Textos de Culpa
Onde foram todas as coisas ?
Onde estão aquelas pessoas ?
Abro os olhos e vejo a minha volta
Um mundo vazio
E não fossem as doces cantigas
Que alentaram a infância
E como podem – sustentam a vida
Diria que não nasci.
Onde estão todas as pessoas ?
Para onde foram todas as coisas ?
Eu que segui o mesmo caminho
Não encontro nada de familiar.
Teriam todos morridos
Nas guerras do ter ?
Ou estariam bem escondidos
Em lugar que não posso ver ?
Era bem ali a linha do começo
E ali havia tanta gente
Tantas coisas
Tantos sonhos.
De repente a vida veio
E levou um a um
E no lugar deixou desencanto
E só este delírio
Este fingir que não sei
Me restou.
Para onde foi à moça pura
Que um dia ia para o altar ?
Onde ficou o amigo que ia mudar o mundo
E hoje vende a inteligência
Para ganhar o que não precisa ?
Porque não tive tempo
De falar com o amigo
Que ficou preso em meio à overdose ?
Era bem ali a linha do começo
Servia também de linha
Para pique bandeira
E quando só estavam as meninas
Prestava-se a queimada.
Onde eu estive
Que deixei que todos se fossem
Que a menina só
Fosse jogada para fora do caro
Na noite escura
Na estrada que hoje é preta.
O que eu fiz
Quando os filhos dos menos sortudos
Foram caindo pouco a pouco
Mereço a solidão
Como premio pela covardia
Mereço o pouco amor
Pela ausência de fraternidade.
Mas a linha ainda está ali
Havia um campinho de futebol
E nele a ONU parecia ser possível
A velha ponte caiu
A praça que era bela
Virou trevo
E os carros que passam por ali
Depressa
Não tem respeito pela memória.
A vida passou
E eu esqueci de ir.
Busco a sua simplicidade
aquilo que a boca nega em palavras
mas olhos entregam pelo brilho.
Não há mais como negar
nem mesmo como deixar de ser
não há qualquer possibilidade de seguir
sem ao meu lado ter você.
Conheço o seu sol.
Vasculho a sua intimidade.
Sem palavras, ouço mais uma vez seu silêncio
tradução de sua leveza
retrato de sua impressão
de apenas agora ter tudo começado.
Muitas vezes ainda irei lhe cercear
sitia-la
buscar o seu ser tão longe
tão dentro de você.
Muitas vezes, eu sei,
terei que passar por caminhos ásperos
para por fim
encontrar sua docilidade.
Muitas vezes terei que ouvir gritos
para navegar depois
em sua serena sensibilidade.
E você
que nada mais é do que alguém para mim
irá sempre fugir
irá sempre se ocultar
sem saber de fato a importância,
embora vivendo,
de por inteira se entregar
Trago em mim toda a agonia no mundo
Um tempo de incertezas
O medo da noite escura
O sentimento de não ter
Uma mão para segurar
No derradeiro momento.
Não há outros olhos
E não tenho mais coragem
Para olhar-me em algum espelho.
Não cheguei a ser quem queria
E não me engano com minhas estórias.
Trago em mim toda a agonia do mundo
E isso não importa de fato a ninguém
A consciência dos que barbarizam
Tem mais sorte nas madrugadas;
A eles é mais fácil entender
A forma rude de todas as coisas.
O escuro tem razoes para ser
O silencio tem algumas explicações
As verdades dos fatos
Tem muito mais chão
Do que toda
Toda filosofia.
No momento
Em que todos somos rudes
A vida se explica
E os caminhos apenas se distinguem
Pelas escolhas
Que não temos certeza
Se são de verdade ou não
Mas já é tarde demais
Para voltar e errar tudo
E ter certezas.
Enquanto caminhas para mim
por ruas que não sei
por noites onde choro
por estreitos passeios de mentira
meu coração se enche diante da ilusão
minhas lágrimas secam
minhas mãos estendem em sua direção.
Não sou mais do que uma coisa
e assim
amo a coisificação.
