Calor, tarde quente;
no banco da frente
o carro engoma a estrada
Tarde de sol,
o armador da rede
range devagar.
Silenciosa tarde
Dentro dos meus olhos
Teu mar se incendeia
Sempre é tarde quando se chora.
Tarde de inverno:
Sobe do fundo dos vales
A sombra das montanhas.
velhinhos na praça
só a tarde
não envelhece
chuva fina
tarde esfria
todo o lago se arrepia
relampejou
sobre as árvores
a tarde trincou
O lago da montanha -
Termina do lado leste
A tarde dos patos
olhos cheios de sol
tarde por um triz
por hoje estou feliz
Disseram-me algo
a tarde e a montanha.
Já não lembro mais.
Sinal verde em tarde vermelha:
um carro cinzento
cruza o amarelo
O TEMPO A VIDA
Não coincide o tempo com a vida
tão tarde o aprendemos
Fora dele vivida conhecemos
antes de nela entrarmos a saída
Num retrocesso intemporal vivemos
intemporal decerto é a nossa vida
(O vocábulo tempo, Rua de Portugal, Assírio & Alvim, 2002)
tarde de chuva
ninguém na rua
guarda a chuva
tarde cinzenta
o nevoeiro
pulveriza o pinhal
A flor do ipê-roxo
cai deixando saudades.
Ah, a moça da tarde...
Chegarei de surpresa dia 15, às duas da tarde, vôo 619 da VARIG...
O dia já tarde
festeja a alegria
nas bolhas do guaraná
A avareza chega sempre tarde de mais, quando o supérfluo tem já chegado.
E se fosse isso perder a vida: fazermos a nós próprios as perguntas essenciais um pouco tarde de mais?