Terra

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Quando eu fui criança. Parte II

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Próximo à minha casa veio morar uma mulher. Ela era sozinha. , Bem nova, ruiva.. A casa ficava sempre fechada, mesmo com ela la dentro. Havia um homem, com cheiro de erva doce, que sempre aparecia por ali. Vez ou outra, ele brincava com os meninos que se encontravam por perto da casa. Ele tinha um carro preto, bastante bonito.
Uma tarde, quase noite, a janela se abriu e a mulher do cabelo ruivo me chamou e perguntou se eu podia ir até o Grande Hotel buscar comida pra ela? claro que sim>--"disse eu"-- então ela me deu uma marmita, uma não, cinco ou seis, montadas numa alça. E lá fui eu, sem antes ligar o motor do meu cavalinho caminhão, freio a ar..,Cheguei no restaurante, dei aquele monte de marmitas pra uma pessoa e fiquei esperando, do lado de fora a preparação. Assim que me entregaram as marmitas, liguei o cavalinho caminhão e saí. Entrei pelo jardim, contornei a fonte luminosa,( coisa linda de se ver, pena que desmancharam) entrei à esquerda, passei ao lado do coreto,( desmancharam, também) e comecei a descida para minha casa que era perto da casa da mulher misteriosa. Mas aquele cheiro maravilhoso que exalava daquelas marmitas. Vixe! Que tentação. ;
Naquele tempo, o seminário estava em construção. Eu conhecia bem a obra.Vivia brincando por ali. Entrei, coloquei as marmitas no chão e abri todas as panelinhas. Fiquei olhando para aquelas comidas maravilhosas. A maioria era comida comum; arroz, feijão, salada, maionese, ovo etc., mas na última estava a tentação: carne com batata. Era de lá que vinha aquele cheiro maravilhoso. Com muito esforço e lutando contra o desejo, fechei as panelinhas e sai rápido dali. Entreguei as marmitas para a mulher misteriosa, Ela perguntou se eu podia fazer aquele serviço todos os dias? me pagaria no fim de semana. Sim!! Claro, que sim!. Segundo dia, o mesmo trajeto. Peguei o jardim, fonte luminosa, coreto, descida para casa e .... Seminário. Aí, aconteceu... . Abri todas as panelinhas, cheirei e comi uma batata. Terceiro dia., mesmo trajeto. Seminário. Cheiro de bife com cebolas, abertura das panelinhas uma cheirada e lá se foi meio bife. Não aguentei. a metade sumiu como num passe de mágica e de lambuja comi mais umas duas batatas. Infelizmente nunca houve o quarto dia, ela não mais me chamou e o homem, com cheiro de erva doce, não mais brincou com
os meninos da rua, principalmente comigo. (I

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Quando eu fui criança.

Num belo dia estava brincando com meu cavalo de pau, feito de cabo de vassoura, na rua da minha casa, quando minha vizinha, muito bonita, me chamou e perguntou se eu podia ir até a farmácia buscar um remédio para ela?. Claro q sim"! disse eu"., e de pronto, já com o nome do remédio marcado num pedaço de papel e o dinheiro na mão parti em disparada pela rua , até chegar à farmácia do Florisvaldo. Encostei o cavalinho na parede da farmácia, mostrei o papel com o nome do remédio, paguei, recebi o troco e virei de volta. Chegando na casa da minha vizinha, buzinei, (meu cavalo tinha buzina), ela saiu, entreguei o remédio, junto com o troco e já ia virando nos pés do meu cavalo, quando ela disse: ei! "fica com o troco"., e eu, no meu cavalheirismo principiante e querendo deixar um "bom nome”, com aquela moça bonita--respondi: "não precisa, eu sou acostumado fazer favor de graça"., (I

