Textos de Amizade- Marilyn Monroe

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⁠PORQUE ME LÊS

Tem cuidado,
redobrado.

É a mesma coisa que perderes-te
No emaranhado das coisas da vida,
Ou gastares cera com tão fraco defunto.

Nunca conseguirás agir e dizer-me
Ou desarmar a ratoeira preferida
Dos poetas menores de corrente suicida
Que na vida da morte, caçam o verme.

Tantas vezes as parábolas minhas esquisitas,
Digo-o, sem rebuço ou falsas conquistas,
Fazem da minha figura em termo antigo,
Aquele que ainda diz: Só sou teu amigo,
Quando me deres, o que muito me apraz,
O teu cumprimento de frente e nunca detrás...

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 22-09-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠OUTONO SEM CASA

Toda a vida eu sonhei
Construir uma casinha
Como só eu sei,
Numa bela arvorezinha
E fazer dela o meu trono
No agora vindo outono.

Que ilusão esta a minha,
Ó sonho louco e fugaz!
Nem árvore nem arvorezinha
Ou casa ou minha casinha,
Utopias que a vida traz.

Na montanha, tudo ardeu,
Tudo queimou e até eu
Como pássaro que fica sem asa,
Como cão que fica sem dono,
Ficarei sem aquela casa
Que quis construir neste outono.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 24-09-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠OUTONO INFIEL

Falso este Outono
Ou um rapaz rapace,
Tomate feito de alface,
Ou ridícula manha do dono?

No fresco do seu calor,
Naquele falso ardor
Ele mente,
E a gente nem sente
A infidelidade premente.

Quem és tu outono
O, dos poetas?
E ele (respondeu-me em seu mono):
Eu já não sou quem tu pensas,
Poeta de tantas parecenças,
E agora sem mais ofensas,
Digo: Não sou mais o teu outono.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠OUTONO SEM COR

Dantes, eram cores e terra em sono.
Eram paletas de inebriar no outono.

Agora, não sei porquê,
Ele já não pinta nem dorme
Nem come com fome.

Será que ele vê
O mundo mais estarrecido,
Que já nem folhas deixa no chão,
Quase todas tombadas no verão?

Que outono este, tão distraído…

E eu que queria tanto pintar
Talvez mais até borrar
Uma tela,
Simples, singela,
Com cores mágicas de encantar.

A minha musa inspiradora
Do outono multicor,
Sumiu-se farta da pose,
Nervosa pela neurose
Do mau pintor
Plebeu,
Que sou eu.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 26-09-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

SE OS MEUS OLHOS

⁠Ai, se os meus olhos dissessem
O que viram quando eu via,
As coisas sacras e profanas
Das procissões das vaidades
E cortejos de perversidades…

Nos convívios só de apelido,
De carneirinhos em sentido
À espera da ordem mestra
De chefes, gente que não presta,
Sem carácter nem humildade.

Era assim na mocidade
E hoje também não falha,
Nas feirinhas desta canalha
Velha, sem idoneidade.

Ai, se os meus olhos dissessem
O que viram quando eu via,
Outro galo então cantaria
Mesmo que mordaças houvessem.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 01-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠AMOR DE SALVAÇÃO

Vem, amor de salvação - ao nosso ninho
Que construimos no chão - de mansinho,
De penas, musgo, paixão - tão maciinho,
Como pássaros doidos sem perdão.

Vem, amor de salvação, alivia então
Esta dor saudosa e assaz magoada,
Faz do nosso ninho
Já velhinho ,
A nossa cama, a nossa morada,
Com rodas de algodão
Para percorrer a estrada,
Rumo ao planeta da ficção.

E se as rodas
Tão melindrosas,
Furarem pelo caminho,
Não faz mal:
Ficaremos sempre no nosso ninho,
Esse destino fatal!

Vem, amor de salvação!

(Carlos De Castro, in Há um Livro Por Escrever, em 03-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

É impressionante como um futebolístico resultado menos positivo, consegue mudar e adulterar as relações de amizade entre alguns humanoides.
Depois, venham cá soprar-me aos ouvidos a dizer que só há um X (xis) número de drogas num espetro identificado neste mundo terrantês.
Para os eruditos e balofos estudiosos: acrescentem mais esta substância alucinogénia ao vosso cardápio de ilusões,
ou então, acabem de vez (...) com esta praga, antes que Alguém venha manifestar que é ela (mais uma...)
que está a criar desarmonias e muitos males reinantes no tecido da sociedade, enfim.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

O HOMEM DO POEMA

Sempre que escrevia, agoirava:
Não vale nada!
Que poesia mais chanfrada!...

