Texto de Despedida do Trabalho

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Ela chegou mais cedo do trabalho e o encontrou na escrivaninha. Desconfiada, perguntou como quem não queria nada:
- Oi amor!!! Escrevendo o quê?
- Mas já sabes!!! O Natal se aproxima. Cartinha para o Papai Noel!
- Amor, puxa tenho ficado quieta todos esses anos. Mas você já tem idade suficiente para eu te contar. Querido, Papai Noel não existe!!!!
- O quê? Lá vens tu com estas teorias de conspiração!!! Mamãe me ensinou. Ela não ia mentir para mim. Nem papai. Nem vovó.
- Meu bem, nunca reparaste que teus pedidos pararam de ser atendidos? Eram teus pais quem comprovam os presentes.
- Como és má. Não tens confiança na humanidade. Achas que nossos governantes iam deixar enganar as crianças inocentes?
- Amor! Olha, vou te dar um argumento. Como pode ter um Papai Noel em cada Shopping Center. Nunca se perguntou isso?
Ele a olhou incrédulo, apertando os olhos de raiva.
- Para com isso!!! Queres me convencer porque razão? Não vais abalar a minha fé. Daqui a pouco vais começar com aquela ladainha do Coelho de Páscoa que não põe ovos de chocolate. Estou de mal e vou falar para Papai Noel não te trazer nada esse ano.

Inserida por linamarano

MALDITO GARI
Sempre vi aqueles homens pegando as sacolas de lixo
e admirava aquele trabalho.
Correm, pegam o peso, pegam a sujeira,
e sem fazer cara feia
sempre rápidos na ação
jogam tudo no caminhão.
Achava eu que eles faziam bem o seu trabalho,
e me pergunto: Cadê o Gari?
Ei você Gari que tanto entende de limpeza
e sabe onde colocar tanto lixo
porque não dá uma passada na capital
e leva todo mal, tudo isso, todo lixo.
Essa sujeira que infecta tudo,
que prejudica a educação, que mata a saúde.
Porque você Gari não faz o seu trabalho
e leva essa imundice toda embora
pois esse povo não aguenta mais.
Gari, faça o seu trabalho
porque por sua incompetência
crianças e idosos tem sofrido.
Gari, por causa da sua irresponsabilidade
o povo não tem tido o que precisa ter.
Gari a culpa é sua de todo o mal,
você não limpa está sujeira toda da Capital.
E os outros ainda colocam a culpa nos políticos
e isso me faz rir.
Maldito Gari!

Inserida por JimmyBob

Como um inseto
o instinto o leva a fazer
um trabalho bem feito
ele não consegue parar
coisas de inseto.
Cavando um imenso buraco
em seu próprio quintal
em apenas um momento
ele se ver tão fundo
mas ele não pensa em como sair
O inverno vai passar e ele não ganhou suas asas
O inferno chegou então ele vai queimar
não existe receio
o que são arrependimentos?
existem vozes em sua cabeça
elas querem que continue
coisas de inseto
Cavando um imenso buraco
em seu próprio quintal
em apenas um momento
ele se ver tão fundo
mas ele pensa em sair
O inverno vai passar e ele não ganhou suas asas
O inferno chegou então ele vai queimar
não existe descanso
sentindo-se observado
todos querem saber
até onde ele vai chegar
coisas de inseto
O inverno vai passar e ele não ganhou suas asas
O inferno chegou então ele vai queimar

Inserida por vidasem

O refogo do fogo no trabalho
Apurando sentimentos no assoalho
Tempo de depuração
Hora de Entregar o Coração

Entregando o Coração
Para o Divino Pai Eterno
Ele é a chave do Perdão
Lembrança única do Amor Fraterno

O Trabalho está quase terminando
O tempo para isso está se esgotando
Momento de decidir
Chega a hora de partir

O tempo a ninguém espera
Logo terás que se consertar
Para quando chegar a véspera
O verdadeiro sentido de amar

Inserida por SamuelRanner

Em meio ao trabalho puxado
Surgiu um fio de tédio
Esperando respostas
Suspirei um cansaço.