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⁠Quando estiver viajando pelo norte do Paraná, pela BR 369, no km. 73 tem uma cidadezinha. Ela se chama Santa Mariana. Para mim ela é a mais linda de todas as cidadezinhas que eu conheco. Se vc não tiver com muita pressa, dê uma entrada e vã conhecê-la. Vale a pena. Ela não têm histórias emocionantes, mas com cada pessoa que você conversar, você se sentirá como se fosse filho dela. São pessoas amigas e que gostam de um bom papo. São saudosistas,, assim como eu. Vão te falar da velha rodoviária, da estaçãozinha de trem, do velho clube e dos grandes carnavais, dos bailes de formaturas, das debutantes, dos bailes do lions clube, do rotary clube., da quantidade enorme de pequenas industrias que já não existe mais. do velho cinema. ah, e de como era grande o movimento de pessoas nos finais de semanas. Vão te falar da revoada de jovens da década de 70, que migraram para os grandes centros e a maioria não mais voltou.
--Dê uma volta na pracinha, agora moderna (eu gostava mais da antiga pq tinha coreto e um chafariz) e visite a homenagem ao criador da uva ruby, sr.o Sr. Kotaro Okuyama, pouco lembrado por sinal.
Se você nos visitar, quando partir tenha uma boa viagem e muito obrigado. i/

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⁠Os bailinhos da vida.
Quantos bailes perdi por falta de uma paletó. Todos os bailes no Fênix era exigido traje social e eu não possuía a peça principal .sem ela sem chance de entrar, Cansado com aquela situação, conversando com o Florentino, excelente alfaiate, ele me fez um paletó do jeito que eu queria, e eu podia pagar em longas prestações. Fui, então, até as Casas Pernambucanas e escolhi o tecido: um cinza igual a um que eu tinha visto numa revista. Imitação de um terno inglês Quinze dias de espera entre provas e ajustes, recebi o objeto e já torcendo para estrear no próximo baile, que não demorou muito. Porem, nem tudo correu como eu imaginava. O paletó ficou bonito, mas o tecido era fino e o baile caiu no mês de junho. O frio daquela época parece que era mais gelado. Durante a dança comecei a tremer, um pouco pela emoção e um pouco pelo frio, mesmo abraçado na parceira. Tremia tanto que ela achou melhor parar. O problema era que as outras peças também não ajudavam: camisa já bem usada a calça era de tergal, bem fina e quase transparente. Tinha tudo para dar do que deu.
No dia seguinte fui conversar com o Florentino, (alfaiate) para acharmos uma solução.. Ele sugeriu colocar um forro de flanela, coisa simples de fazer e quase sem custo. Resolvido o problema do frio, "dá lhe Fênix. Quando chegou o verão, surgiu um novo problema: eu suava até pelo cabelo. Minha camisa ficava toda molhada e aquilo me deixava com vergonha de dançar;
Ele, o paletó, ficou comigo por muito tempo até eu poder comprar um outro que fosse para o verão. I/
A vida era difícil, mas era bem divertida.

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⁠algumas das minhas lembranças viraram contos e saíram por aí, contando suas proezas. já outras, enclausuradas, se escodem no infinito das minhas memórias. feridas de lutas desiguais, se acovardaram, ficando em silêncio, agarradas umas às outras como se defendendo das coisas ilusórias que sofreram..//i

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⁠mais do que isso não existe, é impossível
acalma, alma inquieta,
cheia de orgulho infantil.
nem todas as estradas têm pontes.
basta esse momento.
nem precisa de futuro,
tudo está aqui. nosso futuro mora do lado de dentro
nem todos os ventos vão acariciar seu rosto como o daqui.
nossa terra acalenta as raízes das nossas vidas.
fica mais um momento, o amanhã é quase ali./I

