Texto de Saudade Profunda

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Compaixão da Virgem na morte do filho

Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas,
e em pesado dormir, tão fundo assim ressonas?
Não te move a aflição dessa mãe toda em pranto,
que a morte tão cruel do filho chora tanto?
O seio que de dor amargado esmorece,
ao ver, ali presente, as chagas que padece?
Onde a vista pousar, tudo o que é de Jesus,
ocorre ao teu olhar vertendo sangue a flux.
Olha como, prostrado ante a face do Pai,
todo o sangue em suor do corpo se lhe esvai.
Olha como a ladrão essas bárbaras hordas
pisam-no e lhe retêm o colo e mãos com cordas.
Olha, perante Anás, como duro soldado
o esbofeteia mau, com punho bem cerrado.
Vê como, ante Caifás, em humildes meneios,
agüenta opróbrios mil, punhos, escarros feios.
Não afasta seu rosto ao que o bate, e se abeira
do que duro lhe arranca a barba e cabeleira.
Olha com que azorrague o carrasco sombrio
retalha do Senhor a meiga carne a frio.
Olha como lhe rasga a cerviz rijo espinho,
e o sangue puro risca a face toda arminho.
Pois não vês que seu corpo, incivilmente leso,
mal susterá ao ombro o desumano peso?
Vê como a dextra má finca em lenho de escravo
as inocentes mãos com aguçado cravo.
Olha como na cruz finca a mão do algoz cego
os inocentes pés com aguçado prego.
Ei-lo, rasgado jaz nesse tronco inimigo,
e c'o sangue a escorrer paga teu furto antigo!
Vê como larga chaga abre o peito, e deságua
misturado com sangue um rio todo d'água.
Se o não sabes, a mãe dolorosa reclama
para si quanto vês sofrer ao filho que ama.
Pois quanto ele aguentou em seu corpo desfeito,
tanto suporta a mãe no compassivo peito.
Ergue-te pois e, atrás da muralha ferina
cheio de compaixão, procura a mãe divina.
Deixaram-te uma e outro em sinais bem marcada
a passagem: assim, tornou-se clara a estrada.
Ele aos rastros tingiu com seu sangue tais sendas,
ela o solo regou com lágrimas tremendas.
Procura a boa mãe, e a seu pranto sossega,
se acaso ainda aflita às lágrimas se entrega.
Mas se essa imensa dor tal consolo invalida,
porque a morte matou a vida à sua vida,
ao menos chorarás todo o teu latrocínio,
que foi toda a razão do horrível assassínio.
Mas onde te arrastou, mãe, borrasca tão forte?
que terra te acolheu a prantear tal morte?
Ouvirá teu gemido e lamento a colina,
em que de ossos mortais a terra podre mina?
Sofres acaso tu junto à planta do odor,
em que pendeu Jesus, em que pendeu o amor?
Eis-te aí lacrimosa a curtir pena inteira,
pagando o mau prazer de nossa mãe primeira!
Sob a planta vedada, ela fez-se corruta:
colheu boba e loquaz, com mão audaz a fruta.
Mas a fruta preciosa, em teu seio nascida,
à própria boa mãe dá para sempre a vida,
e a seus filhos de amor que morreram na rega
do primeiro veneno, a ti os ergue e entrega.
Mas findou tua vida, essa doce vivência
do amante coração: caiu-te a resistência!
O inimigo arrastou a essa cruz tão amarga
quem dos seios, em ti, pendeu qual doce carga.
Sucumbiu teu Jesus transpassado de chagas,
ele, o fulgor, a glória, a luz em que divagas.
