Textos de Raio X
PRAGA ROGADA
Diziam-lhe
E rediziam-lhe
Que quando ele se fosse
Um dia
Para a eterna enxovia,
O diacho do Demo
Rei dos infernos
Eternos,
Nem queria
Vê-lo lá.
Não é que de rir
Foi tanta a vontade
Que ele o fez às despregadas,
Saiu-lhe o umbigo fora
E agora
Olhando por si abaixo
Consegue apalpá-lo,
Massajá-lo,
Ao umbigo,
Que saiu do seu postigo.
Continuou a olhar para baixo
Do umbigo
Apalpou,
Massajou,
E nada...
Não viu nem apalpou nada!
Então disse aos seus botões:
- Medo do inferno !?...
No inferno, já estou eu!
E adormeceu...
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 21-04-2023)
CHUVA QUE DÁ SONO
Confesso, tinha tantas saudades
Da chuva que faz dormir
Que quando ela veio
De mansinho,
Eu fui logo para a janela
Que não deixa ver o mundo
Mas só a natureza molhada
Desta chuva que encharcava
O corpo das carvalheiras
As primeiras
A rejuvenescer na primavera
Com aqueles ramos e folhas de hera
A serpenteá-las,
A abraçá-las
Naquele longo apertar
Delicioso de amantes
Sem estações.
Com os cotovelos no parapeito
Da janela,
A começar já a ficar sem jeito,
Fui adormecendo
No sono dos justos.
A chuva boa continuava a cair
O meu gato cego de um olho, a dormir,
O Camões,
Também sem estações.
Ele, na alcofa
E eu sem ela
Naquela janela.
Como é bom dormir
Sem contar,
Só com a chuva a chorar
E as lágrimas a escorrer
Pelos vidros de uma janela.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 21-04-2023)
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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
.
A gente entra no veículo
E já vai ligando o GPS
Para não dirigir em círculos
Evitando ter mais estresse
E a voz do guia virtual
Nos leva até ao final
Do trajeto sem reclamar
Assim não decoramos mapas
E deixamos nas estradas
A capacidade de memorizar.
.
No momento das compras
Diante das vitrines tentadoras
Ao invés de fazer contas
A gente usa calculadora
Pra ganhar tempo e dinheiro
E passar o dia inteiro
Com nada pra se preocupar
Assim a gente ri à beça
Mas sem conta de cabeça
A gente desaprende a calcular.
.
O professor pede um texto
E com preguiça de escrever
A gente inventa um pretexto
E vai no ChatGPT
E assim nos livramos
De ter que ficar juntando
Conhecimento e habilidade
Então tiramos nota dez
Mas perdemos de vez
A nossa criatividade.
.
A gente vive cercado
De recursos modernos
Nada disso é pecado
Que nos levará ao inferno
Mas se não nos precavermos
No futuro próximo seremos
Vítimas do avanço tecnológico
E por termos deixado de pensar
Veremos robôs a nos examinar
Nas jaulas dos zoológicos.
.
Eduardo de Paula Barreto
20/04/2023
.
Ao meu eterno amor por que...
Seria possível escapar do fogo do teu olhar,
antes que ele me consumisse por inteiro?
Eu tento imaginar a noite em silêncio, espero as estrelas,
enquanto vejo tua imagem tatuada nelas,
fantasio noites ao seu lado, imagino como seria
passar a noite velando seu sono junto de ti,
enquanto a brisa vem de mansinho tocar seu rosto.
E se eu resolvesse pegar outra estrada,
teria evitado as profundezas de tua boca?
vejo você mitigando meus desejos,
vejo você roçando minha alma,
deixo você declamando juras de amor,
deixo você espalhar seu rastro de desejo e,
tirando minha calma,
mas só teu beijo me acalma.
Suas palavras me deixariam cego,
se de tua risada não irradiasse luz?
Não sei. Assim como não sei aonde nosso amor vai nos levar,
não sei me imaginar longe de você,
longe de seu abraço acolhedor,
longe do alcance do seu sabor de mulher,
gosto que me devolveu a alegria perdida,
não... não...
por trás das dúvidas, só o aroma do teu hálito em uma rota marcada por arrepios.
E...
A respiração que insiste em permanecer descompassada.
Passam-se dias, meses e anos, mas ninguém vai me tirar de você,
pois com você quero ficar até ser velho,
é de você que eu preciso,
E, você é a minha vida.