Senti uma brisa
Você veio com ela
Acordou na minha mente
Troquei os pensamentos.

Vasculhei algum papeis em branco
Aos poucos foram ficando pretos
Sorri pra eles
Senti sua presença.

O som da moeda caindo
Me despertou
Daquele sonho acordado
Deu vontade de realiza-lo
Mas pensei bem
E voltei a trabalhar.
Ou será que eu pensei mal?

Inserida por BrunnaBalbinaSantos

Dedicava-se plenamente ao seu ofício como sapateiro. Certa vez, levou trabalho para casa. Um pequeno pote com graxa e um par de sapatos velhos, que desesperadamente imploravam por um brilho, e se possível, solas novas. "Só o seu café quentinho pra anular esse cheiro de graxa", disse ele, usando uma indireta, jogando um verde.
Ela veio da cozinha, seus passos lentos, pés cansados que se arrastavam, relatos auditivos que evidenciavam a passagem do tempo. No topo de sua cabeça, uma coroa de cabelos brancos.
Décadas de uma mistura nada convencional, que envolvia graxa, café, antigos sapatos e sorrisos que sempre foram exemplos do amor e companheirismo.

Inserida por MatheusHoracio

MINIMALISMO
Saúde, família, parentes, bens, amigos, trabalho, enfim todas as coisas que as pessoas adquirem ao longo do tempo vão se tornado desprezíveis diante daquilo que ainda não podem ter. A cegueira reinante é produto de um trabalho profissional articulado pelo mercado para que todos virem consumidores contumazes e irracionais. A felicidade é uma condição do ter que se extingue com a posse.
A funcionalidade que pode atender a uma determinada necessidade dentro das possibilidades econômicas, financeiras e mesmo intelectuais de um grupo, muito pouco importam neste processo doentio, meticulosamente, imposto.
Na China, na montadora do Iphone, os trabalhadores estavam cometendo suicídio por não terem dinheiro para adquirir o aparelho que eles fabricavam, mesmo após anos de trabalho quase escravo. O “problema” da Apple veio à tona, e como podia atrapalhar os negócios, seus executivos resolveram a situação com um programa de sorteios de unidades para os funcionários mais produtivos. A produção aumentou e os suicídios atribuíveis à incapacidade de se possuir os celulares mais famosos do mundo, pelos operários da fábrica, não se justificavam mais. Eles se matavam por outro motivo. Afinal, a mão de obra abundante e muito barata, por razões óbvias, não podia ser desprezada. Sabe-se que naquele país, o salário é de trinta dólares mensais para quem consegue emprego formal. Para os consumidores do Iphone no resto do mundo, e, sobretudo, para os investidores da empresa que relevância esta questão possui?
A cidadania, de outrora, é coisa retrógrada. O cidadão morreu. No seu lugar está o consumidor desenfreado e desvairado, que quer coisas que não precisa. O mercado transforma sua vida num inferno sem fim. Por ser apenas um número de cartão de crédito, CPF, Indentidade Funcional, e outros códigos que lhe dão a sensação de status e poder de ter ainda mais.
A vida transformou-se numa encruzilhada: ou seguimos a manada humana que se auto impõe a destruição por um consumismo nefasto ou tentamos salvar a terra com seus recursos escassos e finitos consumindo aquilo que seja essencial à existência, adotando o minimalismo.
A pergunta que se faz é: há tempo ainda para a existência das gerações futuras?
Agostinho Lima-22Mar2014

Inserida por hadeszeus

Teu Beijo

Fazes o teu trabalho, e à minha volta
ficas.
Tuas mãos, suaves sinto quando em mim
tocas.

Tens um calor gostoso,que faz em mim
um bem que quero sempre sentir.
Quero-te, sempre por perto.