Quantas chagas sofreu, doutras tantas te dóis:
era uma só e a mesma a vida de vós dois!
Pois se teu coração o conserva, e jamais
deixou de se hospedar dentro de teus umbrais,
para ferido assim crua morte o tragar,
com lança foi mister teu coração rasgar.
Rompeu-te o coração seu terrível flagelo,
e o espinho ensangüentou teu coração tão belo.
Conjurou contra ti, com seus cravos sangrentos,
quanto arrastou na cruz o filho, de tormentos.
Mas, inda vives tu, morto Deus, tua vida?
e não foste arrastada em morte parecida?
E como é que, ao morrer, não roubou teus sentidos,
se sempre uma alma só reteve os dois unidos?
Não puderas, confesso, agüentar mal tamanho,
se não te sustentasse amor assim estranho;
se não te erguesse o filho em seu válido busto,
deixando-te mais dor ao coração robusto.
Vives ainda, ó mãe, p'ra sofrer mais canseira:
já te envolve no mar uma onda derradeira.
Esconde, mãe, o rosto e o olhar no regaço:
eis que a lança a vibrar voa no leve espaço.
Rasga o sagrado peito a teu filho já morto,
fincando-se a tremer no coração absorto.
Faltava a tanta dor esta síntese finda,
faltava ao teu penar tal complemento ainda!
Faltava ao teu suplício esta última chaga!
tão grave dor e pena achou ainda vaga!
Com o filho na cruz tu querias bem mais:
que pregassem teus pés, teus punhos virginais.
Ele tomou p'ra si todo o cravo e madeiro
e deu-te a rija lança ao coração inteiro.
Podes mãe, descansar; já tens quanto querias:
Varam-te o coração todas as agonias.
Este golpe encontrou o seu corpo desfeito:
só tu colhes o golpe em compassivo peito.
Chaga santa, eis te abriu, mais que o ferro da lança,
o amor de nosso amor, que amou sem temperança!
Ó rio, que confluis das nascentes do Edém,
todo se embebe o chão das águas que retém!
Ó caminho real, áurea porta da altura!
Torre de fortaleza, abrigo da alma pura!
Ó rosa a trescalar santo odor que embriaga!
Jóia com que no céu o pobre um trono paga!
Doce ninho no qual pombas põem seus ovinhos
e casta rola nutre os tenros filhotinhos!
Ó chaga que és rubi de ornamento e esplendor,
cravas os peitos bons de divinal amor!
Ó ferida a ferir corações de imprevisto,
abres estrada larga ao coração de Cristo!
Prova do estranho amor, que nos força à unidade!
Porto a que se recolhe a barca em tempestade!
Refugiam-se a ti os que o mau pisa e afronta:
mas tu a todo o mal és medicina pronta!
Quem se verga em tristeza, em consolo se alarga:
por ti, depõe do peito a dura sobrecarga!
Por ti, o pecador, firme em sua esperança,
sem temor, chega ao lar da bem-aventurança!
Ó morada de paz! sempre viva cisterna
da torrente que jorra até a vida eterna!
Esta ferida, ó mãe, só se abriu em teu peito:
quem a sofre és tu só, só tu lhe tens direito.
Que nesse peito aberto eu me possa meter,
possa no coração de meu Senhor viver!
Por aí entrarei ao amor descoberto,
terei aí descanso, aí meu pouso certo!
No sangue que jorrou lavarei meus delitos,
e manchas delirei em seus caudais benditos!
Se neste teto e lar decorrer minha sorte,
me será doce a vida, e será doce a morte!

