Texto sobre Filho

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aqueles

que olhos aqueles que eu não sei explicar
eu não vou me perder se eu não quero encontrar
o meu mundo pequeno, tranquilo e sereno
neste exagero que me leva ao me fitar

que olhos aqueles que eu não sei evitar
eu já não vou correr se eu não quero parar
perdido, distante, com um ardor infante
neste calmante que me turva ao me salvar

são muitos caminhos a se desenvolver
e tantos vestígios que se vão esconder
na busca daquilo que se quer desvendar

mas se ao longo da trajetória eu me entreter
já não há mais distância alguma a percorrer
é a chance de renascer, dois sóis, um par

Inserida por petronio.olivieri

Sonhei contigo esta noite
mas não quero nem lembrar
cada detalhe furtivo
que roubou meu descansar

Quero aos poucos me entregar
ao que trouxe o meu desejo
sem, contudo, desvendar
o que move o que não vejo

Quero em mim redescobrir
o destino pelo mapa,
a coragem em sentir
a beleza em ser cascata

É você, e mais ninguém
o que é meu está guardado
no que eu disse sem dizer
na janela do meu quarto
no que eu mato pra viver
na frequência com que calo

Sonhei comigo esta noite

Inserida por petronio.olivieri

Breve

A noite leve que de mim fugia
Roubava insípida a minha exaustão
Não inspirava mais humor que o dia
Nem demonstrava por mim compaixão

Era tão breve a vida que partia
Levava intrépida a minha oração
Para que o tempo que de mim corria
Não me roubasse a minha solidão

E mesmo sóbrio, no temor das horas
Eu despertava a minha própria aurora
Cavando o óbvio no jardim do sempre

E mesmo louco, por querer tão pouco
Eu entregava enfim um canto rouco
Ao que de mim corria eternamente

Inserida por petronio.olivieri

VAI

Aquiete o teu coração
que a tristeza vai passar
nada além do que convém
no teu peito vai durar

que se esvai por entre os dedos
o que era então tangível
para sempre revelar
no distante o invisível

do silêncio que gritava
com carinho o seu pretexto
do rompante que calava
qualquer sopro de sossego

na procura de viver
o que era o seu destino
descartando sem querer
o seu conto genuíno

Nada além do que convém
no teu peito vai durar
deixe quieto o coração
que a tristeza vai passar

que é teu o mar salgado
que esvazia o peito aberto
e da nuvem faz chover
irrigando o vil deserto

fica aquilo que se foi
para nunca mais voltar
fica o que já era seu
para sempre transformar

e afinal o que se ganha
é aquilo que se tinha
com um pouco de relevo
com um toque de euforia

com um tanto de receio
de entregar o seu presente
mais a vida que se tem
e é toda pela frente

pois o quanto de poesia
que se esconde no caminho
não se pode descrever
nem sequer viver sozinho

Inserida por petronio.olivieri

A minha amiga

a minha amiga eu não sei de onde veio
mas de lá trouxe tudo que podia:
o tempo que lhe falta na rotina
e se estende pela sua companhia,
a vontade de abrir o próprio peito
e abarcar esse mundo em um só dia
sem perder a leveza de sentir
o compasso que une a melodia

o que trouxe consigo a minha amiga
eu não sei se consigo descrever
é um pouco de tudo que eu já vi
mais um tanto de coisas pra aprender
é o sopro de vida que eu senti
quando a sorte me deixou escolher
que eu queria que fosse também seu
esse sangue que eu não pude eleger

à minha amiga ofereço o meu ombro,
o meu colo e a vontade de ficar
conversando como quem não quer nada
e desconhece a hora de parar,
o sorriso que de mim toma conta
ao dizer qualquer coisa sem pensar
pois é isso que ofereço e recebo:
a beleza de sentir sem julgar

o presente que eu dou à minha amiga
não tem fita, não tem laço, nem preço
é o que o espelho me mostra agora
e aquele jovem que eu já não conheço
é a dor que só vai porque demora
e aquilo pelo que mais tenho apreço
é o que vai sem medo de existir
pois não tem a sua morada endereço

ali surgiu, sem uma explicação
o que não tem nome e nunca vai ter
dali fluiu, sem uma só razão
o que a gente nunca vai entender
eu só queria, com muita afeição
não deixar pra depois e já dizer
que o tempo só vai dar a direção
pois és minha amiga e sempre vai ser