Poucos como eu
sabem sobre a alma
muitos
se perdem em corpos.
Torno-me comum
nos que há de mais prazerosos
no lugar comum.
Enquanto caminhas para mim
não se importa, eu sei
com o que sonhei
pelas quedas já vividas
pelo levantar sem porque
ou melhor,
pelo mero sobreviver.
Meus olhos enxergam apenas a fumaça do cigarro
simbolo único e próximo
de tudo quanto sei sobre amor.
Não sou mais do que um desamado
e assim, só sei supor amor.
Poucos como eu
desejaram amar.
Muitos como eu
só conhecem o prazer
Torno-me amante
como se meu corpo
representa-se em algum momento que fosse
uma alma pródiga de sentimentos.
Entre os meus dois eus
há um lago sereno
alimentado por um rio violento
que uma hora acaba
num imenso mar
sem sentido qualquer.
Entre o pai que não tive
E o pai que não sou
Há uma avenida que separa
o perder do ter perdido.
Não sei bem o que move.
Talvez seja medo
Talvez seja comodidade
Talvez seja a convicção
De não ter de fato o que dar.
Entre o pai que se foi
E o pai que jamais fui
Há uma relação de intima similaridade.
As vezes penso: Meu coração é repleto !
Por todo tempo tenho certeza: ele tem muros !
Muros com imensa capacidade de nada deixar sair
E ao mesmo tempo, nada até ele consegue chegar.
As vezes pego-me mudo, mesmo podendo e sabendo falar.
No entanto não me basta saber falar
se para o assunto não encontro palavras
As vezes, sinto-me cego, mesmo sabendo de onde vem a luz,
Porque não me basta ver quando sobre certos assuntos
Tão pouco consigo enxergar.
Entre o passado e o presente
Há não mais do que uma linha, linha forte,
Que me assusta pela suposta fragilidade,
Que me prende pela força sútil.
Sendo livre encontro-me preso, em dois tempos.
Em dois distintos e distantes papeis.
Tendo a quem dar,
não sei mais onde são os caminhos.
Por isso, sempre peço que nada me perguntem.
Por isso me calo diante daquilo que não entendo.
Por isso peço que me entendam
Que me desculpem
Pois embora esta pobreza me doa
Jamais soube como fazer para encher as mãos.
Há certas manhãs, quando ao acordar
os pássaros parecem cantar
uma Ave Maria de Felicidade.
Há um tempo dentro de mim
que as vezes parece ser maior que a eternidade
e apenas segue...
segue...
segue...
Tempo de você
constante manhã de sol e luz
caminho que a sedução me conduz
tempo de ser apenas aquilo
que meu coração pede e deseja.
Há certas noites, onde o escurecer
apenas trás mais tranqüilidade e harmonia
e dentro de mim
silenciosa alegria
me faz ver que o dia
não foi em vão.
Tempo de você
por todos os meus caminhos
pedaços de raras rosas e tantos espinhos
agora tão diferentes
depois do seu chegar.
Há uma vida que segue
lugar onde encontro cada vez mais
noticias sobre quem de fato sou.
Há um encontro
uma comunhão
há de fato você
para por fim a solidão.
Uma coisa interessante de nossas vidas
São as primeiras vezes
O primeiro olhar
O primeiro beijo
A primeira saudade
O primeiro encontro
O primeiro contato com a morte.
O tempo faz com que a graça
Das primeiras vezes pouco a pouco nos deixem
Mas nada é pior
Do que o dia que você descobre
Pela primeira vez
Que não já não consegue mais chorar.
Lamentavelmente nenhum de nós poderá acompanhar o próprio enterro.
Nós, que temos vivido com tanta pompa e preocupação com o futuro, não poderemos estar de pé neste momento onde todos nossos momentos resumem-se e finalmente e oficialmente, tornaremo-nos iguais aos demais.
Será frágil o momento derradeiro, nossa mão de aço e alma de ferro nada poderão fazer por nosso orgulho recém deixado nesta terra.
