Texto sobre eu Amo meu Irmao
"Como Tudo Deve Ser" – Charlie Brown Jr.
Antes, essa era a minha música favorita . Eu ouvia e me sentia forte, confiante, com aquela sensação de que tudo ia se ajeitar, de que eu podia ser quem eu sou, sem medo. Era uma música que me fazia bem.
Mas aí… ela começou a me lembrar de você.
Cada verso, cada batida, começou a carregar o teu nome, teu jeito, nossas histórias, nossas conversas. De repente, ela deixou de ser só uma música pra mim. Virou lembrança. Virou saudade. Virou você.
Hoje eu escuto e não sei se sorrio ou se fico com o coração apertado. Porque ela me lembra de tudo… do começo, dos detalhes, da forma como você me fazia sentir. Me lembra o que a gente teve, o que ficou e até o que não deu certo.
Talvez ainda seja minha música favorita, mas agora por um motivo diferente. Porque, de alguma forma, você ficou gravado nela. E toda vez que ela toca, é como se você ainda estivesse aqui.
A liberdade de cometer meus próprios erros é o que eu sempre quis.
Menses - Game of Thrones
Por que o caos não é poço, é uma escada.
Escada ao qual, descer me olha, e olhando, cada vez eu desço, um dia a mais, que dias são esses?
Os que não conseguir subir, o tempo passa, deteriora, reconstruí-lo, me apavora.
Informação nenhuma eu tenho, sobre o caos, a escada, feita cal, do que é feito? Já não lembro, dito e feito, quem a fez? Eu não sei, só desci, se me lembro não subir.
Não é queda, não é prática, ela é rápida e costumeira, levantar-se nem que eu queira.
Frente a frente tenho medo, já contei, nenhum segredo.
Absurdamente assustadora, já é noite? ou é dia? Me cintila de agonia. São luzes, são cores, são feixes luminosos, é o cansaço que me bate, é a pancada que me arrasta.
Minha direção é caos, claro, não quero ficar, mas, também não tenho forças para voltar.
Senta, pensa, se refaz, gaste o tempo que gastar. O poço existe é fato, é real, espaço, a tempos que ele é visto, há tempos não bem quisto. E o que importa, é grito.
Mais ainda há tempo, querer sair. Mas, se ainda é tempo, da pra fugir. Mas, se não der tempo eu fico aqui.
O caos é laço, é cais, é porto, não se refaz, de longe olho, vem tempestade, coragem ausenta, meu ser imprensa, não posso mais.
Quero armadura, coragem pura, se é bondade, se é voraz, se é fraqueza, ainda mais.
Mas, tem um jeito, por ele almejo, no tempo certo, na minha maneira, e do meu método, caminhos, carreira.
Vai se montando, vai por vielas, minha alma salta, chorei por ela, então eu vejo, longisco e fosco uma aquarela.
Meu rosto brilha, meu eu, devora, pensar me gasta e que demora, são erros, pague, são seus, não rasgue. Avista a luz, formas e gestos, sou eu num encontro com a bela fera, criei temores, passei por guerras, que eu criei, bela novela.
De vez ou outra, meu ser revela, subindo escada, desci por ela, aprisiono um eu de antes, agora olho, ser ofegante, não mais estou, sair da cela.
Marcio Ribeiro
O dia da terapia
Hoje eu vivi mais um dos meus dias, apenas deixei as horas passar, mas, também foi dia de terapia.
Pela primeira vez eu tremi durante aquela uma hora, eu cheguei a ter momentos de choro, quanto mais eu falava era pior. Os olhos da minha psicóloga concentrados em mim eram desafiadores. Eu senti medo, angústia, dor, questionamentos, parecia estar numa redoma, preso em mim.
Sai da terapia e ainda tremendo voltei pra casa, aqui estou agora, sem quase nada, sem fazer nada, apenas pensativo no quão inútil me tornei, por não achar solução para tudo que me apavora, para o caos que me aprisiona.
