Textos de Chico Chavier sobre o Amor
A ansiedade, o faniquito de 'agir', denotam uma sensibilidade epidérmica, falta de interioridade e concentração. Superficialidade, portanto fraqueza.
'A imobilidade gera a sabedoria', ensinava Aristóteles.
O impulso da expressão emocional imediata, que tantos enxergam como sinal de 'sinceridade', é também pura dispersão. A expressão das emoções tem de ser refreada para que elas possam interiorizar-se, criando a intimidade de um 'mundo' pessoal.
Procure o mesmo lugar de sempre
Aquele que te remete paz
Bem simples e aconchegante
Cheio de afeto e boas recordações
Desapegue do estresse diário
Sirva-se de toda essa tranquilidade
Reencontre-se e renasça das cinzas
Finalmente, volte inteira e feliz
E emane o melhor de si aos seus
Mas, comece por você mesma
Então, procure o mesmo lugar de sempre
A culpa é da felicidade
Dela, sim, culpada
A vida com ela é a melhor
E quando ela não volta
A gente perde o norte
Não sabe se procura
Não consegue ficar só
E encontra noutras fontes
O consolo emergencial
Mas aquele raio de sol
Tão lindo, iluminado e quente
Não se encontra em qualquer fresta
Acordo e estou triste, mas não deprimida, apenas decepcionada e percebo as pessoas próximas se movimentando no domingo de manhã.
Estão "passando" um café cheiroso, alguém me diz para sentar e comer o sanduiche, vejo aquele de forno, com o queijo em cima e pão sem bordas.
Eu me vi tão feliz com o café tão simples, só pelo motivo de alguém ter se lembrado de como eu gostava do pão assado, na minha infância, sem as casquinhas, eu as tirava e começaca a comer o sanduiche pelo recheio, a bordas ficavam intactas.
Eu fingi que não havia me emocionado com esse café igual ao de antigamente e comecei a comer logo, veio a lembrança do sabor amanteigado da assadeira em baixo do pão .
Foi o bastante para aceitar que eu não tenho o poder de mudar o que não cabe a mim e sim dar tempo ao Senhor dele, pois as melhores memórias que ja vivi e volto a reviver, não partem de mim, são expontâneas e tem o momento certo para transformar minha vida.
Por causa dessa manifestação de carinho, fui me vestir com uma roupa bonita, precisava mostrar que essas pessoas valiam a pena, ao fazer do meu dia o mais feliz.
Não mudei por obrigação de retribuir, ninguém me pediu nada, mas eu senti um impulso de despertar do desgosto em que perdi o sono, aprendi que ele não iria me ajudar, mas sim me depreciar cada vez mais e meu tempo é valioso, não posso o desperdiçar com tristeza.
Portanto, amanhã será outro dia, mas um gesto carinhoso hoje foi capaz de adoçar uma manhã amarga.
E se uma chuva de sentimentos bons acontecesse todos os dias na vida das pessoas, o que não transformaria?
Mulheres ninfas, assim como mulheres sereias têm o hábito de atrair pelo visual, conseguem manipular o outro, cuja fraqueza é exatamente uma mulher deslumbrante.
Mas, assim como nas lendas mitológicas, as mulheres empoderadas podem ser livres demais, repare que essas lendas as classificam não só como belas mulheres, mas estão sempre sozinhas, não se prendem a conquistadores, mas gostam de seduzir e principalmente são super protetoras do seu hábitat.
Como tudo na vida, mulheres assim tem dois pesos e duas medidas. Que tipo de lenda você é, mulher? Que tipo de mitologia você já conheceu de perto, homem?
Além da autossuficiência Antístenes radicaliza também o conceito de autodomínio proposto por Sócrates. O ser humano tem que dominar além dos prazeres as dores. Antístenes vê o prazer como um mal e dele temos que nos separar sempre e de qualquer forma. A busca pelo prazer e o prazer em si tira das pessoas o controle que elas tem delas mesmas. O homem deve portanto combater os impulsos que o levem a buscar prazer e se separar das riquezas que o acomodam a uma vida fácil.