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⁠Papai Noel
Num natal, eu botei na cabeça que eu ia dar um presente para minha mãe.
Nessa época eu era engraxate. Me lembrei disso hoje, porque aquele natal também caiu num dia de domingo. Na rodoviária de Santa Mariana, tinha um bazar onde eu tinha visto uma xícara com uma paisagem de neve, e era aquela que eu queria dar para a minha mãe. Mas só existia uma e eu corria o risco de ela ser vendida. Pedi para o dono do bazar reservar a xícara, ele sorriu e me falou que, quem chegasse primeiro levaria. Isso foi de manhã, umas 9hs. e eu não tinha nenhum centavo no bolso do calção (meu calção tinha um bolso). O dia corria e nada de arrumar o dinheiro. De repente começou a aparecer uns "fregueses" tradicionais e entrar um dinheirinho, mas ainda pouco para aquisição do presente. Eu engraxava um par de sapato e ia até o bazar para ver se a xícara estava lá. Nem fui almoçar naquele dia. Na parte da tarde tinha conseguido uma boa parte do dinheiro, mas ainda insuficiente. Eu continuava cuidando e pedindo para que ele não vendesse a xícara. No fim do dia, quase no horário de fechar o bazar e ainda sem o valor suficiente, pedi para o dono se eu podia pagar a importância que faltava na próxima semana. Disse que eu engraxaria os sapatos dele sem cobrar até completar o valor. --"Nem pensar, me disse ele, e tem mais, já vendi a xícara." Fiquei olhando para o chão, os olhos cheio de lágrimas, pensando: como é difícil a vida de engraxate. Se eu tivesse guardado o dinheiro dos outros dia...mas aquele dinheiro, “dos outros dias”, também fazia parte da receita da família. Vez ou outra eu comprava carne, ou uma outra coisa de comer e levava para a nossa casa. O que fazer? Estive tão perto de poder comprar aquele presente. Era para fazer uma surpresa pra minha mãe. Eu queria que ela ficasse feliz no dia de natal. Pequei minha caixa de engraxar, que eu tinha deixado do lado de fora do bazar, e a levantei para colocar no ombro, mas algo me chamou atenção: havia alguma coisa embrulhada num papel de presente, assim, num formato de xícara. Hoje acho que, enquanto eu estava negociando a compra da xícara, em algum momento, essa pessoa (Vitor) colocou aquele pacote dentro da caixa de engraxar. Me lembro que ele olhou para mim, com os olhos cheio de lágrimas, sorriu e me desejou feliz natal. //Ivo Terra de Mattos

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⁠por que ir embora
se a alma chora
fica todos os amanhãs
não vá ainda, não vá nunca
te aqueço.. não te esqueço jamais
olha quanto de nós temos em nós
não vá. sem você eu serei menos
serei uma busca somente.
fica comigo..fica até a eternidade acabar. /

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⁠Tem hora que é preciso voltar e regar a saudade que deixamos, em algum lugar, no passado. /i

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⁠Se eu pudesse voltar.
foi se um tempo
um tempo que, já quase esquecido,
surge de repente, agora se apoiando em velhas lembranças;
rebusca a memória, força momentos que vem e vão como se fossem estrofe de um velha canção de ninar;
fecho os olhos e me vejo em lugares, cheio de rostos
conhecidos com perguntas que ficarão sem respostas.
o tempo se foi hoje. /i

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⁠quanta expectativas:
o terno era sempre o mesmo. os sapatos, a camisa e a gravata também, mas que importância tinham estes detalhes?
era sábado e ia ter baile com orquestra. Isto sim, importava
e como importava.
//melhor esperar uma música lenta. logo a orquestra toca.
a expectativa, a espera de um olhar e o convite: -"vamos dançar?
a garota na frente, aqueles passos meio atrapalhados pela emoção ia seguindo os delas, enfim o contato. a musica quase não importava, desde que demorasse bastante . e aí, por um tempo, o mundo deixava de girar. mesclas de perfumes exalados dos corpos. palavras sem sentidos, ditas em silêncio. a pulsação dos corações que traiam as intenções.
amanhã, quando eu acordar, o perfume dela ainda vai estar comigo .
quanta saudade ./i

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Quando eu fui criança IV

Um senhor, libanês, abriu uma banquinha em frente ao Grupo Escolar Carmela Dutra, para vender bananas..
No dia da inauguração, como não podia deixar de ser, eu andava por ali, olhando, vendo ele montar as bancadas. Não sei porque o libanês me convidou para trabalhar com ele; Convite aceito imediatamente.

