Textos de Luis de Camoes
Ele me anestesiou, nossa que delícia é estar com ele..
Porque eu o quero tanto?
Porque ele me acariciou a alma,
Porque ele beijou minhas cicatrizes,
Porque ele me tirou da tristeza que me encontrava
Foi está anestesia que ele me deu...
a de amar,
Ele me amou desde o primeiro momento..
Não sei o que seria de mim sem ele,
Também não sei quanto tempo faz que estamos juntos,
nunca parei para pensar, essas coisas a gente não mede,
não pede, não cobra, não troca, não dá..
Apenas nos encontramos, nos olhamos, nos apaixonamos,
e sem cobranças, sem embaraços, ficamos juntos,
estamos juntos,,,
Não fazemos nada sem um e o outro,
sempre juntos..
quer saber?
somos inseparáveis..
Só sei que a minha vida, havia um antes..
sem ele,
também nem sei quantos depois...
haverão!
Se haverão perguntas..
se haverão respostas!!
******
E quando você começar a se cansar
Quando você começar a se cansar das promessas,
E quando começar a fazer as coisas só,
Quando você não conseguir a admitir certas coisas ao seu redor,
Quando você começar a despertar com os mesmos pensamentos todos os dias,
Quando você começar a entender que ele, não se importa,
Esquece,
Deixe-o ir,
Já não se espera mais nada!
..
E quando o final chegar..
Ao final das contas, vamos fazer um acerto,
Ou a vida não para por aqui..
O que importa tudo o que compramos?
O que importa tudo o que fizemos,
O que importa tudo que construímos,
O que importa não é o que temos..se o que temos não dividimos?
O que importa é o que dividimos,...
não só nossa
capacidade,
nossos êxitos, mas nossa
transcendência,
o que importa nossa matéria...
se vai apodrecer?
Tudo o que restará é a nossa essência..
dentro de nós...
em nós..
de nós..
o
que será lembrado como herança..
..
Todo mundo tem luz própria....( SEU FOGO INTERIOR).
Não há dois fogos iguais..
Algumas, tem raios de luz maiores, outras menores, outras raios de luz de luz coloridos, algumas outras também tem, mesmo que menores...
que nem percebem o vento, a brisa...mais tem um foguinho...interior.
Outras então, conforme sopra o vento, tem mais luz, mais fogo..que causam incêndios..
Tem aquelas que tem tanto raio que vira fogo, que você nem pode encostar...
sai faísca..
e certas pessoas queimam, ardem de tanta intensidade com tanta maldade,
sem luz só com o fogo, só sabem queimar, e queimam a vida tão mal que você não pode vê-lo sem pestanejar.
..
E tua alma me disse..
te amo..
A alma não sabe mentir.
Então me dá o ar que teus beijos me roubam..
Bem doce,
Que seja doce,
Que seja lento,
que seja...sendo o amor da minha vida.
Que seja como o fogo e o gelo..
Que seja como o vinho e a água...
que saia faíscas..dos nossos corpos..
que seja ...ardente...
gostoso...
violento...
...
Você constrói,
o
outro destrói..
Seus olhos calam,
sua voz fala..
Então você dá mais uma chance para o perdão,
tenta esquecer...
e
silencia.
Mas já sabe de cor e salteado que não há nenhum mérito em ser assim..
Então o jardim pergunta para a roseira: valeu a pena dar belas rosas...
e esses espinhos que restam?
E, mais uma vez, você tenta, esquece,
e recomeça, mesmo sabendo que as cicatrizes deixaram as marcas..
Mas na construção do amor há mais humildade do que sabedoria.
Na casa há mais portas abertas do que janelas.
Por isso apenas olhe para frente, não fale
ouça o seu coração..
Olhe para frente, siga em frente!
..
Fiapos de Memórias
Se fui pobre não me lembro! Mas lembro de que já cai de caminhão de mudanças.
E isso é coisa de pobre. Ricos contratam empresas, delegam tarefas, colocam
os filhos confortavelmente em seus carros, enquanto funcionários embalam taças
de cristais, xícaras de porcelanas e telas de pintores renomados.
E nós? Como era engraçado. Na véspera arrumávamos caixas de papelão e muitos jornais, embalávamos os copos de vidros as xícaras de louças e portas retratos
com fotos da família. Enquanto todos estavam ocupados, furtivamente fui ao portão do vizinho, despedir-me do menino da lambreta, prometendo-lhe escrever.
Eufóricos com o prenúncio da aventura íamos dormir.
