Textos de Chico Chavier sobre o Amor

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CÁLICE PÓS-CHICO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Há um cálice novo; é preciso afastá-lo,
pois os tempos são outros; deveriam ser;
tem um ralo que suga os direitos mais nossos
pra mostrar que viver é artigo de luxo...
Não me calo apesar deste cálice amargo;
minha voz kamikaze se atira no escuro,
pula o muro do medo e resiste à tensão,
ao embargo diário que tudo me faz...
Mas também sou poder a partir do meu grito
contra o mito maciço que cegou a massa;
que fez tantos escravos dormentes pra vida...
Rejeitar a cicuta que o cálice traz
é a paz de minh´alma sob o corpo gasto;
há um pasto ilusório pro gado passivo...

Inserida por demetriosena

SAUDADES DE CHICO ANYSIO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Dia destes, adormeci assistindo à novela Império, da Rede Globo. Despertei em plena Zorra Total, programa que abomino pelo mau gosto e a falta de criatividade, além do bullyng constante contra pobres, desdentados, negros, gays e obesos. Imediatamente veio à memória o Chico Anysio. Tive saudades de todas as versões do seu humor elegante, respeitoso, criativo e de gosto apurado, que valorizava os antigos bons horários da emissora para os bons programas.
É uma pena que o Brasil tenha decaído a tal ponto neste quesito. Não há mais um programa humorístico, realmente humorístico, relevante. O que mais se vê na televisão brasileira são esses programas que tentam arrancar o riso com tons de voz e gestos excessivos e a ridicularização das massas. Da maioria do povo brasileiro, composta por essa gente já muito ridicularizada no dia a dia. Não precisava ser também por esses humoristas forjados que se acotovelam nas emissoras, sabedores de que logo serão substituídos, pois não são duradouros. No mais, restam os seriados simpáticos; as comédias românticas capituladas, razoáveis até, mas na cola dos seriados norte-americanos, que por serem originais, são bem melhores. Mesmo assim, os horários são impraticáveis para quem trabalha.
No tempo de Chico Anysio, também do Jô Sares humorista, mas hoje falo do Chico, as emissoras eram mais independentes. Não precisavam puxar tanto o saco do poder público, e por isso, as boas piadas às custas dos políticos, que são de fato merecedores disto, rendiam risadas generosas e ainda faziam refletir. Não era necessário apelar para os bordões, na tentativa de grudá-los em nossos ouvidos e dar a impressão de um sucesso que só é mesmo dos bordões; não dos programas, exatamente. E para o povo, essa era a única e boa vingança saudável contra a classe política, pelos sofrimentos impostos ao país, entra século sai século. Rir dos políticos, graças ao Chico Anysio, era nosso programa predileto.
Hoje, com o medo que as emissoras têm do poder público, seu maior patrocinador, o povo está sendo obrigado a rir de si mesmo. Além de ser simplesmente obrigado a rir, com as piadas exageradas, preconceituosas, desinteligentes e de mau gosto empurradas olhos e ouvidos adentro. Mais uma vez recordo o Chico Anysio, que quando encarnava personagens populares, essas personagens eram caricaturas simpáticas, respeitosas, e sempre soavam como homenagens. Ele homenageava; não praticava bulliyng contra o povo brasileiro simples e sofredor...
...Chico Anysio foi foi o grande humor de nossa vida.

Inserida por demetriosena

⁠Balança a palmeira diante
do vento da esperança
na Ilha do Chico Pedro:
decidi amar sem medo.

Na Baía da Babitonga fica
e assim me deixo levar
como embarcação que
está próxima de chegar.

Conhecer bem por onde ir
e sei que sabe me encontrar
onde estou em pleno mar.

Não preciso muito fazer
para a nossa hora acontecer,
e com os olhos fechados viver.

Inserida por anna_flavia_schmitt

⁠Neste Congado você
é o Rei e eu a Rainha,
Chico Rei voltou
do andar de cima
para nós saudar,
A Congada de Baixo
já está reunida
com a Congada de Cima
a festa já vai começar,
Nossa Senhora do Rosário
apareceu novamente
no mar e pedimos
para ela para abençoar
a Congada e o amor
da gente de todo o mal
que há no mundo para nos livrar.