(filosofia de Antístenes)
O DESCONCERTO QUE CONSERTA!
Odiar é também uma forma de amar. Diferente, mas é. É que o coração humano nem sempre consegue identificar o sentimento que o move. É claro que existem situações em que o ódio é ódio mesmo, mas, em outras, não.
Você já deve ter experimentado isso que estou dizendo. Sobretudo no momento em que foi traído, enganado e até mesmo abandonado. O sentimento foi de revolta e, nela, o amor muda de cor, configura-se diferente. É a mesma coisa que acontece com os animais que se camuflam para sobreviverem às ameaças dos inimigos. O camaleão é sempre camaleão, mesmo que não possamos identificá-lo no seu disfarce. Da mesma forma fazemos nós.
Quando temos o nosso amor traído, ameaçado pelo descaso do outro, nós nos revestimos de ódio e ressentimentos. Mas a fonte é sempre o amor. Ele é o referencial de onde parte a nossa reação. Nem sempre temos coragem de assumir isso. A traição nos trava para a misericórdia. E, então, sentimos necessidade de devolver a ofensa com a mesma moeda.
Por isso, dizemos que odiamos. Mas só o dizemos, porque o que nos falta é coragem para dizer que amamos.
E se acontecer passarem por ali, eu lhes
suplico que não tenham pressa e que esperem um pouco bem debaixo da estrela! Se então
um menino vem ao encontro de vocês, se ele ri, se tem cabelos de ouro, se não responde
quando interrogam, adivinharão quem é. Então, por favor, não me deixem tão triste:
escrevam-me depressa que ele voltou...
Entre brumas, ao longe, surge a aurora.
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu risonho,
Toda branca de sol.
E o sino canta em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a bênção de Jesus.
E o sino clama em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
Por entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a lua a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu tristonho,
Toda branca de luar.
E o sino chora em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.
E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.
E o sino geme em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
Para ser um fascista você precisa acreditar piamente numa solução mágica constituída da união inseparável dos seguintes elementos:
1 - Nacionalismo xenófobo.
2 - Controle estatal -- às vezes militarização -- da economia.
3 - Partido de massas com uma doutrina uniforme obrigatória para a nação inteira. Adestramento da juventude na doutrina.
4 - Culto do chefe.
Se faltar um desses elementos, não é fascismo. Pode ser merda, mas não fascista.
Pardal egocêntrico
Pálido pardal… pálido de sentido! Voa perdido, em busca de seu encontro.
Encontro esse desejado, com seu outro lado! Mais um pardal necessitado, em busca de seu legado!
Legado de pardal achado! Que não mais se vê como antes! Cada um para o seu lado, e cada lado um horizonte.
Então ali se vai mais um pardal errante! Livre por escolha, porém preso em seu semblante...
A ideia de ser como vento, ir e vir sem medo! Sem vontade, sem tormento.
Mas a fome o faz pensar, e o cansaço o faz parar… pobre pardal, não contava com o gavião…
Como estou? Quer realmente saber?
Ainda juntando os cacos. Um a um, dia após dia.
Mas sabe, uma coisa mudou. Parece que a cola está mais forte, entende? Mesmo quando bate o vento das nossas memória, eu balanço e até caio, mas agora só alguns pedaços pequenos se espalham novamente. O estrago que você fez foi grande, só eu sei. Vc?! Não, você não tem como saber porque vc comprou antes uma bela almofada para amortecer sua queda... Não me diga que entende.
Me deixa aqui juntando meu quebra cabeças e vai. E ah! Cuidado com esse degrau aí. Vc é mais frágil do que eu e está se segurando num corrimão prestes a ruir.