Depois da entrevista, acertado os direitos e obrigações de cada um, fui para a minha casa com o compromisso de voltar à tarde.
Cheguei no horário combinado. Já "almoçado", Precisava, eu ia ficar a tarde toda no "serviço"
Como ele tinha outros compromissos pela cidade. antes de sair, me deu umas aulas sobre o produto (bananas) e umas orientações básicas necessárias: tipo de banana, preços, , como fazer troco, etc. e lá se foi o libanês, deixando aos meus cuidado, seu patrimônio.,
A princípio, ainda com a barriga cheia, pois tinha acabado de almoçar, não me interessei muito pelas bananas, mas com o passar do tempo, sem nenhum movimento mais a demora pela volta do dono, fui experimentando as bananas e suas variedades.,
Comi tanto que comecei a passar mal. Tive que me deitar debaixo de uma das banquinhas,onde fiquei torcendo de dor, não podia nem me mexer que doía tudo . Foi aí, então, que vi o dono. Primeiro ele olhou para as pencas, analisando as faltas, ficou um tempo pensando, depois olhou por debaixo da banquinha, onde eu estava deitado. Sem sentimento de pena, não me perguntou nada., só falou: amanhã você não precisa vir mais . E pior, nem me pagou.(I

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Ivo Terra Mattos
47 min ·
Lembranças do meu pai Lazinho e do seu assistente Correia. (Vulgo rabo de tatu)

--"Vai ter que trabalhar sim! Vai engraxar sapatos", (idade 7 anos)
--"Não gosto de filho homem.
--"Nasceu mais um macho (quando nasceu meu irmão Carlão)
- Se eu te pegar no rio vou te dar um tiro.
-Eu não falei para você não ir nadar? Volta aqui! não voltei, ele levou meu calção. Quando cheguei em casa já era noite, aí...
o Correia entrou em ação; “Quando eu falar para você não ir no rio, você me obedeça". e dá lhe mais, Correia.
-Quem te falou que galinha voa? Eu, arremessando uma galinha para o alto sem ver que ele estava bem atrás de mim. Primeiro foi uma tijolada, depois um ponta pé na bunda.
--Por que que cavalo está suado? Era só você ir buscar ele no pasto e não sair galopando com ele. Não foi isto que eu te falei, hein? Não corra, volte aqui. Mais umas lambadas nas costas.
-Se você brigar na rua e apanhar eu te arrebento aqui em casa.
-Homem não chora. (Aprendi a chorar para dentro)
-Fumando? Foi um tapa com tanta força que arrebentou o cigarro e a minha boca. Molhei a calça, me mijei (idade 8/9 anos)
-Para onde você estava indo? (Primeira fuga 9 anos) vou ensinar você a fugir de novo. Apanhamos em dupla, eu e meu amigo de fuga, um vizinho. Eu do meu pai e ele do dele.
-Desta noite você não escapa; o diabo vem te buscar.(eu tinha comprado todo o salario dele em figurinhas de jogador de futebol)
- Por que, que o seo amigo traz dinheiro e mais carne para casa e você só traz um pouco de dinheiro? Está gastando o dinheiro de engraxar com figurinhas? Apanhei sem poder falar, que meu “amigo” comprava carne na conta do amante da mãe dele. Quando descobriram, apanhei por não ter contado.
-Comprei uma paçoquinha para você, toma, coma! (lembrança do presente)
-Você não vai dar em nada na vida. Vai ser igual seu tio,,,,(meu tio morreu de depressão, era doente)
um dia, com doze anos, fiz duas fugas ambas sem sucesso, apanhei pelas duas e mais algumas que supostamente viriam. não parou por ali. fiz a terceira com o auxilio da minha irmã, que praticamente me adotou. Fiquei morando com ela até meus dezoito anos. Depois disso, voltei a morar com meus pais por mais dois anos. Com vinte anos fui embora para São Paulo e nunca mais voltei pra minha cidade de Santa Mariana.

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Quando o ídolo é de barro, literalmente.

