Texto de Saudade Profunda

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Eu estou sendo julgada
Cada passo me condena
Ser como eu é difícil
Não ser ouvida
Perder algo que nunca tive
Saber que não sou importante
Muitas vezes subestimada
Querer a diferença me torna fraca
Ter opinião me torna absurda
Quando erro não sou perdoada
Entender e aceitar que nunca serei levada a sério
As pessoas me machucam
A sociedade me rejeita
Eu não sou ouvida
Eu não sou alguém que recebe respeito
Eu sou uma mulher rebaixada
E que quer a diferença
E que vai lutar pelo que acredita
Igualdade nunca foi tão necessária
A agora merece ser entendida

⁠Ao olhar as estrelas
Lembro do seu olhar
Da sua forma carinhosa
E do seu jeitinho peculiar

Se eu pudesse voltar no tempo
Apreciaria mais você
Pelo seu jeito belo e meigo
E sua forma de viver

Ao olhar para lua
Penso eu e você vendo um luar
Entoando lindos versos
Onde o título "é vem me amar"

Infelizmente isso é um pensamento
Que poderia ser realizado
Basta você querer
Ser só desse homem apaixonado

UMA NEGRA


A negra não precisa
se pintar pra ser bonita.
A sua beleza é natural,
pelo Soberano foi esculpida.
A negra não precisa ser sensual
pra ser notada,
ela já é uma mulher,
uma linda fada.
Um ébano, uma beleza.


Ela veio de Luanda,
És uma negra.
Cabelo rastafari,
Black, Transado,
cortado ou alisado.
Ela usa do jeito que quiser.
Antes de ser cidadã,
ela é mulher.


Falo dela tanto no verbal
quanto na escrita,
pois ela é a minha favorita.

⁠UM POUCO DO QUE SOU

Por Nemilson Vieira (*)

Do coco sou água isotônica; do corpo, a água de cheiro.
Morro na praia todos os dias. Lavo os pés, em cerimoniais batizo os fiéis; refresco o corpo e tiro a fadiga...
Sou a poça nas estradas e da criançada, o poço. O suor do rosto, a chuva, a enxurrada, o sereno da madrugada, as lágrimas caídas…
… A esperança dos idosos, a doce alegria das crianças; o fiel da balança, o ouro da torneira a entornar.
Sou o direito, o amor-perfeito que brota do chão, que desce do céu.
No organismo, carreio as impurezas metabólicas, ao ser bombeada pelo coração.
Sou um devoto em súplicas, a água benta; estou no pássaro que voa, no lago e na lagoa; no Rio Mosquito, no Bezerra no Montes Claro...
Sou a vida na Terra acontecendo. Uma célula pulsando em cada canto.
Estou no predador e na presa fugidia; fonte a brotar água cristalina, nos brejos, juntinho dos buritis…
Sou de todos os lugares: do Planalto Central, da Serra da Mesa, da Moeda, da Canastra… Da Serra do Geral.
Sou das veredas do Guimarães Rosa, da Serra do Curral; do Pantanal…
Sou das Minas Gerais, Universal.
Fui vista até em Marte; visualizada do espaço sideral.
Por fim, sou a justiça qual rio a correr, que não pode secar.
Sou a vida a escoar na direção do mar.

* Nemilson Vieira,
Gestor Ambiental, Acadêmico Literário

⁠Atualmente, usar a máscara é como usar o coração a favor do próximo, porque é um ato de amor, um ato simples que pode salvar vidas... Temos que ter em mente que toda vida é importante, seja de alguém próximo ou até mesmo de um desconhecido, uma vida é uma vida e deve ser cuidada como tal... Amar ao próximo é tanta coisa, mas nesse momento pode ser visto como preservar a vida desse próximo, e até mesmo a sua e daqueles que dividem a vida contigo...
Os super heróis usam máscara, os super humanos, aqueles que amam o próximo e que querem espalhar o bem por onde passam, também têm usado, e demonstram toda a força escondida dentro de si, aquela que reflete luz mais do que qualquer outra coisa... Essa luz é a favor da vida e da manutenção da felicidade de todo aquele que não quer perder um ente querido por descuido...
Por isso, por favor, usem máscara e preservem vidas, parece tão pouco, mas é o suficiente para que lágrimas não sejam derramadas e sofrimentos sejam evitados. Usar máscara é incômodo, mas deveríamos nos incomodar mesmo é com o desconforto de perdermos vidas... A dor da perda é cruel, que ajudemos a espalhar amor, porque isso é a única coisa que importa nessa vida...