Deitar a cabeça em teus seios, enlaçar-te
pela cintura, ter teu corpo junto ao meu.
Nessa boca linda e suave,um longo beijo dar,
e para sempre ser teu.

Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista de Letras Artes e Ciências
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E

Inserida por RoldaoAires

Se você possui um amor, faça dele seu bem maior. Chegue correndo do trabalho nas sextas, passe o final de semana planejando e realizando projetos. Quando ela não acordar bem, prepare o café, assista aquele filme de romance pela décima vez, aquele que você não gosta mas assiste por ela. Durante a semana, depois do trabalho, não esqueça de comprar a tapioca de carne seca que o seu Zé vende em sua bicicletinha. Faça amor apaixonadamente, e na primeira pausa, admire-a e diga o quanto seria incompleto sem aquele amor.
Porque o tempo é efêmero, passageiro, pouco se importa com a forma a qual o usamos, um dia ele vem tomar o que é dele. Mas seu amor místico, divino e atemporal, está além dos domínios do tempo.

Inserida por MatheusHoracio

Em desordem...
(Nilo Ribeiro)

Estou afogado em livros,
mergulhado no trabalho,
tento achar o equilíbrio,
ser solidão, ser solitário

às vezes eu sou eu,
às vezes autenticidade,
às vezes um já morreu,
às vezes enfermidade

não encontro meu ponto,
sou menos, ou sou mais,
não me dou um desconto,
sou inferno, sou paz

linha do horizonte,
não existe para mim,
não bebo mais em tua fonte,
isto é todo o fim

vivendo desta forma,
sou envolvido pela ilusão,
quem um dia foi minha plataforma,
me deixou na solidão

como a vida é banal,
conclusão que eu repudio,
ser completo de bem material,
mas ter o coração vazio

minha vida ficou em desordem,
uma verdadeira anarquia,
somente as palavras me socorrem,
pois elas viram poesia

uma poesia de desalento,
mas uma poesia pura,
mesmo vivendo um mau momento,
não perdi a minha doçura

um poeta doce,
como se um anjo fosse,
um poeta sem sucesso,
pois não tem o teu regresso...

Inserida por NILOCRIBEIRO

'NASCIMENTO'

Noite turva.
Frio na espinha.
À Pátria mãe clamava atalaias,
rondas.
Trabalho em círculo,
andar cansativo,
mas significante em épocas de chuvas...
Lembro-me o olhar de tubarão,
serras pontiagudas,
escorpião.
E as tantas palavras vãs.
Não eras soldado,
mas capitão,
metralhando hediondos adjetivos...

Ser eletrocutado no desprezível,
exímio de chorume,
fuligem nos olhos,
teve significâncias no tempo.
Acolhi o que dissestes para crescimento.
E cresci infindavelmente,
não sabes o bem que fizestes...

Sem asas,
mostrastes o infinito.
Sem forças,
nascera um gigante.
Houveram milhares de noites,
e inspirei-me apenas naquela...
Lembro quando verbalizavas 'desmerecimentos',
'fracassos'.
Não sabes o volume,
tampouco o tamanho da medida.
Mas me levantastes naquelas palavras bem arejadas,
tão bem colocadas...

Engraçado!
Teu nome de guerra era 'Nascimento'.
Mal sabias,
do renascimento a cada palavra mal adjetivada.
Eras grande no momento para que eu galgasse o meu mundo.
Obrigado pelo nascimento,
caro amigo 'Nascimento'...

Hoje,
vi tua imagem,
com mãos ainda em formato de 'descansar'.
Ainda há tempo no moinho.
A vida dá voltas,
e o tempo nos ensina maravilhas....

Inserida por risomarsilva

A MAIOR MISSÃO NA TERRA

Enquanto trabalho em minhas planilhas, lembro das suas pequenas unhas do pé que precisam ser cortadas.