Vem a noite e tomarei meus medicamentos, os quais vão me “apagar” por algumas horas enquanto espero pelo novo dia, não sei o que tem lá, talvez eu nem queira estar lá.
P.S Lembrando agora, hoje não “comi nada,” uma laranja e alguns copos d’água.
Difícil conviver com esses demônios, monstros que as pessoas criaram e eu deixei que colocassem na minha vida.
Se eu morresse hoje…
Penso se eu morresse hoje...O que mudaria?...
Mortos não estão concios de nada, não respiram, não piram, não falam.
Na brevidade da vida meu suor escorre por minhas mãos, minha vida escorre pelo tempo e minha história a vida se encarrega de contar.
Ao passo que caminhamos pra morte, natural, ela é bela e forte, ao passo que há despedida da vida, ela nutre o que nos é vital.
Penso em pessoas, penso em mudanças, penso em tristeza, dor, alegria em pranto.
A vida nos é pequena, a morte um ser durável, as vezes é serena, por vezes condenada.
Se hoje me vier, de certo não aprovo, não fiz planejamento, não quis um breve norte.
Se ela surge do além, se ela vem sem dar aviso, já não sei se fico aqui, esperando ou se só vivo.
Amado mestre
Dai-me lágrimas pra chorar
Pra que eu possa orar
E sem reservas te buscar
Dai-me fome pela presença
Com migalhas não vou me contentar
Que eu deseje apenas o banquete
Que preparado já está
Dai-me um coração em chamas
Ateia fogo em mim
Quero ser como uma vela
Quero queimar até o fim
Dai-me a honra de viver para servir
Dai-me a graça de chorar pelas nações
Dai-me o fogo que incendia corações
Dai-me o amor que constrange o pecador
Faz de mim
Um homem de oração
Quero ser segundo o teu coração
Ateia fogo em mim
Um avivalista quero ser
Ateia fogo em mim
Um ganhador de almas quero ser
Ateia fogo em mim
Quero te conhecer
Admitir
Tentei ser o homem perfeito, o homem certo.
Eu sonhava, sentia... você era a pessoa certa.
Quando acordei, você já tinha se casado,
E eu ali, sonhava acordado.
Sentia que tinha sido enganado,
Te amando em silêncio — mas o tempo apagou.
E tudo que era cor, a fumaça levou;
Teu “pra sempre” sumiu sem avisar,
E eu fiquei sem lugar pra voltar.
Você era a pessoa certa,
Mas só no meu lado da história aberta.
E quando acordei...
Você já tinha se casado.
Enquanto eu ainda te esperava do outro lado,
Foi delírio, foi encanto, foi espelho quebrado.
Fui teu tudo, sendo teu quase-nada, calado...
Hoje eu vejo:
Sonhar sozinho também dói demais.
E amar no escuro não traz sinais.
E agora eu sei:
Sonhar sozinho... também é forma de se perder...
Admito.
Tentei ser teu porto, fui só passagem.
Te amei sem rascunho, sem margem.
Hoje entendo, enfim, sem disfarce:
Não era destino...
Era só viagem.
Amor vitalício.
Eu sei que você ainda se lembra da nossa história de amor,
mas preferiu jogar fora por uma aventura que você mesmo inventou.
Não nego: sinto a sua falta…
mas preciso ir embora.
Onde foi que eu errei?
Em que momento deixei de ser o que você queria?
Tentei ser o homem perfeito,
mas mesmo assim fui imperfeito para você.
E no fim,
só queria entender o que é o tal amor vitalício…
Amor vitalício?
Talvez seja apenas a mais bela ilusão....
SURGIU DO NADA
Eu andava só, sem direção,
Dias iguais, sem nenhuma canção.
De repente o vento trouxe você,
E tudo mudou sem eu perceber.
Não sei se foi destino ou acaso,
Mas teu olhar acendeu meu espaço.