Quando criança, eu tinha tantos afazeres que faltava tempo para executá-los. Era assim: acordava, tomava café, escola, voltava para casa, almoço e trabalhar de engraxate, desde que não estivesse chovendo, ninguém engraxava os sapatos em dia de chuva. a cidade virava um lamaçal só. Mas nestes dias, me sobravam três opções: Vender serragem, para as pessoas colocarem na porta da casa, vender frutas ou lavar correntes de caminhões. Empregos temporários. claro.
Lavando Correntes. Naquele tempo, a rodovia ainda não era toda asfaltada e os caminhões que vinham da parte sem asfalto tinham correntes nos pneus para não atolarem no barro, mas assim que entravam na parte de asfalto, o motorista era obrigado a retira-las. Obrigado porque existia um guarda rodoviário na espreita para multar quem trafegasse sobre o asfalto, sem retirar as correntes dos pneus.. Num pedaço de mais ou menos 100 metros da parte asfaltada ele até permitia, mas mais do que isso ele multava. Como as correntes ficavam emplastada de barro, os motoristas pagavam pra q esse serviço fosse feito pela molecada, a gente ganhava uns trocados, lavando as correntes. Num naqueles dias de chuva, que não parava mais, estávamos la, eu e mais uma dezena de moleques, tirando e lavando as correntes. O nosso ídolo, o guarda, fazendo a função dele: parando os caminhões e multando alguns. O dia estava correndo bem, até que veio um caminhão bem grande, serpenteando igual a uma cobra na lama Foi chegando na parte asfaltada, entrou no asfalto e foi andando, não parou no ponto pre estabelecido e como não parou, o guarda saiu correndo atrás do caminhão e mais aquela molecada gritando pra que o motorista parasse, mas nada, ele não parava, só parou depois de rodar uns 500 metros no asfalto novinho. . Chegamos, o guarda na frente e nós atrás, bem perto dele. Aí iniciou uma discussão entre os dois. Em determinado momento o guarda sacou seu revolver e disse assim: --"se você for homem, passe por cima do meu boné"-- e colocou aquele boné, a coisa mais linda, Aba marrom, com uma fita verde amarela e mais dois revólverezinhos dourados fixados na parte frontal do boné,(Objeto de desejo de todos os meninos) debaixo dos pneus daquele caminhão enorme, cheio de lama; jamais imaginávamos que o motorista tivesse coragem de fazer o que ele fez, mas ele fez! Passou com os pneus por cima do boné. Ficamos todos sem palavras, olhando aquele, antes boné, virar uma pasta de barro, parecendo um sapo.O motorista ainda deus uns tapas no guarda, nosso ídolo. Naquele dia e nos outros que vieram não lavei mais correntes. Saí correndo daquele local sem olhar pra trás , serviço perigoso. (I

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A fazenda era cinematográfica. Enorme. 15.000 alqueires. Grande parte dela preservada. O dono era cunhado do meu cunhado,Senhor José Cândido Teixeira. Ele foi o primeiro prefeito de Santa Mariana. Não vivia na fazenda, mas sempre estava por lá.

A casa da sede, era dividida em três corpos. Em uma da partes ficava a cozinha e a dispensa. Numa outra, toda aberta, bem ventilada, ficava um salão enorme com uma mesa, onde comíamos. era, também, o local de "jogar conversa fora". Na terceira parte ficavam os dormitórios: duas suite e mais dois quartos.
Então, nesse salão, mesmo hão havendo energia elétrica na fazenda, havia uma geladeira tocada a querosene, (detalhes técnicos não sei, mas sei que funcionava bem) onde, embaixo dela, morava um tremendo de um Sapo Boi (letras maiúscula em homenagem ao tamanho do bicho) que só saia durante à noite, acho que para comer e fazer suas necessidades. Nós dois mantínhamos um relacionamento de respeito e distância.
Uma tarde, calor de verão, eu estava sem camisa olhando distraidamente para o lado de fora da casa. De repente senti uma coisa gelada, como se fosse um pedaço de carne, grudando nas minhas costas.e na sequência a voz do meu cunhado me perguntando:: -"adivinha quem está nas suas costas?" Meu Deus O Sapo!!
Na correria, fugindo daquele bicho, carreguei ele um bom pedaço grudado em mim.
Passados alguns dias, lá estava ele na sua rotina normal, na sua casa refrigerada.(