Senhor, meu Deus
dai-me forças pra seguir
renova as esperanças
nada posso sem ti
O que mais quero, Senhor
Tua presença em meu viver
pra continuar a caminhada
enche-me de ânimo, preenche meu ser
Por muito tempo vaguei
sem rumo, sem direção
tentando preencher o vazio
não passou de ilusão
Por caminhos tortos andei
longe de teus conselhos, Senhor
caí, sofri, errei
mas, fui salvo por teu amor
Depois de muito sofrer
vi na Palavra a Luz
abriu-se os olhos
encontrei meu Jesus
Riqueza maior não há
entender a Bíblia Sagrada
diante de Deus, se humilhar
pra ter a Graça alcançada
Quão bom és tu Senhor
a ti rendemos louvor
a tua Graça nos basta
não vivo sem teu amor.
Eu na trilha incerta dos meus passos,
mergulhado no destino imenso dos meus sonhos,
vou percorrendo as estradas do mundo
deitando a toalha branca sobre os altares da humanidade,
e retirando do horizonte profano da vida
a matéria-prima que será sacralizada.
Ele , o tempo e seus movimentos de suas cirandas,
vida que se reveste de cores e estações litúrgicas
que nos convida a celebrar o específico de cada motivo.
Tempo de preparo, de colheita, vida comum, sopro do espírito, tempo de ressuscitar.
Eu, sacerdote das divinas causas;
Ele, sacerdote das humanas razões.
Quando com ele não posso, faço acordo, sorrio com os motivos de suas alegrias e poetizo as tristezas, que de suas mãos se desprendem!
Mas quando com ele posso, ah! Quando com ele posso, eu dele me esqueço e vivo!
Não é novidade para ninguém que, hoje, o que se vive é um estado de pleno caos. Tal situação se alastra de forma generalizada em todos os setores da sociedade, e, não contentando-se, como um vírus se propaga também na vida pessoal dos indivíduos, modificando de forma assustadora a maioria das atitudes dos mesmos.
É surpreendente e intrigante observar como algumas contradições extraordinárias surgem em meio a essa ‘bagunça organizada’ que chamamos de sociedade. Diante de uma faceta global problemática e cheia de distorções em todos os setores componentes da forma atual de governo (que é o maior propulsor do referido caos), vivemos hoje num mundo, onde o nada passou a ser tudo, e o tudo é absurdamente tratado como um nada.
Como se não bastasse todas as dificuldades enfrentadas pelas pessoas no dia-a-dia, sejam em suas casas, na família, nos relacionamentos de trabalho (ou a falta dele), ou nos relacionamentos amorosos, o que se percebe é que muitas situações que poderiam ser evitas e/ou amenizadas, acabam por ser supervalorizadas, ganhando status protagonista de um enredo que não deveria ter sido escrito, tão pouco holofotizado.
Discussões desnecessárias, desentendimentos e agressões de todos os gêneros ocorrem a cada segundo por conta disso. Relacionamentos rompidos, brigas de trânsito, bate-boca com os pais, amizades desfeitas, confianças destruídas, muitas vezes por motivos pífios e sem a menor necessidade. Apenas pelo calor do momento, pela falta de parcimônia ou até mesmo por não ter dado duas respiradas a mais.
As pessoas estão em estado de ebulição. A correria diária causada pela pressa e pressão em cumprir os compromissos dados, associada à falta de tempo, faz com que todos estejam com os nervos à flor da pele.’ N’ são os motivos que poderiam ser mencionados como culpados e vilões de tal situação. Dá até para entender muitas vezes esse comportamento. Porém, é inadmissível pensar em concordar ou aceitar o modo como essas pessoas têm conduzido de forma agressiva seus atos, onde muitas vezes, resultam até em morte.
Do mesmo modo, essa inversão de valores também atinge o outro lado da moeda. Assim como tragédias e catástrofes são criadas a partir de um ‘nada’ – vide efeito bola de neve -, inúmeras são as frustrações sofridas, somente pelo fato de muitos coroarem pessoas, momentos ou coisas completamente banais, dando-lhes importância descabida e colocando-as num patamar aonde nunca deveriam chegar/estar.