De onde veio, eu não sei explicar,
Só sei que chegou pra ficar.
Você surgiu do nada,
E virou tudo em mim.
Fez da noite madrugada,
E deu cor ao meu jardim.
Hoje eu só sei dizer,
O quanto eu sou feliz por ter você.
Entre sorrisos, planos e sonhos,
Seus gestos simples viraram meus donos.
O tempo passou, mas não apagou,
A força da vida que você me mostrou.
Não é preciso entender a razão,
Basta sentir o pulsar do coração.
A cada passo, só quero estar,
Onde você possa me encontrar.
Você surgiu do nada,
E virou tudo em mim.
Fez da noite madrugada,
E deu cor ao meu jardim.
Hoje eu só sei dizer,
O quanto eu sou feliz por ter você.
Se um dia o mundo tentar separar,
Eu vou lembrar de onde tudo começou.
O nada ganhou sentido ao te encontrar,
E a vida inteira foi quem me apresentou.
Você surgiu do nada,
E virou tudo em mim.
Fez da noite madrugada,
E deu cor ao meu jardim.
Hoje eu só sei dizer,
O quanto eu sou feliz por ter você.
GRATIDÃO
Não sou tudo o que eu quero ser ainda
Mas já sou mais do que pensei que seria
Carrego sonhos que ainda me esperam
Mas também vitórias que já me definem
Eu sou a resposta das orações
O reflexo de tantas decisões
De recomeços, quedas e perdões
Força que nasceu do coração
Às vezes eu esqueço de agradecer
Cobro de mim o que ainda falta ter
Mas lá atrás tudo o que eu queria
Era chegar até aqui, e hoje é meu dia
Então eu respiro e deixo acontecer
Mesmo sem ter tudo, já sou tanto em mim
E o que ainda falta, um dia vai nascer
Mas já sou gigante só por estar aqui
O tempo mostra que cada ferida
Se transforma em nova saída
E cada passo que parecia pequeno
Me trouxe até aqui, inteiro e sereno
Às vezes eu esqueço de agradecer
Cobro de mim o que ainda falta ter
Mas lá atrás tudo o que eu queria
Era chegar até aqui, e hoje é meu dia
Então eu respiro e deixo acontecer
Mesmo sem ter tudo, já sou tanto em mim
E o que ainda falta, um dia vai nascer
Mas já sou gigante só por estar aqui
Eu sou caminho, eu sou verdade
Eu sou força, eu sou metade
Do que ainda vou viver
E inteiro do que já conquistei
Então eu respiro e deixo acontecer
Mesmo sem ter tudo, já sou tanto em mim
E o que ainda falta, um dia vai nascer
Mas já sou gigante só por estar aqui
“Às vezes, eu só queria não sentir tanto.
Amar com o coração inteiro cansa…
Cansa entregar tudo, cuidar, se doar — e no fim, ficar com as mãos vazias.
Eu sempre amei de verdade, mas só me enrolaram, nunca souberam valorizar.
Nos livros, o amor é puro e recíproco.
Na vida real… ele machuca quem só queria ser amado do mesmo jeito.”