Conhecer...

Alguns dizem que me conhecem...

Alguns pensam que me conhecem...

Que nada!

Ninguem me conhece...

As vezes

Nem mesmo eu...

Todos pensam que o que veem eh a minha realidade...

Nao!

Minha alma e meus desejos sao infinitos...

Ninguem consegue me entender...

Porque tambem nao me compreendo bem...

Duas metades do mesmo eu

querendo coisas distintas e inversas

Muitas vezes

desconexas...

As vezes eu quero enxergar

Atraves do seu sorriso...

Atraves do seu olhar...

Meu querer eh por demais infindo...

Tanto...

Que parece que minto!

Mas na verdade isto eh tudo e por demais o que sinto...

Ninguem me conhece...

Porque conhecer eh algo finito...

Cada um vê aquilo que espera. Parece estranha esta afirmação. Vemos o que esperamos! É assim. Se o que espero são desgraças, só vejo desgraças e tudo me parece já mal. Mas se o que espero (e sei que vem) é o Bem, tudo já são sinais desse bem.


É isso que me purifica o olhar e me liberta de fantasmas. Quem sabe que o Bem vem, já vê o bem a vir. Vê com bons olhos, mesmo no meio do nevoeiro."

O que é estar apaixonado?
é ir dormir pensando nela,
é acordar pensando nela,
é sentir sua falta em momentos de sua vida,
é olhar sua foto e respirar fundo desejando estar ao seu lado,
é o palpitar intenso do coração,
é o suor escorrendo pelas mãos,
é ter as pernas bambas quando ver o seu amor,
estar apaixonado não é somente gostar de uma pessoa,
estar apaixonado é não conseguir viver sem essa pessoa,
é o você parado enquanto o mundo gira esperando ver ela,
é ficar horas e horas escrevendo músicas que nunca serão cantadas,
escrevendo poesias que somente ela irá ler,
tentar chegar cedo só para passar mais tempo com ela,
quando você está apaixonado, nada mais importa para você,
somente o bem da pessoa amada,
se você não se sente assim, realmente não estais apaixonado,
se você se sente assim, demonstre a pessoa amada realmente tudo o que sente por ela!

Quantas e quantas vezes a gente se deprime, ai você chora
fica mais baixo, e a gente desaba, e tudo o que a gente mais quer
é que venha um super-herói e salve a gente disso, exatamente como nos filmes
com final feliz.
Há muito tempo atrás existia um herói, mas que ele morreu no final
e esse herói continua salvando a gente, ainda Ele continua salvando
e isso é real, é real em nós.
Mas um dia como todo herói Ele vai voltar pra valer e isso pra nós isso tem um nome
e se chama Parusia!

Quem nunca quis definir o amor?
E de tanto tentar, acabou não sabendo mais o que era?
De tanto querer achar o amor,
Ficou perdido dentro de si?
Tudo o que eu quis, foi apenas um sorriso e um beijo.
Mas acabei encontrando mais do que eu queria,
Encontrei o que eu precisava!
Quem não me disse o que era o amor.
Mas ensinou-me a amar. Você!!!

"E o maior e mais profundo sofrimento
só é entendido por quem sente
quem olha parece que sabe
mais nada sabe, não entende...

Sofre-se calado, sorri sem estar contente
muito ouve, pouco se fala, para não tornar-se deprimente
pois quem sofre não quer que sintam pena
pois dói tanto, que torna-se batalha na qual a vida é uma arena.

Sofrer, no entanto, não é nenhum motivo de vergonha
ha novamente de se lutar pela tão sonhada verdade
pelos dias que virão de conquistas e felicidade
pelo eu, pelo nós, pela paz e pela bondade."

Orgulho de ser Reservista

"Ó Pátria, pátria minha
por que sofres tanto?
Depois de tantas gerações
Ainda não perceberam seu encanto!

A seu serviço nos colocamos com bravura
Com armas e garra, arriscamos nossa vida
Sem medo de negar nosso orgulho por tua história
Ó Patria, pátria gloriosamente engrandecida.

E, mesmo depois de terminar nosso serviço
Não te deixamos desprotegida
Pois novos combatentes virão, ó Pátria
Minha Pátria querida."

Muitas coisas sentidas
Das quais poucas foram ditas
E delas quase nenhuma vividas...

Ficam nos olhos as ultimas imagens
Ficam no ouvido as ultimas palavras
E no coração uma marca, uma mensagem:

Te amei, te amo e te amarei
Não importam as palavras ou o silêncio
No coração pra sempre a guardarei

"Há muito mais ha nas florestas
Que um bando de arvores e animais
Há inspiração, há glória
passado de nossos ancestrais

Contos já escritos e outros não contados
Vidas, histórias, almas perdidas
Nossa tradição, nossa glória
Todas as raças que foram esquecidas

Então, quando olhares ao longe não se iluda
Pode estar tudo morrendo, se acabando
Mas haverão aqueles que lutam e protegem
Guardiões da terra baixa, os esquecidos elegem."

"Mas se eu chorar, que seja de alegria
ao te conhecer, reencontrei minha paz
meu sossego, minha calma, minha alma
meu espirito renasceu, sou eu denovo
renascendo, como a fênix, das cinzas da vida
deixando tudo de ruim para trás
tomando posse de um novo caminho
onde tu serás a minha luz
e jamais estarei sozinho."