Inserida por anna_flavia_schmitt

Palmas para eles, digam hey, digam how,
+ 22 personagens pro Chico Anísio Show.
Mensalão: Supremo condena 12 réus ligados a partidos da base por compra de apoio “Dos 37 acusados do processo do mensalão, 22 já foram condenados. Para ministros, está comprovado que houve corrupção no Congresso.” (02/10/12)

Inserida por salvadorbrenon

A CAIXA DE PANDORA


Conta a mitologia grega que Pandora foi criada pelos deuses do Olimpo sob a ordens de Zeus. Pandora teria sido a primeira mulher, surgida como punição aos homens por sua ousadia em roubar aos céus o segredo do fogo.

A vingança de Zeus contra a humanidade veio em forma de uma linda donzela. Pandora, a que possui todos os dons, recebeu uma caixa onde guardou os presentes recebidos de cada um dos deuses do Olimpo.

Afrodite deu-lhe a beleza, Hermes o dom da fala, Apolo, a música. Mas além dos dons, a caixa de Pandora recebeu também uma série de malefícios.

A história é longa, mas importa saber que Pandora abriu sua caixa e a humanidade passou a conhecer não só as bondades, como os males que até hoje nos assolam: mentira, doenças, inveja, velhice, guerra e morte. Os presentes saltaram de forma tão violenta da caixa que Pandora teve medo, e a fechou antes que a última delas escapasse: a esperança.

Pandora tornou-se, assim, a provedora natural dos talentos divinos e dos males da humanidade.

Como nos conta a tradição judaico-cristã, Eva no Paraíso teria tido o mesmo papel. O que só comprova que a figura da mulher aparece sempre como a grande responsável pela desgraça do gênero humano. Eu vejo de maneira distinta. Como Eva no Paraíso, Pandora distribuiu aos homens as duas faces da realidade, tão contrárias quanto complementares. Coube a todos a escolha.

O mágico desta lenda está no papel desempenhado pela esperança. Crescemos e vivemos sob o jugo masculino. Todas as formas de poder são exercidas há séculos por homens, que com liberdade preferiram escolher os piores caminhos para atingir objetivos duvidosos.

O mundo está devastado. Na caixa de Pandora ainda resta a última bondade não destruída por nosso egoísmo e ambição. Uma maneira lúdica de nos mostrar o caminho da redenção. A esperança é um dom feminino. Ainda há tempo para aprender a lição.

(Fonte: Voz Corrente- Alexandre Pelegi em 11 de Abril de 08)

Quando ela fala

Quando ela fala, parece
Que a voz da brisa se cala;
Talvez um anjo emudece
Quando ela fala.

Meu coração dolorido
As suas mágoas exala,
E volta ao gozo perdido
Quando ela fala.

Pudesse eu eternamente,
Ao lado dela, escutá-la,
Ouvir sua alma inocente
Quando ela fala.

Minh'alma, já semimorta,
Conseguira ao céu alçá-la
Porque o céu abre uma porta
Quando ela fala.

Machado de Assis
Falenas. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1870.

Uma mulher chamada guitarra

Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era "a música em forma de mulher". A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam un mot d'esprit. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos.

O violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina - viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo - o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada, mas sem jactância; relutante em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres-contrabaixo.

Mas como recusam-se a estabelecer aquela íntima relação que o violão oferece; como negam-se a se deixar cantar preferindo tornar-se objeto de solos ou partes orquestrais; como respondem mal ao contato dos dedos para se deixar vibrar, em benefício de agentes excitantes como arcos e palhetas, serão sempre preteridas, no final, pelas mulheres-violão, que um homem pode, sempre que quer, ter carinhosamente em seus braços e com ela passar horas de maravilhoso isolamento, sem necessidade, seja de tê-la em posições pouco cristãs, como acontece com os violoncelos, seja de estar obrigatoriamente de pé diante delas, como se dá com os contrabaixos.

