Tenho um ser que Mora dentro de Mim

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O homem é Deus pelo pensamento.

Nas revoluções dos povos a insignificância é a maior garantia de segurança pessoal.

Quando moços, contamos tantos amigos quantos conhecidos; porém maduros pela experiência, não achamos um homem de cuja probidade fiemos a execução do nosso testamento.

O roubo de milhões enobrece os ladrões.

Ambicionando o louvor e admiração dos outros homens, provocamos frequentes vezes a sua inveja e aversão.

Dói tanto a injúria publicada como a ferida exposta ao ar.

A quem trata com Deus, nada falta.

Quem julga caçar é caçado.

O mistério em que envolvemos os nossos desígnios revela muitas vezes mais fraqueza do que discrição, e com frequência prejudica-nos mais.

As coisas que sabemos melhor são as coisas que não nos ensinaram.

O homem que cala e ouve não dissipa o que sabe, e aprende o que ignora.

O fraco ofendido atraiçoa, o forte e magnânimo perdoa.

A mais bela das raparigas só pode dar aquilo que tem.

O trabalho involuntário ou forçado é quase sempre mal concebido e pior executado.

O erro é a noite dos espíritos e a armadilha da inocência.

O que há de melhor nos grandes empregos é a perspectiva ou a fachada com que tanta gente se embeleza.

Há muitas ocasiões em que os ricos e poderosos invejam a condição dos pobres e insignificantes.

O império mais poderoso e fatal que existe é o das circunstâncias.

O louvor que mais prezamos é justamente aquele que menos merecemos.

A Máquina do Mundo

E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.

Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera

e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,

convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas.

(Trecho de A Máquina do Mundo).