Elegia lírica

Um dia, tendo ouvido bruscamente o apelo da amiga desconhecida
Pus-me a descer contente pela estrada branca do sul
E em vão eram tristes os rios e torvas as águas
Nos vales havia mais poesia que em mil anos.

Eu devia ser como o filósofo errante à imagem da Vida
O riso me levava nas asas vertiginosas das andorinhas
E em vão eram tristes os rios e torvas as águas
Sobre o horizonte em fogo cavalos vermelhos pastavam.

Por todos os lados flores, não flores ardentes, mas outras flores
Singelas, que se poderiam chamar de outros nomes que não os seus
Flores como borboletas prisioneiras, algumas pequenas e pobrezinhas
Que lá aos vossos pés riam-se como orfãozinhas despertadas.

Que misericórdia sem termo vinha se abatendo sobre mim!
Meus braços se fizeram longos para afagar os seios das montanhas
Minhas mãos se tornaram leves para reconduzir o animalzinho transviado
Meus dedos ficaram suaves para afagar a pétala murcha.

E acima de tudo me abençoava o anjo do amor sonhado...
Seus olhos eram puros e mutáveis como profundezas de lago
Ela era como uma nuvem branca num céu de tarde
Triste, mas tão real e evocativa como uma pintura.

Cheguei a querê-la em lágrimas, como uma criança
Vendo-a dançar ainda quente de sol nas gazes frias da chuva
E a correr para ela, quantas vezes me descobri confuso
Diante de fontes nuas que me prendiam e me abraçavam...

Meu desejo era bom e meu amor fiel
Versos que outrora fiz vinham-me sorrir à boca...
Oh, doçura! que colméia és de tanta abelha
Em meu peito a derramares mel tão puro!

E vi surgirem as luzes brancas da cidade
Que me chamavam; e fui... Cheguei feliz
Abri a porta... ela me olhou e perguntou meu nome:
Era uma criança, tinha olhos exaltados, parecia me esperar.
*

A minha namorada é tão bonita, tem olhos como besourinhos do céu
Tem olhos como estrelinhas que estão sempre balbuciando aos passarinhos...
É tão bonita! tem um cabelo fino, um corpo de menino e um andar pequenino
E é a minha namorada... vai e vem como uma patativa, de repente morre de amor
Tem fala de S e dá a impressão que está entrando por uma nuvem adentro...
Meu Deus, eu queria brincar com ela, fazer comidinha, jogar nai-ou-nentes
Rir e num átimo dar um beijo nela e sair correndo
E ficar de longe espiando-lhe a zanga, meio vexado, meio sem saber o que faça...
A minha namorada é muito culta, sabe aritmética, geografia, história, contraponto
E se eu lhe perguntar qual a cor mais bonita ela não dirá que é a roxa porém brique.
Ela faz coleção de cactos, acorda cedo vai para o trabalho
E nunca se esquece que é a menininha do poeta.
Se eu lhe perguntar: Meu anjo, quer ir à Europa? ela diz: Quero se mamãe for!
Se eu lhe perguntar: Meu anjo, quer casar comigo? ela diz... – não, ela não acredita.
É doce! gosta muito de mim e sabe dizer sem lágrimas: Vou sentir tantas saudades quando você for...
É uma nossa senhorazinha, é uma cigana, é uma coisa
Que me faz chorar na rua, dançar no quarto, ter vontade de me matar e de ser presidente da república.
É boba, ela! tudo faz, tudo sabe, é linda, ó anjo de Domremy!
Dêem-lhe uma espada, constrói um reino; dêem-lhe uma agulha, faz um crochê
Dêem-lhe um teclado, faz uma aurora, dêem-lhe razão, faz uma briga...!
E do pobre ser que Deus lhe deu, eu, filho pródigo, poeta cheio de erros
Ela fez um eterno perdido...