Enquanto almoço rapidamente, penso se as professoras da escola integral insistem algumas vezes para você comer o brócolis, assim como eu faço lá em casa.

Na academia (que tento fazer no horário do meu almoço, entre uma reunião e outra), tento levantar um pouco mais de peso nos equipamentos. Meu corpo precisa estar inteiro e saudável para organizar a sua festa de 15 anos.

Olho o extrato bancário e vejo que já debitaram a parcela mensal do meu seguro de vida que fiz antes mesmo de você nascer. Mesmo em minha ausência, caso ocorra, quero lhe deixar algum conforto.

Sorrindo, engulo mais um sapo a seco e aguento agruras no trabalho pois preciso do salário ao final do mês para o seu nobre sustento.

Viajo para as minhas aulas do doutorado muitas vezes em lágrimas e com o coração apertado por uma noite a menos com você, mas com a certeza que será melhor para o seu futuro. E com a esperança de tê-la orgulhosa citando a mãe doutora.

Faço questão de percorrer algumas horas de trânsito por dia para levá-la e buscá-la do colégio, pois são horas em que me dedico só a você, mesmo desviando dos ciclistas e cachorros que cruzam o nosso caminho.

Aliás, no percurso até a sua escola, fico inventando uma nova brincadeira para interagirmos até chegarmos em nossa casa, na esperança que não pegue no sono e durma sem jantar.

Colei os seus desenhos ao lado da minha mesa do trabalho para eu lembrar que um dia duro faz todo sentido quando se tem um “pedacinho de gente” dizendo que te ama ao final da tarde.

Declaro com um sorriso escapando do rosto que aprendi a matar baratas, fazer omeletes, cantar no chuveiro, assistir desenhos animados e cuidar bem melhor da minha saúde depois que você nasceu.

Morri um pouquinho quando me pediu, pela primeira vez, para deixá-la no portão da escola e vê-la caminhar sozinha, e não deixá-la pessoalmente dentro da sua sala, aos cuidados da sua professora, como eu sempre fiz.

E falando de novo em morrer, quase morri de culpa quando vi uma cárie microscópica em seu dente do fundo. Eu me senti a pior mãe do mundo por isso. Fui derrotada, mesmo tentando cuidar dos seus dentinhos da melhor forma possível.

Revolto-me discordando das pesquisas que relacionam mães que trabalham muito com filhos com problemas psiquiátricos. Escolha cruel e injusta demais entre ser pobre ou ter sucesso, ter filhos saudáveis ou doentes.

E falando de doenças mentais, saí chutando a lixeira do consultório do meu psiquiatra quando ele me disse que a minha doença se chamava “sono” e que bastaria eu dormir oito horas por noite para eu sarar. Alguma mãe aí pode me dizer como faço isso?

Falando de perder sono, foram incontáveis as vezes que saí da minha cama e fui até a sua só para certificar se estava tudo bem, se você respirava, se a janela entreaberta te incomodava, se algum pernilongo te rondava, se sua “bexiguinha” suportaria até o amanhecer, se a manta que te cobria te protegia do frio ou te dava calor…

Chorei com a maior das paixões quando jogamos a primeira partida de xadrez juntas. E você só tinha 4 anos.

Chorei de novo quando soletrou “batata” e “boneca”. Quando pegou os meus dedos e contou-os até dez… Em inglês.

E falando em chorar, só “aprendi” a chorar mesmo, quando você contorceu de cólicas pela primeira vez, aos 20 dias de vida, e nós duas sozinhas em casa na madrugada. Antes eram só lágrimas de crocodilo ou derramadas sem um motivo tão nobre.