EU TEMPORAL
Ontem eu andava à toa, com o tempo nas mãos sem saber da hora
Havia balanço, havia garoa e o mundo girava devagar lá fora
Um riso cabia no vão da calçada, o sol se escondia só por brincadeira
Ontem doía de tão leve, era domingo a vida inteira
Mas o tempo, esse moço apressado, me levou sem me pedir desculpas
Hoje eu corro atrás do próprio passo
Tomo café em pé, sem tempo de abraço
Tenho prazos, pesos e pressas, um relógio que nem me confessa
Hoje é um samba sem cadência, que tropeça no próprio compasso
A buzina e-mail notificação, é um trem lotado sem estação
E eu canto pra ver se a alma escapa desse corpo apressado demais
Hoje me cansa o que antes me encantava
Me sobra o cansaço, me faltam os ais
Amanhã me disseram que é bonito, mas disseram também que é incerto
É beijo prometido, é sonho guardado num livro aberto
Talvez me espere um jardim, um fim que ninguém percebeu
Talvez o amanhã nem me queira, mas sou teimoso e sigo eu
Porque o tempo é só mais um poeta que escreve o que ninguém entendeu
Eu sigo entre ontem, hoje e o depois, cantando o que sobrou de mim e dos meus
Hoje eu corro atrás do próprio passo
Tomo café em pé, sem tempo de abraço
Tenho prazos, pesos, pressas, um relógio que nem me confessa
Hoje é um samba sem cadência, que tropeça no próprio compasso
É buzina e meio notificação, é um trem lotado sem estação
E eu canto pra ver se a alma escapa desse corpo apressado demais
Hoje me cansa o que antes me encantava
Me sobra o cansaço, me faltam os ais
Amanhã me disseram que é bonito, mas disseram também que é incerto
É beijo prometido, é sonho guardado num livro aberto
Talvez me espere um jardim, um fim que ninguém percebeu
Talvez o amanhã nem me queira, mas sou teimoso e sigo eu
Porque o tempo é só mais um poeta que escreve o que ninguém entendeu
Eu sigo entre ontem, hoje e o depois, cantando o que sobrou de mim e dos meus.
Foi real.
Eu senti cada instante — nossas noites, nossos rolês, nossa intimidade.
Nossa parceria… ah, da nossa parceria eu tenho muita saudades.
Foi tudo real: cada beijo, cada abraço, cada madrugada dividida entre risos e silêncios.
Eu era apaixonado pelo jeito como você me via — via todos os meus lados, o melhor e o não tão bom, e mesmo assim amava cada um deles.
Ninguém nunca me olhou como você olhava.
Eu sinto tanto a tua falta… falta de tudo, até das tuas bobiças.
Sinto falta de nós dois, porque juntos éramos poesia viva e engraçada.
Por isso e por tantas outras coisas, sei: tudo foi real.
-Francisco Brito
“Quando eu encontrar o amor da minha vida, não vou precisar de cenário perfeito, nem de discursos ensaiados.
Vai ser simples… talvez na cozinha, entre uma conversa boba e um sorriso desajeitado.
Vou olhar nos olhos dela e saber: é ali que eu quero morar para sempre.
E, sem medo, vou pedir que caminhe comigo, não só em dias ensolarados, mas também nas tempestades.
Porque o amor verdadeiro não precisa de espetáculo, só de verdade.”
O que me inspira hoje
Eu gosto de escrever
Quando escrevo me lembro
De como é bom viver
E que a escrita é boa para o desenvolvimento
Sou poeta amador
Escrevo alguns, nem tantos poemas de amor
Sempre com respeito pelo leitor
E pela poesia que me fez ser escritor
A escrita está sempre no meu pensamento
Seja quando de dia acordo, seja quando de noite durmo
Ela é mais do que um passatempo
Ela é minha vida, ela é meu mundo
Espero encontrar uma poetisa
Que partilhe o prazer da escrita
Que da nossa partilha nasça uma filha
E que ela se chame a mestra poesia
Eternidade do Nada
(Letra original por Maycon Oliveira dos Santos)
Eu vi o tempo se curvar diante dos meus pensamentos,
Transformei o silêncio em direção.
Há mil verdades presas no vento,
E eu aprendi a ouvir a contradição.
Eu sei o que é cair em ruínas e erguer castelos com o olhar,
Sei quando o mundo cala, é hora de falar.
Porque eu faço da ausência, presença,
Da dor, uma promessa que ascende.
Eu crio eternidade do nada,
E transformo o vazio em chama ardente.
Eu faço da sombra, luz,
E do fim, um novo início — consciente.
Aprendi a amar o caos como um velho amigo,
Ele me ensina onde a ordem se esconde.
Há beleza no perigo,
Quando a alma não se rende ao que não responde.