Com a claridade que precede o nascer do sol, meu pai nos acordava, tomávamos café preto com bolinhos de fubá. Lá íamos nós! Minha mãe se ajeitava na cabine
com os três filhos menores, junto ao motorista, e meu pai na carroceria com outros seis filhos incluindo eu. Partíamos rumo ao destino desconhecido.
A mesa da cozinha mais parecia uma espécie de barraca, o colchão em baixo amortecia os solavancos, com a lona por cima e o resto das tralhas espalhadas por todos os lados, uma pequena abertura na lona, nos servia de janela, que era disputada por todos.
Exceto por uma irmã, que com mania de grandeza, não fazia questão de ficar na janela improvisada, morria de vergonha que alguém a visse.
Mas eu me divertia! Acenava a todos, e foi assim que eu cai do caminhão. Foi um susto danado, achei que ia ficar para trás. A gritaria foi geral dentro do caminhão, mas foi alguém da calçada, quem conseguiu alertar o motorista. Reboliço total,joelhos e cotovelos ralados, broncas, risos e beijos. Para compensar tudo isso, uma
parada na beira da estrada, para um sortido, “prato feito”.
A irmã com mania de grandeza fingia que a aquela família não era a dela...
Seguíamos a nossa viagem, que hoje sei que era para um lugar no litoral do Paraná,onde meu pai dizia: O mar de lá tem muitos peixes e nada vai nos faltar.
O Diálogo das Flores
Amanhece, o clarão da luz do dia entra pela
fresta da janela. Lá fora as flores do jardim,
começam a se abrir para o dia que se inicia...
Tímidas e silenciosas, cochicham entre si sobre
como a lua estava bela na noite que passou
e como o orvalho as acariciou durante o sono...
Estavam felizes, mas se perguntavam; porque
está tão triste a moça por trás daquela janela?
sabia-se que ela tinha perdido um amor...
Mas diziam: Como ela perdeu o que nunca teve?
A Rosa olha o Cravo ao seu lado e pensa; mesmo
que eu não o tenho, ele sempre estará por aqui...
O Jasmim, como se lesse o que ela pensou, lhe
diz: Não se iluda Rosa, alguém pode arrancá-lo,
e ela respondeu: A moça triste não deixaria,
afinal somos suas flores favoritas...
Ela até nos presenteou com um poema:
“A Rosa e o Cravo”.
O Girassol ao longe gritou:
Rosa atrevida, ela nos ama igualmente
temos que nos unirmos para alegrar o seu dia...
O Cravo, até então calado em seu canto, decidiu
intervir. Quando ela vir até nós, exalaremos
perfumes ao seu redor.
A Dama da Noite, por motivos óbvios preferiu
não se envolver...
E o Cravo continuou: Que venham os pássaros
cantando uma canção, borboletas decorando
o clarão da natureza, com delicados tons, como
fadas brilhantes pintadas em telas...
A moça triste, se aproxima, ao ver o jardim
tão lindo, um leve sorriso se abre em seu rosto...
Ela senta na relva úmida pelo orvalho da manhã
Fica absorta em seus pensamentos admirando
tudo em silêncio...
Naquela paz interior pensa: Amanhã é outro dia
vou deixar essa tristeza no ontem e viver o hoje
e quem sabe serei feliz no amanhã.
Você deve estar se perguntando agora se esse texto vai ser romântico ou vai lhe ensinar algo, mas esse texto é apenas tudo o que você precisa saber e o que não deveria esquecer.
Foi como hoje, um dia de tarde, normal, ela falou com ele. Estavam em um Restaurante famoso, e como visto apenas pessoas de classe alta frequentavam o Lugar. Ela estava lá, e ele também. Estava sentada em uma das mesas redondas, coberta com um pano vermelho, combinava com seu batom e seus olhos _ Verdes, Azuis, ou apenas claros _ Nos quais ele sempre se confundia, brilhavam intensamente. Ele é um garçom, servindo a mesa onde se encontram o amigo de trabalho mais sua namorada e o namorado dela. Ele não se sentia constrangido, porque ainda não a olhou nos olhos, e ela sabia que ele trabalhava ali. Após servi-los, ele pediu licença e foi direto para a porta dos fundos, tomar um ar e/ou apenas parar para observar o céu, já estava alaranjado, como se a noite estivesse chegando. De repente ela aparece ao lado dele, sem palavras, somente olhou para ela, e ela tomou iniciativa:
- Oi. Disse Ela com uma expressão nervosa.
- Olá, tudo bom?
- Sim, eu vi que tinha saído, então vim falar com você.