Alguns irão chorar, infelizmente talvez só possamos ler pensamentos, e eles dirão mais do que as lágrimas momentâneas.
Neste tempo, apenas teremos sido.
A ausência fará de nós uma coleção rápida de esquecimentos sucessivos.
Estarão lá os supostos amigos
todos em meio as partes interessadas.
De fato será um bom momento para não ter como intervir.
Pegarão nas alças do caixão e nela com certeza irão sentir a frieza de um último aperto de mão.
Muitos não sentirão qualquer diferença,
Embora seja... um adeus de carne e ossos dado a uma alça metálica.
Nenhum de nós irá ao próprio enterro.
Caberia, se fossemos, questionar como alguém que era tão importante pode virar pó.
Caberia, se servíssemos ainda para alguma coisa, perguntar porque o fim não permite qualquer distinção.
Tanto o caixão como a cova, sem contar os enfeites externos, são comuns a todos.
não há lugar para o orgulho, para a exploração e para o ódio.
Triste fim, para um anfitrião de corpo presente.
Talvez sinta-se até.... vontade de morrer !
Minha vida é uma casa imensa
cheia de espaços a serem ocupados.
De janelas e porta abertas
minha vida tem coisas incertas
como o amanhã dos que não tem esperança.
Minha vida é um imenso jardim
cheio de flores e pedras, voltados em direção ao céu.
São espaços sagrados ocupados pelo profano
ao lado da razão e do conceito
no mesmo espaço vive o insano.
Minha vida tem pessoas que nem mesmo eu sei
de onde surgem e porque.
Minha vida é um lugar imenso
com espaços e cativeiros
com caminhos jamais percorridos
com lugares ainda inexplorados.
Minha vida é a loucura
de quem deseja um dia se encontrar.
Se você pudesse mudar algo, o que mudaria?
O que vale a pena pra você?
Se você mudaria algo no passado, é porque deve valer muito a pena ter de novo ou nem ter o feito.
Você não pode mudar o seu passado, mas pode mudar o seu futuro.
Faça acreditar que o que diz vale a pena e que tudo poderá ser diferente.
E se você pudesse ter uma nova chance?
O que faria?
Por: Silvia Godoi
Grande parte das objeções dos artesãos à Revolução Industrial baseava-se justamente no fato de que o ambiente industrial os impedia de serem artesãos. O ambiente criado pela Revolução Industrial era feio, desagradável e completamente incompatível com o homem possuidor de uma arte. O tecelão era um artista, algo que o trabalhador de uma fábrica têxtil já não era. O afeiamento do mundo foi o primeiro efeito da Revolução Industrial.
Mas a Revolução Industrial era inevitável na medida em que existia no mundo uma massa enorme de pessoas incapazes de encontrar um centro em si mesmas. Pessoas que não são capazes de probidade ou de outros centros superiores em suas personalidades precisam encontrar um centro exterior. Se o número de tais pessoas é significativo, torna-se necessário a criação de um número proporcional de funções servis para que essas pessoas sirvam a outras pessoas, sendo esta função servil um substituto para algum centro interno. Praticamente todas as sociedades humanas admitiram a existência de servos ou escravos, ou seja, pessoas desprovidas de um centro interno, pessoas cujas vidas não possuíam um propósito, mas que poderiam servir a outras pessoas que tinham uma centralidade interior.
Aparentemente, ao defender as Cruzadas, São Bernardo estava defendendo a existência de um território estritamente cristão e Jerusalém deveria fazer parte desse território. Num primeiro momento, então, a finalidade dessa defesa era de ordem política. No entanto, a finalidade ia muito além disso. A raiz da defesa de São Bernardo estava fincada, inicialmente, em sua contemplação da cristandade. Em segundo lugar, estava em sua percepção de que era estritamente necessário dar para as pessoas de índole aristocrática um direcionamento espiritual.