Coisas imperfeitas não são perfeitas.
É comum a gente pensar em só procurar coisas, pessoas e situações perfeitas, não é mesmo? E a palavra “imperfeito” nos assusta tanto quanto o fato de encontrarmos tais coisas, situações e pessoas com aquela pequena “falha” que nos desagradou e que por isso é, sumariamente, descartada da possibilidade de fazer parte de nossa (im)perfeita vida. Lembre-se, “perfeito” é o inimigo do “bom”. E o “bom” pode não te fazer “bem”. O maior desafio para as pessoas que buscam a felicidade é querer melhorar a si mesmas, como se o que precisa ser mudado fosse uma peça de reposição que, estragada pode ser trocada e imediatamente resolvem-se todos os problemas. É preciso pensar em aprender a aceitar as coisas como elas são. O que você é, você será até seu último segundo de vida. A única dica que eu posso te dar nesse momento de constatação do inevitável é não deixe que seu mau humor, sua inveja, seu egoísmo e tantas outras falhas se tornem uma coisa doentia e infectante, que diminui seu brilho e impede que outras pessoas sejam felizes. Às vezes é melhor se aceitar como você realmente é, apreciar o mundo como ele é, e as pessoas como elas são, em vez de tentar fazer com que você esteja de acordo com o que a sociedade quer, nem tudo segue um padrão, olhe as nuvens, elas não estão enfileiradas, as árvores não foram plantadas em algum padrão geométrico, em tudo há uma aleatoriedade e nem tudo e nem todos estão em conformidade com um ideal impossível. Não, você não deve aceitar uma vida medíocre, mas deve aprender a amar e valorizar as coisas até mesmo quando elas não são perfeitas.
Desejo ter um amor de verdade.
Pude compreender o que é amar de verdade estando no lugar certo na hora errada. Encontrei meu eixo depois do nono “não”, estava frustrado, queria desistir, chorei. Quando tentei pela décima vez, quase desisti, quase chorei, mas percebi seu olhar. Daí foi só uma questão de tempo até entender que minhas ansiedades, minhas angústias, minhas emoções são prévias de que minhas vontades podem não ser minhas verdades, eu não estava sendo autêntico. Pra te amar de verdade foi preciso parar de amar você na totalidade, o correto é metade você e metade eu. Compreendi que te dar a devida atenção contribuiu para o meu crescimento, mas é preciso atender as minhas necessidades que aquele olhar controla como se fosse dona de mim, de si. Bem, pra amar de verdade que há entre nós tive que contemplar o futuro sem olhar para o passado. E assim eu amadureci. Para preservar esse amor de verdade, você teve que me mostrar como é nocivo estrangular uma relação forçando alguma situação somente pra realizar meus anseios. Perdoe-me. A relação é metade você, metade eu. Estranho, é que quem pediu desculpas foi você. Aniquilou o meu ponto fraco, aquilo que desejo e mesmo sabendo que ser feliz não é um produto que se compra eu não estava preparado pra encarar eu mesmo. Versão apaixonado. Quer saber o que eu aprendi? Aprendi a te respeitar. Quando você me amou de verdade, tive forças pra me livrar de tudo que não fosse saudável: crenças, tristezas, pessoas, tudo e qualquer coisa que me colocasse fora do meu eixo. Foi assim que minha emoção foi definida pela minha razão de egoísta. Não! Não digo isso seja pensar em mim mesmo. Docemente você me ensinou que amar a si mesmo faz parte de nossa auto preservação e que nada importa quando se quer se desintoxicar dos maus sentimentos e viver um grande amor. Hoje amando de verdade, passei a fazer planos pra nós, doo meu tempo ocioso pra te fazer um pouco mais feliz, uma rosa, um mimo de vez em quando. Eu acho isso certo, eu acho isso bom, sem querer impor meu estilo, meu ritmo. Dedico-me hoje a viver uma realidade mais simples. Pretendo te amar mais de verdade, desistindo de querer dar ouvidos a minha razão, de querer ter sempre razão e errar muito menos. Pretendo te amar sendo humilde e desistir de me ter pra ser seu. No futuro mereço a verdade, abandonar o passado e escolher meu caminho, pra me manter no presente, lá onde a vida dá seus sinais, um de cada vez feito isso nos tornamos plenos. Vou me amar de verdade e declarar guerra aos meus fantasmas e grilos, as minhas infinitas declarações colocarei a disposição do meu amor e das minhas vontades. Digam se isso não é saber viver?