- Seu namorado pode sentir sua falta, não quero que ele pense algo de errado sobre mim e você.
- Eu sei, mas olha, eu não ligo.
Ele ficou com Mil duvidas após ela ter dito isso. E então se virou em sua direção e perguntou:
- Do que tem medo agora?
- Medo?
- Sim.
- Como assim?
- Você tem medo de gostar de mim novamente?
- Não é medo, eu só acho que não temos mais nada haver.
- E o que te levou a vir falar comigo?
- Eu queria saber como você estava!
- Se preocupa comigo?
- Sim, mas é isso, somente, não quero tentar de novo.
- Como está tão certa disso, você nem tentou, nem se quer ainda se encontrou comigo de novo.
- E nem quero tentar.
Ele franziu as sobrancelhas e disse:
- Deixa eu te mostrar, que eu posso fazer você sentir tudo aquilo outra vez.
- Mas já faz quatro anos, não tem mais nada haver nós dois!
- É eu sei, quatro anos, mas olha, eu namorei com duas mulheres ao longo desses anos e não tirei você da minha cabeça.
- Duas? Exclamou ela. Em sua face, uma expressão indignada.
- Foram mais que duas! Você tirou sim.
- Não, se eu tivesse tirado, eu não te procuraria sempre.
- Você só me procurava quando estava carente, de vez em quando e pra ser exata, de 3 em 3 meses.
- Sempre quando eu te procurava você me pedia para eu desistir, Sempre! Mas eu nunca desisti de nós dois!
- Não? Ela derramou uma lagrima de seus olhos verde-mel e ele inclinou a cabeça para baixo, como um condenado, e com uma voz trêmula ela Falou:
- Você não está comigo agora, você não estava comigo em minha casa, você não está na mesa comigo agora, você está sempre longe de mim!
- Eu sei. Disse ele silenciosamente.
E com o mesmo ar de arrependimento ele disse:
- Não vou desistir e você sabe disso.
- Não vai rolar.
- Eu espero!
- Nunca deu na verdade.
- Agora pode dar!
- Eu não sou mais uma garota, que acreditava em príncipe e conto de fadas.
Neste momento, ele olhou em seus olhos e disse balançando a cabeça:
- Eu posso não ser mais um príncipe no cavalo branco... Mas não há ninguém melhor para cuidar de você e te fazer feliz.
Eles ficaram se olhando por um bom tempo. Ele percebeu que já estava de noite quando olhou novamente para o céu e então ele disse:
- Vai! Você precisa ir.
- Eu sei... Eu vou.
E então ela estendeu a mão para ele, ele pegou em sua mão e a puxou para abraça-la, um acontecimento que ambos não iriam esquecer nunca, e sabiam disso; Ainda abraçados ele sussurrou no ouvido dela, "Me perdoa por ter te deixado.", ela o largou segurou em suas duas mãos e afirmou:
- Eu Já perdoei, mas não vou esquecer.
E de uma forma conformada ele disse:
- Eu sei disso.
Ela voltou para a mesa onde estava seu atual namorado e os amigos, e Ele continuou do lado de fora olhando para o céu e então o namorado dela pediu a conta, pagou tudo e foram para o carro do lado de fora. No momento em que ela ia embora, o avistou da janela do carro. Ele estava chorando, não tinha ideia de quando ia vê-la de novo, mas ele se lembrou do olhar dela, quando a viu embora pela primeira vez, eram apenas adolescentes e não podiam fazer nada para poderem se ver novamente, pois moravam longe, muito longe um do outro e isso não era uma barreira para o que eles sentiam. Um amor verdadeiro, que ao passar dos anos, insistiu em seus corações, porém, não teriam como ficar juntos e cada um seguiu sua vida. Mas ele sabe que ela o escolheu. Ele sabe que ela é o amor de sua vida e ela nunca deixou de pensar nele, porque nunca sentiu nada igual com outro homem e vice-versa. Um feito para o outro. Vivendo e apanhando do orgulho. Será que valia a pena? Será que por ela estar feliz ele se sentia conformado? Há mais respostas em atitudes que palavras. Eles podiam não mais se ver, mas não iam esquecer e não pensariam em outra coisa além de estarem juntos, porém, ele queria vê-la feliz, e pedia a Deus, todas as noites olhando para o céu, que ele fosse o motivo de sua felicidade.
Tudo tem começo meio e fim...
Tem os tantos, os entretantos...
Os meios e os entre os meios...
Os que tem tudo, os que não tem nada!
Tem os que comem muito,
os que comem pouco,
os que comem tudo!!
