louco.

Com alguns retratos, eu escondo partes de uma parede despojada,
Expondo pequenos espaços a serem preenchidos pela imaginação.
Ah, esse pequeno mundo que arquiteto debruçado na janela.
Eu vivo em paredes que só existem dentro de mim.

Observo distante, esses quadros anacarados a vela,
Passo as horas tal qual um relógio velho; atirado-me ao chão.
Sob a escuridão de mim, oculto-me neste escárnio quarto,
Fico imutável na depravação imaginária dos pensamentos.

Escrevo sobre tudo, sem ter nunca conhecido nada.
Aqui redijo! – Como quem compõe e nada espera,
Como quem acende um charuto e não o traga,
Apenas saboreia-o por mera desocupação.

Escrevo, porque ao escrever: – Eu não me explico!
Como quem escreve, não para si, não para os outros,
Escreve; porque tem que escrever.

Transcrevo em definições um antinomismo de mim mesmo,
Depois, faço algaravias conscientes da imperícia consciência.
Nada é mais fétido do que a minha ignorância erudita.

Há três horas; – Sinto diferentes sensações,
Vivo a par disto e daquilo; – E sempre a par de nada,
Estou repleto de preocupações que não me preocupam.

Calmamente, inclino-me para o mundo de fronte à janela,
Observo que por pouco observar, eu tenho a visão da praça,
Diante dela, tenho também a visão de um pedinte violinista.

Inclino-me para dentro de mim e tenho a visão de um homem,
Que hora é homem e hora são as minhas sensações,
De que tenho sido um homem.

O meu mundo é o que posso criar da janela do meu quarto,
Esse coveiro desempregado da minha senil consciência,
Um túmulo escavado por falsas descobertas arqueológicas,

A terra anciã é o amparo às minhas espáduas sonhadoras,
Preceitos juvenis? – Todos mortos! E hoje são somente terra,
Mas estou cansado; acendo outro charuto e me afasto da janela.

O silêncio dos meus passos conforta o meu coração,
A fumaça traz lembranças que me fazem sentir,
Ainda que eu não saiba exatamente o quê.

Sou indiferente aos lugares que frequento,
Tenho sido visto por muitos, mas tenho visto tão poucos.
Ah, ninguém me define melhor do que eu mesmo.

Caminho de fronte ao espelho: A tentar definir-me,
Certeiro de que ao derradeiro fim, não terei definição alguma.
Exceto, a falsa definição de que me fizeram os tolos.

De volta à janela,
Vejo a esperança exposta em uma caneca e um violino.
As mãos que sustentam a caneca, cansam antes das cordas.
Os homens passam e rejeitam ajudar com um mísero centavo.

Ah, cordas que valem menos do que o som que proporcionam,
Ouço-o e por ouvi-lo, eu observo os espíritos desprezíveis,
O meu cansaço distorce as melodias que essa alma compôs.

Diferencio-me e jogo-lhe alguns centavos:
Ah, uma esperança surge nos ombros cansados.
O violinista volta a executar melodias nas cordas senis,
A pobre rabeca se torna um estradivário valioso.

Eu sou um escritor, mas, não sou ninguém.
Agora esse violinista; talvez seja alguém.
Talvez escreva melodias que muitos ouvirão,
Ou que ninguém, talvez!

Dentro de um raciocínio lógico eu o defino ao definir-me.
Ele é a esfera do infortúnio. – Eu sou a pirâmide do êxtase.
Intercalamos entre o que está por vir e o que está presente.

Reacendo o charuto, fecho os olhos e ouço a melodia,
Desta janela vivo sendo outro, para evitar ser eu mesmo.

Eu poderia sentar a praça e observar, de perto, o violinista;
Tudo que vejo da janela me deixa com os olhos em lágrimas.
Aqui de cima o mundo é admirável, mas não consigo explicar-me.

Que faço eu? – Que faço eu ainda aqui, debruçado na janela?

Inserida por AugustoGalia

⁠Tinteiro decrépito

Ah! Distância afamada das preocupações do mundo,
Calmaria sem consequências ou arrependimentos.

Estou assim, semelhante a um tinteiro velho; sem préstimo,
Tendo os outros a consumirem-me aos poucos,
A usarem-me de um lado e do outro.
Estou farto de ser um tinteiro velho.

Queria ser um tinteiro novo em forma de caneta.
Ou uma caneta nova em forma de tinteiro.

Ah! Coração; rabisca-me em um papel qualquer.
Por que não sou igual aos meus conhecidos?
Despreocupados e estúpidos.
Muito mais estúpidos do que despreocupados.