Mesmo uma mulher-bandolim (vale dizer: um bandolim), se não encontrar um Jacob pela frente, está roubada. Sua voz é por demais estrídula para que se a suporte além de meia hora. E é nisso que a guitarra, ou violão (vale dizer: a mulher-violão), leva todas as vantagens. Nas mãos de um Segovia, de um Barrios, de um Sanz de la Mazza, de um Bonfá, de um Baden Powell, pode brilhar tão bem em sociedade quanto um violino nas mãos de um Oistrakh ou um violoncelo nas mãos de um Casals. Enquanto que aqueles instrumentos dificilmente poderão atingir a pungência ou a bossa peculiares que um violão pode ter, quer tocado canhestramente por um Jayme Ovalle ou um Manuel Bandeira, quer "passado na cara" por um João Gilberto ou mesmo o crioulo Zé-com-Fome, da Favela do Esqueleto.

Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono! E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d'amore, como a prenunciar o doce fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas... Até na maneira de ser tocado - contra o peito - lembra a mulher que se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua.

Ponha-se num céu alto uma Lua tranquila. Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas só se por trás dele houvesse um Casals. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seu tremolos, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que pede então (direis) uma Lua tranquila num céu alto? E eu vos responderei: um violão. Pois dentre os instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.

Vinicius de Moraes
Uma mulher chamada guitarra

A primeira glória é a reparação dos erros.
(Ressurreição, 1872)

As ocasiões fazem as revoluções.
(Esaú e Jacó, 1904)

Não se perde nada em parecer mau; ganha-se tanto como em sê-lo.
(Memorial de Aires, 1908)

Também a dor tem suas hipocrisias.
(Helena, 1876)

O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito, desfaz-se; basta a simples reflexão.
(Helena, 1876)

Dormir é um modo interino de morrer.
(Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881)

O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto.
(Esaú e Jacó, 1904)

Matamos o tempo - o tempo nos enterra.
(Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881)

Amor repelido é amor multiplicado.
(Miss Dollar, 1869)

De todas as coisas humanas, a única que tem o seu fim em si mesma é a arte.
(A Semana. In: Gazeta de Notícias. Rio de Janeiro, 29 set. 1895)

O destino, como os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho.
(Dom Casmurro, 1899)

Não se ama duas vezes a mesma mulher.
(Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881)

A vaidade é um princípio de corrupção.
(Dom Casmurro, 1899)

Não há alegria pública que valha uma boa alegria particular.
(Memorial de Aires, 1908)

Suporta-se com paciência a cólica dos outros.
(Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881)

A fortuna troca às vezes os cálculos da natureza.
(Iaiá Garcia, 1878)

Contato humano.
Nossa primeira forma de comunicação.
Segurança, proteção e conforto... tudo isso no suave toque de um dedo. Ou de lábios encostando numa bochecha.
Ele nos conecta quando estamos felizes, nos dá apoio quando temos medo... desperta sentimentos de paixão... e amor.
Precisamos ser tocados por quem amamos quase como precisamos do ar pra respirar. Mas eu só percebi a importância do toque... Do toque dele... depois que perdi.
Entao, se estiver vendo isso, e for possível... toque nele. toque nela.
A vida é curta demais para desperdiçar um segundo.

Eu sei que o sofrimento tem visitado o teu coração.
Não tenho muito o que dizer e é bom que seja assim.
Existem acontecimentos que não combinam com as palavras.
Foram feitos para o silêncio.
É neste momento que nós recorremos aos símbolos, às realidades que falam sem precisar dizer.
Trouxe flores...

Para você ganhar belíssimo Ano Novo...
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependimento
pelas besteiras consumadas nem
parvamente acreditar que por decreto

da esperança a partir de Janeiro
as coisas mudem e seja claridade,
recompensa, justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e
gosto de pão matinal, direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo que mereça
este nome, você, meu caro, tem de
merecê-lo, tem de fazê-lo novo,

Eu sei que não é fácil mas tente,
experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
dorme e espera desde sempre.

Ser Ateu é:
Ser ateu não é uma simples oposição ou rebeldia contra uma crença.Ser ateu vai muito além disso.