Inserida por petronio.olivieri

No caminho da mudança

No caminho da mudança
há um pouco de esperança
no que se vai construir

e se busca a liberdade
de poder criar a chave
para o que se quer sentir

e de luta é feita a estrada
em silêncio a caminhada
desemboca em um lugar

em que ninguém sabe ser
mais do que se pode crer
que se era ao começar

há o medo do que vem
da semente que contém
o futuro a ser criado

mas repousa na bravura
o dever de achar a cura
para o que feriu o passado

tem o sonho o seu recanto
ao criar com o seu encanto
o que vaza o homem são

e o limite da coragem
é a própria realidade
que se serve da ilusão

quem anda carrega em si
a certeza de que ir
é melhor do que ficar

leva tudo que não sabe
todo o anseio que não cabe
no receio de parar

mas quem deita dorme e esquece
que a resposta da sua prece
já está no seu perdão

e a sombra que o olho vê
não é nada além do que
produziu a sua ação

no caminho da mudança
há um pouco de esperança
há um passo e nada mais

Inserida por petronio.olivieri

agora

tua ausência já não se faz notada
aos poucos some o que restou de ti
quando percebo já é madrugada
e o meu silêncio deixa-me dormir

eu não peço para o destino nada
além do tempo que eu não vi partir
mas o impossível pavimenta a estrada
de quem ainda tem o que eu perdi

e na ilusão de que era meu o riso
que eu entreguei já antes de entregar
eu me esqueci de que era preciso

andar na areia para ver o mar
e este chão em que, com receio, piso
é a cidade em que vou habitar

Inserida por petronio.olivieri

Minha homenagem ao aniversário de 153 anos da cidade de Campina Grande-PB

Campina Grande, que já nasceu "Grande" e engrandece a grandesa dessa gente.
Gente essa, que se orgulha de ser dela habitante.
Com sua formosura que irradia elegância.
Com suas praças e parques onde arvoream a esperança.
Grande Campina...decantada por poetas, cordéis e repentes.
Rainha da Borborema; de gente com mentes criativas, trabalhadoras e competentes.
Gente com jeito de gente, terra de gente simplesmente.
As vezes nublada, as vezes chuvosas; com noites frias, manhãs amenas e tardes quentes.
De contrastes intrigantes; onde o Açude Velho é cheio, frequentado e exuberante.
Contrario a isto o Novo é seco, inóspito e esquecido por essa gente.
Das frequentes e tradicionais festas juninas.
Da resplandecente beleza de suas luzes natalinas.
Dos bolevar com seus cafés, onde as manhãs não passam, para os que ali consomem.
Dos bate-papos nos calçadões, que alegra o entardecer dos homens.

Inserida por Geraldopib

Quando ela voltar

Quando ela voltar
Talvez eu nem
esteja mais aqui pra escutar
Seu silêncio, seu cantar
O seu jeito de dizer
Que é melhor sonhar

Quando ela voltar
Talvez eu nem me lembre
O quando eu tive que esperar
Pra poder lhe entregar
O que não vai se perder
Nem se ela demorar

Já não sei o que fazer
Como é que vai ficar
Seu sorriso a muitas milhas
De distância do meu lar
Eu só posso é correr
Eu só quero me entregar

Eu não tenho que correr
É aqui que ela está
Seu sorriso é uma ilha
Em que eu fiz o meu lar
Eu só quero estar pronto
Para quando ela voltar

Quando ela voltar
Eu já nem sei o mundo
Como é que vai estar
Se de lá ou mais pra cá
Só sei que eu vou viver
Só sei que eu vou voar

Inserida por petronio.olivieri

Pai

“Quando a vida lhe der um Pai
Viva a vida que lhe atrai
Pai sempre será Pai
Pois a vida eterna lhe trará
A sabedoria de se revelar
A que um dia será um Pai
Do fruto do Pai, sai a semente de Papai
A semente do querer, vem a emergir a vontade do querer
Querer nem sempre é poder
Mais meu Pai me deu o poder de querer
E por querer, lutarei para obter
A sabedoria de meu pai
Que tanto me atrai
Para um dia, ser como meu Pai”