Eu sei quando o medo tenta se disfarçar de paz,
Mas minha mente é o fogo que jamais se desfaz.
Porque eu faço da ausência, presença,
Da dor, uma promessa que ascende.
Eu crio eternidade do nada,
E transformo o vazio em chama ardente.
Eu faço da sombra, luz,
E do fim, um novo início — consciente.
Se o tempo apagar meus rastros,
Que apague tudo, menos minha intenção.
Pois quem ama com lucidez,
Transforma o destino em criação.
Eu faço da ausência, presença,
Da dor, o mapa da existência.
Crio eternidade do nada,
Sou o eco da própria consciência.
E no fim, quando tudo silencia,
É lá que minha alma começa.
— Por Maycon Oliveira Dos Santos
Sou um renascentista
Talvez eu tenha nascido fora do tempo,
mas minha alma caminha pelas ruas de Paris.
Não as ruas apressadas do turismo,
mas aquelas onde a madrugada ainda cheira a vinho, tinta e papel.
Onde os músicos tocam como se o destino dependesse de um acorde
e os poetas bebem a lua em silêncio.
É ali que existo — entre o som e a palavra,
entre o piano e o abismo.
Sou um renascentista: músico, poeta, pianista.
Vivo entre o sagrado e o profano, entre o vinho e o verbo.
Cada nota que toco é um pedaço de mim tentando renascer,
cada verso, uma confissão que o tempo não conseguiu apagar.
Não bebo para esquecer, bebo para lembrar —
que a vida, como a arte, é feita de breves eternidades.
Quando sento ao piano, sinto Paris me ouvir.
Os fantasmas de Debussy e Ravel espiam por sobre meu ombro,
e o Sena, lá fora, parece repetir minhas notas nas águas.
O poeta em mim escreve o que o músico sente;
o músico traduz o que o poeta pressente.
É uma comunhão silenciosa entre o som e o pensamento —
a forma mais bela de loucura.
Ser renascentista é não aceitar a indiferença dos tempos modernos.
É crer que a beleza ainda pode salvar,
que o corpo é templo e o amor é arte.
É brindar com o vinho e com o caos,
com a esperança e o desespero,
porque tudo o que é humano é divino quando há música no coração.
Sou um renascentista.
Poeta, músico, homem que vive nas ruas de Paris —
onde o tempo se curva diante de um piano,
e o vinho se torna prece nas mãos de quem ainda acredita
que a vida é, acima de tudo, uma sinfonia inacabada.
O Tito
(por Tonny Feittosa)
Eu podia vê-lo se aproximar,
com sua única blusa sem manga.
O corpo brilhava, refletindo o suor —
o que esperar de uma manhã de trabalho?
Ninguém te enxerga, Tito.
Ninguém quer te observar.
Vens sorridente,
com uma janela entre os dentes.
Mas só eu posso brincar.
Gritei:
— Tá com sede!?
E tua voz ecoou:
— Com dois real pode matar!
Ninguém te enxerga, Tito.
Ninguém quer te observar.
De pés descalços, segues a caminhar.
Que lindo te ver atravessar a rua!
Mas só eu, por te amar,
posso te enxergar.
Ninguém te enxerga, Tito.
Ninguém quer te observar.
O carro brilhante veio te encontrar —
não viu o Tito.
Só eu vi,
que ali, o meu lindo sorriso
parou de brilhar.
Eu te enxerguei, Tito.
Eu te observei, Tito.
Mas, infelizmente,
neste mundo,
a gente não vai mais se encontrar.
Enquanto o eco dos versos passavam, se dissipando no ar úmido da noite, eu me arrastava para o sofá puído, onde o tempo se esticava como uma goma velha e mastigada. A amizade, esse amor disfarçado que ela cantava, não passava de uma piada amarga para mim agora, vazio em um quarto sem janelas. Preguiça? Ah, ela era minha companheira fiel, enrolando-se em mim como uma cobra sonolenta, sussurrando que o esforço era para tolos, que o mundo lá fora girava sem precisar do meu olhar.