Não podemos esquecer que na Idade Média a Europa era composta por várias tribos guerreiras. O mesmo acontecia entre os índios da América do Norte. São Bernardo, então, questionou-se acerca de como essas pessoas de índole aristocrática poderiam assimilar o cristianismo e alcançar a santidade. O anseio de orientar espiritualmente os guerreiros europeus foi a motivação principal para a defesa de São Bernardo às Cruzadas, para a fundação da Ordem do Templo e para o delineamento dos ideais de cavalaria. São Bernardo foi o primeiro santo que delineou a imagem do legítimo cavaleiro cristão. Ele percebeu que a vida estritamente monástica e contemplativa era inconcebível para a maior parte dos aristocratas europeus. Compreendeu que o centro mais elevado e concebível para uma imensa parte da população européia era a nobreza de caráter e decidiu fazer desse centro uma via de santificação para os europeus.
Os aristocratas europeus, apesar de professarem sinceramente o cristianismo, idealizavam suas virtudes como oriundas de figuras mitológicas não-cristãs. Essa dualidade foi um grande problema na Europa. Os aristocratas europeus possuíam dois conjuntos de valores positivos, porém incompatíveis. São Bernardo foi o responsável pela solução dessa incompatibilidade. E para pôr em prática essa solução, São Bernardo defendeu as Cruzadas.
As pessoas podem achar qualquer coisa das Cruzadas, mas o número de aristocratas que alcançaram a santidade nesse processo foi incalculável. E santidade sempre é bom. É claro que São Bernardo sabia que as Cruzadas possuíam uma certa ambigüidade e não durariam para sempre. Mas ele também sabia que as Cruzadas definiriam a imagem exata do guerreiro cristão, sendo isso indispensável para a civilização cristã. A convicção profunda que nós temos hoje de que a força deve ser usada em nome da generosidade, da justiça e da nobreza é herança de São Bernardo. Se não fosse por São Bernardo, até hoje acharíamos que existem os brutos e inescrupulosos de um lado, e os cristãos que aceitam apanhar passivamente do outro. Não haveria qualquer possibilidade de solucionarmos essa dicotomia. O cristianismo não teria assimilado uma boa parte da sociedade e a sociedade não teria assimilado uma série de valores cristãos. São Bernardo foi o responsável pela existência de muitos santos e pela existência de um mundo cristão.
Se os valores estéticos e técnicos fossem nulos espiritualmente nenhuma grande tradição teria produzido grandes obras de arte. Mas a história evidencia que a composição de hinos, a produção de instrumentos rituais, a construção de templos e outros bens surgem logo após o aparecimento de uma religião. Somente esse fato prova que os valores estéticos e técnicos possuem algo de espiritual. Nenhuma religião, em nome de um idealismo espiritualista, permitiu que os templos fossem construídos de qualquer jeito. O próprio São Francisco, talvez um dos maiores advogados da pobreza enquanto método espiritual, ao reconstruir templos, os resconstruía com o máximo cuidado e beleza. Certo dia um padre me disse que os poucos fragmentos das palavras do Cristo em aramaico indicam que muito provavelmente o Cristo discursava em verso. Então muito provavelmente todos os discursos do Cristo eram poemas. Essa é mais um prova do conteúdo espiritual da arte.
A beleza de um objeto material transcende a sua materialidade. É por isso que a beleza é amável, pois a beleza do objeto indica algo que é mais do que o objeto considerado em si mesmo. Por isso é frustrante ver algo ou alguém belo que não corresponda à sua beleza. São Boaventura dizia, e com muita razão, que os processos internos no ser humano que atuam na contemplação estética são exatamente os mesmos da contemplação mística. E como sétimo superior da ordem franciscana, ele também era um grande advogado da pobreza enquanto método espiritual.
Os franciscanos eram defensores da pobreza, não da feiúra. A pobreza não pode ser confundida com a feiúra. A renúncia é ela mesma bela enquanto ato humano. É belo ver um homem que privou-se de tudo por Deus. Além disso os franciscanos compensavam a sua penúria material com uma riqueza de cantos. Os franciscanos cantavam e riam o tempo todo. Isso até causava alguma estranheza em certos mosteiros beneditinos porque segundo a regra beneditina a gargalhada é proibida. Se os franciscanos não tinham a arte da arquitetura ou vestimenta, tinham, ao menos, a arte do canto.