Ser ateu é ter a honestidade de viver a vida como ela realmente é sem distorcer a realidade dos fatos.



Ser ateu é levar uma vida sem superstições e preconceitos mesmo que estejam todos contra você.



Ser ateu nos leva a compreender as dores do mundo,e não se conformar com tanto sofrimento ao invés de cruzar os braços e dizer que são inevitáveis e que fazem parte de um plano divino.



Ser ateu é reconhecer que fomos inteligentes em chegarmos até aqui,e reconhecer os limites da razão.



Ser ateu é executar a difícil tarefa de viver,não apenas para si mesmo,mas pela humanidade que implora por socorro.



Ser ateu é se comover com a miséria que a humanidade se encontra.



Ser ateu é aceitar que estamos sozinhos na luta com o sofrimento,pois se existe algo maior que nós e não se manifesta,é melhor que não exista.



Ser ateu é levar uma vida sofrida ou feliz,mas acima de tudo...SINCERA!

Em uma folha de papel amarelo com linhas verdes
ele escreveu um poema
E o intitulou "Chops"
porque era o nome de seu cão
E era o que estava em toda parte
E seu professor lhe deu um A
e uma estrela dourada
E sua mãe o abraçou à porta da cozinha
e leu o poema para as tias
Era o ano em que o padre Tracy
levava todas as crianças ao zoológico
E ele deixou que cantassem no ônibus
E sua irmãzinha tinha nascido
com unhas minúsculas e nenhum cabelo
E sua mãe e seu pai se beijavam tanto
E a garota da esquina mandou para ele
um cartão de Dia dos Namorados assinado com vários X
e ele teve de perguntar ao pai o que significava X
E seu pai deixou que ele dormisse na sua cama à noite
E era sempre lá que ele dormia
Em uma folha de papel com linhas azuis
ele escreveu um poema
E o intitulou "Outono"
porque era o nome da estação
E era o que estava em toda parte
E seu professor lhe deu um A
e o pediu para escrever com mais clareza
E sua mãe não o abraçou à porta da cozinha
por causa da pintura nova
E as crianças disseram a ele
que o padre Tracy fumava cigarros
E largava as guimbas no banco da igreja
E às vezes elas faziam buracos
Que era o ano de sua irmã usar óculos
com lentes grossas e armação preta
E a garota da esquina riu
quando ele pediu para ver Papai Noel
E os garotos perguntaram por que
a mãe e o pai se beijavam tanto
E seu pai não o cobria mais na cama à noite
E seu pai ficou furioso
quando ele chorou por isso.
Em um pedaço de papel de seu caderno
ele escreveu um poema
E o intitulou "Inocência: Uma Questão"
porque a questão era sobre uma garota
E isso estava em toda parte
E seu professor lhe deu um A
e um olhar muito estranho
E sua mãe não o abraçou à porta da cozinha
porque ele nunca o mostrou a ela
Foi o primeiro ano depois da morte do padre Tracy
E ele esqueceu como terminava
o Creio em Deus Pai
E ele pegou a irmã
se agarrando na varanda dos fundos
E sua mãe e seu pai nunca se beijavam
nem mesmo conversavam
E a garota da esquina
usava maquiagem demais
O que fez ele tossir quando a beijou
mas ele a beijou mesmo assim
porque era a coisa certa a fazer
E às três da manhã ele se aninhou na cama
seu pai roncava alto
É por isso que no verso de uma folha de papel pardo
ele tentou outro poema
E o intitulou "Absolutamente Nada"
Porque era o que estava em toda parte
E ele se deu um A
e um corte em cada maldito pulso
E se encostou na porta do banheiro
porque nessa hora ele não pensou
que poderia alcançar a cozinha.

QUAL É A COR DA SUA VIDA?