Sozinho, via o céu como túmulos de sonhos esquecidos, inalcançáveis aos meros preguiçosos e fracos. O tigre flamejante rugia distante, o gatinho gritava em vão? Eu nem me mexia. Por que lutar contra o medo, contra o tempo que devora tudo? Deixei o relógio ticar, o amor passar como um trem que nunca para na minha estação abandonada. Amargo era o café frio na xícara, solitário o silêncio que engolia minhas risadas antigas, preguiçoso o corpo que se recusava a levantar.
E assim, continuei a história, ou melhor, a falta dela. Deitei ali, esperando que a morte, essa preguiçosa rainha, viesse me buscar sem pressa, sem drama. Pois no fim, o que restava? Somente o vazio, o amargo gosto de nada, e a solidão que se estendia como um dia infinito sem sol.
Eu queria ter um pouco mais da afinidade com a morte. Quando ela parece estar perto ou quando você se conforma em encontrá-la é muito mais aprazível e reconfortante cortejá-la.
Eu queria ter a oportunidade de fazer isso. Estou errado. Oportunidade todos nós criamos e eu gostaria de criar, mas não posso. Não quero.
Ainda gosto de viver. Não sei ainda oque me atrai aqui. Mas não quero descobrir. Tenho medo de não gostar do que ainda possa me atrair.
Hoje eu vi um filme de um garoto que nasceu com a deformidade no rosto e logicamente não tinha amigos pois tinha vergonha do que era. Mas quando resolveu não ligar para o que os outros diziam, conseguiu vários amigos verdadeiros, que gostavam dele como ele era. Gostavam dele sobre o que ele era e não tinham mais vergonha dele e sim orgulho de tudo o que ele significava.
Eu gostaria de dormir agora em uma mansão assombrada para ver o que iria acontecer. Gosto de lugares sombrios e assustadores. Isso me atrai. Não sei se é porque eu não acredito em espíritos malignos ou qualquer coisa parecida, mas acho esses lugares muito poéticos.
Não sei se é porque a lenda urbana diz que isso é um pouco conectar-se com outro mundo. É engraçado que não tenho medo de nada disso pela minha descrença e também gosto de desafios.
Mas eu acho que é o mais lúdico que eu posso chegar perto da morte. As outras hipóteses, por enquanto estão fora de cogitação. Pois ainda tenho muitos comprimidos que sustentam minha vida e alegria.
As vezes parece sombrio, mas acreditem não é. É quando voce começa a perceber que voce não é imortal e não que um dia a sua morte é um possibilidade. E voce se pega pensando quem iria em seu enterro caso isso acontecesse.
Mas sabe o que pode ser mais perturbador? É voce ver um filme, como o descrevi nesse texto e chorar no final, porque voce olha para o lado e percebe que voce não possui amigos e ninguém que ame voce do jeito que voce é. A solidão começa a te assustar e a carência emocional de pessoas verdadeiras ao seu lado atinge o ápice quando voce fica viciado no seriado de “The Big Bang Theory” e tem inveja daquela turma de amigos. São poucos, mas verdadeiros.
Então eu vou para o meu quarto, tomo o meu remédio para dormir e espero o sono chegar.
E então descubro que não são espírito
Rui Miguel Trindade dos Santos
s malignos ou mansões assustadoras que me assombram. Mas a solidão que me rodeia e me expõe o fantasma da minha realidade. E isso realmente me assustaR
Desistências.
Deixei de viver vários Amores.
Por eu, não acreditar em mim.
Por não acreditarem mim.
Por distâncias a percorrer e eu as percorri.
Por encontros, jamais acontecidos,
Por.... vai saber...
O que poderia ter sido se
Tivéssemos, nos encontrado?
Aondenós estaríamos?
E o que nos teria acontecido?