Os valores indispensáveis para a vida humana – não somente para as civilizações, mas também para cada um dos indivíduos – são sete:
1) Uma consciência clara e definida da objetividade da inteligência humana. É preciso saber que a inteligência humana é objetiva;
2) É preciso saber que a vontade humana é livre;
3) É preciso saber que educando os teus instintos você será capaz de sentimentos nobres;
4) A inteligência humana opera sobre dois domínios diferentes: o domínio do imutável (necessário) e o domínio do contingente; mas não podemos esperar que ela tenha a mesma clareza no domínio do contingente como tem no domínio do necessário;
5) O sujeito precisa ter uma ideia do seu papel na humanidade e aprender a usar as circunstâncias concretas para a realização desse papel. Se ninguém, ou um número muito pequeno de indivíduos fizer isso, a sociedade será infeliz, e uma massa muito grande de infelicidade é uma das principais causas de revoluções e destruições civilizacionais. Quando muitas pessoas são infelizes, torna-se fácil manipulá-las;
6) O ser humano precisa conhecer as vidas plenamente realizadas;
7) Ele precisa estar cônscio da possibilidade da vida mística.
Se faltar alguma dessas coisas numa vida individual, o sujeito será privado de uma dimensão humana e certamente sairá prejudicado. Qualquer civilização tem de oferecer, numa dose mínima que seja, o acesso a essas sete informações. Se faltar alguma delas a civilização será incompleta e necessariamente será substituída por outra.
SOBRE A INVEJA E OS PECADOS DA CARNE
O invejoso tem desgosto pelo bem do outro. O invejoso não tolera que o bem possuído pelo outro seja apreciado ou valorizado. Ele sempre busca diminuir o valor do outro através de calúnias, e pode chegar até mesmo a lançar mão de meios para destruir ou entristecer o possuidor do bem. O bem é naturalmente amável, mas o invejoso tem o pior tipo de amor pelo bem. O invejoso perverte o amor pelos bens. Na verdade, o invejoso gostaria de receber os louvores ou alegrias que os bens proporcionam a outras pessoas, mas ele olha para si e não se vê capaz de alcançar esses bens. Então, se ele não pode elevar-se ao patamar do outro, ele buscará rebaixá-lo ao seu. Para isso ele irá destruir ou diminuir o valor desses bens e de quem os possui. Tanto que uma das filhas da inveja é a murmuração, também conhecida por calúnia ou difamação. Isso é tremendamente perverso para a ordem do mundo porque quando as pessoas passam a apreciar menos o bem proporcionalmente passam a apreciar o mal.
Todos os vícios estão em todos. Todo mundo nalgum momento já sentiu algo de vaidade, orgulho ou inveja, os chamados pecados do coração, e já sentiu algo de luxúria ou gula, os chamados pecados da carne. A sensação física causada pelos pecados do coração e pelos pecados da carne é completamente diferente. A impressão deixada pelos pecados da carne é que o desejo está disperso por todo o nosso corpo. Eles não dão a impressão da existência de um núcleo de maldade. Tanto que a resposta para a pergunta 'Por que este desejo é mau?' não é evidente. Pois não há um núcleo de maldade facilmente identificável. Os pecados da carne criam desordens na alma, embora não tenham realmente um núcleo de trevas. Eles são maneiras desordenadas de querer coisas boas. Eles são uma espécie de febre não de doença. Mas os pecados do coração possuem um núcleo de maldade. Os pecados do coração são mais graves porque congregam forças tenebrosas no centro da atividade psíquica. E esse centro é justamente o meio pelo qual a pessoa interage com Deus. É para esse centro que as graças de Deus orientam-se e disseminam-se por toda a alma. Quando esse centro é coberto por forças tenebrosas há o impedimento da circulação dos bens espirituais na alma. Ao passo que os pecados da carne apenas desperdiçam esses bens. Eles são uma espécie de vazamento não de obstrução. Observem-se a si mesmos quando vocês forem tentados por ambos os tipos de pecados e vocês perceberão essa clara diferença entre eles.