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⁠O carroção e a bicicleta.
Meu pai, na década de quarenta, foi carroceiro. Trabalhava numa fazenda, aí em Santa Mariana. O serviço dele, conforme ele nos contava, consistia no transporte de cereais de Santa Mariana para Cornélio Procópio ou vice versa. A carroça ou carroção era tracionado por seis burros. Todos com nome. Muitos anos passados ele guardava o nome de cada um deles, Aquilo era um trabalho bastante pesado. Como ele dizia, cada "viagem" era uma aventura. Ele conduzia aqueles animais com um chicote que, dizia ele, tinha uns quatro metros de comprimento. Detalhe, estalava sempre próximo do animal, que respondia com mais força no trabalho. Ele nunca judiava dos animais.Uma vez, conforme a história dele, choveu o dia todo. A estrada praticamente deixou de existir, estava intransitável. A carroça já tinha atolado várias vezes, e como estava bem carregada de sacaria, chegava a encostar o eixo no chão. Naquela lida, barro, chuva,frio, trovões e raios, que não paravam, os animais já ofegantes, cansados e como dizia ele:. bufando fumaça, continuavam tentando tirar a carroça do atoleiro. Foi quando ele começou a escutar um barulho de alguém andando de bicicleta e o barulho foi chegando,mas dado a escuridão, um breu,dizia ele, nada se via, mas o barulho foi aumentando,e Quanto mais próximo, mais os animais ficavam inquietos e até zurravam, De repente um raio muito forte clareou grande parte do local onde ele estava e ele pode ver a bicicleta passando ao lado dele, normalmente, no barro e sobre ela um vulto todo de branco com umas luzinhas no lugar dos olhos. Bem difícil de pegar no sono,depois que ele contava essa história. Vai saber!

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⁠Que coisa, né?
Nas festividades do incio dos anos setenta, acho que 1972, eu meu sobrinho estávamos regressando para SP, depois de haver passado as festas em SM quando aconteceu esta história: Naquela época,a rodovia até Avaré era pista simples, depois que começava a Castelo Branco. Era comum a gente parar no ultimo posto, antes da CB. para abastecer de combustível e fazer um lanche. Naquele dia, do meu lado, carona, parou um outro fusca com quatro meninas, jovens e muito bonitas.. Começamos a jogar conversas fora e, depois de abastecer os fuscas, paramos num estacionamento, ali mesmo no posto e fomos nos apresentando.Detalhe:, no vidro do fusca, delas, atrás do banco do motorista, tinha um papel grudado, com os nomes das quatro, que dizia mais ou menos assim: A,B,C e D desejam um feliz ano, etc. Eu, quando me apresentei, ,disse que era estudante de engenharia, o meu sobrinho, estudante de medicina, Elas também foram se apresentando e dizendo que curso faziam, exceto uma, aí eu perguntei; "e você, como é seu nome? ela foi próximo ao carro e mostrou, no papel, um desenho. Uma desgraça de um desenho que acabou com a nossa viagem e disse: este é meu apelido, apontando para aquele bicho, desconhecido para nós, até então.... Depois de darmos umas olhadas para o céu, dar uns chutes no chão, disfarçando aquele incômodo, fomos nos afastando do carro delas sem antes ter que ouvir elas rachando de rir.
Pegamos a estrada, cuidando para não vê-las e fomos confabulando, tentando adivinhar que bicho era aquilo, . -"Será que o apelido dela é ripinha, balaustra, etc e mais algumas besteira? . Passado alguns dias descobrimos que aquele desenho nada mais era do que o simbolo do Pi, traduzindo era o apelido dela. Acho que ela devia se chamar Jupira e não gostava do nome.
Eu podia ter contado esta história antes, mas tive que ter a anuência do Newton Roberto Gobis, meu sobrinho, um cara de bem com a vida e de quem eu gosto muito
Claro que as mentiras foram uma brincadeira de momento, mas dado a situação constrangedora que aconteceu, nem tivemos tempo de consertar a burrice, o que não iria resolver em nada, nós não iríamos saber mesmo o significado daquele "bicho"e, talvez, a situação ficasse pior.