Depois que você nasceu, reconheci que fazê-la dormir segurando as suas mãozinhas pequenas é muito mais prazeroso (e saudável!) do que comprar uma garrafa de absinto e beber sozinha, andar em alta velocidade com um carro novo ou fumar um maço inteiro de um importado da Indonésia, sabor canela, pela madrugada…

O suor infantil exalado dos seus pezinhos após um dia todo de estripulias é muito mais perfumado do que uma “explosão de rosas”: o cheiro daquele meu perfume que você desde bem pequenina sempre pediu um “tiquim no pecôço”.

E quando fecho os olhos, naqueles dias que parecem não ter fim, eu lembro do nosso diálogo no dia da mais terrível tempestade que passamos juntas, sozinhas, você com apenas 4 anos de vida, salvando a minha:

– Filhinha, se tudo o que temos for perdido, tudo o que a mamãe precisa para recomeçarmos está aqui dentro, ó (e apontei para a minha cabeça).

– Mamãe, não se preocupe. Só não fique olhando para a chuva, nem para o vento, nem para as árvores (que se contorciam nessa hora). Me abrace, me dê as suas mãos (pegou as minhas mãos nas delas, tão miúdas), olhe aqui pra mim, para os meus olhinhos e repita comigo várias vezes: “eu não tenho medo, essa chuva vai passar, eu não tenho medo…”.

Obrigada meu amor por me fazer piloto dessa nave, na maior missão na Terra.

Inserida por nivea_almeida

OS DENTES DE JOÃOZINHO

Joãozinho apareceu no primeiro dia de trabalho com um par de sapatos maior que o seu pé. As roupas, bem largas, dançavam em seu corpo delgado. Ainda não havia recebido o uniforme azul para a labuta, e por isso precisou improvisar. Todo mundo reparou o seu jeito meio desconjuntado, mas ninguém comentou patavina.

No outro dia, já de uniforme e sapatos luzentes do seu tamanho, veio de cabelos bem penteados e unhas cortadas. Apresentava-se sempre sorridente e cortês, assim como havia aprendido em seu treinamento para ser um jovem aprendiz, e assim também como, decerto, ditava a sua própria natureza.

Os dias foram passando e todo mundo se afeiçoou ao Joãozinho. Um garoto de costumes simples e jeito humilde, mostrava-se sempre prestativo, educado, gentil e bem humorado.

Pele negra, estatura pequena, bastante magro, cabeça ovalada enfeitada de madeixas negras encaracoladas, mãos, pés e orelhas desproporcionais, Joãozinho no auge de sua adolescência, tinha os dentes grandes e brancos sempre ostentados em um sorriso.

– Joãozinho, você cuida muito bem desses seus dentes, hein? – Disse como forma de encômio, no intervalo do café.

– Sim, senhora, cuido sim. Na verdade a mamãe faz uma fileira conosco todas as manhãs e no fim do dia. Ela mesma escova nossos dentes.

Sem entender muito bem aquela resposta, continuei meus questionamentos:

– Como assim João? Você já tem 15 anos de idade, já sabe escovar seus dentes sozinho. Sua mãe não precisa mais te ajudar.

– Sabe, dona, lá em casa a água é difícil. E não temos escova de dente. Mamãe pegou alguns sabugos de milho, cortou assim ó (mostrou com as mãos vários longos cortes na vertical) e cada um de nós tem uma “lasca”. Somos doze, né…

Eu continuei ouvindo estarrecida, não imaginava que era aquela a realidade de Joãozinho.

– Dos doze, dona, dez já tem dentes, dois são muito bebês ainda. Daí mamãe guarda nossas “escovas” bem organizadas na beira da prateleira e cobre com um paninho bem limpo. De manhã e à noitinha ela nos coloca enfileirados por ordem de tamanho, e começa o trabalho do menor para o maior. Os pequenos, que não tem dentes, ela limpa direitinho a boca e as gengivas com um rasgo de fralda umedecida na água. Na sequência, ela vai pegando as nossas “escovas”, passando um pouco de sabão de coco na ponta e esperamos todos de boca bem aberta. Mamãe é muito inteligente, dona, ela nunca confunde nossas “escovas” para não correr o risco de pegarmos bactérias da boca um do outro.