NOBREZA
Meditei, meditei e meditei por muitos anos e cheguei à conclusão de que a virtude que mais falta ao brasileiro, em geral, é a nobreza.
Ele até tem dó dos outros, é tolerante, otimista etc. Mas lhe falta nobreza. A nobreza é uma fusão de coragem, generosidade e auto-controle. Brasileiro é muito medroso, pão-duro e lascivo num nível até perigoso.
A coragem deve ser para enfrentar as injustiças que os outros sofrem sem temor da morte, da difamação e da pobreza. A generosidade deve ser de si mesmo e dos bens materiais. O medo da pobreza e o 'pão-durismo' nos reduz à condição de animais. Só o ser humano é capaz de doar para um estranho. Nenhum animal faz isso. E o auto-controle também nos deixa mais humanos. Nenhum animal diz 'não' quando uma possível satisfação dos sentidos lhe é apresentada.
As pessoas são 'iguais' enquanto imagens de Deus, mas são objetivamente superiores ou inferiores de acordo com os seus graus de nobreza. O inimigo nobre deve ser mais valorizado que o aliado mesquinho.
A caridade é uma virtude teologal e não moral, só vem quando Deus quer, mas a nobreza é cultivável. Vejo muita gente que não tem nobreza nenhuma arrotando caridade cristã por aí. Olha, pelo fato da caridade ser uma virtude teologal, o sujeito que a tem nem é consciente disso. Se você acha que tem, é porque não tem. Com a nobreza não é assim. A nobreza é cultivável e observável.
Eu já encontrei nobreza entre mendigos, nobreza em nível elevado. Já os ricos brasileiros, e por ricos me refiro a qualquer um que tenha mais do que o necessário para suprir as necessidades básicas, são os menos nobres do mundo. Eu testemunhei isso diretamente.
Ausência de nobreza é sinônimo de animalidade, mas existem graus nisso.
É importante lembrar que a nobreza, por definição, parte do indivíduo para a sociedade. O nobre mais nobre (mais corajoso, mais generoso e mais auto-controlado) é o isolado.
Querem uma instrução bem prática? Façam o voto de NUNCA negar esmolas (mesmo que só tenham uns centavos), estudem um pouco de música e um pouco de artes marciais.
Querem que seus filhos sejam nobres? Coloquem eles para estudar artes marciais e música e façam com que eles dêem esmolas, tanto como intermediários do dinheiro dos pais como de suas próprias coisas (brinquedos, roupas etc). Leiam muitos contos de fadas e de cavalaria para eles também.
O PROPÓSITO DA ESMOLA
O propósito da esmola não é resolver a vida do pedinte. Mas se nós não sabemos o que o mendigo irá fazer com o dinheiro e nem a esmola irá resolver a vida dele, por que Cristo falou 'Dá a quem te pedir'? Na verdade, com esse conselho Cristo quis nos ensinar uma coisa sobre este mundo.
Neste mundo você jamais irá resolver todos os problemas. Mesmo que algum dia venha a existir uma sociedade inteiramente justa, ainda continuarão a existir as calamidades naturais, ou seja, haverá circunstâncias nas quais não existirá alimento e abrigo para todos. A justiça não é capaz de solucionar todos os problemas do mundo porque a justiça não elimina um mal, ela no máximo recupera um bem pré-existente. Por exemplo, se você tem um livro roubado, o máximo que a justiça poderá fazer será devolver o teu livro, sendo ela incapaz de criar o mesmo livro. A justiça não aumenta o bem que há no mundo, apenas o mantém. Mais ainda, como nenhuma sociedade é perfeita, a justiça não é capaz sequer de manter integralmente o bem. A justiça apenas diminui o ritmo de degradação dos bens. A justiça consegue devolver todos os bens roubados para os seus respectivos donos? Não. Ou seja, mesmo com a justiça, o bem que há no mundo diminui.