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⁠Um doce de vó.
Minha vó morava perto do campo de futebol. Era comum, depois de brincarmos no campo que ficava no local onde é o colégio hoje, passar na casa dela. Uma vez, eu e mais um amigo, achamos uma bola de capotão furada e com o couro bem desgastado. Demoramos um tempão para arrumá-la e poder brincar. Fomos, então, até a casa da minha vó, onde existia um quintal bastante grande. Marcamos o gol com nossas camisetas e começamos a "chute em gol". Bate três e depois troca o batedor. Na troca de jogador, minha vó apareceu no nosso campinho com uma faca nas mãos, pegou a bola e furou umas dez vezes a coitadinha., sem antes dar uns cloques na minha cabeça com seus dedos duros. . Acabou com a festa. Passados uns dias eu encontrei a bola que ela havia"matado". Estava jogada debaixo do assoalho da casa dela. Ressuscitei aquele pedaço de couro..Chamei meu amigo, de "bater falta", fizemos um enxerto, agora com areia,e a colocávamos num ponto estratégico da rua, onde existia mais alguns meninos e fingíamos que estávamos jogando. Logo aparecia alguém querendo mostrar suas habilidades em "faltas" e chutava a bola. Aquilo era tudo que queríamos, nós e os outros meninos que já conheciam aquela brincadeira. Um dia, um menino bem maior do que nós, depois de quase torcer o pé, deus uns tapas nos menores, incluindo ali, eu e meu amigo batedor de faltas, pior, ainda levou nossa bola de areia embora. /i

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O comprador de ovos.
Eu tive um amigo, quando criança, que vendia ovos. Ele era mais velho que eu. Ele percorria os sítios da redondeias com ser carrinho de madeira (um caixote) e ia comprando a "produção" q depois ele vendia na cidade. Uma vez ele me convidou para ir com ele, eu e mais um amigo em comum. Saímos cedo. No caminho ele foi explicando o processo que ele usava. Bem mais complicado do que o de frutas, que era bastante simples que consistia em colher um cento de mexerica, botar no carrinho, pagar e voltar para a cidade e já começar as vendas. Ah, e a gente podia comer à vontade nos pés, diferente de ovos que você não podia comer. O dono, (sitio dos Geraldo) uma pessoa que tinha o coração maior do que ele, nunca contava o que a gente colhia. Uma vez eu troquei uma espingarda de pressão por uma cabrita com ele, mas isso é outra história; Mas então.. o mercado de ovos funcionava assim: havia a compra com entrega imediata e com entrega futura. Era aquele sistema que mexia com nossas cabeças, , --"quando acontecer, vocês vão entender" na prática fica mais fácil, disse ele-". E lá fomos nós acompanhando ele, torcendo para acontecer uma compra futura. Acho que no terceiro vendedor aconteceu. O nosso amigo comprou uma dúzia e levou somente seis ovos. Num outro ele pagou seis ovos e levou uma dúzia. Foi então que entendemos aquele mercado. Meio complicado, diga-se de passagem. Ele adiantava o dinheiro quando as galinhas, por algum motivo, desconhecido por nós, não liberavam a produção, mas o vendedor precisava do dinheiro, então ele completava numa próxima negociação. Com aquele sistema ele prendia o vendedor, que não vendia para outro comprador .
Depois daquela aula, na volta ele veio nos contando sobre um rio que existia por alí e que, infelizmente, iríamos ter que atravessá-lo, e pior, a ponte era muito estreita e tinha sido construída sobre a parte mais funda do rio. Vez ou outra ele dizia: --"Escuta só, o barulhos do rio,tá lá bufando! igual a um bicho."- era com tanta criatividade, que passamos, também, a escutar o "bufo" do rio. Quanto mais perto, mais aumentava nossa curiosidade. Quando chegamos, era só risadas, Crianças riem de tudo. Era um riozinho, (rio balaio, para quem é da região) que tem menos de dois metros largura, mas naquele dia era como se tivesse cem.

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⁠Te preservei do jeito que você era para eu ficar do jeito que eu era!

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