Amar é se convencer de que viver uma ilusão é como desperdiçar todo seu esforço pra dar amor a quem não irá aproveitá-lo. Amar é, mesmo sendo prudente arriscar-se em tudo, amar é agarrar a felicidade caindo de cabeça no sofrimento.
Estações que Mudam
Apaixonei-me pelo sopro do vento,
Sobrevivo nas tormentas deste elemento.
E como num pé-de-vento espalho meus segredos
Na mudança das estações.
Vivo sem contestadores,
Preso pela delação dos hipócritas
Escondido nos cantos das paredes,
Como uma estante de porta-retratos,
Como pilhas de livros na cama, na estante e sobre a mesa...
É hora de acordar de minhas memórias,
Fotografias de um tempo grudado em meu suor,
Heróis de brinquedos que eu criei e que se quebraram,
Amores, rumores, primores, flores, pudores,
Palavras que jurei esquecer...
Desejo somente uma coisa,
Mas tenho outras que deixo perder.
Vivo como se pudesse decidir o que vai me levar,
Se a lucidez ou a insensatez,
Não sei, só resta a tarde pra compreender,
Ou então, me transcender, me entender,
Me surpreender, me conceder... Me perder,
Grito,
Não me escute,
Apenas me ame, me aclame, me reclame, me esparrame,
Queria uma estação pra refrescar, para suar,
Para amar e para tomar chá,
Uma paixão, não, uma paixão não,
Um vislumbre, talvez, de um flerte sem maldade,
Que me fizesse em trapos, com sopapos, de gato e sapato,
Que deixasse remendos em mim,
Queria teus braços, teus laços, teus traços e teus pedaços,
Que me sustentam enquanto digo que não,
Enquanto o vento me leva embora daqui...
No coração da liberdade, encontra-se o amor verdadeiro, pois sem a livre escolha, oamor se torna prisioneiro.
Amar é se entregar por vontade própria, enão por imposição ou convenção,
É escolher o outro e ser escolhido, sem restrições ou qualquer obrigação.
Não há amor sem liberdade, pois o amor não é submissão, é uma união de almas livres, que se entregam sem coação.
E se algum dia a liberdade faltar, oamor perderá a sua essência, pois o amor verdadeiro é livre, e só existe na plena consciência.
O amor sem liberdade é prisão, que a liberdade seja a base do amor que queremos encontrar, e que juntos possamos caminhar, sem amarras ou qualquer prisão a nos separar.
POEMA LAMENTO
Um mau poema
Sem tema
Alcance ou lema,
É tudo o que te posso dar.
Não sei mais.
Ela não quer nada comigo
E como castigo...
Também não quero ir mais longe
Não quero levar vida de monge
Porque monge
Sem capuz,
Já o sou nesta minha cruz.
Não pretendo nome
Ou cognome,
Estejam descansados
Para vosso bem.
Se o quisesse, alcançaria
Mesmo da noite para o dia!
Um bom poema
Para minha pena
Mas sem vontade de chorar,
É coisa que não te posso dar.
Lamento!
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 22-04-2023)
O PÓS E O PRÉ
Lembro-me ainda de quando era velho
A cair de podre.
O ventre saído desmesurado
Expelido
Inchado
Como que a rebentar
A bomba fatal
Tal odre
Que estoura
Em excessos
Possessos
De processos
De químicas
De álcool com salmoura.
Menino, agora, já sou outra vez.
Com pés a caminho da cova,
Voltarei ao pó
Pó, pó, pó, pó
E cinza adubada.
Vou tornar a ser
Um novo ser
A nascer,
Não demora nada.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 22-04-2023)
Enfim encontrou seu par,
Para dançar a noite toda,
Nessa sinfonia chamada vida,
Que às vezes nos parece tão louca.
E juntos eles se entregam,
Ao ritmo da música que toca,
Movimentos sincronizados,
Como se fossem um só em cada nota.
E ali, no meio da pista,
Eles se olham e se entendem,
Sem precisar dizer uma palavra,
Só com um sorriso se compreendem.
E dançam, dançam sem parar,
Até que a noite acabe enfim,
Eles se despedem com um beijo,
E sabem que esse amor não tem fim.
Pois encontraram um ao outro,
E juntos seguirão nessa dança,
Nessa sinfonia chamada vida,
Que agora ganhou mais esperança.