Joãozinho descrevia aquele rito com uma absurda riqueza de detalhes, e com os olhos tremeluzindo de orgulho da sua tutora esmerada. E ainda teve mais:

– Ela escova nossos dentes, dona, pois pela manhã, por exemplo, só temos um balde grande de água para tudo. E mamãe, para não desperdiçar, faz o trabalho ela mesma, evitando que entornemos ou que um de nós use mais água que o outro. Ela pega o copo de ferver a água do café, enche, e faz com que aquela porção dê conta de todos os nossos dentes. Sabe, dona, sabão de coco não é muito gostoso não, mas olha o resultado (e arreganhou os dentões todo soberbo). Como sou o maior e mais velho, sempre fico por último, e às vezes saio de casa com gosto de sabão na boca, pois o que sobra de água para mim para retirá-lo às vezes é bem pouquinho.

Joãozinho relatou sua higiene bucal e a de seus irmãos com muito empolgamento e a mesma alegria estampada na cara, do começo ao fim. Pelo que se podia perceber, era um momento ímpar de união familiar e partilha, promovido pela mãe daquela trupe.

Após o seu relato, engasgada, não consegui falar muita coisa. Terminei o meu café, já frio, agradeci pela história em murmurejo e saí dali de volta para o meu gabinete de trabalho. Mas não consegui ficar sentada por muito tempo. Peguei a minha bolsa e avisei a minha secretaria que iria rapidamente a um supermercado nas redondezas.

No final do expediente, como era de costume, Joãozinho foi até a minha sala perguntar se existia mais alguma demanda para aquele dia, e, em caso de minha negativa, sempre se despedia com o mesmo mantra “deus te abençoe, te dê tudo em dobro e a faça sonhar com anjinhos, dona”.

Estendi a mão com uma sacola plástica com as compras recém-adquiridas e entreguei ao Joãozinho. Lá dentro quinze escovas de dente de tamanhos e cores variados, alguns pacotes de algodão, dois pacotes grandes de lenços umedecidos, cinco tubos de pasta de dente com sabores diversos, um vidro grande de enxaguante bucal e duas embalagens de fita dental.

– Toma João, coloca na prateleira da sua mãe.

João recebeu a sacola com uma interrogação na fronte. Abriu e espiou, matreiro. João não sabia o que fazer de tanta satisfação. Abriu, vislumbrou e fechou aquela sacola plástica um milhão de vezes, como se ali escondesse uma grande e reluzente barra de ouro. Ele não acreditava no que via. Não sabia se agradecia, se me abraçava ou se saía correndo dali para encontrar logo a mãe.

– Dona, isso é pra nós mesmo? É sério? – Perguntou, com os olhos marejados.

– Corre, João, sua mãe precisa se organizar para o ritual da tarde. – Respondi.

Joãozinho, se não bastasse, deixou a sacola sobre a mesa, e subitamente, ajoelhou aos meus pés principiando um Pai Nosso bem alto, com as mãos para cima. Tentei retirá-lo dali puxando-o pelo braço, constrangida, mas foi em vão levantá-lo. Deixei-o terminar a sua oração. Era o seu jeito de agradecer por aquele gesto tão ínfimo da minha parte.

– Deus te abençoe, te dê tudo em dobro e a faça sonhar com anjinhos, dona.

E aconteceu. Naquela mesma noite eu sonhei que estava no Céu. Doze anjos negros e lindos, cabelos pretos encaracolados, vestidos de branco, asas enormes, suspensos do chão, cantando divinamente em uníssono, alinhados, mostrando os seus sorrisos com dentes tão brilhantes que ofuscavam o meu olhar…

Inserida por nivea_almeida

Pai
Tudo está indo tão bem, estou conquistando minhas coisas trabalho bom notas boas amizades novas de 0 a 10 minha vida está 10, mas quando me lembro de você, seu sorriso sua maneira de falar seus conselhos ou o enorme herói que eu tinha na minha vida me faz pensar que poderia estar melhor ai minha vida de -1 a -10, fica -10...
Mas obrigado pai pelo pouco tempo e pela enorme experiência que você me deixou, não vejo a hora de ser pai e ser tudo aquilo que você foi pra mim em tao pouco tempo !