⁠A força da vontade é o exercício do poder que todo ser humano possui de mudar a própria vida para melhor. O poder de realização é algo divino dentro de nós. Todos o possuímos, pois ele é um atributo da nossa própria Essência Divina, mas poucas pessoas utilizam esse poder, porque têm grandes dificuldades de superar a inércia e, então, transformam as dificuldades em impossibilidades.

Livro: Inteligência Consciencial - a conquista da autonomia da consciência

⁠Para desenvolvermos a força de vontade e exercitarmos o poder de mudar a nossa vida, é fundamental desenvolver a virtude da fé convicta, que é resultado da confiança em nós mesmos, em Deus e na Vida, virtudes que nos impelem a acreditar em nossa capacidade de mudar para melhor.

Livro: Inteligência Consciencial - a conquista da autonomia da consciência

⁠O NOSSO AMOR

Por Nemilson Vieira (*)

Foi muito bom para ser verdade esse meu coração ritmar no compasso do seu.
Tum! Tum! Tum!… — Num dueto afinado. Sem mais falhar como antes.
Na hora mais oportuna sendo receptiva, nos afeiçoamos de uma maneira inenarrável!
Tudo aconteceu tão de repente! Na dúvida belisquei no meu braço para ver se era eu mesmo. — Comprovei a veracidade!
Agradecido e feliz, vivo a cantar: “solidão nunca mais”.
Na nossa relação sempre houve bastante respeito mútuo, afeto, gentileza humana, admiração. — Doces palavras, momentos cheios de ternura, emoções.
Toleramos os espinhos da relação, mas a preocupação maior é cultivar as rosas do nosso jardim.
Esse amor é fogo que não consome, tempestade que passa e não destrói, edifício que não cai, rocha que não se abala, convívio que não dói.
Amor assim é vida que não morre, aço que a ferrugem não corrói.
É prazer que não acaba mais…
É água limpa a correr, transparente como um cristal; é flor que nunca murcha é apego que não sai.
Tem sido uma honra muito grande, essa nossa união.
Não se desfaz tamanho amor; foram muitas alegrias vividas e conquistas alcançadas. Um sentimento bom enraizado em nós para ficar.
As lutas vêm, mas logo vão-se, porque o amor latente em nós, tudo suporta.

*Nemilson Vieira,
Acadêmico Literário
Fli e Lang

⁠O autoamor reforça em nós a decisão consciencial para escolher exercitar sempre a paciência, a perseverança e o esforço continuado e disciplinado, auxiliando-nos a desenvolver o poder amoroso que transforma a nossa vida em uma vida melhor.

Livro: Inteligência Consciencial - a conquista da autonomia da consciência

E só para ficar registrado, aprender a ficar sem você me custa muito. Anos luz de felicidade que abri mão. E não sei se, lá no fundo, desejo aprender a ficar sem você. Não sei mesmo. Talvez a dor de ficar sem seu toque, sua voz e seu cheiro, seja algo que eu queira para me ajudar a passar meus dias.

Eu te amo mais que tudo

Não consigo me desconectar e talvez não queira.

Todos o dias quando acordo, procuro você ao meu lado. E sinto falta da minha companheira, amiga, amante, parceira de trabalho e de loucuras.