26/04/2017

Inserida por sfi_pansf

sexta

deita aqui
deixa eu te ouvir
me deixa descobrir
o que te deixa leve
o que te faz sentir
o peso indo embora
o mundo se partir
em tudo o que já foi
e aquilo que há de vir
o ponto em que o tempo
deixa de fluir
e nada do que foge
te faria desistir
de ficar mais um minuto
de morar pra sempre aqui

deita aqui
deixa eu te olhar
me deixa despertar
o que te torna forte
o que te faz sonhar
sem medo de crescer
com sorte pra errar
com tanto a aprender
e muito a ensinar
com frio na barriga
por restar diminuída
a certeza escondida
de que é melhor voar

deixe o meu abraço
dissipar esse cansaço
que há muito te consome
deixe que esse laço
descortine o espaço
em que o nosso descompasso
já não mais nos aprisione

deixe que o passado
seja apenas um recado
posto à mesa, com cautela
para não retroceder
nem tampouco esmorecer
ante o medo de viver
e abaixar sua defesa

deixa lá
deita aqui
que agora o sol se pôs
deixa eu te ouvir
deixa eu te olhar
deixe só o que for nós dois

Inserida por petronio.olivieri

Beauty fool

Ela passa horas em frente
ao espelho procurando
o que eu encontrei na
primeira vez em que a vi
ali sentada esperando
o mundo parar
pra lhe dar uma chance
de ser feliz
Ela passa horas em frente
ao espelho procurando
o que eu encontrei em
todas as vezes que lhe vi
imersa em pensamentos
brigando com o tempo
pra voltar a ser criança
e saber aonde ir

Refrão:

Esqueceu
que o céu pode desabar
o tempo pode até parar
e nunca mais luzir
que ainda é seu
o sorriso de criança
que eu levo na lembrança
nunca te falei pra ir
Embora...

Inserida por petronio.olivieri

Quero criar raízes em tua liberdade
Errar o alvo para acertar a tentativa
Esperar pelo desfecho da narrativa
E recomeçar o conto pela saudade

Esquartejar essa beleza que me invade
Em pedaços de uma alegria intempestiva
Viver a sorte dessa vida assim furtiva
Ser feliz enquanto busco a felicidade

Pois se brinca o inevitável com a razão
Carrega o tempo a loucura para o infinito
Daqueles que já encontraram o perdão

Em si por recomeçarem o velho rito
De acreditar no que não tem explicação
Buscar a paz pela certeza do conflito

Inserida por petronio.olivieri

Gestos simples e camuflados

Ver - te por ver
Sentir e não poder dizer
A verdade

Querer - te por querer
Por livre arbítrio ter que escolher
Uma amizade

Navegar por navegar
Na imensidão do seu olhar
Que retrata a incerteza

Tocar por tocar
A sua pele, brilho do mar
Que só remete à pureza

E finamente amar
Mas não amar por amar
Porque o amor pode ser singular

Inserida por petronio.olivieri

Mudança

Tempo em que adentro,
Em todo momento,
Para mostrar em cada instante
Passo que percorre errante...

Traduzido indeterminadamente
Ao produto referente
Ao crepúsculo estático
Do pensamento remoto

A realidade do extático
E tépido instrumento insólito
Para a formação inquietante
Da transfiguração amante

Diante da constituição
Atinente a compaixão
Que atinge por completo
A tradução do gesto

Formado pelo modesto
Ato que induz ao reto
E complacente traço
Da espessura de cada argumento

Que nos faz perceber que o tempo muda,
Que não volta para trás
Apenas nos demonstra que é curto, luta...
Contra o próprio encanto que nos seduz.

26 de Maio de 2008

Inserida por Rickies

As cartas que você me escreveu

Ontem eu reli as suas cartas
Enquanto as lembranças salgadas
Faziam borrões nos seus escritos

À medida que o tempo corria
A gramática realçava a ironia
De um ponto após o “infinito”

Nem as bordas do papel coloridas
Retomavam as cenas descritas
Por aquele texto estático

E as marcas das nossas escolhas
São as dobras daquela folha
Em um silêncio diplomático

Ontem eu guardei as suas cartas
Enquanto as lembranças fartas
Justificavam o meu ato

Abri a gaveta do criado mudo
E coloquei junto com tudo
Sua foto três por quatro

Não menosprezo a literatura,
Um ideal ou uma musa,
Camões ou Machado

Mas à medida que o tempo caminha
A vida realça a ironia
De um sentimento ser grafado