A vida é um acontecimento que merece ser comemorado. Há cada dia, a cada instante, ela se renova generosa nos pequenos espaços. A vida é miúda, feita de pequenas partes. Viver é construir um mosaico, parte por parte, dia após dia. A beleza de um momento unida à tristeza de outras horas passa a ocupar o mesmo espaço no quadro. As cores se misturam e se arquitetam em busca da harmonia tão desejada.
Há dias em que as cores são frias... a vida pede calma, silêncio, pausas...
Há dias em que as cores são quentes... a vida rompe com toda forma de calma...
Não suportaríamos permanecer em um só lado dessas possibilidades. O que nos torna felizes é justamente a dinâmica que nos envolve com suas eternas variações.
A vida é semelhante à trama dos teares. Fios se entrelaçam para construirem juntos o mesmo tecido. A diferença das cores é que garante a beleza final do tecido...
Hoje eu não sei qual é a cor da sua vida. A minha é marinho. Não é alegre, nem triste. Espero pelo dia em que será vermelho. Espero que seja breve. O marinho, lado a lado com o vermelho torna-se capaz de expressar uma profundidade que sozinho ele não é capaz de demonstrar.
Ninguém pode saber o que é a felicidade, se ainda não tiver passado pela decepção. Só pode saborear bem a vitória aquele que já sentiu o amargo da derrota.
O avesso é repleto de ensinamentos, a vida também...

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
(Heterônimo de Fernando Pessoa)

Álvaro de Campos

Nota: Poema presente no livro "Poesias de Álvaro de Campos", de Fernando Pessoa (heterônimo Álvaro de Campos). Link

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Filhos do Céu

Aquilo que você está vivendo, o peso que você está carregando, não é nada comparado a alegria que te espera.
Em março quando meu pai deu o seu último suspiro, eu estava lá com ele, mas por covardia não tive coragem de segurar na matexperiilde;o dele, por medo de ver agonia que ele estava vivendo.
Nove de abril, terra boa no Paraná, recebi a noticia de que minha irmã estava morta, e o dia 15 de dezembro o dia em que eu comemorava o meu aniversário de ordenação, a dor mais recente, quando o meu amigo Robinho (Cantores de Deus) não conseguiu mais, o câncer foi maior que ele. E alguns dias depois uma outra experiência que eu vivi, mas que não quero falar aqui, mas em uma outra ocasião, meu amigo padre Léo.
Mas vou me prender nessas três...
Quando alguém morre, levamos certo tempo, sem entender, sem acreditar. Leva tempo para acontecer dentro de nós, a gente leva um tempo dizendo ‘eu não acredito’. Você fica o tempo todo ruminando aquele acontecimento, porque a vida leva tempo para acontecer dentro de nós.
Nós levamos tempo para organizar o luto, levamos tempo para descobrir que aquela pessoa não faz mais parte da nossa vida mesmo. E a gente começar a recolher no espaço que era dele e nosso também, as coisas que ficaram.
Você abre uma gaveta, e coisas pequenas, bobas, um bilhetinho, que antes não teria valor nenhum, mas porque ele foi embora, foi revestido por uma sacralidade que dinheiro no mundo que pague aquele bilhete. Ai se alguém fizer uma limpeza nas nossas gavetas e começar jogar fora o que pra nós é sacramental, porque é um jeito que a gente tem de fazer o outro sobreviver.
Eu comecei a entender e ajuntar com as várias oportunidades que Deus me deu de viver a experiência do sábado santo. Por isso eu quis contar essas três histórias para vocês e proclamar essa palavra de São Paulo aos Romanos que diz: “Porque para mim, tenho por certo, que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória por vir a ser revelada em nós.”
Descubra o que hoje lhe mata, descubra o que hoje lhe faz sofrer e você de alguma maneira poderá intuir e descobrir aquilo que te fará vencedor amanhã.
Há duas formas de vivermos o processo da morte, ou o processo do sofrimento: ou nós nos entregamos a ele, ou nós experimentamos a ressurreição, que pode ser exalada aos poucos.
O céu começa nas pedras, por isso, o Sábado Santo é ainda tempo de silêncio e contemplação, porque o nosso Mestre ainda está morto.
Os discípulos viveram ontem, vamos voltar no tempo. Você já tem a certeza da ressurreição, os discípulos não tinham.
No dia anterior os seus discípulos viram o seu Mestre ser morto. Eles que tinham deixado tudo para segui-Lo, e de repente, Aquele em quem eles colocaram sua esperança tinha morrido, por isso eles voltam a suas vidas antigas, se reuniram para decidir o que fazer de suas vidas, mas o que os evangelhos não contam é que ao olharem uns para os outros, sentirão o perfume de Cristo no ar.
É impossível passar pela experiência com Jesus e sermos iguais. Os discípulos se olharam e diziam: ‘...o perfume de Cristo está no meio de nós’, e não é possível que d’Aquele que fez tanto por nós não tenha ficado nada.Os discípulos só reconhecem Jesus quando eles reconhecem quem eles são. Aquele que tem o poder de te amar de verdade tem o poder de te fazer lembrar quem você é.
Esta promessa de São Paulo está enraizada na experiência que eles tiveram com Jesus na dor, no sofrimento.
Descubra na sua história o que você viveu, onde você não se deixou viver a experiência do casulo. Assim como as árvores, que tem que condensar todas as suas seivas para quando chegar a primavera possam ter seiva para que as folhas sejam verdes.
Quantas vezes rezamos pela cura daqueles que amamos, assim como rezamos pela cura do padre Léo, quanta falta ele faz para nós! E para você que teve a sua vida transformada por uma palavra do padre Léo... Então ele morreu? Não! Porque quando você vive essa palavra proclama por ele, quando você faz brilhar a experiência daquilo que você aprendeu com ele através da palavra, ele se torna vivo dentro de você.
Deus não está aí para realizar o que você quer mas para o que você precisa!
O que você precisa que Deus faça na sua vida? A gente não sabe responder, porque estamos ocupados demais em dizer o que queremos.
Não nasce cristão da noite para o dia, leva tempo, e filho do céu nasce ‘parturiado’, não tem cesariana, não nasce de maneira fácil. Filho do céu nasce da pedra, do túmulo
Manhã de sábado é manhã de preparo, não sepulte de qualquer jeito, não passe pelo seu sofrimento de qualquer jeito, só vem a glória se, de fato, mergulharmos no mistério da morte. Não é para ficarmos na morte, mas devemos olhá-la de frente para que ela não seja maior que nós.
Que nessa manhã de espera e ressurreição você não se esqueça que você é um filho do Céu!