Por fim,
os melhores finais não são dos que comem
caviar...
e escargots
Ou outras coisas...
O final...
você já sabe!
..
TENRO
suave, cedo e doce:
afável
essa coisa tão delicada
e dúbia
quanto os corações
que facilmente se partem
e nos cortam
nós:
alma branda
e carne mole
nós:
como crianças,
sensíveis aprendizes,
sendo roídas pelo tempo
e mastigadas pela vida
nós:
volúveis e voláteis
(esse pleonasmo inconstante
e ainda assim contínuo)
enroscados e presos
mas nunca
frívolos
Sem muito para sentir,
Sem muito para querer,
Sem muito para dizer,
Sem te odiar,
e porque?
Se, graças á você aprendi que não devo entregar meu coração a primeira pessoa que aparece,
e me diz
um..............oi,
Pois bem, também sei que não causei boa impressão.
É, você causou tudo...todo esse reboliço, aqui dentro!
E também sei que não foram as mais sinceras!
...
Sempre a há uma solução para cada problema,
Sempre haverá amor no coração.
Sempre haverá um sorriso para cada lágrima.
Sim, haverá sim, um abraço para cada saudade.
E também, outro abraço para cada tristeza.
E não se esqueça, tenha fé, tenha ânimo!
Deus abençoa, Deus cura, aquele que acredita!
..
Apenas quando aceitei, sem contestações e por simples clarividências, que a verdadeira fé nasce do firmamento convicto naquilo que não se vê, compreendi, sem resíduo de descrença, que existe e existirá sempre uma força infinitamente maior e mais sábia que os ensaios de meus desejos. E mesmo revoltoso com fatos inesperados que subtraírem alguns dos meus melhores sonhos, não corromperei minha moral ou trapacearei meus próprios princípios. Porque descobri, também, que as circunstâncias adversas não funcionarão como justificativas íntegras para remodelar a solidez do meu caráter.
Cedo ou tarde, entendi que estar sem dinheiro não me eximia em nada de ser bondoso. Muitas vezes, os maiores gestos de caridade não me custavam mais do que a mísera migalha de saber partilhar da minha própria alegria.
Aprendi um dia que amar alguém com toda minha força não significava lançar sobre ela o estorvo de preencher as lacunas das minhas exigências, pois reconheci que, por maior esforço feito, nem sempre corresponderia às rigorosas expectativas alheias.
Compreendi, ainda, que ser livre não me credenciava como dono único da minha própria vida. Afinal, existem e existirão sempre pessoas ansiadas pelos meus regressos.
Mas, somente quando detive o dom de enxergar através das lentes de limitação dos humanos incrédulos, aceitei inteiramente essa plenitude divina que chamamos Deus. Obrigado Pai, pelo milagre mágico da vida, pela glória de me fazer um eterno aprendiz e, principalmente, pelo “toque torto” em ter-me feito tão DDA assim.
Agradeço a intercessão de Nossa Senhora, revigorando-me nas apatias das derrotas e erguendo-me nas vezes em que pensei covardemente desistir. Às inexplicáveis forças ocultas que surgem fantasiadas de pura intuição e me fazem mudar de ideia do nada. Agradeço, também, aos espíritos de luz que me conduzem pelos caminhos mais claros, e aos anjos guias, que me fazem sempre encontrar uma saída, quando a teimosia insiste em debandar-me pelos traiçoeiros atalhos tortos.
(Trecho dos Agradecimentos do Livro de Marcus Deminco, Eu e meu Amigo DDA).
Quando você me olha, meus olhos que riem
Não consigo desviar o olhar,
não consigo fingir...
Puxa como eu gosto de você,
não consigo desgostar...
Quando você me olha, meu coração pula,
muda de lugar..
OUÇO SUA VOZ COMO UM SUSSURO, FICO PARADA,
MAL CONSIGO RESPIRAR...
E, o jeito que você me pega,
tão docemente,
me acalmo,
me calo,
não consigo falar..
E o seu sorriso desajeitado me beija,
não consigo...
respirar...
então você me derruba,
me esparrama em seus braços...
Sabe o que eu temo,
é
um dia eu desmair,
ou morrer em teus braços...
...
A escolha tem possibilidades de dar vertigens...
O mais importante é manter a paciência, embora às vezes eu perca a pacência, e começo a prestar a atenção em outros detalhes...
perco a concentração...e ganho o que mais perdi....
Eu tento escapar...
eu tento esquecer,
eu tento fujir,
eu tento me enganar,
eu tento sorrir.