Entendi que encontrar alguém assim não será possível. E nem quero. Você é insubstituível. Ao menos para mim. Sinto sua falta todos os dias. E lidar com essa falta é um exercício supremo de superação. Todos os dias. Não digo para te deixar triste. Estou só falando. Como queria dar um Ctrl-c em você aí em seguida um Crtl-v aqui, já que não posso ter a original. Sinto muito a falta de suas gargalhadas, caretas, sorrisos e olhar brilhante com esses cílios enormes. Não há toque, palavra ou carinho existente que eu possa te encontrar, exceto o seu. O, genuinamente, seu. Aprender a lidar com essa ausência imposta, é algo que usarei um dia ao falar em público para exemplificar verdadeiros desafios da vida e significado de amor. Comentar sobre dor, saudade e paixão. De como é viver com um vazio e contentar-se a acordar todos os dias sem atingir uma plenitude. Servirá como experiência sempre, para dizer aos outros, o que significa amar.

⁠MEDICINA E MULHER
A medicina nos mostra que o coração
É o músculo fundamental do corpo humano,
E a mulher faz emprego dele, em mesmo plano,
Tendo em vista o desenrolar de uma paixão.
Se tal órgão tende a cessar a pulsação,
A medicina anima. . . salvo algum engano.
A mulher encoraja. . . dando ao desengano,
Leve e perspicaz toque de conformação.
A mulher acomoda — a medicina ensina;
A mulher faz uso adequado da doutrina,
E a medicina a usa com intrepidez.
E dessa dupla, que ao nosso ser disciplina,
Finalmente concluímos que a medicina
É como a mulher — Nunca sim. . . sempre talvez!

Querido diário.

Mais uma vez me encontro exausta, e desanimada de tudo e todos.
Nesses dias que não vim ate você eu me forcei a ser capaz, eu me enganei ( tentei). Ouso dizer que nunca atuei tão bem.
Eu não senti falta.
Do sorriso, do olhar, do toque e da voz
Mais ai me dei conta que minha paz, meu vício se resumia a esses pequenos gestos.
Então a ficha caiu mais uma vez, sinto meu corpo falecer aos poucos. Como se faltasse algo nele que e tão essencial que sinto que em breve restara apenas uma carcaça velha e cansada ( apesar de não ser velha), o tempo ta castigando o silêncio ta sendo tão pesado que não sei ate onde ainda vou caminhar.
Sei que agora está decepcionado comigo, diário. Eu tentei ser o melhor de mim sem o que disperta o melhor. E falhei!

Me deitarei hoje com o coração transbordando num nível que lagrimas ja me faltara pela manhã.

Boa noite

Reconstruir

As vezes me sinto como se estivesse sozinho no pico de uma montanha coberta de neve,
Ando pelas ruas da cidade grande a noite e esbarro em algumas pessoas, mas parece que sou invisível,
Minha sombra tem sido a minha unica companheira nestes últimos tempos, os sons dos animais urbanos e os ruídos dos carros são o meu consolo, a noite apenas a Lua me escuta e me entende,
Cuidadosamente, o travesseiro tenta contar histórias boas para eu dormir, me livrando momentaneamente da insonia,
Nada melhor que um dia após o outro, diriam os antigos sábios,
Aconteceu comigo, estes dias chegaram. Recuperei o meu impeto, a minha sede de vitória e o algo mais que estava faltando, sinto a brisa do mar me alcançando, agora além da Lua, conquistei a amizade do Sol, percebo a energia positiva cobrindo o meu corpo e a minha mente, estou ressurgindo das cinzas para um novo momento, para reconstruir a minha história.

Eu acho que nós seres humanos em algum momento da vida construímos em nossas próprias mentes, barreiras. Barreiras que nos protege do que é o imprevisível.


O imprevisível seria aquilo que não somos capaz de conseguir prever, como sentimentos. Essa barreiras pode nos proteger de sofrer, tanto como o amor, perda de familiares, acontecimento...