E por qual meio você pode restaurar um pouco do bem existente no mundo? Através da misericórdia. A misericórdia realmente elimina o mal. Mas qual é a raiz do mal? A raiz do mal é o estado de miséria, o estado de privação de um bem fundamental juntamente com a impossibilidade de obter os meios para adquiri-lo. Como exemplo podemos citar o caso de algum mendigo alcoólatra. Enquanto mendigo, ele perdeu o poder econômico de sustentar-se. E porque ele é alcoólatra, ele não tem como recuperar esse poder econômico. Se ele fosse apenas alguém que perdeu o emprego, ele estaria numa condição de pobreza, e não de miséria, pois o pobre ainda dispõe de recursos pessoais para conseguir um novo emprego.
A miséria é o mal fundamental neste mundo. Mas a miséria é atomística, ou seja, o miserável sobrevive um dia de cada vez. Quando você encontra um miserável e lhe dá esmola, você prolongou a vida dele por mais um dia. O dinheiro que você deu era um bem material para você, mas para o miserável era a garantia de sobrevivência por mais um dia, ou seja, um bem muito maior do que o material. A esmola é o único meio de você inserir um bem no mundo ao mesmo tempo em que elimina um mal.
CRITÉRIOS OBJETIVOS PARA UMA VIDA FELIZ
A natureza do propósito ao qual uma pessoa está devotada pode conduzi-la para a redenção ou destruição. Pode torná-la uma boa pessoa ou uma má pessoa. As pessoas más são más porque são infelizes. Mas, é claro, existem graus de maldade ocasionada pela infelicidade. Há pessoas que devido à infelicidade são autodestrutivas, destróem apenas a si mesmas, o que é, claro, uma forma de mal. Mas há aquelas que contentam-se apenas quando destróem a vida de outras pessoas. E essas pessoas sentem alívio quando fazem o mal, não felicidade. Também não faz diferença se elas têm ou não consciência de suas maldades e infelicidades. O que realmente faz diferença na vida é caminhar na direção da felicidade ou da infelicidade. Todas as demais suposições são mais ou menos supersticiosas. A questão é: existem critérios objetivos pelos quais você pode caminhar na direção da felicidade ou da infelicidade. E você deve usar estes critérios para que as coisas dêem certo: 1) a felicidade na vida depende que os propósitos não sejam imaginários. Este é o primeiro passo: você deve verificar se o que você está querendo não é uma fantasia da tua cabeça, porque se for, você já começou errado, inaugurando com isso o caminho da infelicidade; 2) você deve escolher um propósito que dependa maximamente da tua atividade. Nenhum propósito depende exclusivamente de você, todos eles dependem um pouco da intervenção de elementos externos. Mas se proponha a um que dependa maximamente de você. Todo o resto, se a pessoa tem ou não consciência de seus erros, não interessa. A consciência das pessoas não é testemunhada por nós. Ela só existe para a pessoa e Deus. Então ela só deve ser considerada por Deus. O que nós podemos e devemos considerar são os critérios objetivos que nos indicam aquelas vidas conduzidas para a felicidade ou para a infelicidade.
Nós devemos encontrar um equilíbrio entre a satisfação de todas as nossas necessidades e a não satisfação. A consistência desse equilíbrio é a seguinte: o excesso de privação conduz o ser humano ao desespero; e o excesso de posse o conduz à indolência. Se nós obtivermos deste mundo tudo o que nós queremos, nos tornaremos ao final espiritualmente indolentes. Por outro lado, se não possuirmos deste mundo nada do que precisamos, nos tornaremos ao final desesperançados. Isso quer dizer que o complemento do querer a divindade não é o não querer o mundo, mas o não querer o mundo demasiadamente. Pois do ponto de vista da divindade o mundo é um de seus aspectos.