Espinhos
Alguém do começo,
Aquela , aquela pessoa do início né
Mas me fala , o que você fez pra cultiva-la
O quanto você entregou
Todo mundo quer aquele alguém do início
Sem esforço sem cuidados sem amor
Quer algo crescido e forte
Sem ter cuidado ou regado
O que te faz pensar que você merece alguém do início
Se você mesmo não consegui ir até o final
É muito fácil gostar nas palavras
Mas vai lá e ama nas brigas na raiva na discussão , na dor na ansiedade
Na depressão , ama ,cuida
Vai lá não abandona não vai embora
Não é prós fracos é pra quem fica .
Natureza
A tarde em sua pagela
A natureza os pássaros
Uma flor tão bela
Cheiro de mato brisa suave
Perfume de jasmim
Completamente me invade
Chegando a noite
Os grilos estridulam
Ao brilho do luar
As lagartas acasulam
Enfim nasce o sol
Os campos brancos com orvalho
Insetos caminham pelo trio
Desenhando seus atalhos
Reencontro
Reencontro nessa vida
O que em outra foi criada
Um amor de corpo e alma
Uma história inacabada
Há razões motivos
Desse amor reencontrar
Que o passado interrompeu
E hoje estamos a nos amar
Um sentimento lindo
Invadiu meu coração
Concretizando finalmente
A nossa eterna união
Momentos bons
Sua voz ao meu ouvido
Transformando em êxtase
Profundamente meus sentidos
Hei de amar
Até a eternidade
Convivendo nessa vida
O que em outra foi saudade
Com a certeza desse amor
Reencontrei a felicidade
Sussurros do passado me assombram.
Quando o mundo foi dormir, fico com nada além dos ecos de meus gritos silenciosos, em um anseio por um doce esquecimento.
Ninguém entende a minha dor, nem sabe o que se passa em meu interior. Sou um estranho em um mundo sem amor, e a solidão é o meu único senhor, a solidão se torna minha única amiga.
Despindo-se das amarras e das convenções.
A mente mergulhada em trevas, e o silêncio dos sonhos que se esconde entre os escombros.
Os relógios marcavam o tempo, e o som ecoava por toda a casa, enquanto eu pensava em meu destino, e em como a vida pode ser tão escassa.
Mas não, eu não temo a morte, pois a vida já me matou, e várias vezes.
Nossa mente acelerada, tão cheia de afazeres que mal percebemos as correntes invisíveis que nos prendem a uma vida de trabalho incessante, de consumo desenfreado, de uma liberdade ilusória.
Cada dia é uma corrida, um empilhamento de tarefas, um constante estado de urgência, que nos impede de contemplar a beleza do mundo. De nos conectarmos com outros, de vivermos em plenitude.
Estamos tão cheios de afazeres que nos tornamos escravos de uma cadeia que não vemos, de uma prisão que criamos com nossas próprias mãos.
Temos tanto a fazer, tantos compromissos a cumprir, que mal percebemos a cadeia invisível que nos mantém presos sem sentir.
A corrente que nos aprisiona, não é de ferro ou aço, mas sim a pressão do mundo, que nos faz viver como embaraço.
Precisamos desacelerar, reconhecer as correntes, e nos libertar.
Às vezes me sinto perdido, sem lugar para pertencer, mas abraço a liberdade que me faz viver.
Eu sou um estrangeiro em qualquer lugar, sem raízes fixas, sem um lar para chamar. Eu sou um estrangeiro, um viajante sem lar. Não tenho terra, não tenho bandeira, apenas a solidão a me acompanhar.
Sinto a distância, o desconforto. Tento me encaixar, sem sucesso, como se eu fosse de outro porto.
Não me sinto em casa em nenhum lugar, nem na cidade, nem na natureza.
Sou um estranho, sem lar para habitar, sem pertencer a essa grandeza.
Colecione memórias, meu amigo. Não bens que se desfazem com o tempo. Não há nada que valha mais a pena do que guardar momentos.
Guardados em caixinhas de madeira, cada lembrança é um tesouro a mais.
Não há nada que traga tanta alegria quanto recordar momentos de paz.
Esqueça as quedas, não há fracasso, apenas aprendizado, a cada tentativa, um novo resultado.
Não tema a incerteza, a mudança, pois é ela que traz a esperança.
Erguer-se com toda a disposição, é o que nos leva à superação.
Sua mina lê minha poesia, com olhos que devoram cada palavra. Ela conhece cada verso como se fosse seu, e a poesia se torna a sua voz.