Quantos namoros e casamentos acabam apenas um mês depois de começarem? Quantas amizades são desfeitas pela quebra da confiança precoce que alguém depositou? Quantas vezes não já nos decepcionamos por termos valorizado demais, de forma precipitada, algo ou alguém que não merecia? No fundo, não é difícil prever esses resultados, quando se tem consciência de que demos atenção exacerbada a algo que não deveria sequer ter passado perto de nossa visão periférica.
Acredito que o que está faltando, é uma manutenção mais adequeada nas balanças da nossa razão, do nosso julgamento. Temos que pesar melhor e pensar melhor nas coisas. É inevitável sofrer influência do caos em que vivemos, já que somos parte e compomos esse sistema. Não dá pra fugir dele. Mas podemos blindar mais nossos valores, selecionar e direcionar melhor nosso foco, nossas atitudes. Não é possível que iremos continuar nesse desgaste continuo, nos deteriorizando por um nada, tão pouco nos frustrando por criarmos esperanças em castelos construídos em base de areia.
É no início. É aonde começa. É ali que devemos atuar. Às vezes, uma pequena atitude muda tudo. Um pouco de calma e observação em muitas oportunidades é o suficiente. A análise da situação com mais perícia e o uso do filtro certo para separar o joio do trigo, já faz grande diferença. Não é tão difícil, basta ter um pouco de sobriedade, pensar um pouco e não deixar a gama de sentimentos fazer com que apenas siga o bonde. Não estamos falando de um câncer, é algo que pode e deve ser evitado.
Tudo e nada. Em estado normal, seria uma dicotomia perfeita. Palavras tão avessas... Porém, hoje em dia, tão singulares.
"Chama"
Hoje eu quero tudo.
Quero despertar todos os sentidos como quem destrói um formigueiro.
Quero queixos, pescoços e nucas.
quero halito quente e uma força maluca.
quero linguas, toques, dentes.
Respitos frofundos e gemidos frequentes.
Quero unhas cravadas nas costas, mordidas na orelja como a gente gosta.
Quero joelhos, coxas virinha.
quero amassos e descompassos.
quero chupões e arranhões.
depois do deleite.
quero que você se deite e sonhe ao meu lado antes de dormir.
CUMPLICIDADE
Entro e saio,
A casa parece ter crescido,
Deito e levanto,
A cama causa espanto,
Leio e releio,
Não entendo nada,
Tento não averiguar,
Impossível...
É mais forte do que eu,
O celular tornou-se alimento,
O final de semana teima em demorar,
Insuportável situação,
Faz uma enorme confusão,
Minha mente transforma-se em redemoinho,
E nesse caminho,
Aumenta as forças,
Quase meio louca,
De anseio por te...
Reparo o dia esperando o anoitecer,
Cadê você?
É cruel demais...
Sem esquecer sua fala,
De conforto, exata,
Reforça a sua amada,
Torna-me muito mais tua,
Amplia o horizonte,
Branda o coração,
Crendo na "tranquilidade",
Na nossa cúmplice idade,
Na alegria e intensidade,
Da companheira frugalidade,
Porque tudo que é simples,
Cria um laço de verdade.
Está cheio de brasileiros que infelizmente acreditaram que são vítimas da sociedade, coitados supostamente dentro de uma condição irreversível e que por isso, não sairão do lugar. Infelizmente...
Eu sou primeiro a dizer que a sociedade é hipócrita e nojenta. Mas sou o primeiro a rejeitar veementemente o coitadismo que invadiu o país.
Pense fora da caixinha!
Não siga a boiada!
Não se intimide com o desprezo da sociedade!
Trabalhe, lute, acredite nos seus sonhos e projetos.
Verás que mais tarde essa mesma sociedade que te despreza, vai vir te dar uns tapinhas nas costas!