Inserida por petronio.olivieri

Quando éramos crianças

Ainda me lembro de quando éramos crianças
O sol batia na janela
E na nossa imaginação
Eram apenas brasas vindas de uma bola gigante
Sabe... a pureza do seu sorriso
Quando derrubava sorvete na roupa
Era motivo de riso pra mim também
Eu dizia que quando crescesse
Ainda seríamos amigos

Bem... e agora crescemos
Continuamos nossa amizade,
E... que estranho
Aquelas velhas brasas da janela
Parecem estar dentro de mim
Quando você dá aquele puro sorriso
E eu não sei o que dizer...
Sinto frio na barriga
Como se tivesse derramado sorvete
Quando você diz que finalmente crescemos.
Ah, o mundo é tão incerto
Será que te conheço tão bem
Que a amizade não é mais suficiente?
Ou será que o presente
Não é mais como era antigamente?

Inserida por petronio.olivieri

Pedido acanhado

Ei, me dá uma célula?
Você tem milhares, milhões...
Eu sei que é estranho, mas...
Sabe, se eu te pedisse seu coração
Estaria sendo sendo como todos esses egoístas
Que querem o vermelho das suas bochechas
Quando você fica com vergonha
Só para eles
Realmente, eu poderia pedir seus pensamentos
Mas acho que me atrapalharia todo
Pois já fico sem saber o que dizer
Quando me aproximo de você
Ah, ainda me sobra a sua atenção!
Mas não, isso também não vou pedir...
Porque a todo o tempo já sou atento demais ao seu sorriso
Agora, com uma célula
Terei apenas um pedacinho de você comigo
Mas nem com todas as cédulas dos poderosos
Eu cedo esta pequena grande parte de mim

Inserida por petronio.olivieri

A porta

A porta estava quase fechada.
com um cadeado novo, de metal
brilhante, pronto pra envelhecer
e virar história amarga que não
se conta em livros de auto ajuda

Com cuidado você a abriu,
mas não perguntou nada.
Tirou a cortina da frente da janela,
deixou o sol entrar por onde
nunca devia ter saído, e aos poucos
foi ajeitando tudo para que a sala
ficasse apresentável.
Fez sumir a poeira da estante,
colocou uma música pra tocar,
mas não quis cantar ou dançar,
apenas sorriu, como fosse o passado
um bobo diante de tudo
que a vida reservava pro futuro.

Não fez com que sua presença
fosse, em nenhum momento
necessária, e sim desejada.
Um alguém que mostra como é bom
ser livre com hora marcada
para voltar para o café, para a cama,
para o bolo de domingo
ou o beijo de despedida na saída.

E antes que se pudesse saber
qual seria a nova rotina dali,
partiu.

Não disse “já volto”,
mas deixou subentendido
que o tempo é relativo.
Não deixou um bilhete,
e sim um papel em branco.
Não deixou fotos,
mas um porta retrato vazio.
Não deixou quando,
mas quem sabe, um talvez

Só deixou saudade
e a porta aberta.

Inserida por petronio.olivieri

Carta a uma ovelha

Há muito me questiono sobre o que me atormenta...
Que não recaiam sobre a minha cabeça o título de cético
Ou as baratas ironias dos manipuladores da verdade:
A fé que move montanhas aquece o meu espírito;
Os templos que louvas abrigam a arte em que mergulho;
Os versos de que tu necessitas, mesmo que despidos de significado,
São proferidos em nobre oratória;
A força com a qual defendes teus princípios faz até grandes mestres se espantarem.
Mas, algumas coisas ainda são uma incógnita para a minha pobre compreensão...
Por que a tristeza que os teus olhos encerram teima em ofuscar
A alegria que a tua boca propaga?
Por que os castigos de que tens medo parecem pequenos diante
Da agonia da tua alma?
Por que os caminhos nos quais andas não contém a marca dos teus passos
E sim os teus rastros?
Por que a voracidade com que juntas as duas mãos é a mesma
Com a qual apontas o teu dedo para criticar o semelhante?
Por que vives à margem de ti mesmo?
Por que pagas um preço pelo dom que já tens?
Por que morres um pouco a cada dia?

Inserida por petronio.olivieri