"Meu benzinho adorado minha triste irmãzinha eu te peço por tudo o que há de mais sagrado que você me escreva uma cartinha sim dizendo como é que você vai que eu não sei eu ando tão zaranza por causa do teu abandono eu choro e um dia pego tomo um porre danado que você vai ver e aí nunca mais mesmo que você me quer e sabe o que eu faço eu vou-me embora para sempre e nunca mas vejo esse rosto lindo que eu adoro porque você é toda a minha vida e eu só escrevo por tua causa ingrata e só trabalho para casar com você quando a gente puder porque agora tudo está tão difícil mas melhora não se afobe e tenha confiança em mim que te quero acima do próprio Deus que me perdoe eu dizer isso mais é sincero porque ele sabe que ontem pensei todo o dia em você e acabei chorando no rádio por causa daquele estudo de Chopin que você tocou antes de eu ir-me embora e imagina só que estou fazendo uma história para você muito bonita e quando chega de noite eu fico tão triste que até dá pena e tenho vontade de ir correndo te ver e beijo o ar feito bobo com uma coisa no coração que já fui até no médico mas ele disse que é nervoso e me falou que eu sou emotivo e eu peguei ri na cara dele e ele ficou uma fera que a medicina dele não sabe que o meu bem está longe melhor para ele eu só queria te ver uma meia hora eu pedia tanto que você acabava ficando enfim adeus que já estou até cansado de tanta saudade e tem gente aqui perto e fica feio eu chorar na frente deles eu não posso adeus meu rouxinol me diz boa-noite e dorme pensando neste que te adora e se puder pensa o menos possível no teu amigo para você não se entristecer muito que só mereces felicidade do teu definitivo e sempre amigo..."

Tudo é expressão.
Neste momento, não importa o que eu te diga
Voa de mim como uma incontensão de alma ou como um afago.
Minhas tristezas, minhas alegrias
Meus desejos são teus, toma, leva-os contigo!
És branca, muito branca
E eu sou quase eterno para o teu carinho.
Não quero dizer nem que te adoro
Nem que tanto me esqueço de ti
Quero dizer-te em outras palavras todos os votos de amor jamais sonhados
Alóvena, ebaente
Puríssima, feita para morrer...


Crucificado estou
Na ânsia deste amor
Que o pranto me transporta sobre o mar
Pelas cordas desta lira
Todo o meu ser delira
Na alma da viola a soluçar!"
Bordões, primas
Falam mais que rimas.
É estranho
Sinto que ainda estou longe de tudo
Que talvez fosse cantar um blues
Yes!
Mas
O maior medo é que não me ouças
Que estejas deitada sonhando comigo
Vendo o vento soprar o avental da tua janela
Ou na aurora boreal de uma igreja escutando se erguer o sol de Deus.
Mas tudo é expressão!
Insisto nesse ponto, senhores jurados
O meu amor diz frases temíveis:
Angústia mística
Teorema poético
Cultura grega dos passeios no parque...
No fundo o que eu quero é que ninguém me entenda
Para eu poder te amar tragicamente!

Ontem preocupava-me com o que fazer no dia para me deixar satisfeito, qual brincadeira seria mais divertida. Hoje preocupo-me com qual atividade dará mais dinheiro. Ontem eu olhava o nascer e o pôr-do-sol imaginava o quão longo seria o dia e quanto eu poderia desfrutar dele. Hoje eu os olho e penso que o dia é curto e que é preciso correr, por quê o mundo inteiro tá penso a mesma coisa.

Ontem sabíamos exatamente o que gostávamos, poderia ser aquele leite gelado ou quente. Sabíamos muito bem também do que não gostávamos, talvez fosse acordar cedo ou dormir cedo. Hoje aprendemos que temos ser flexíveis, cordiais e diplomáticos. Para ser sincero aprendemos a fingir. A Encenar.

Ontem, falávamos o que pensava sem medir palavras, sem poupar sentimentos. Hoje, quando falamos pensamos milhões de vezes se estamos falando certo, e para quem estamos dirigindo nossas palavras. E os sentimento, hoje medimos, limitamos, pois nunca se sabe em quem confiar. Falando em confiança, ontem confiávamos no nosso colega de classe, no nosso melhor amigo ou em um moço com uma cara bondosa que acabara de conhecer. Hoje temos dificuldade de acreditar na nossa própria sombra.