Protesto
Mesmo que voltem as costas
Às minhas palavras de fogo
Não pararei de gritar
Não pararei
Não pararei de gritar
Senhores
Eu fui enviado ao mundo
Para protestar
Mentiras ouropéis nada
Nada me fará calar
Senhores
Atrás do muro da noite
Sem que ninguém o perceba
Muitos dos meus ancestrais
Já mortos há muito tempo
Reúnem-se em minha casa
E nos pomos a conversar
Sobre coisas amargas
Sobre grilhões e correntes
Que no passado eram visíveis
Sobre grilhões e correntes
Que no presente são invisíveis
Invisíveis mas existentes
Nos braços no pensamento
Nos passos nos sonhos na vida
De cada um dos que vivem
Juntos comigo enjeitados da Pátria
Senhores
O sangue dos meus avós
Que corre nas minhas veias
São gritos de rebeldia
Um dia talvez alguém perguntará
Comovido ante meu sofrimento
Quem é que esta gritando
Quem é que lamenta assim
Quem é
E eu responderei
Sou eu irmão
Irmão tu me desconheces
Sou eu aquele que se tornara
Vitima dos homens
Sou eu aquele que sendo homem
Foi vendido pelos homens
Em leilões em praça pública
Que foi vendido ou trocado
Como instrumento qualquer
Sou eu aquele que plantara
Os canaviais e cafezais
E os regou com suor e sangue
Aquele que sustentou
Sobre os ombros negros e fortes
O progresso do País
O que sofrera mil torturas
O que chorara inutilmente
O que dera tudo o que tinha
E hoje em dia não tem nada
Mas hoje grito não é
Pelo que já se passou
Que se passou é passado
Meu coração já perdoou
Hoje grito meu irmão
É porque depois de tudo
A justiça não chegou
Sou eu quem grita sou eu
O enganado no passado
Preterido no presente
Sou eu quem grita sou eu
Sou eu meu irmão aquele
Que viveu na prisão
Que trabalhou na prisão
Que sofreu na prisão
Para que fosse construído
O alicerce da nação
O alicerce da nação
Tem as pedras dos meus braços
Tem a cal das minhas lágrima
Por isso a nação é triste
É muito grande mas triste
É entre tanta gente triste
Irmão sou eu o mais triste
A minha história é contada
Com tintas de amargura
Um dia sob ovações e rosas de alegria
Jogaram-me de repente
Da prisão em que me achava
Para uma prisão mais ampla
Foi um cavalo de Tróia
A liberdade que me deram
Havia serpentes futuras
Sob o manto do entusiasmo
Um dia jogaram-me de repente
Como bagaços de cana
Como palhas de café
Como coisa imprestável
Que não servia mais pra nada
Um dia jogaram-me de repente
Nas sarjetas da rua do desamparo
Sob ovações e rosas de alegria
Sempre sonhara com a liberdade
Mas a liberdade que me deram
Foi mais ilusão que liberdade
Irmão sou eu quem grita
Eu tenho fortes razões
Irmão sou eu quem grita
Tenho mais necessidade
De gritar que de respirar
Mas irmão fica sabendo
Piedade não é o que eu quero
Piedade não me interessa
Os fracos pedem piedade
Eu quero coisa melhor
Eu não quero mais viver
No porão da sociedade
Não quero ser marginal
Quero entrar em toda parte
Quero ser bem recebido
Basta de humilhações
Minh'alma já está cansada
Eu quero o sol que é de todos
Ou alcanço tudo o que eu quero
Ou gritarei a noite inteira
Como gritam os vulcões
Como gritam os vendavais
Como grita o mar
E nem a morte terá força
Para me fazer calar.
Foi-se a Copa? Não faz mal.
Adeus chutes e sistemas.
A gente pode, afinal,
cuidar de nossos problemas.
Faltou inflação de pontos?
Perdura a inflação de fato.
Deixaremos de ser tontos
se chutarmos no alvo exato.
O povo, noutro torneio,
havendo tenacidade,
ganhará, rijo, e de cheio,
A Copa da Liberdade.