Inserida por leandro_junior

Quando cheguei do trabalho o corpo clamava pelo sossego da casa vazia.

Os ombros espremidos feitos limões depois de um dia inteiro vivenciado no antes e depois. Nunca agora.

O agora pertence ao reino das pessoas bem resolvidas, do presente selvagem, da ausência de dores e dúvidas. Por isso tal lugar me é tão fantasioso e desconhecido. Estou sempre presa entre dois tempos. Meus limões e eu.

E a silenciosa ordem da casa vazia era a única coisa de que precisava para que o dia terminasse afinal. Não haveria ninguém me esperando, não precisaria contar como foi o dia, o que fiz. Tudo estaria no exato lugar que a mão desatenta deixou pela manhã.

Estaria… do Pretérito mais que perfeito condicional.

Condição em que eu teria encontrado a casa se tivesse deixado a bendita janela fechada.

Mas a mão (aquela mesma descuidada que nunca repara o que está fazendo) abriu a janela antes de sair e foi embora despreocupada como só as mãos sabem ser. Nem pensou em olhar a tempestade que se anunciava desde cedo no horizonte.

Suspeito, na verdade, que exista uma relação profunda entre mão e vento. É o que percebo toda vez que minha mão esgueira para janela aberta do carro quando ninguém está olhando. Estende-se para o vento que corre livremente do lado de fora, finge que voa enquanto o ar se espreme entre suas partes sempre tão guardadas por anéis.

Em todo caso, a mão não estava lá quando o vento entrou enfurecido procurando por ela. Raivoso brandiu com força papéis para todos os cantos, derrubou aquele vaso feio que ficava sobre a mesa, o único que aceitou receber a estranha planta que eu nunca sabia se estava viva ou morta. Agora entre os cacos de vidro no chão não restava dúvida: morta.

Os papéis que permaneceram sobre a mesa molhados pela água do vaso, o restante espalhado no chão.

As cortinas caídas sobre o sofá como se cansadas de lutar contra o vento e tivessem simplesmente desistido. Ficaram observando enquanto o caos reinava na casa.

Nada naquele lugar lembrava a paz que eu buscava quando entrei.

A mão primeiramente cobriu os olhos com mais força do que o necessário, foi se agarrando a cada osso do rosto até se prostrar entre os dente a espera de ser castigada. Respirei fundo e a coloquei em seu devido lugar ao lado do corpo.

Caminhei entre vidros, cortinas, papéis e flores que já estavam mortas muito antes do vento chegar.

No meio da sala olhei para as mãos descuidadas e famintas por vento. E por um instante me senti bem em meio ao caos. Não sabia por onde começar a arrumação e, sinceramente, não havia qualquer pressa para isso.

Soltei o peso dos ombros que pela primeira vez eram nada além de ossos, músculo e pele. Fiz um azedo suco com o saco de limões que carregava e bebi inteiro, sem açúcar.

E ali, cercada pelo silencio caótico que se estende após a tempestade não havia nenhum outro lugar em que eu pudesse estar. Só o famigerado momento presente e eu em meio a sala. Sós.

Inserida por jenn_perroni

Descobri que meu amor está ligado a solidão.
Amor da um trabalho, imenso trabalho, e tenho certeza que não estou disposto ou disposta a encarar esse sacrifício.
Prefiro a solidão ali me acho, me encaixo e me encontro na escuridão que reflete a luz que jamais você verá.
Porque seus olhos não veem a luz.