Ela são formadas sem nos mesmos perceber. Quando alguém ti machuca, você tende a se afastar de certas coisas pra não sofrer nunca mais com aquilo, e quando você tenta se aproximar de alguma coisa, pode acabar dando errado e isso consequentemente faz com o que essas barreiras se fortalecem

Mas ao mesmo tempo, elas nos prejudica
Pois ao mesmo tempo em que estamos protegendo a si mesmo do mundo
Estamos ficando ainda mais solitários por dentro
Sendo incapazes de se expressar, de se abrir, de se apaixonar novamente, e outras coisas

E talvez isso foi o que ti moldou a ser quem você é hoje

A palavra Minas

Minas não é palavra montanhosa
É palavra abissal
Minas é dentro e fundo
As montanhas escondem o que é Minas.
No alto mais celeste, subterrânea,
é galeria vertical varando o ferro
para chegar ninguém sabe onde.
Ninguém sabe Minas. A pedra
o buriti
a carranca
o nevoeiro
o raio
selam a verdade primeira,
sepultada em eras geológicas de sonho.
Só mineiros sabem.
E não dizem nem a si mesmos o
irrevelável segredo
chamado Minas.

Assim seja.

“” Que haja luz nesse amor bonito
Que seja bendito
Que seja mais
Que desfaça toda ira
Que se incumba de não ser só rima
Que seja encanto
Que não seja dor
Que seja bem mais que ... Amor
Que seja carinho
Que seja paixão
Que se mostre ainda numa perfeição de vontade
Que não tenha maldade
Que seja assim, inexplicável.
Mas seja palpável
Que seja impecavelmente nosso
Que seja a luz que conduz
Ao perfeito conjugar
Do nosso verbo... Amar...””
.

Sou grossa, mas também sou meiga;
Sou tímida, mas sou extrovertida;
Não sou nerd ,mas tiro notas boas;
Sei ser antipática; mas também sei perdoar;
Sei ser chata, mas ser legal;
Não me julgue pela aparência, você não me conhecer.
Tenho cara de quem gosta de rock, mas não, não acho graça;
Tenho jeito de homem, mas não, não sou assim;
Pareço ser metida, mas não sou;
Meu jeito te incomoda, mas por quê?
Qual o problema em ser como você ou como os outros?
Me acha estranha, mas sou apenas diferente;
Não me visto igual a você;
Não escuto a mesma musica que você;
Não aos mesmos lugares que você;
Mas sou ser humano, tenho meu gosto, meu estilo;
Então:
Não me julgue pela aparência por favor!!!

Cara, a responsabilidade é sua com o que cativas!

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." – Antoine de Saint-Exupéry

Esse breve trecho dessa grande obra de Exupéry pode deixar bem claro a mensagem que pretendo passar, a influência desta obra "O Pequeno Príncipe" em minha vida é sem sombra de dúvidas algo de extrema importância e significância para entender o comportamento humano diante do relacionamento entre as pessoas, dentre as quais enquadram-se: família, amigos e outros que proporcionaram algum sentindo especial para nossas vidas.

A importância de valorizar o que se cativa, termo esse que o autor coloca com muita adequação deveria ser aplicado a todos nós, essa responsabilidade que necessitamos de exercer a quem se torna importante em nossas vidas, muitas vezes é deixado em conta a favor do nosso egoísmo e prepotência. É extremamente contundente perceber o quanto podemos deixar certas tarefas necessárias ao bom relacionamento de lado, finalizar relações e deixar com que as melhores lembranças e até mesmo o ser que participou com você de todas trocas e aprendizagens se morra, se vá, como se o descarte fosse algo apropriado e mais indicado pra se fazer. É triste, decepcionante depois de ser cativado por alguém simplesmente perceber que a responsabilidade com que a pessoa que o fez deveria assumir, acaba se resumindo em uma falta de sensibilidade a ponto de transformar tudo aquilo que um dia foi vivo em algo morto, inanimado. Não considerar nem mesmo suas boas qualidades e as trocas que foram exercidas durante uns dias, semanas, meses e anos de um convívio. Toda a beleza que um dia foi exercida no contato com os seres cativantes vão de forma imediatamente sendo exterminadas em um tempo breve e insignificante diante da grandiosidade que os dois representaram pra si. Afinal... o que somos além de seres humanos frágeis? O que somos... senão a própria "obsolescência programada" em pessoa.
Enfim, todo jovem deveria ler este livro o quanto antes possível.