Ontem perdoamos e até mesmo esquecemos. Hoje fomos capazes de perdoar, mas talvez nunca esqueçamos. Talvez seja a passagem do tempo de ontem para hoje, talvez seja a maneira como enxergamos o amanhã, talvez também seja a forma como sentimos. Talvez, talvez, Talvez um dia o mundo mude talvez as pessoas tornem a si, acredito fielmente que não é o mundo que está se desmanchando, mas o próprio homem. Caminhamos como cegos, sem direção e sem por que. Não foi o ontem que mudou, fomos nós que nos deixamos levar por uma forma equivocada de vivência. Eu fico me perguntando, será que tem sentido todos aqueles teóricos fabulosos, Einstein, Rousseau, Montesquieu, Platão, Freud e outros terem passado a metade ou toda sua vida tentando desvendar e compreender o sentido das coisas e do ser humano. Na verdade acho que o que faz sentido é nos descobrirmos, mas nos descobrir sozinhos, no silêncio. Sou perdida, as vezes me encontro, mas outras me perco de novo, sou como todos. Sempre querendo acertar e se encontrar outra vez.

Barrow-on-Furness

I
Sou vil, sou reles, como toda a gente
Não tenho ideais, mas não os tem ninguém.
Quem diz que os tem é como eu, mas mente.
Quem diz que busca é porque não os tem.
É com a imaginação que eu amo o bem.
Meu baixo ser porém não mo consente.
Passo, fantasma do meu ser presente,
Ébrio, por intervalos, de um Além.

Como todos não creio no que creio.
Talvez possa morrer por esse ideal.
Mas, enquanto não morro, falo c leio.

Justificar-me? Sou quem todos são...
Modificar-me? Para meu igual?...
— Acaba lá com isso, ó coração!

II
Deuses, forças, almas de ciência ou fé,
Eh! Tanta explicação que nada explica!
Estou sentado no cais, numa barrica,
E não compreendo mais do que de pé.
Por que o havia de compreender?
Pois sim, mas também por que o não havia?
Águia do rio, correndo suja e fria,
Eu passo como tu, sem mais valer...

Ó universo, novelo emaranhado,
Que paciência de dedos de quem pensa
Em outras cousa te põe separado?

Deixa de ser novelo o que nos fica...
A que brincar? Ao amor?, à indif'rença?
Por mim, só me levanto da barrica.

III
Corre, raio de rio, e leva ao mar
A minha indiferença subjetiva!
Qual "leva ao mar"! Tua presença esquiva
Que tem comigo e com o meu pensar?
Lesma de sorte! Vivo a cavalgar
A sombra de um jumento. A vida viva
Vive a dar nomes ao que não se ativa,
Morre a pôr etiquetas ao grande ar...

Escancarado Furness, mais três dias
Te, aturarei, pobre engenheiro preso
A sucessibilíssimas vistorias...

Depois, ir-me-ei embora, eu e o desprezo
(E tu irás do mesmo modo que ias),
Qualquer, na gare, de cigarro aceso...

IV
Conclusão a sucata! ... Fiz o cálculo,
Saiu-me certo, fui elogiado...
Meu coração é um enorme estrado
Onde se expõe um pequeno animálculo
A microscópio de desilusões
Findei, prolixo nas minúcias fúteis...
Minhas conclusões Dráticas, inúteis...
Minhas conclusões teóricas, confusões...

Que teorias há para quem sente
o cérebro quebrar-se, como um dente
Dum pente de mendigo que emigrou?

Fecho o caderno dos apontamentos
E faço riscos moles e cinzentos
Nas costas do envelope do que sou ...

V
Há quanto tempo, Portugal, há quanto
Vivemos separados! Ah, mas a alma,
Esta alma incerta, nunca forte ou calma,
Não se distrai de ti, nem bem nem tanto.
Sonho, histérico oculto, um vão recanto...
O rio Furness, que é o que aqui banha,
Só ironicamente me acompanha,
Que estou parado e ele correndo tanto ...