Inserida por JoabRamiro

Eu não existo sem você…
(Nilo Ribeiro)

Trabalho com alegria,
escrevo com prazer,
sorrio para o dia,
me rendo a você

declaração de imposto,
receber cobrador,
faço tudo com gosto,
faço tudo com amor

você me motiva,
me entusiasma,
quando me incentiva,
enfrento qualquer fantasma

esta é minha rotina,
de felicidade constante,
o brilho da sua retina
que me fez seu amante

adoro meu lar,
também passear,
comidinha sei fazer,
tudo, tudo para você

velar seu sonho,
café na cama,
ver seu rosto risonho,
ouvir que me ama

tenho dever de sonhar,
com este amor tão bonito,
e sempre vou declarar,
amo você até no infinito…

Inserida por NILOCRIBEIRO

“Informação

Dia, Noite;
Na escola, no trabalho;
Acordado, dormindo;
Em casa, na rua;
Na Tristeza, na Alegria;
No rádio, na Televisão;
No Espaço, Na Terra;
Colorida, Preto e Branco;
De descobertas ou de cópias;
Digitais ou Analógicas;
De Norte a Sul, de Leste a Oeste;
A lápis, ou caneta;
Em livros, ou Revistas;
Na areia ou nas paredes;
Em telas, ou cartazes…
Como fazer um “select” dessas informações? Será Todas são necessárias? Será que está sendo absorvidas toda informação necessária, para o crescimento individual, ou está sendo criado uma caixa preta indecifrável?”

Inserida por GenivaldoPires

Eu já percebo que o mundo não se resume em trabalho, diversão e convivência com a sociedade.
Eu percebe que o mundo tem mais segredos doque imaginamos!
Segredos daqueles que a humanidade recusa a creditar e ignoram suas existências.
Meus pensamentos e sabedoria foram dados por um propósito, tentar aplicar o conhecimento e a verdade, aqueles que estão destruindo um mundo de vida.
A partir dos primeiros séculos, o mundo se encontra em batalha pela sobrevivência, uma batalha interminável com a humanidade e climas catastróficos, oque exigia medidas de comunicação em diversos pontos do planeta, " Oque a humanidade não acredita, é oque trará sua destruição." pessoas tentam ser perfeitas ao ponto de deixar, tudo que obteve e aprendeu aos seus descendentes, oque torna a evolução cada vez mais lenta.
Ponto que seus herdeiros aprende oque foi lhes deixados por direito, eles aprenderam oque foi lhes concedidos na mesma proporção de tempo que os seus antepassados deixaram.
Oque isso tudo significa? Eu poderei esta louco, como todos outros que tiveram os mesmos pensamentos: Fonte ilimitada de informação é o cérebro que foi lapidado ao passar de eras, além do compreensível das espécies que foram designadas a estabelecer uma vida de metamorfoses evolutivas ao decorrer dos anos.
Pecado meu, acreditar em pensamentos de fluxos exaustivos, tentando determinar ao certo, qual é a lei fixada na determinação dos conhecimentos complexos, a mente chega ao agressivo para tentar determinar e distinguir, oque foi me passado!
Tentar entender ou não? Não cabe a quem está informando, cabe aquele que está lendo, saber identificar o resumo, que daria a tau raciocínio lógico do autor.

Inserida por RafaelM

O problema de pensar:
Pensar demais em uma coisa dá trabalho ,pensar em várias coisas ao mesmo tempo dá muito trabalho, se abster dos pensamentos dá muito mais trabalho ainda . Uma vez que se pensa não há como voltar atrás,então como podemos parar ? Talvez distrações parem tantos pensamentos ,mas realmente é a melhor forma de lidar com isso? Sabe-se que tudo em excesso intoxica a alma. Então o correto seria moderar tais pensamentos de acordo com a necessidade, o que não é uma tarefa simples ,requer esforço e dedicação ou simplesmente sorte de aproveitar o momento .

Inserida por Sereu

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