Quero esquecer e lembrar quando esquecer,
Dormir e esquecer o que é dormir.
Depois acordar e olhar ao lado e ainda estar ali,
Estúpido e despreocupado a tentar esquecer porque existo.

O que é existir senão sermos conscientes de que somos nós mesmos?

Eu não quero consciência alguma!
Nem comigo e nem com o mundo.

Quero estar inconsciente como um mendigo adormecido ao pé de mim,
que há muito se esqueceu da casa que viveu e dos que viveram com ele.

Quero relembrar do meu passado de sonhos e conquistas,
Marcando-o como restos de sonhos e conquistas.
Depois quero adormecer novamente e turbilhonar com o destino
Ao sonho de que entre ruas e calçadas me esqueceram.
E de que do fundo de um poço emergi em turbilhões.

Ah! Este monte de terra vermelha que sempre fui.
Por que em mim nunca se plantaram flores?

Estive sempre fértil no universo da minha consciência.
E sempre estéril na consciência defasada do mundo.

Como a qualquer mendigo, também não tive onde morar.
Tive na vida os cuidados opostos ao que merecia, por ser eu.
Por estar despreocupado à vida passou. Eu envelheci...
Hoje aos 21 anos tenho mais alma do que um senhor de oitenta.
Porque quanto mais eu vivo, mais eu deixo de viver, por dentro.

A vida me reservou, por covardia; um destino de preocupações.
Obrigou-me a fugir para um lugar de tintas e papeis.

Tendo sentado o destino ao pé de mim, junto ao mendigo.
Recordamo-nos de que ambos seguimos pela vida afora;
Conscientes de que em certa altura; teremos de virar.
E talvez por isto, o mundo todo se vire a favor de nós.

Inserida por AugustoGalia

⁠Digressão

Estou envelhecido de viver. – Para mim, a vida basta!
A minha alma é um relógio sem cordas
Cuja única função é a de marcar lamentações
Semelhante a um cachorro, repouso ao pé da cama
Deitado, eu ouço a chuva como quem ouve a um trovão
Todo homem deveria ter a sensibilidade auditiva de um cachorro.

Certa vez, conheci um homem que me ensinou sobre a velhice Por horas, tentou convencer-me de que era bom envelhecer Eu dizia-lhe: Desejo viver até os meus setenta anos e me basta! Viver até os setenta é doloroso, quando se tem sessenta e três. Desejar isto aos vinte e seis é simples! – Tudo é filosófico.

Se eu tivesse uma filosofia de vida: Seria a de não ser filósofo.
Faria tudo pela aptidão de não se ter instinto algum.
Impulsionei-me para a inspiração de nunca se ter sido nada.

Por isto nunca tive nada e para todos sempre tive o que não tinha.
Mas quando precisei do que não tinha: Abandonaram-me.

Tenho sido eu um declínio temporal de idéias!
Tenho andado na mesma direção que circula a moral
E tenho circulado na mesma direção aonde se perde a razão.

Sou um barco resignado, olvidado ao mar.
Perculso pelo vento: Sempre a seguir!
Entregando-se por completo ao nada
Esquerda – Direita! – Avante!
Navego como o tempo em minha vida.

A que preço estaria eu liberto?

Deixo-me quedar-se na beleza de quem não sou.
Enquanto as minhas flores embelezam a morte.
Eu me embelezo na vida distraída de tudo quanto amei.

Sempre sozinho: Familiares? – Nunca soube o que é isto.
O meu espírito esta perculso e a minha alma conspurcada.

A certa altura, depois de muito sacudir.
Desço da cadeira e decido partir para o universo.
Levo comigo alguns versos, que não são versos.
E antigas idéias de se construir novos versos.

Inserida por AugustoGalia

⁠Metafisicamente

Tenho uma lembrança de todas as memórias que esqueci há pouco.
O absoluto da vida que me foi exposto; hoje, não significa nada.

Se eu pudesse ver além do horizonte: - Talvez fosse feliz.
Talvez pudesse ter evitado todos os erros da minha vida.
Mas se assim o fosse, que gozo teria?

Metafisicamente estou a viver do impossível.
O dispensável em mim é o irrealizável nos outros.
Assisto a vida como a uma possibilidade.

Tenho olhos algures! No futuro e avante!
Sempre em frente e jamais a desviar o meu olhar.
Estou firme e justo, forte e bruto. – Fiz-me assim.

Quem se esquece do que tem, começa a lembrar do que jamais teve.
O que não nos completa: É carência! – Até mesmo a falta dela.

Obstinado, quero somente aquilo que é hodierno!
Não me apeteço em solidões.

– Marchar, marchar, marchar. Eu nunca estou parado!

Eu e a minha senil consciência!
Inquietada pelos fatos e robusta a progredir.

Inserida por AugustoGalia

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