Tanto? Sim, tanto relativamente...
Arre, acabemos com as distinções,
As subtilezas, o interstício, o entre,
A metafísica das sensações —

Acabemos com isto e tudo mais ...
Ah, que ânsia humana de ser rio ou cais!

APOSTILA (11-4-1928)

Aproveitar o tempo!
Mas o que é o tempo, que eu o aproveite?
Aproveitar o tempo!
Nenhum dia sem linha...
O trabalho honesto e superior...
O trabalho à Virgílio, à Mílton...
Mas é tão difícil ser honesto ou superior!
É tão pouco provável ser Milton ou ser Virgílio!

Aproveitar o tempo!
Tirar da alma os bocados precisos - nem mais nem menos -
Para com eles juntar os cubos ajustados
Que fazem gravuras certas na história
(E estão certas também do lado de baixo que se não vê)...
Pôr as sensações em castelo de cartas, pobre China dos serões,
E os pensamentos em dominó, igual contra igual,
E a vontade em carambola difícil.
Imagens de jogos ou de paciências ou de passatempos -
Imagens da vida, imagens das vidas. Imagens da Vida.

Verbalismo...
Sim, verbalismo...
Aproveitar o tempo!
Não ter um minuto que o exame de consciência desconheça...
Não ter um acto indefinido nem factício...

Não ter um movimento desconforme com propósitos...
Boas maneiras da alma...
Elegância de persistir...

Aproveitar o tempo!
Meu coração está cansado como mendigo verdadeiro.
Meu cérebro está pronto como um fardo posto ao canto.
Meu canto (verbalismo!) está tal como está e é triste.
Aproveitar o tempo!
Desde que comecei a escrever passaram cinco minutos.
Aproveitei-os ou não?
Se não sei se os aproveitei, que saberei de outros minutos?!

(Passageira que viajaras tantas vezes no mesmo compartimento comigo
No comboio suburbano,
Chegaste a interessar-te por mim?
Aproveitei o tempo olhando para ti?
Qual foi o ritmo do nosso sossego no comboio andante?
Qual foi o entendimento que não chegámos a ter?
Qual foi a vida que houve nisto? Que foi isto a vida?)

Aproveitar o tempo!
Ah, deixem-me não aproveitar nada!
Nem tempo, nem ser, nem memórias de tempo ou de ser!...
Deixem-me ser uma folha de árvore, titilada por brisa,
A poeira de uma estrada involuntária e sozinha,
O vinco deixado na estrada pelas rodas enquanto não vêm outras,
O pião do garoto, que vai a parar,
E oscila, no mesmo movimento que o da alma,
E cai, como caem os deuses, no chão do Destino.

Eu quero ser o teu problema
Eu quero ser o teu problema. Nada de amor heroico, bonito e comovente. Deixo as filosofias otimistas para quem acredita nelas. Eu quero ser a tua insegurança, o teu objeto de desejo que te faz achar que você só tem defeitos- e certamente que não me merece. Eu quero ser o amor intruso, entrão, inconveniente; invadir o teu pensamento quando um amor menos complicado teimar em se aproximar. Eu quero ser quem te faz procurar terapias; quero ser relatado a um psicólogo. Nada de rendas brancas, vestidos de noiva, taças cruzadas.
Eu quero ser quem te faz sair dos lugares comuns, abandonar jantares importantes e festas com seus melhores amigos. Eu quero ser a ligação às três da madrugada e te confundir inteira quando você achar que já não quer tanto assim. Também quero ser o telefone que não toca no dia seguinte. Eu quero ser tuas unhas roídas, tua mania constante de mexer no cabelo, tua síndrome das pernas inquietas. Eu quero ser a resposta monossilábica para tua declaração. Eu quero marcar um encontro, uma conversa, um café e, de última hora, desmarcar- e no próximo possível encontro, você vai me esperar outra vez. Nada de fotos, flores, músicas de nós dois.
Eu quero ser o teu eterno caso, a lembrança que você lamenta. Eu quero deixar explícito o meu descaso e te ver, ainda assim, se importando comigo. Eu quero te desfilar como um troféu perante aqueles que um dia te quiseram e, em casa, te colocar no lugar mais ignóbil de minha estante. Eu quero ser as cartas que você não consegue jogar fora; a mentira que você não se cansa de acreditar; a saudade que emudece.
Eu quero ser os textos que você escreve de madrugada, tua tentativa desesperada de não enlouquecer. Quero ser a tua insônia, a tua insanidade. Teu susto, teu único assunto. Você Julieta, eu Romeu que não morreu. Eu quero rir da hipótese de um futuro nosso e ver você me odiar por um minuto- e depois continuar me amando, porque isso é imutável. Eu quero ser as perguntas que você evita se fazer. Quero ser o seu medo de não aguentar.