Voltei para perguntar...

O que deixo, o que marco em sua vida, quando eu passo por você?
O que os meus olhos confessam, quando encontram com os seus?
Se eu deixo uma saudade boa para lembrar?
O que fica de mim?
Eu pergunto se valeu a pena, ter deixado ir além, ter entrado aí na sua casa dividindo o que é seu,
essa vida vai muito depressa e é bom saber o que deixei de mim.
Pode ser que nesta vida eu não possa mais voltar, para amar quem não amei, consertar o que estraguei,
o perdão que não pedi, a solidão que não desfiz, o sorriso que neguei e aquele esforço que não fiz,
eu sei que o tempo vai passar, as pessoas vão e vem, mas sei que algumas vão ficar, pelo mal ou pelo bem,
não morrerá quem soube amar e que seja sempre assim, que eu deixe só o bem que existe em mim, se com você não consegui, eu voltei quem sabe assim, a gente possa se olhar, como quem nunca se viu, e no perdão recomeçar, para depois reconhecer: minha vida é bem melhor por ter você.

Por que?

Por que penso em você?
Por que simplesmente não te esqueço?
Por que tive que conhecer-ti?
Por que não fui a outro lugar para evitar aquele encontro?
Por que quando a vejo, meu coração acelera?
Por que ele não bate normalmente como bate para com todas as outras pessoas?
Por que sinto prazer em ouvir sua voz?
Por que não a encaro como mais um barulho em meus ouvidos?
Por que o seu beijo é doce?
Por que ele não pode ser comum como os das outras?
Acho que esses "por quês" podem ser simplesmente respondidos...
Todas essas perguntas tem uma resposta...

Tudo isso é porque TE AMO!!!

É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.

Carlos Drummond de Andrade
Andrade, C. D. Fazendeiro do Ar, José Olympio, 1954

Nota: Poema "O Enterrado Vivo"

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