O equilíbrio é encontrado quando o ser humano conduz a sua vida de tal modo que ele nunca esteja plenamente satisfeito ou plenamente insatisfeito. Devemos acostumar a nossa alma com o fato de que as coisas do mundo vêm sempre pela metade. Quem acha que o mundo deve ofertar tudo o que é desejável, acaba por tornar-se idólatra. Por outro lado, quem acha que o mundo é incapaz de oferecer alguma situação satisfatória, acaba por tornar-se ateu. Quem estabelece uma dicotomia entre o mundo e Deus acaba por acreditar que não existe Deus algum. O ser humano deve, então, reunir o mundo e Deus em sua alma individual. A sua individualidade deve conter uma relação com Deus e uma relação com o mundo, e ambas as relações não podem ser contraditórias. Elas devem se complementar num certo sentido como o sol e a lua se complementam. O sol é sempre luminoso. A lua cresce e diminui. Essa oscilação lunar representa o tipo de relação que o ser humano deve estabelecer com o mundo. O mundo não irá oferecer luz todo o tempo, mas também não oferecerá trevas todo o tempo.
UM MUNDO EM RUÍNAS
Vivo em um mundo,
no qual não sei o que faço.
Vivo em um mundo,
no qual pra mim não há espaço.
Vejo conflitos, guerras e poluição.
Vivo em um mundo,
onde quem reina é a corrupção,
motivo de indignação.
Pessoas vivendo na miséria,
pessoas passando fome,
pessoas infelizes,
pessoas que se quer tem um nome.
Essa gente iludida
que luta para seguir sua vida,
vive com essa realidade,
sabe que tudo isso é verdade.
Vivo em um mundo,
que não vai pra frente.
Queria que a realidade fosse diferente,
mudar o rumo dessa gente.
Falta infraestrutura.
Falta mais educação.
Falta saneamento básico.
Falta organização.
Enquanto uns vivem,
outros apenas sobrevivem.
Não possuem teto, não possuem lar
alguns tem apenas a calçada onde podem morar.
Olha aquele pobre coitado:
um mendigo abandonado,
que no chão está deitado.
Ele sim sabe o que e sofrer.
Vivo em um mundo,
no qual não sei o que faço.
Vivo em um mundo
no qual para mim não há espaço.
Vejo racismo, bulliyng e homofobia,
esse preconceito chega a ser ironia.
Ninguém sabe o dia de amanha.
Mas creio que só vá piorar
Vejo tecnologia, mais prédios e mais miséria.
A situação esta cada vez mais séria
Enquanto uns enchem o bolso,
outros nem tem bolso para encher
Esse mundo esta se acabando,
o preço nas prateleiras está só aumentando.
O pobre povo trabalhando,
mal e mal se sustentando
Crianças na sinaleira.
Pedindo esmola ou vendendo besteira
Sobrevivem dia a dia,
muitas vezes de barriga vazia
Sobre a saúde tem muita coisa pra falar
Pessoas ficam dias a esperar,
filas tem que enfrentar
Muitas morrem antes de sua vez chegar
O povo trabalhando,
lutando dia a dia
O governo se aproveitando
Onde esta a democracia?
Se a presidenta é deposta
Entra outro em seu lugar
Mas de que adianta tudo isso
Se ele não sabe governar?
E o que resta para mim
Um jovem sonhador
Com vontade e vigor
Mas que tem muito pudor?
O que resta para o povo
O que resta para as crianças
Elas acham que esta tudo bem
E ainda tem muitas esperanças
Essas pobres criaturas
Vivem uma ditadura nem sabem o que é
Ditadura disfarçada, essa gente desgraçada
Não há nada que se possa fazer
Chega a ser um desperdício,
tanto trabalho para colonizar.
Se o governo na sabe administrar.
E nem a cultura trazida apoiar.
O que me resta e perseverar
Acreditar que um dia,
tudo isso vai mudar
E que meu mundo vai melhorar.
Vivo em um mundo,
no qual não sei o que faço
Vivo em um mundo,
no qual pra mim não há espaço
Vivo em um mundo chamado Brasil
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