Ela encontra significados ocultos, que eu mesmo não tinha percebido, e encontra beleza nas minhas cicatrizes, que eu antes considerava feias.
Ela sabe que minha alma é torturada, e que minha escrita é a minha cura. Elalê cada linha com compaixão, e isso é algo que ninguém pode comprar.
Sua mina lê minha poesia, e ela diz que me ama por isso, ela diz que me ama por quem eu sou, e por tudo o que eu represento.
Minha poesia é livre, e se ela a lê e se consome, é sinal que algo de mim nela vive.
Enquanto ele dorme ao seu lado, ela me lê em segredo, como se eu fosse seu pecado.
Ela conhece meus versos, como se fossem dela própria, eles ressoam em sua mente, como um segredo que a consome.
Ela sabe que eu não sou dela, e que seus lábios tocam outros, mas ainda assim ela me lê, como se eu fosse sua cura.
Ela me lê em silêncio, enquanto ele ronca ao seu lado, e ela se pergunta se eu sinto o mesmo que ela sente ao ler meus versos.
Eu sou o seu segredo, a sua paixão oculta, ela se entrega à minha poesia, enquanto sua vida segue indulta.
E assim somos dois estranhos, conectados pelas palavras, ela me lê em sua cama, enquanto ele dorme sem saber de nada.
Eu escrevo sobre as coisas que me incomodam, e sobre as coisas que me fazem sentir vivo. Ela gosta de ler o que eu escrevo, e eu gosto de saber que ela se importa.
Não sou um ladrão de almas alheias, não quero roubar o que não é meu, mas se minhas palavras tocam sua pele, não posso impedir o que aconteceu.
Não sou o dono das suas emoções, não sou o senhor dos seus desejos, mas se minhas palavras a fazem pensar, não posso negar, fico satisfeito. E sem ela, minhas palavras seriam em vão, talvez chegariam no máximo a um mísero refrão.
E eu a deixo ler, sem dar explicações, pois sei que é tudo o que posso dar, e se ela se encontra em minhas palavras, então isso é o bastante para nos conectar.
Ela sente a minha alma em cada linha, o seu coração começa a responder ao meu mundo, e lá no fundo ela deixa escapar um suspiro profundo, mas sei que ela não é minha e que nossas almas jamais se tocarão, pois ela vive numa realidade onde eu sou apenas uma ilusão.
Ela pode encontrar algo que ressoe em sua alma, e talvez, em algum momento, ela perceba, que a verdadeira poesia é encontrada dentro de si mesma.
Então, mulher, siga em frente, leia minhas linhas quando quiser, e saiba que em cada palavra que escrevo, há um pouco de amor e esperança pra você.
Entre o lixo e o caos da cidade,
As flores encontram sua verdade.
Crescem fortes, persistentes,
Em meio aos detritos e aos entulhos aparentes.
A vida surge onde menos se espera,
A beleza brota mesmo na sujeira.
Nas ruas escuras e abandonadas,
As flores são a prova de que a esperança não está morta.
Elas se erguem em meio à poluição,
Como uma mensagem de resiliência e superação.
Seu perfume inebria os sentidos
E traz um pouco de beleza aos corações aflitos.
Que as flores nos inspirem a seguir em frente,
A encontrar a luz mesmo na escuridão presente.
Que a vida renasça em cada canto,
E que o amor floresça em meio ao que é tanto.
vodu
por entre os dedos da terra
sem pressa
sem deter
discorre sem forma
e incolor
o deus terrível
profundo
silêncio cálido
que inebria e incapacita
que engole
sem mastigar
os ásperos calos
deformando
as minhas trémulas e gélidas formas
encerrando os olhos
com o capim
e as pedras
e as folhas tardias
do longo inverno
na caverna aberta deste crânio quartzítico
incandescente luz que me atravessa
imobilizado pelas asas abismais
ouço e vejo o temporal
contra a gruta do meu próprio templo
eu sou o templo e a sua ruína
os seus antepassados futuros
isto é o princípio do meu renascimento
e por isso estou estendido nesta catarse
envolvido pelo frondoso sudário da floresta
aguardo a tácita palidez da minha própria morte
talvez eu próprio seja este terrível deus
porque ouço a voz da lua e o corpo do sol
invocando em extintas línguas os meus nomes.
(Pedro Rodrigues de Menezes, “vodu”)
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