Eu quero ser o teu problema, garota. Não por capricho, não por um motivo pífio. Eu quero ser o teu problema desde que você se tornou o meu.

E as lagrimas que sairão de meus olhos, serão lagrimas de sangue. E
as palavras que saírem de minha boca não serão verdadeiras. O meu
sorriso não será mais o mesmo, nele terá um tom de ironia. Minha
alegria não sera mais verdadeira. E minha tristeza te entristecera
quando me ver. O meu abraço não será mais sem malicias. E o meu
desejo, ninguém mais impedira. E no meu olhar não conseguira ver
nada, apenas um vazio que nunca será preenchido pois o meu coração
só ódio guardara! Pois aquela menina que um dia aprendeu a amar,
mais tarde aprendeu também como é sofrer.
Nessa hora, as mascaras irão cair...

Hoje eu acordei com uma super vontade de ir ao cinema
E assitir um filme bem triste, e chorar toda água existente em mim
Eu só quero chorar tudo , toda raiva que eu to sentindo !
To querendo vomitar os enganos, e os que ainda tentam me enganar
Hoje eu acordei querendo ser um pouco menos foda !
Porque ser a mulher bem resolvida o tempo inteiro é cansativo !
Ser a gostosa, a inteligente e a cheia de amigos requer muito trabalho !
Só hoje eu queria ligar chorando pra alguém e dizer que ta doendo
Que na verdade eu sou neurótica, igual todas as mulheres da face da terra
Hoje eu queria ser mais humana do que vida me permite,
e gritar que eu to com muito medo !
E daqui a meio segundo estar bem de novo, porque eu to de TPM !
E em 3 minutos vou estar xingando quem ousou me dar colo, afinal eu sou mulher, Vou estar achando defeito em tudo ...
Eu posso chorar e xingar ao mesmo tempo, posso ligar chorando, e posso gritar sozinha
Definitivamente eu só tenho TPM, quando eu preciso estar centrada e certa das minhas palavras ...
Mas afinal eu acho que é a TPM que me absoLve de insanas atitudes
Algo que nenhum homem irá entender é essa explosão de ser mulher !

Eu seria mais uma pessoa como todas outras, mas eu decidi ser tudo !
Ninguém nasce feliz, as pessoas tem o livre arbítrio de escolher o que querem ser.
Algumas se tronam felizes, outras amargas e duras.
Outras se tornam idiotas, por acharem mais facil.
Muitas preferem o morno.
E diante de tantos sentimentos eu escolhi ser tudo !
Eu posso estar triste, estar feliz, estar amarga ...
Eu não quero ser facil de desvendar, eu não quero que com um sorriso, você entenda quem eu sou.
Eu quero te causar insonia, e estar em seus sonhos, te fazer sorrir .
Eu quero te assustar com a minha intensidade, e te aliviar com meu sossego ...
E te irritar por não conseguir me entender.
Quero te causar arrepios no corpo e na alma, e te fazer entender que mesmo eu sendo tão difícil ...
Nasci pra ser só de você !

ELA,
Serena, sempre bela e amável.
Tomada pelos desejos incertos, pelos olhares indecisos; tão linda, tão bela flor; tão viva, como a mais viva das estrelas, de onde sai o brilho intenso do olhar mais intenso, porém sereno; voraz, porém, sincero; assim como seus lábios cheios de tentações e desejos, eu me perco como se perde num labirinto, de onde nunca mais se espera sair, nem nunca mais se encontrar. Assim, quero ali nos seus braços viver o momento, cada momento, como se fosse o único. ... e o ultimo!

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

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