Outono da minha vida

Adentrando ao outono da minha vida,
Um paradoxal inverno quente me anima.
E a primavera, florida, faceira e sorridente
Reflete a esperança de um dezembro caloroso,
Com o verão pulsando caloroso em minhas veias.

Com certeza um natal muito feliz
Entre familiares e amigos.
Um “adeus ano velho” ruidoso
Com prazerosos brindes, fortes abraços,
Estalados beijos e furtivas lágrimas.

Mais um Ano Novo repleto de promessas.
Que aventuras viverei em janeiro?
Viagens, estradas, novas paragens.
Fevereiro de olhares, sorrisos e afagos.
Conquistas merecidas, achados fortuitos,
Quiçá novos amores, explosivas paixões,
Prazeres incontáveis, noitadas inesquecíveis.

Assim a vida se renova, até a hora da partida.
Março trará corações dilacerados,
Almas partidas, bilhetes rasgados,
Pulseiras, anéis e colares jogados.
Roupas rotas, tênis gastos,
Revistas dobradas, livros esquecidos.
Enfim, páginas viradas, vidas passando.

Os passos antes largos, agora lentos,
Os olhos lassos, as nuvens altas,
Prolongados suspiros, ais, sussurros.
O tempo escoando entre dedos e frestas,
As ondas do mar lavando lamentos,
Na areia desenhando imagens funestas...
(J.M. Jardim, setembro/2013)

Da Solidão

Sequioso de escrever um poema que exprimisse a maior dor do mundo, Poe chegou, por exclusão, à idéia da morte da mulher amada. Nada lhe pareceu mais definitivamente doloroso. Assim nasceu "O corvo": o pássaro agoureiro a repetir ao homem sozinho em sua saudade a pungente litania do "nunca mais".
Será esta a maior das solidões? Realmente, o que pode existir de pior que a impossibilidade de arrancar à morte o ser amado, que fez Orfeu descer aos Infernos em busca de Eurídice e acabou por lhe calar a lira mágica? Distante, separado, prisioneiro, ainda pode aquele que ama alimentar sua paixão com o sentimento de que o objeto amado está vivo. Morto este, só lhe restam dois caminhos: o suicídio, físico ou moral, ou uma fé qualquer. E como tal fé constitui uma possibilidade - que outra coisa é a Divina comédia para Dante senão a morte de Beatriz? - cabe uma consideração também dolorosa: a solidão que a morte da mulher amada deixa não é, porquanto absoluta, a maior solidão.
Qual será maior então? Os grandes momentos de solidão, a de Jó, a de Cristo no Horto, tinham a exaltá-la uma fé. A solidão de Carlitos, naquela incrível imagem em que ele aparece na eterna esquina no final de Luzes da cidade, tinha a justificá-la o sacrifício feito pela mulher amada. Penso com mais frio n'alma na solidão dos últimos dias do pintor Toulouse-Lautrec, em seu leito de moribundo, lúcido, fechado em si mesmo, e no duro olhar de ódio que deitou ao pai, segundos antes de morrer, como a culpá-lo de o ter gerado um monstro. Penso com mais frio n'alma ainda na solidão total dos poucos minutos que terão restado ao poeta Hart Crane, quando, no auge da neurastenia, depois de se ter jogado ao mar, numa viagem de regresso do México para os Estados Unidos, viu sobre si mesmo a imensa noite do oceano imenso à sua volta, e ao longe as luzes do navio que se afastava. O que se terão dito o poeta e a eternidade nesses poucos instantes em que ele, quem sabe banhado de poesia total, boiou a esmo sobre a negra massa líquida, à espera do abandono?
Solidão inenarrável, quem sabe povoada de beleza... Mas será ela, também, a maior solidão? A solidão do poeta Rilke, quando, na alta escarpa sobre o Adriático, ouviu no vento a música do primeiro verso que desencadeou as Elegias de Duino, será ela a maior solidão?
Não, a maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua fria e desolada torre.

Vinicius de Moraes
Para viver um grande amor. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

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