Talvez namoro ou derriço,
Ou grito agudo de lamento
Daqueles que a alma vomita
Numa sensata heresia,
Enquanto lhe resta tempo?...

Mas quando o poema nascia
Na transpiração suarenta
Do corte da placenta
Do filho que foi dado à luz,
Entre coxas de sofridão,
Na mais completa escuridão
Onde só se via a cruz,
O homem chorava então,
Já não agoirava e dizia:
Eis a minha poesia
Tão modesta, tão pequena,
Saída da minha pena...⁠

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 11-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

A MAÇÃ

⁠Era outono.
Havia uma maçã no chão,
Caída da árvore cinquentenária.

O homem, esfomeado, vergou-se
No ranger dos ossos castigados
Por longos jejuns lazarentos,
De uma vida de naufragados
Num barco de pobres assinalados,
Pelas misérias dos tempos.

Tinha já a podre maçã
O bicho que a carcomia,
Fruto de macieira arraçada
Também velha e corcovada,
Triste por não ser sã,
Nos ramos em agonia.

Prestes a pegá-la do chão
Pousa um passarito aflito
E o homem com prontidão
Diz ao pássaro com emoção:
Come, come tudo sem parar,
Pois assim me capacito
Que minha fome pode esperar.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 11-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

IRMÃO

Será que sê-lo já basta
Sem sermos de sangue igual,
Meter na mesma canastra
A força que nos anima a tal?

Irmão, é sempre aquele jeito
Entre o belo e o imperfeito,
Que nos foge nos entretantos
Das vidas às cambalhotas
Entre demónios e santos
Em sociedades de apostas...

E quando a força desanima
Vem a angústia e a revolta,
A gente quer passar por cima,
Mas a irmandade não volta.

Surge então que a própria vida,
Aos que fez de sangue irmãos,
Arranja em contrapartida
Outros de sentir, mais sãos.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 12-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠EM MIM

Cai tanto nevoeiro em mim...
Enregela,
Amortiça,
Sem justiça,
Os pobres ossos.

Até os pardais se riem de mim...
Dos destroços
Que o nevoeiro
Traiçoeiro,
Deixa nos meus ossos.

Não é nevoeiro do ar
Aquele que me atormenta,
É mais aquele pesar
Pelo que me fazem passar
E mata de forma lenta.

Em mim, há fonte sedenta
De amor, paz e alegria,
Quer de noite quer de dia,
Verdade que não se inventa.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 15-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

DE FACTO E NUNCA DE FATO

De facto sendo, assim é.
De fato nunca, por não gostar
De enfiar no corpo até,
Tamanho estorvo de apertar.

E me obrigar
Pela simples razão da força,
Ainda que o diabo torça,
Debaixo das axilas,
Rangendo as maxilas,
Estroncar a fatiota toda,
Ainda que me digam
Ou maldigam
Que não percebo da poda,
E não saber andar na moda.

Também não me interesse a roda
Do vestir nas estações,
Basta-me, para andar na moda,
Tapar bem os meus feijões. ⁠

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠PRAGAS EM VINHA D'ALHOS

Tantas penas, tantas pragas
Me rogaram de mansinho,
Pra tolher o meu caminho
Em horas tão aziagas.

Esqueceram que até nas fragas
Rijas das penedias,
Nos rochedos escabrosos
Pedregulhos tenebrosos
Das montanhas tão bravias,
Por obra de algum autor
Tal Cristo mostrando as chagas,
Pode aí brotar uma flor.

E essa flor que nasceu
Fui eu,
Me confesso, pecador
E autor nas horas vagas,
Que por força do meu fervor,
Já não me pegam as pragas.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 18-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

SORRI TRISTEZA

⁠Anda comigo tristeza,
Não sintas medo ou horror,
Traz só uma capa fina
De esperança pequenina,
Nos ombros da tua dor.

Iremos então lado a lado,
Dois cegos a cantar o fado,
Sem esmola, só pelo sonhar...