Às vezes é difícil criar, imaginar, perceber os fatos reais, viver a realidade, eu tento não sentir.
Mas é algo que não posso me dar ao luxo de ter..algo.."quase" que impossível..
O tempo irá dizer e me guiará por onde eu devo ir ...
entretanto me desejo os melhores dias...
Sorte, saúde, páz, amor, felicidade, coragem e prosperidade..
Com Deus, todos os dias!
..
Se lá, do outro lado, além da vida..
quem sabe no espaço...
Não acredito no acaso...
mas se por coincidência nos encontramos
no outro lado da vida...
outra vez,
Se, os nossos olhares se cruzarem...
novamente...
E se continuarmos a ser desconhecidos..
De qualquer maneira,
eu vou te amara do mesmo jeito!
..
E não se culpe, pelo tempo passado..
Não deixe cair as pálpebras pesadas como julgamentos a sua própria pessoa..não julgar a si mesmo.
Não permaneça imóvel na beira da estrada, senão você vai congelar sua alegria..ou encher de poeira o seu sorriso..
Deixe a felicidade invadir seus sonhos..e não durma sem sonhos...sonhe para sonhar, não apenas por sonhar, acredite nos seus sonhos..
..
n°1 ou sem título
Tampo os ouvidos,
mas não há silêncio:
ainda escuto a bagunça
do lado de dentro
que ainda anda
batendo no compasso
do meu coração
Zumbido:
ESCUTO UM BARULHO DE COISA QUEBRADA
é como que baixo
e lento
mas constante
Existem vozes também
- misturadas:
escuto meu nome no meio do rebuliço de palavras
Escuto sentimentos
que me são fortes
Escuto
a força
do
v a z i o
edoamor
(sempre há o amor,
mesmo que pelas pequenas coisas)
Escuto minha respiração
e o desespero embaralhado
na minha cabeça
o silêncio
o silêncio
o silêncio
é
s u r d o
O HOMEM DO COBERTOR VELHO
Todos os dias no mesmo horário eu descia do ônibus e subia a passarela para pegar a segunda condução em direção ao trabalho. Quase sempre estava atrasado e passava feito um foguete, sem olhar para os lados. Naquele local, entre o ponto e a passarela, desviava de algo que atrapalhava o meu caminho.
Certa vez me esqueci de mudar o horário de verão, e saí de casa com uma hora de antecedência - fui perceber apenas quando estava no ônibus. Estava mais tranquilo e sereno, andando com calma e olhando o caminho percorrido, o que nunca acontecia. Ao descer do ônibus, reparei o que era aquela coisa que eu desviava todos os dias entre o ponto e passarela. Tratava-se de um velho cobertor, cinza, áspero, com um volume por baixo. Curioso, levantei o velho cobertor e dentro havia um homem dormindo, que nem percebeu que o descobri.
O homem debaixo do cobertor velho fedia a cachaça. Talvez por isso não tenha percebido que levantei o cobertor. Em frente ao ponto e a passarela havia uma padaria. Fui até lá e pedi um chocolate quente e um pão com manteiga na chapa, e levei ao homem debaixo do cobertor velho. Mesmo receoso, o rapaz agradeceu.
Passei a fazer do ato a minha rotina. Todos os dias eu comprava um chocolate quente e um pão com manteiga, e levava ao homem que sempre estava no mesmo local.
Um dia eu entreguei o pão com manteiga e fiquei olhando o homem degustá-lo. Ele, com a boca cheia e deixando cair migalhas no velho cobertor, indagou-me:
- Por que me ajuda?
Fiquei refletindo por um tempo antes de responder:
- Acho que não preciso de motivo para ajudá-lo.
Ele então se levantou e saiu andando pela primeira vez desde que o conhecera. Todos os dias eu o aconselhava a sair daquele local, procurar algo melhor para a vida. Queria que o homem reagisse, pois tratava-se de um bom rapaz, porém perdido.
Em um certo dia que desci do ônibus, segui em direção à passarela, e só estava o cobertor velho no chão. Mesmo assim, comprei o achocolatado e o pão com manteiga e deixei no mesmo lugar de sempre. Ele nunca mais apareceu no local.
Escolhi, então, pressupor que o homem melhorou de vida, pois, caso contrário, ele teria o alimento naquele cantinho.
Na padaria o proprietário me questionou:
- Por que você ajudava aquele homem? Era apenas um bêbado de rua.
Respondi:
- Porque aquele homem precisava de mim, mesmo que por apenas um tempo. E eu preciso de pessoas melhores no mundo.