Anda tristeza e meu fadar,
Para onde vamos só basta
Trazeres na tua canastra,
O vento que vem no ar.

Anda tristeza, arrasta
A nossa vida pró mar,
Sorri tristeza sem parar,
Pois sorrir até afasta,
O fantasma do penar.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 20-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

DIVAGAÇÕES

⁠Eu já nem sei o que sou,
Porque vim e aqui estou,
Para onde vou
Neste barco que me castrou
Sem remos de princípio ao fim.

Só sei que não vim por mim...

Se viesse, não estaria aqui,
Neste degredo,
De vos revelar o segredo
De uma vida que vivi,
Sempre na escuridão do medo.

E é por isso que vou
Com meu pincel e apenas,
Borrar um quadro de penas
Na tela que Deus traçou.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 21-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

AS MÃOS

⁠Elas pegam
E despegam,
Apertam
E desapertam
Emoções.

Matam paixões,
Fazem reviver
Quem está a morrer
De mortes ou sensações.

Benzem
E banzem
Orações,
Bruxarias,
Arrenegam heresias,
Aliviam comichões.

De muito as glorificar,
Acabei por me lembrar
Que há tantos anos
De desenganos,
Não beijo as mãos
De minha mãe.

Pobre de quem a não tem.

Valho-me dum retrato dela
E mato a sede da saudade,
Beijo-lhe as mãos de papel
E até me parece que ela
De verdade,
Me afaga o rosto,
Com tanto gosto,
E aquela doçura do mel.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 23-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠O VENTO A ÁRVORE E A CASA

Tarde de sábado.
A depressão do tempo castigava.

Agora, chamam depressão
Ao tempo mau que faz.
Porque não!?...
Mas o vento é sempre rapaz
E as árvores também femininas
Quanto velhas mais meninas.

Com a diferença que o vento
Tem agora mais lamento
E as árvores amém,
Nestas tardes sem ninguém.

O vento soprava,
A árvore balançava
Sobre a humilde casa.
Era aí que ele habitava,
Um homem pobre,
De rosto nobre.

Invocou os deuses dos ventos
E dos contratempos
A ver se a borrasca amainava.

Qual quê!?...
O vento insistiu,
A árvore caiu
E a casa humilde ruiu.

E ele deixou de acreditar
Nos deuses dos ventos
E contratempos.

Abriu os braços e pôs-se a voar.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 29-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

NA NOITE

⁠Era noite escura,
Tudo invitava ao descanso,
Até o rugido do mar era manso,
Convidando ao remanso.

Nisto, o chiar de pneus no asfalto,
Como um grito alto
Na noite serena e pura
Toda silêncio de negrura.

Gritos e bebedeiras loucas na noite.
Músicas tolas debitadas às paletes,
Que mais pareciam um açoite
Nos ouvidos, como foguetes
Estourando nas retretes.

Era uma discoteca na estrada,
Urros de animais grotescos,
No rebentar de fluidos
Dos possuídos
De duas patas quixotescos.

E a noite ia avançando
A chorar pelo seu descanso,
Já em maré de balanço.

Lembrou-se então,
Com emoção,
Dos tempos
De outros tempos,
Que era a dona do serão.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 31-10-2023)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

DOÇURAS

⁠Beijar teus cabelos,
Encostar os teus olhos aos meus,
Quentes,
Roçar a tua boca
Sôfrega,
Nos meus lábios
Sequiosos,
Tanger os teus seios
Com os meus dedos
Nervosos,
Entrar no teu ventre
Ofegante,
Através do rosado
Da abertura
Arfante,
Onde perdemos os sentidos
Num instante,
Do prazer que é rei
Dos nossos fluidos,
Que eu sei.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠DAQUI

Desta terra em que vos falo,
Outros em tempos a habitaram.
Consta que dela também se fartaram
Dos mandadores crista de galo.

Ó terra amarga de que não calo
As injustiças tamanhas,
Dos que a roubam sem abalo,
Por ardis e artimanhas.

Os ouriços embrulham castanhas
Com a carapaça picante,
Assim me rasgam entranhas
Gentes do pior tratante.

E então logo num instante
E sempre que for preciso,
Peço aos mandões não obstante,
Que tenham melhor juízo.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro